Você está na página 1de 13

AULA ATIVIDADE ALUNO

AULA
ATIVIDADE
ALUNO
AULA ATIVIDADE ALUNO

Disciplina: Qualidade de vida e Educação Física


Teleaula: 2 – Qualidade de vida no trabalho
Olá! Espero que você esteja bem!
Chegou o momento de interagirmos e desenvolvermos habilidades importantes para a
sua formação acadêmica. Tenho certeza de que se dedicando e se esforçando, você será, em
breve, um excelente Profissional da Educação Física!
Nossa atividade foi programada para ser realizada em dois momentos dispostos da
seguinte forma:
Etapa 1 Intervalo Etapa 2
tempo de duração: 1h20 Tempo de duração: 20min Tempo de duração: 1h20

Para realizarmos esta atividade você terá que ser proativo e seguir as orientações a seguir:
Etapa 1
1. ª Atividade
Leitura de uma parte Artigo – “Relações entre Burnout, traços de personalidade e
variáveis sociodemográficas em trabalhadores brasileiros” adaptado.
Durante a leitura anote em tópicos as informações que você considera importante, pois
você irá utilizá-los na próxima atividade.

RELAÇÕES ENTRE BURNOUT, TRAÇOS DE PERSONALIDADE E VARIÁVEIS


SOCIODEMOGRÁFICAS EM TRABALHADORES BRASILEIROS
[...]

O burnout tem sido compreendido como uma resposta aos estressores crônicos
interpessoais e emocionais experienciados pelo indivíduo no seu ambiente de trabalho (Maslach
& Leiter, 2016; Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001). Devido aos efeitos negativos desta síndrome,
tanto nos indivíduos quanto nas organizações (Shanafelt et al, 2012), diversos pesquisadores
buscam compreender quais são os aspectos pessoais e contextuais que auxiliam no
desenvolvimento, manutenção e agravamento dos seus sintomas (Laschinger & Fida, 2014;
Purvanova & Muros, 2010; Swider & Zimmerman, 2010; You, Huang, Wang, & Bao, 2015).
Maslach e Jackson (1981) foram as primeiras autoras a operacionalizarem o burnout como um
construto composto por três dimensões distintas, mas relacionadas entre si: a) Exaustão
Emocional; b) Despersonalização e; c) Baixa Realização no Trabalho.
A Exaustão Emocional é compreendida como uma sensação de esgotamento mental e
físico, na qual o indivíduo acredita não mais dispor da energia e vitalidade que antes possuía
para desempenhar suas tarefas no cotidiano do trabalho (Maslach & Leiter, 2016).
A Despersonalização, também reportada na literatura como cinismo, é a dimensão
interpessoal da síndrome e refere-se a respostas insensíveis e impessoais, aparentando certo
distanciamento para com os colegas de trabalho, clientes e, inclusive, para com a instituição em
que trabalha (Maslach et al., 2001).
E, por fim, a Baixa Realização no Trabalho se refere à tendência de o profissional avaliar-
se negativamente, julgando-se incompetente perante sua atuação profissional (Maslach &
AULA ATIVIDADE ALUNO

