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GRUPO SER EDUCACIONAL

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA ANANINDEUA


DISCIPLINA: ESTÁGIO BÁSICO I

Aryana de Farias Barros - 04092907

Daniel Alves Pereira Lima - 17031473

Daniel Lima de Moraes - 04099642

Gilson Cordeiro Dos Santos Filho - 04095822

Luana Monique Oliveira Cabral - 04102263

Welington de Jesus Ribeiro Cardoso - 04099427

PROJETO DE INTERVENÇÃO

ESPAÇO TERAPÊUTICO AMIRA FIGUEIRAS

Ananindeua, 4 de Dezembro de 2023.


Aryana de Farias Barros - 04092907

Daniel Alves Pereira Lima - 17031473

Daniel Lima de Moraes - 04099642

Gilson Cordeiro Dos Santos Filho - 04095822

Luana Monique Oliveira Cabral - 04102263

Welington de Jesus Ribeiro Cardoso - 04099427

PROJETO DE INTERVENÇÃO

ESPAÇO TERAPÊUTICO AMIRA FIGUEIRAS

Proposta apresentada ao Curso de


Graduação em Psicologia da
Universidade da Amazônia -Unama
Ananindeua, como requisito para
aprovação na disciplina de Estágio
Básico I.

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do homem, enquanto ser social, é cada vez mais frequente


em estudos e pesquisas, mostrando que o homem em sociedade constrói-se e evolui
seguindo as mudanças da sociedade em que está inserido. Para Kurt Lewin, grupo é
uma realidade da qual o indivíduo faz parte, de forma que a dinâmica de um grupo tem
sempre um impacto social sobre os indivíduos que o constituem, o que implica que a
cada vez que o grupo sofre modificações em suas estruturas ou em sua dinâmica, estes
inescapavelmente se ressentem. (Mailhiot, 1977, p. 55).

Assim, o sistema conceitual desenvolvido por Lewin para analisar a conduta


individual se prestava para analisar também a conduta do grupo (Martin-Baró, 2004, p.
202) de maneira que, a forma de agir de cada integrante pertencente a um grupo, que
poderia ser alterada também através de uma intervenção individualizada, no entanto, foi
observada por Lewin a possibilidade de uma mudança na conduta de modo coletivo,
aplicada a todos os indivíduos que participam do grupo, independente do contexto.

As investigações realizadas por Lewin e trouxeram uma hipótese importante "a


integração não se realizará no interior de um grupo e, em consequência sua
produtividade não poderá ser duradoura, enquanto as relações interpessoais entre todos
os membros do grupo não estiverem baseadas em comunicações abertas, confiantes e
adequadas." (Mailhiot,1977,p.89) Diante disso Lewin considerava que a produtividade
de um grupo e sua eficiência não estão somente relacionados a competência de seus
membros, mas sobretudo com a solidariedade de suas relações pessoais" (p.66) e a
capacidade de estabelecer comunicações abertas e autênticas.

Assim, Kurt Lewin mostra que é geralmente mais fácil mudar indivíduos num
grupo do que mudar cada um separadamente. (K. Lewin, 1965, p. 256). Nesse contexto,
a psicologia organizacional atrelada a habilidades sociais podem contribuir para o
funcionamento de forma mútua do desenvolvimento do sujeito em seu ambiente de
trabalho, tendo como base a Dinâmica de Grupo de Lewin.

A partir disso, uma alteração em um ambiente de trabalho, onde o profissional


que trabalhava de maneira particular e individual passa a exercer sua função em
uma

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modalidade de trabalho coletivo e integrador pode gerar consequências no campo de
trabalho e nas relações interpessoais que ocorrem neste ambiente.

Por conseguinte, para Simpson et. al. (2019), os psicólogos realizam diversas
demandas emocionais, aumentando consequentemente as chances de desenvolverem
burnout (esgotamento ocupacional), o surgimento desse esgotamento está relacionado a
fatores organizacionais e pessoais, outro ponto é a realização de mais de uma atividade
profissional. Prestadores de serviços que lidam diretamente com pessoas com
transtornos do neurodesenvolvimento, como o transtorno do espectro autista estão entre
os mais sujeitos ao estresse psicológico e prejuízo na saúde mental.

