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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

Daniela Juvencio Mazzei

SÍNDROME DE BURNOUT

TAUBATÉ
2020
Daniela Juvencio Mazzei

SÍNDROME DE BURNOUT

Trabalho apresentado ao Professor


Luiz Arthur de Moura da disciplina
de Direito do Trabalho III, da turma
7º E, turno noite do curso de Direito.

TAUBATÉ
2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................3

2. CONCEITO...............................................................................................3

3. PRINCIPAIS CAUSAS DA SÍNDROME DE BURNOUT...........................4

4. SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT............................................5

5. CONSEQUÊNCIAS DO BURNOUT.........................................................6

6. TRATAMENTO.........................................................................................7

7. REPONSABILIDADE JURÍDICA DO EMPREGADOR.............................7

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................9
1. INTRODUÇÃO

Diante das rápidas transformações advindas de um mundo globalizado em que


vivemos, a adequação às tendências e novidades do mercado torna o ambiente de
trabalho um constante desafio por resultados, com cobrança, pressão e
concorrência na realização das atividades.
Essa exacerbada pressão pode ter consequências de ordem física e psicológica
em grande parte das pessoas, gerando um nível muito alto de esgotamento. A esse
esgotamento dá-se o nome de “síndrome de burnout”, que resulta do estresse
crônico no local de trabalho, caracterizada como uma síndrome ocupacional. Em
1969, o termo burnout surge para definir o esgotamento apresentado por
profissionais que trabalhavam com atendimento de pessoas.
Os sintomas clínicos variam de dor de cabeça, tontura, alterações no sono,
perda ou ganho de peso até problemas psíquicos, como ansiedade, síndrome do
pânico, variação de humor, depressão, entre outros.
A síndrome de Burnout foi oficializada pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) e passará a constar na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) a
partir de janeiro de 2022.

2. CONCEITO

De acordo com Trigo et al. (2007 p. 225) “O termo burnout é definido como
um jargão inglês que significa aquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de
energia. Metaforicamente é aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite(...)”.
O uso do termo burnout surgiu com maior regularidade nos Estados Unidos
por volta dos anos 70, por meio do psicólogo estadunidense Herbert J.
Freundenberger como uma síndrome que ocorre entre pessoas que trabalham com
serviços humanos (professores, bombeiros, policiais, psicólogos, enfermeiros etc.).
Percebendo a falta de estimulo dos funcionários de uma clínica para
dependentes químicos nos Estados Unidos, o psicólogo associou os sintomas
desses funcionários à Síndrome de Burnout. Segundo sua primeira definição:

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Burnout é o resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pela
atividade laboral, que surge nas profissões que trabalham em contato direito
com pessoas em prestação de serviço, como consequência desse contato
diário no seu trabalho (LIMA, et al., 2018, p. 151).

Segundo LIMA (2018, p. 151) “a Síndrome de Burnout parece ocorrer


especificamente em pessoas altamente motivadas, que reagem ao estresse do
trabalho trabalhando ainda mais até entrarem em colapso”.
De acordo com Dias (2016) o burnout se apresenta em três dimensões:

a)exaustão emocional, caracterizada por sensação de falta de energia e


esgotamento, abrangendo desde sentimentos de desesperança, tristeza,
irritabilidade até sintomas físicos como fraqueza, cefaleias, náuseas,
distúrbios musculoesqueléticos e do sono; b) despersonalização,
caracterizada por atitudes de distanciamento, desinteresse e alienação em
relação aos grupos sociais e de trabalho; e c) diminuição da realização
pessoal no trabalho, caracterizada por sensação de baixa produtividade,
tornando o indivíduo infeliz e insatisfeito com seu desenvolvimento
profissional (DIAS, 2016, p.2).