Jackson, 1981). Os fatores relacionados ao burnout são muitos, sendo, em geral, agrupados em
fatores ocupacionais, organizacionais e individuais (Maslach et al., 2001; Shirom, 2003).
Os estudos precursores sobre o burnout focavam, majoritariamente, nos grupos
profissionais das áreas assistencialistas (e.g. saúde, educação, assistência social), uma vez que
acreditava-se que estas ocupações tinham características facilitadoras para o esgotamento
profissional, a saber: (1) contato direto e constante com problemas físicos, emocionais e
psicológicos do público; (2) exposição prolongada a altos níveis de estresse; e (3) a crença de
que, normalmente, as pessoas que escolhiam tais profissões estavam mais propensas a se
desiludirem com a realidade das dificuldades do trabalho (Freudenberger, 1974).
No entanto, estudos posteriores apontam que mais importante que o viés ocupacional,
isto é, as características peculiares a cada categoria profissional, a forma disfuncional como o
trabalho está estruturado (e.g. sobrecarga de trabalho, baixa autonomia, poucas recompensas,
conflitos interpessoais) caracterizam os fatores organizacionais capazes de melhor explicar o
surgimento e agravamento dos sintomas (Demerouti, Nachreiner, Bakker, & Schaufeli, 2001;
Maslach & Leiter, 1997; Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001; Maslach & Leiter, 2016).
Por conta dos impactos organizacionais e o interesse em compreendê-los, o foco das
pesquisas sobre o burnout tem sido acerca dos fatores contingenciais que permeiam as
organizações, das peculiaridades do fazer profissional de cada ocupação, deixando-se à margem
fatores individuais, como os traços de personalidade e variáveis sociodemográficas (Bostjancic,
Kocjan, & Stare, 2015; Swider & Zimmerman, 2010).
Pesquisar o papel desses fatores no desfecho do burnout é importante para se ter uma
maior compreensão do perfil de vulnerabilidade dos indivíduos afetados pela síndrome (Campos,
Angélico, Oliveira, & Oliveira, 2015). Traços de personalidade e o Burnout O modelo teórico de
Recursos e Demandas no Trabalho (Demerouti, Nachreiner, Bakker, & Schaufeli, 2001), o qual
entende que as tensões emocionais num dado ambiente laboral são fruto do desequilíbrio entre
as altas demandas da organização (e.g. carga de trabalho, pressão por produtividade) sobre o
funcionário e os recursos por ela disponibilizados para lidar com essas demandas (e.g. feedback,
progressão de carreira), tem sido bastante aceito para se compreender os fatores que levam ao
desfecho do burnout no trabalho (Bakker, Demerouti, & Sanz-Vergel, 2014; Demerouti et al.,
2001). Recentemente, Schaufeli e Taris (2014) acrescentaram ao modelo original a variável de
recursos pessoais, referindo-se às características psicológicas próprias do indivíduo capazes de
impactar seu ambiente de trabalho, como os traços de personalidade, por exemplo (Dalanhol,
Freitas, Machado, Hutz, & Vazquez, 2017). A partir do enfoque teórico do modelo dos Cinco
Grandes Fatores (CGF), a personalidade pode ser entendida por meio de cinco fatores
independentes, mas inter-relacionados, a saber: Extroversão, Abertura à experiência,
Socialização, Conscienciosidade e Neuroticismo.
Os traços de personalidade podem interferir tanto nos padrões comportamentais e
emocionais do indivíduo quanto no desempenho, bem-estar e saúde mental apresentado por
ele(a) em seu trabalho (Dalanhol et al., 2017; Judge, Higgins, Thoresen, & Barrick, 1999). O fator
de Extroversão descreve até que ponto as pessoas são assertivas, dominantes e comunicativas,
tendendo a experienciar mais emoções positivas, como otimismo e entusiasmo, e a buscarem
excitação na interação com outras pessoas (Judge et al., 1999). Por apresentarem emoções
positivas, espera-se que pessoas com altos níveis de extroversão sejam mais esperançosas
quanto ao futuro e tenham mais recursos para manterem um bom desempenho em suas
ocupações e um bom relacionamento com seus pares (Judge & Ilies, 2002) e, comumente, é
encontrada relação negativa entre esse traço de personalidade e os três fatores do burnout
(Swider & Zimmerman, 2010). O Neuroticismo, por sua vez, é um traço caracterizado por uma
maior tendência à instabilidade emocional, ansiedade e humor deprimido (Ashton, 2013). A
instabilidade emocional e a propensão ao pessimismo dos indivíduos com elevados níveis desse
traço dificultam o emprego de estratégias adequadas para lidar com um ambiente de trabalho
de muitas demandas, sendo estes mais suscetíveis ao adoecimento psíquico no trabalho (Huang,
AULA ATIVIDADE ALUNO