Na atual conjuntura das relações observadas na visita técnica no Espaço


Terapêutico Amira Figueiras, pode-se notar, mediante as respostas dos seguintes
questionamentos, “quais dificuldades este profissional pode encontrar em seu percurso e
quais estratégias são possíveis para solucionar tais desafios?”, que a dificuldade no
cuidado da saúde mental do psicólogo no seu fazer profissional, porquanto sua rotina
exaustiva tem gerado grande impacto em sua saúde. Diante disso o tema da medida de
intervenção que será abordado é "A saúde mental do psicólogo diante das demandas
profissionais", com os objetivos de promover uma melhora significativa no aspecto
mental e relações interpessoais sólidas por meio da dinâmica de grupos proposto por
Kurt Lewin, abordaremos dinâmicas grupais nas quais os objetivos serão promovidos.

ARTICULAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA

Para identificar demandas no Espaço Terapêutico Amira Figueiras, foram realizadas


observações e entrevistas com uma equipe de psicólogos. A relação interpessoal entre
psicólogos e a equipe multidisciplinar foi destacada nas entrevistas com ênfase na
importância da colaboração interdisciplinar para o sucesso dos casos. As entrevistas
também abordaram a falta de suporte psicológico individualizado para os profissionais,
é notório que a saúde mental do profissional deve ser priorizada, não somente no
contexto pessoal, mas também profissional, visto que lidar com demasiados casos e até

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mesmo na própria relação interpessoal de trabalho, podem ser desgastantes e cansativos,
merecendo a necessária atenção.
As rotinas de trabalho tendem a ser cansativas em qualquer contexto, algo comumente
aceito socialmente, no entanto, quando o desgaste em excesso é ignorado, a iminência
de problemas físicos e psicológicos em decorrência disto é mais comum do que se
imagina, como destaca Bernardino Ramazzini em sua obra As doenças dos
trabalhadores, onde relata casos de operários em diferentes contextos e suas
enfermidades adquiridas em ambiente de trabalho. Quando se fala em prevenção da
saúde mental no ambiente de trabalho, muitos são os possíveis sintomas encontrados
quando não se tem a devida atenção, ocorrendo fenômenos como fadiga, estresse,
neuroses do trabalho, e distúrbios psicossomáticos, Seligmann destaca em seu livro
Trabalho e desgaste mental 1986 os referenciais teóricos que embasam o estudo da
saúde mental relacionada ao trabalho, destacando pesquisadores e abordagens distintas
como a teoria do estresse, formulada pelo endocrinologista canadense Selye em 1930,
“Selye desenvolveu estudos experimentais em laboratório, onde examinou os
fenômenos fisiológicos relacionados com as reações do organismo diante de situações
agudas de ameaça ou de agressão, analisando como o sistema neuroendócrino e outros
setores modificavam seu funcionamento nas fases que se seguiam a
agressão.”(SELIGMANN-SILVA,1986, p. 125) o autor destaca uma visão teórica
eficaz, no entanto restrita a aspectos fisiológicos, e que se complementa posteriormente
a estudos nessa área em aspectos cognitivos, onde se tem a possibilidade de por meio
da aprendizagem, encontrar formas de lidar com estímulos estressores, e nos aspectos
sociais, onde se encontra a possibilidade preventiva. O psicólogo tem como princípio
fundamental a promoção da saúde e qualidade de vida do cliente, e para isso é
necessária a priorização da própria, e em um contexto organizacional, muitos fatores
contribuem para a falta de atenção nesse aspecto, como por exemplo a rotina constante
de afazeres laborais, e como no caso em questão, a rotina de aplicação ABA realizada
na instituição, que exige manejos e esforços físicos em alguns casos, como pontuado em
uma das entrevistas realizadas no espaço Arima “Os meus casos, são casos que exigem
muito, e chegam a ter bastante desgaste psíquico e físico, e fora a vida pessoal. Então,
sim, eu acho que a área em que estamos trabalhando é uma área que exige muito
esforço físico, mental e a gente precisa ter rotina e se cuidar também”(PSI3).
Seligmann (1986) traz a tona a lista de estressores no contexto de trabalho desenvolvida

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por Kalimo (1987), que a divide em nove categorias, sendo elas: Os estressores
relacionados às exigências para a realização de tarefas; a organização e gerenciamento;
Ambiguidade e conflito de papéis; Problemática referente à carreira; Horários de
trabalho inconvenientes; Limitação dos contatos interpessoais; Pouca segurança no
emprego; Riscos físicos e químicos; Problemas na interface trabalho/lar, tais fatores
tendem a passar despercebido pelo profissional atuante, e podem ser desencadeadores
de problemas como a síndrome de Burnout, termo que surgiu nos estados unidos por
volta de 1970 que explica o processo de deterioração aos cuidados do profissional como
resposta ao estresse laboral, é um problema que atinge profissionais em serviço, em
especial os que trabalham com a promoção ao bem-estar dos outros (Pêgo, Francinara
Pereira Lopes, And Delcir Rodrigues Pêgo.p 174.), o que configura o cenário da
demanda atual.