Ryan, Zabel, & Palmer, 2014). Estudos apontam para o Neuroticismo como sendo o traço de
personalidade mais relacionado ao burnout e relacionando-se significativamente a todos os
fatores da síndrome (Swider & Zimmerman, 2010).
A Abertura à experiência está atrelada às pessoas mais flexíveis, intelectualmente
curiosas, que dão preferência às soluções mais criativas do que às mais superficiais e tradicionais
(Ashton, 2013). Pessoas com maior tendência à Abertura à experiência normalmente
apresentam bom desempenho no trabalho, no entanto, a dificuldade em se sujeitar a
determinadas condições da própria organização pode resultar em problemas a nível de
relacionamento interpessoal (Heineck & Anger, 2010). Já o traço de Socialização diz respeito a
pessoas mais propensas a demonstrar altruísmo, gentileza e comportamentos pró-sociais
(Ashton, 2013). Essas pessoas, frequentemente, prezam por bons relacionamentos interpessoais
no seu ambiente de trabalho e tendem a obter maior suporte social por parte dos seus pares, o
que, muitas vezes, funciona como fator protetivo contra o burnout (You, Huang, Wang, & Bao,
2015). Por fim, a Conscienciosidade é marcada por características que incluem organização,
perfeccionismo e disciplina, autocontrole e responsabilidade no cumprimento de objetivos e
tarefas (Ashton, 2013). Este traço está muito relacionado à capacidade e vontade de trabalhar
com empenho, zelo e ao bom desempenho profissional (Heineck & Anger, 2010).
Ainda não há consentimento sobre o quanto este traço é capaz de predizer o burnout,
mas resultados obtidos em metanálises de diferentes países apontam para uma possível
influência de aspectos culturais (Swider & Zimmerman, 2010; You et al., 2015). Variáveis
sociodemográficas e o Burnout Variáveis sociodemográficas, como idade, sexo e escolaridade,
por exemplo, vêm sendo associadas ao burnout (Marinaccio et al., 2013).
No entanto, os resultados encontrados mostram-se inconsistentes, seja pelas diferenças
metodológicas adotadas ou por diferenças regionais e culturais (Campos et al., 2015). Pesquisas
apontam que as mulheres tendem a experienciar maiores níveis de sintomas de ansiedade,
estresse e depressão quando comparadas aos homens (Arnten, Jansson, & Archer, 2008).
Segundo Bostjancic, Kocjan e Stare (2015), estudos prévios sobre o burnout apontam para a
existência de diferenças entre homens e mulheres, mas os resultados não são definitivos.
Comumente, mulheres apresentam maiores níveis de Exaustão enquanto homens, de
Despersonalização (Shirom, 2003; Maslach & Leiter, 2016). Todavia, algumas pesquisas
mostram o contrário, sugerindo, inclusive, que o tipo de profissão e políticas de fomento à
igualdade de gêneros na organização influenciam a não diferenciação dos níveis de burnout
entre os sexos (Aguayo, Vargas, Cañadas, & De La Fuente, 2017; Purvanova & Muros, 2010; Taka
et al., 2016). Quanto a variável idade, acredita-se que pessoas mais velhas possuem mais tempo
de experiência profissional e, com isso, tendem a apresentar maior repertório de estratégias para
enfrentar o estresse e adversidades do trabalho (Bostjancic et al., 2015). No entanto, em revisão
sistemática (Campos et al., 2015) sobre o burnout em profissionais de enfermagem, foram
encontrados estudos que apontavam para relação positiva entre idade e os fatores do burnout,
ou seja, profissionais mais velhos estariam mais vulneráveis.
Trabalhadores com maior nível educacional são retratados como mais suscetíveis ao
burnout pela literatura (Holmes, Alves, Holmes, Viana, & Santos, 2014), possivelmente por estas
pessoas geralmente assumirem cargos de maior importância e responsabilidade ou pelo
descontentamento com o fato de o trabalho não atender às suas expectativas (Maslach et al.,
2001). Estes resultados chamam atenção, já que níveis mais elevados de estresse no trabalho
estão mais associados a profissionais menos qualificados (Lunau, Siegrist, Dragano, &
Wahrendorf, 2015; Marinaccio et al., 2013).
[...]

Adaptado de: COSTA, Vitor Hugo Loureiro Bruno; BORSA, Juliane Callegaro; DAMÁSIO, Bruno
Figueiredo. Relações entre Burnout, traços de personalidade e variáveis sociodemográficas em
trabalhadores brasileiros. Psico-USF, v. 25, p. 439-450, 2020.
AULA ATIVIDADE ALUNO

2. ª Atividade

Questões

Nesta segunda atividade você deverá responder às questões e apresentar soluções para
situação -problema, baseando-se na leitura do texto apresentado na atividade anterior.
Questões
1. Como pode ser compreendida a Síndrome de Burnout e quais são seus efeitos negativos?
2. Cite e explique as três dimensões distintas da Síndrome de Burnout
3. Quais características acreditava-se que eram facilitadoras para o esgotamento profissional?
4. Como a personalidade pode ser entendida por meio do modelo CGF?
5. Por que o fator extroversão tende a experenciar mais emoções positivas?
6. Conceitue o termo Neuroticismo
7. Imagine que você é um Profissional de Educação Física já formado, que atua na área de
Promoção da Saúde e Qualidade de vida e que ao encontrar colegas de trabalho, percebe que
os amigos que possuem mestrado e doutorado estão mais suscetíveis ao burnout. Por outro
lado, os colegas com mais idade e mesma formação, com mais tempo de experiência profissional
e mais idade apontam para uma melhor qualidade de vida. Explique com suas palavras o que
explica o fato observado.

Anote as respostas de todas as questões bem como uma solução para a situação-problema
apresentada na questão 7 em seu bloco de notas, caderno ou qualquer outro recurso para que
você possa avançar para a atividade 3.

3. ª Atividade

Podcast
Nesta atividade você irá compartilhar as respostas que elaborou na atividade anterior,
em forma de podcast.
O podcast é um material entregue na forma de áudio e que ficará disponível em nosso
Padlet para que todos os colegas de disciplina possam ter acesso. É um áudio marketing que
representa uma oportunidade de comunicação democrática com o intuito de levar informação
e produzir conteúdo em forma de áudio.
Para tanto você deverá realizar os passos abaixo:
Passo 1
Acesse o Padlet por meio link: https://padlet.com/wba1/qualidade-de-vida-xw0n1tsm57u24s8d

Passo 2
Ao acessar o link: https://padlet.com/wba1/qualidade-de-vida-xw0n1tsm57u24s8d você estará
em nosso Padlet “Qualidade de vida” e deveráclicar no botão de “+” que está no canto inferior
direito da tela:
AULA ATIVIDADE ALUNO

Botão de +

Ao clicar no botão de + você irá se deparar com a Janela de Edição, portanto deverá clicar no
primeiro ícone à esquerda, indicado pelo símbolo: “...”: para inserir documento, como mostra
a imagem abaixo:

Botão “. .. ”

Passo 3
Ao clicar no botão “...” você irá se deparar com a janela de recursos do Padlet e deverá clicar
no botão “Gravador de áudio” como mostra a figura abaixo:

Botão “. .. ”
AULA ATIVIDADE ALUNO

Passo 4
Ao clicar no botão “Gravador de áudio” você estar na Cabine de áudio. É nela que você gravará
o seu podcast compartilhando em forma de áudio as respostas que você construiu para as
questões da atividade 2.
Clique no Microfone localizado no centro inferior da tela, inicie a gravação do áudio que pode
ter a duração de até 15 minutos.

Microfone

Passo 5
Após a gravação você poderá descartar e reiniciar a gravação quantas vezes achar necessário
clicando no botão “Descartar e Reiniciar” no canto inferior direito da tela, ou clicar no botão
“Playback and save” para salvar e compartilhar seu podcast em nosso Padlet.

Aproveite esta atividade para ouvir o podcast dos colegas elogiando e construindo críticas
construtivas para aprimorar ainda mais o seu conhecimento e interação.

Boa gravação!

Playback and save

Descartar e Reiniciar
AULA ATIVIDADE ALUNO

Intervalo

Esse momento de descanso melhora a capacidade de se concentrar e avaliar melhor as


tomadas de decisões, então aproveite estes 20 minutos de intervalo para tomar um café ou uma
água, conversar com um colega e descansar os olhos das telas.

Etapa 2

4. ª Atividade

Leitura de um fragmento do Capítulo 20 – “Estresse: saúde e trabalho” adaptado – do


livro Guia de Qualidade de vida: Saúde e Trabalho que está disponível em nossa Biblioteca
virtual, cuja referência está apresentada a seguir:
DINIZ, Denise P. Guia de Qualidade de Vida: Saúde e Trabalho. [Digite o Local da Editora]:
Editora Manole, 2013. E-book. ISBN 9788520437285. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520437285/. Acesso em: 06 mar.
2023.
ESTRESSE: SAÚDE E TRABALHO
[...]
Nos últimos anos, um dos principais focos de atenção e preocupação das sociedades
desenvolvidas e em desenvolvimento, como o Brasil, passou a ser o estresse. Desde a Revolução
Industrial até os dias atuais, esse complexo processo passou a ser um dos principais responsáveis
pela diminuição da qualidade de vida relacionada à saúde pessoal e corporativa. “Estresse” é um
dos termos mais utilizados tanto pela comunidade científica como pelo público em geral,
difundido por diferentes meios de comunicação, para explicar inúmeros acontecimentos que o
ser humano experimenta no cotidiano da vida moderna, nos vários contextos em que vive e se
relaciona. A utilização generalizada, sem maiores reflexões, muitas vezes simplifica esse
processo, ocultando os reais significados de suas implicações para o ser humano e as
organizações. Considerado um problema social e de saúde pública, sua prevenção tornou-se um
dos principais objetivos no que se refere à nova visão de promoção de saúde biopsicossocial. Essa
doença tem um elevado custo em termos de saúde e bem-estar.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% da população mundial é
afetada pelo estresse em algum momento da vida, tomando aspectos de uma epidemia global.2
Em 1992, o estresse foi categorizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a doença
do século XX e, recentemente, a OMS o descreveu como a maior epidemia mundial dos últimos
100 anos. A incidência do estresse não é limitada por idade, raça, sexo e/ou situação
socioeconômica. Estudos apontam que, nos Estados Unidos, grande parte das doenças que
levam à morte é originada no estresse. Outros estudos concluem que 75% dos trabalhadores
apresentam condições físicas ou mentais relacionadas ao estresse. Esses números exorbitam no
Japão, onde se estima que cerca de 30 mil trabalhadores morrem anualmente por excesso de
trabalho. O Brasil, por ser um país em desenvolvimento, propicia à sua população inúmeras
mudanças no contexto sociocultural, nas áreas econômica, tecnológica e relacional a serem
enfrentadas, alertando que o nível de estresse do brasileiro, que já é significativo, pode se tornar
mais elevado. Foi constatado que esse processo está associado a um número significativo de
portadores de doenças agudas e crônicas, com destaque para os profissionais de áreas distintas.
Percebendo-se a influência desse processo na saúde e na produtividade dos seres humanos,
foram aprofundados estudos e práticas clínicas e organizacionais, com clientes e trabalhadores,
AULA ATIVIDADE ALUNO