Diante o exposto, para a elaboração do projeto de intervenção, utiliza-se da


fundamentação na teoria de Kurt Lewin sobre dinâmica de grupo e na importância da
interdisciplinaridade. Lewin acredita que a interdependência é a principal essência de
dinamismo de um grupo "a essência de um grupo não é a semelhança ou a diferença
entre seus membros, mas a sua interdependência" (K. Lewin, 1948a, p. 100) A proposta
de intervenção irá incorporar dinâmicas de grupo no ambiente organizacional em
questão, com ênfase no bem-estar, lazer e gestão das relações interpessoais, para que se
integre às demandas particulares dos psicólogos da unidade, se tendo um momento de
descontração e escuta entre estes. A intervenção tem como objetivo conscientizar e
prevenir possíveis transtornos psicológicos, como a ansiedade e a síndrome de Burnout,
promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Kurt T. Lewin foi quem introduziu o termo "dinâmica de grupo" e se tornou referência
com suas importantes contribuições para trabalhos grupais, principalmente nas áreas
organizacionais da psicologia. Lewin prestou-se a observar não somente o individual,
mas também o grupal e logo assim investigar a partir de uma mesma hipótese de
relações interpessoais e intergrupais. Rose (2008, p. 159) situa a obra de Lewin como

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parte de um movimento que levou a psicologia, no período do pré ao pós Segunda
Guerra, a “direcionar-se para os processos inerentes às coletividades humanas”, de
modo a “pensá-las e conceituá-las a fim de administrar indivíduos e organizações”.
Lewin levava em consideração a interdependência de cada indivíduo, “qualquer todo
dinâmico tem características próprias. O todo pode ser simétrico, embora as
partes sejam assimétricas; um todo pode ser instável, embora suas partes sejam
estáveis” (K. Lewin, 1948 c. 89), destacando a importância da individualidade,
podemos relembrar que durante a entrevista um profissional dissertou que não existia
um suporte psicológico para dar a devida atenção para cada sentimento e barreira
enfrentada por cada um dos profissionais psicólogos. De acordo com a demanda
observada e com vista na saúde mental do psicólogo, e o cansaço adquirido pela jornada
exaustiva de trabalho, o projeto de intervenção foi desenvolvido com o olhar de dar
espaço para que os profissionais possam expressar suas emoções e angústias, e se
sintam acolhidos. Com base nisso foi escolhida a dinâmica "Roda das emoções". Ela
funciona da seguinte maneira: Os psicólogos se distribuem em uma roda, os estagiários
farão cartões com diversas emoções descritas separadas em cada um desses cartões, e
sorteará por vez para cada profissional, ao pegar o cartão o profissional deverão
descrever uma situação em qual sentiram essa emoção, expondo para roda para que
possa entrar em discussão, a atividade será desenvolvida em um tempo estimado de 30
minutos de duração. As emoções escolhidas serão: Raiva, Angústia, Impotência,
Tristeza, Cansaço, Irritabilidade. O intuito dessa dinâmica é desenvolver uma roda de
conversa para dar ouvidos para a problemática do psicólogo, fazendo o mesmo se sentir
à vontade e acolhido.

6
REFERÊNCIAS

Seligmann-Silva, E. (2022). Trabalho e desgaste mental: o direito de ser dono de si mesmo.


Cortez Editora.

Ramazzini, B. (2000). As doenças dos trabalhadores. In As doenças dos trabalhadores (pp. 324-324).

Mailhiot, G. B. (1970). Dinâmica e gênese dos grupos: atualidades das descobertas de Kurt Lewin. In
Dinâmica e gênese dos grupos: atualidades das descobertas de Kurt Lewin (pp. 188-188).

Pêgo, F. P. L., & Pêgo, D. R. (2016). Síndrome de burnout. Rev. bras. med. trab, 171-176.

Pasqualini, J. C., Martins, F. R., & Euzébios Filho, A. (2021). A “Dinâmica de Grupo” de Kurt Lewin:
proposições, contexto e crítica. Estudos de Psicologia (Natal), 26(2), 161-173.

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