visando ao gerenciamento do estresse. Este capítulo possui como objetivos principais discorrer
sobre princípios gerais para a compreensão do processo do “estresse” pessoal e ocupacional e
mencionar algumas técnicas de gerenciamento do estresse com funções preventivas e
terapêuticas. Isso possibilitará compreender e elucidar de que forma os mecanismos
neuropsicofisiológicos do processo do estresse ocorrem e influenciam na saúde e no trabalho,
trazendo repercussões econômicas e sociais.

O QUE É ESTRESSE?

Estresse, ou stress, é um termo que provém do latim stringo, stringere, strinxi, strictum,
que tem como significado apertar, comprimir, restringir. A expressão existe na língua inglesa
desde o século XIV, sendo utilizada, por muito tempo, para exprimir uma pressão ou contração
de natureza física. Apenas no século XIX o conceito foi ampliado, passando a significar também
as “pressões” que incidem sobre os indivíduos.6 O termo “estresse” foi publicado pela primeira
vez em 1936, pelo médico Hans Selye, na revista científica Nature. Desde então, o conceito de
estresse tem evoluído, sendo definido e investigado, algumas vezes, como variável
independente, dependente ou como processo. Isto é, tem sido concebido e estudado como
estímulo, resposta ou interação entre estímulo e resposta, sob a forma de um tipo de
desequilíbrio entre a pessoa e o meio envolvente demonstrou que o estresse se refere a um
conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige
esforço de adaptação. Interessante frisar que se trata de um conjunto de reações. Portanto, o
processo de estresse não é uma reação única, ele caracteriza um processo que envolve todo o
organismo, em dimensões biopsicossociais, de forma dinâmica e integrada.
O autor considerou que várias enfermidades desconhecidas, como as cardíacas, a
hipertensão arterial e os trans tornos emocionais ou mentais, eram resultantes de mudanças
fisiológicas decorrentes de um estresse prolongado nos órgãos, cujas alterações poderiam estar
predeterminadas genética ou constitucionalmente. Ao continuar com suas investigações,
verificou que não somente os agentes físicos nocivos, atuando diretamente sobre o organismo
animal, são produtores de estresse, mas também, no caso do homem, as demandas de caráter
social e as ameaças do ambiente do indivíduo, que requerem capacidade de adaptação e
provocam o transtorno do estresse. Desde então, o estresse tem envolvido em seu estudo a
participação de várias disciplinas médicas, biológicas e psicológicas, com a aplicação de
tecnologias diversas e avançadas. Estresse refere-se, portanto, à alteração do organismo para
se adaptar a uma situação nova ou à mudança de modo geral. Esse conjunto de reações envolve
mecanismos neuropsicofisiológicos para restabelecer a homeostase perdida no enfrentamento
do estressor. O quão estressada a pessoa se sente depende de alguns fatores, como a percepção
em relação ao evento estressante, a tolerância individual ao estresse, a possibilidade de
pensamentos disfuncionais, as crenças pessoais sobre os recursos que tem para lidar com o
estressor, etc.
Um estressor é um evento ou estímulo ambiental que ameaça o organismo e que,
naturalmente, leva a uma resposta de enfrentamento que é qualquer resposta dada pelo
organismo para evitar, escapar ou minimizar um estímulo aversivo. As reações de estresse
resultam, exatamente, do esforço adaptativo. Se essa situação de discrepância entre a reação
apresentada e o estado fisiológico real durar tempo suficiente, ocorrerá um elevado desgaste do
organismo, o que pode causar doenças e até morte. O estresse pode afetar o organismo de
diversas formas e seus sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Existe uma sensibilidade
pessoal que reage quando se enfrenta um problema, e essa particularidade explica como lidar
com situações desafiadoras, decidindo enfrentá-las ou não. Há vários estudos que analisaram a
associação entre estresse e doenças agudas e crônicas.
Segundo pesquisadores o processo do estresse pode ocorrer com:
AULA ATIVIDADE ALUNO

Estímulo: o estresse é definido como uma força exercida sobre o indivíduo, que resulta em uma
reação do organismo, que tem apenas um certo nível de tolerância, para além do qual poderão
ocorrer certos danos temporários ou permanentes;
Interação: as abordagens interacionais tiveram por objetivo o estudo de interações entre
estímulos e respostas, bem como de variáveis moderadoras das relações stressor--strain;
Transação: a pessoa age e reage às trocas com o ambiente em uma causalidade circular e a
interpretação do significado de determinada relação com o ambiente e as estratégias para lidar
com as exigências contidas nessa mesma relação captam a essência da percepção de estresse.,
O processo do estresse não está, portanto, nem na pessoa nem na situação, mas na
interação entre as duas.
Quando, de alguma forma, se interpreta alguma situação como ameaçadora, todo o
organismo passa a desenvolver uma série de alterações denominadas, em seu conjunto, de
síndrome de adaptação geral (SAG). A SAG refere-se a um padrão de respostas identificado por
Selye que consiste em três estágios: alarme, resistência e exaustão. O estágio de alarme consiste
em uma reação de emergência que prepara o corpo para lutar ou fugir do estímulo ameaçador-
estressor. Nesse estágio, as respostas fisiológicas visam a impulsionar capacidades físicas
enquanto reduzem as atividades que tornam o organismo vulnerável à infecção. Esse é o estágio
em que o corpo poderia estar exposto a infecções e doenças, mas o sistema imune é mobilizado
e ele começa a lutar para se defender.
Se esse estresse continua por um período mais longo, com maior intensidade, ou se
surgem outros estímulos ameaçadores, sobrevém o segundo estágio, chamado de estágio de
resistência, durante o qual o organismo adapta suas reações e seu metabolismo para suportar
o estresse por um período. As defesas são preparadas para um ataque mais longo e duradouro
contra o estressor. A imunidade a doenças continua a aumentar enquanto o corpo maximiza
suas defesas. Nesse estado, a reação de estresse pode ser canalizada para um órgão específico
ou para um determinado sistema, seja o sistema cardiológico, por exemplo, ou a pele, o sistema
muscular, o aparelho digestivo, etc. Entretanto, o corpo pode acabar entrando no estágio de
exaustão, em que vários sistemas fisiológicos e imunes fracassam.
Os órgãos que já estavam comprometidos antes do estresse são os primeiros a falhar.
Lipp propõe um modelo quadrifásico, acrescentando ao modelo de Selye a fase de quase-
exaustão, entre as fases de resistência e exaustão. Segundo os autores, essa fase é de transição
e nela se encontram pessoas que não conseguem resistir às tensões nem recuperar a
homeostase. Nessa fase, o indivíduo ainda não sucumbiu totalmente aos agentes estressores,
oscilando entre momentos de desprazer e ansiedade e momentos tranquilos. Nesse estágio, o
indivíduo pode apresentar-se bastante vulnerável física e psicologicamente, com surgimento de
doenças leves que geralmente não oferecem risco de vida, permitindo-lhe ainda trabalhar e
atuar na sociedade. Caso haja uma dificuldade significativa na tentativa de manter a
homeostase, o indivíduo passará à fase de exaustão. Estudos comprovam que os estressores
levam à ativação do eixo hipotalâmico--pituitário-adrenal (HPA). Durante uma resposta de
estresse, o hipotálamo (H) secreta um hormônio chamado fator liberador de Corticotropina
(FLC), que estimula a hipófise a liberar o hormônio Adenocorticotrópico (HACT) na corrente
sanguínea. O HACT age sobre o córtex adrenal (A) para liberar glicocorticosteroides (geralmente
referidos como cortisol), um tipo de hormônio esteroide das glândulas adrenais (suprarrenais).
São os glicocorticosteroides que produzem muitos dos efeitos corporais do estresse, como
decompor a proteína e convertê-la em glicose, o que ajuda a atender as necessidades imediatas
de energia.
Quando os níveis de glicocorticosteroides estão suficientemente altos, o sistema
nervoso central interrompe o processo que libera o HACT. No entanto, como leva de 15 min a 1
hora para que os glicocorticosteroides atinjam um nível suficiente para sinalizar a terminação
do HACT, a presença continuada de glicocorticosteroides na corrente sanguínea sustenta seus
AULA ATIVIDADE ALUNO

efeitos por um tempo estressor considerável após a ocorrência do estressor. Além dos
glicocorticosteroides, as glândulas suprarrenais também liberam noradrenalina e adrenalina, em
decorrência da ativação dos sistemas nervoso simpático e medular da adrenal.7,12-16 Em suma,
toda essa revolução fisiológica produzida pelo estresse visa a colocar o organismo à disposição
da adaptação, e não apenas à adequação do desempenho físico do organismo. A SAG viabiliza
as atitudes adaptativas necessárias para a manutenção da vida diante de um mundo dinâmico
e altamente solicitante. É interessante ressaltar, ainda, uma diferença importante entre uma
reação aguda ao estresse e o transtorno de adaptação, segundo a Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10).
Reação aguda ao estresse Caracteriza-se como um transtorno transitório que ocorre em
indivíduo que não apresenta qualquer outro transtorno mental manifesto, seguido de um
estresse físico e/ou psíquico excepcional e que habitualmente desaparece em algumas horas ou
em alguns dias.
A ocorrência e a gravidade de uma reação aguda ao estresse são influenciadas por
fatores de vulnerabilidade individuais e pela capacidade do sujeito de fazer face ao traumatismo.
Transtorno de adaptação Sua definição não repousa exclusivamente sobre a sintomatologia e a
evolução, mas igualmente sobre a existência de um dos dois fatores causais, como um
acontecimento particularmente estressante, que desencadeia uma reação de estresse aguda, ou
uma alteração particularmente marcante na vida do sujeito, que comporta consequências
desagradáveis e duradouras e levam a um transtorno de adaptação. O estresse altera as funções
dos sistemas neuroendócrino e imune. Conforme Esther Sternberg observou, “o estresse pode
nos fazer adoecer porque os hormônios e vias nervosas ativadas por ele modificam a maneira
pela qual o sistema imune responde, tornando-o menos capaz de lutar contra os invasores”. O
campo da psiconeuroimunologia estuda as respostas do sistema imune do corpo às variáveis
psicológicas. Pesquisas nesse campo demonstram que alguns fatores moderam os efeitos do
estresse, incluindo intensidade, novidade e previsibilidade. A intensidade do estressor está
positivamente relacionada aos glicocorticosteroides e às respostas autonômicas, indicadores de
resposta imune. A novidade está relacionada a reações fisiológicas, e a previsibilidade aumenta
as respostas adaptativas ao estresse. O estresse é um componente comum na vida emocional
cotidiana e consiste em
certas respostas emocionais. Embora tenha conotações negativas, um nível moderado de
estresse é benéfico. Diferentes níveis de estresse são ótimos para diferentes pessoas.
O tipo de desgaste a que as pessoas estão submetidas permanentemente nos ambientes
e as relações com o trabalho são fatores determinantes de doenças. Os agentes estressores
psicossociais são tão potentes quanto os micro-organismos e a insalubridade no
desencadeamento de doenças. Entre as principais causas do estresse, os estudos citam
resumidamente:
Estilo de vida: sedentarismo, alimentação não saudável (não somente o que se come,
mas a forma como se alimenta), alcoolismo e tabagismo (o cigarro libera nicotina que, já na fase
de menor concentração, provoca reações de estresse leve, depois bloqueia as reações do
organismo e causa dependência psicológica); sobrecarga: a falta de tempo, o excesso de
responsabilidade, a falta de apoio e as expectativas exageradas (dos outros, mas, por vezes, da
própria pessoa em relação a si mesmo e ao que deve ou precisa alcançar em termos
profissionais); crenças e expectativas do indivíduo.
Pensamentos disfuncionais: uma das maiores fontes de estresse pessoal e ocupacional
que acontece quando existe uma discrepância percebida, seja ela real ou não, entre as demandas
da situação e os recursos dos sistemas biológico, psicológico e social da pessoa.
Meio ambiente: ruídos colocam as pessoas sempre em alerta, provocando irritação e
perda de concentração e desencadeando reações de estresse que podem levar à exaustão (p.ex.,
os aparelhos de centros de terapia intensiva, tanto para os doentes internados quanto para a
equipe multiprofissional).
AULA ATIVIDADE ALUNO

Trânsito: os congestionamentos, os semáforos, os assaltos aos motoristas e a


contaminação do ar.
Relações interpessoais;
Comunicação deficiente no trabalho.
Medo do futuro: o medo acentua nas pessoas a preocupação sem necessidade, as
atitudes negativas em relação à vida ou lembranças de experiências desagradáveis, com
pensamentos repetitivos.
De forma extremamente sucinta, pode-se dizer que existem três grandes fontes de
estresse: o corpo, o meio ambiente e os pensamentos. Portanto, as causas que podem levar as
pessoas ao estresse provêm de vários estímulos estressores internos e externos ao indivíduo. As
condições clínicas que costumam acompanhar o estresse são inúmeras, entre as quais se
destacam:
a) fadiga: desgaste de energia física ou mental;
b) somatizações: sensações e distúrbios físicos com forte carga emocional e afetiva;
c) sintomas de depressão: combinação de sintomas em que prevalecem intensa
angústia, falta de ânimo, descrença pela vida e profunda sensação de abandono e solidão;
d) síndrome do pânico: estado de medo intenso, repentino, acompanhado de
imobilidade, sudorese e comportamento arredio; síndrome de desamparo: medo contínuo da
perda de emprego, acompanhado de sentimento de perseguição e queda de autoconfiança;
síndrome de burnout: estado de exaustão total decorrente de esforço excessivo e contínuo.
Assim, o gerenciamento de estresse é imprescindível para a saúde dos indivíduos.

Adaptado de: DINIZ, Denise P. Guia de Qualidade de Vida: Saúde e Trabalho.


Editora Manole, 2013. ISBN 9788520437285. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520437285/. Acesso em: 06 mar.
2023.

5. ª Atividade

Elaborar e Responder Questões

Esta atividade consiste em elaborar no mínimo 4 perguntas a respeito do texto “Estresse: Saúde
e Trabalho” da atividade 5. Após a leitura do texto você deverá elaborar perguntas cujas
respostas possam ser encontradas no estudo indicado. Atenção não responda às perguntas que
você mesmo elaborou.

Após elaborar no mínimo 3 perguntas sobre a temática “Estresse: Saúde e Trabalho” você irá
registrá-las em nosso Padlet por meio dos passos:

1. Acesse o Padlet por meio link: https://padlet.com/wba1/qualidade-de-vida-xw0n1tsm57u24s8d

2. Após acessar o Padlet você deverá clicar no sinal de Mais (+) no canto inferior direito da página
para inserir as suas perguntas.

3. Coloque a cidade do polo ou seu nome no campo “subject” e poste, no campo abaixo, a as
perguntas que você elaborou.

Sugiro que você siga todas as orientações indicadas. Mediante a presença de dúvidas, conte com
a mediação do seu tutor e, especialmente com o momento de interatividade com o professor
no Chat Atividade.

Em seguida você deverá escolher pelo menos 2 perguntas que foi elaborada por um de seus
AULA ATIVIDADE ALUNO

colegas para respondê-la. Lembrando que as respostas devem ser embasadas no estudo do
texto “Aspectos conceituais para implantação dos programas de saúde no ambiente ocupacional
– Parte II”

Para escolher a pergunta e respondê-la você deverá adicionar a sua resposta no campo
“comentário” da postagem do colega.

Caso você tenha sido o primeiro aluno (a) a registrar as perguntas você não encontrará as
perguntas de seus colegas, portanto, será necessário aguardar os colegas a registrarem a
atividade para que você possa escolher a questão que irá responder.

Se alguém já tiver registrado uma resposta na pergunta que você escolheu responder, não há
problema nenhum. As respostas similares e/ou diferentes geram discussão que enriquecerá
ainda mais a temática estudada.

Lembre-se que tanto as perguntas como as respostas deverão ser embasadas no texto
“Aspectos conceituais para implantação dos programas de saúde no ambiente ocupacional –
Parte II”

Sugiro que você siga todas as orientações indicadas. Mediante a presença de dúvidas, conte com
a mediação do seu tutor e, especialmente com o momento de interatividade com o professor
no Chat Atividade.

Chegamos ao final do nosso encontro de hoje! Espero que você tenha mergulhado
nesta Aula Atividade de forma a aprimorar seus conhecimentos no sentido de construir uma
formação acadêmica sólida e de qualidade.
Até o próximo encontro!

Você também pode gostar