3. PRINCIPAIS CAUSAS DA SÍNDROME DE BURNOUT

Dada a ampla gama de consequências ou sintomas de condição, é difícil


estabelecer um conjunto único de causas para a doença. Estudos no campo da
saúde e psicologia organizacional mostram que uma das principais causas da
doença é justamente o excesso de trabalho. A síndrome de burnout também pode
acontecer por uma auto cobrança excessiva e alto grau de julgamento e crítica em
relação a si mesmo.
A síndrome de burnout está relacionada a atividades de trabalho que vinculam
o trabalhador e seus serviços diretamente com os clientes, mas isso não significa
que não pode surgir em profissionais de outras categorias, mas em geral, médicos,
enfermeiros, professores, policiais, bancários, são os mais propensos a adquirir a
síndrome.
No contexto do trabalho bancário no Brasil, Dias (2016 apud JACQUES &
AMAZARRAY, 2006) expõe “a exposição à violência verbal de clientes e chefia e os
riscos de assalto e sequestro tem sido associado a quadros de estresse, ansiedade
e burnout”.

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Para Lima (2018 apud MACHADO, TRAESEL, & MERLO, 2015), o trabalho
dos profissionais de segurança pública, mais precisamente os policiais militares é
marcado por risco iminente e estresse a todo instante. “Policiais militares são
expostos a situações de perigo no cotidiano da profissão, onde a própria vida é
posta em xeque. Além disso, nem mesmo em momentos de folga, em que voltam
para seu lar, os permite que abstraiam verdadeiramente sua profissão, ou que
esqueçam da farda”.
Estudos mostram um crescimento da incidência de burnout em profissionais da
indústria do petróleo, entre as principais causas estão: “[...] regime de turnos,
sobrecarga de trabalho, confinamento e regime de embarque nas plataformas, além
de ruído, vibração, barulho, etc. [...]a sensação de não ter um relacionamento
próximo com os colegas de trabalho, sentimento de isolamento e tristeza e
problemas de desempenho” (DIAS, 2016, p. 9).
Segundo o Ministério da Saúde a síndrome de burnout “também pode acontecer
quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis,
situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades
suficientes para os cumprir” (BRASIL, 2019).
Segundo Dias (2016, p. 2) “a síndrome de burnout também pode estar associada
a transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade (pânico e fobia
social) e abuso/dependência de álcool e de outras substancias psicoativas”.

4. SÍNTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT

De acordo com o Ministério da Saúde (2019), os principais sintomas são:

 Cansaço excessivo, físico e mental;


 Dor de cabeça frequente;
 Alterações no apetite;
 Insônia;
 Dificuldade de concentração;
 Sentimento de fracasso e insegurança;
 Negatividade constante;

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 Sentimentos de derrota e desesperança;
 Sentimentos de incompetência;
 Alterações repentinas de humor;
 Isolamento;
 Fadiga;
 Pressão alta;
 Dores musculares;
 Problemas gastrointestinais;
 Alteração nos batimentos cardíacos.

5. CONSEQUÊNCIAS DO BURNOUT

O burnout traz consequências tanto para o empregado quanto para o


empregador. A instituição é afetada com a queda da qualidade do trabalho do
portador da síndrome, que tem seu desempenho comprometido, ocasionando em
procedimentos equivocados, negligencia e até mesmo em acidentes de trabalho
devido ao desgaste físico e psicológico sofrido pelo trabalhador.
Segundo Maslach e Leiter (1997 apud Trigo et al. 2007):

[...] os indivíduos que estão neste processo de desgaste estão sujeitos a


largar o emprego, tanto psicológica quanto fisicamente. Eles investem
menos tempo e energia no trabalho, fazendo somente o que é
absolutamente necessário e faltam com mais frequência. Além de
trabalharem menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta qualidade
requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo
desgastado já não está disposto a oferecer isso espontaneamente. A queda
na qualidade e na quantidade de trabalho produzido é o resultado
profissional do desgaste (TRIGO et al. 2007, p.230).

Em contexto econômico, a síndrome pode provocar o aumento dos gastos da


empresa com o afastamento e tratamento do trabalhador, e também com o
recrutamento de novos funcionários para repor o desfalque no quadro de
colaboradores.
O indivíduo acometido pela doença pode também, sentir os reflexos no âmbito
familiar e de relacionamento, pois provoca o distanciamento dos familiares, filhos e
cônjuges (TRIGO et al. 2007).

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6. TRATAMENTO

O tratamento é realizado basicamente com psicoterapia, mas também pode


envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos).
Normalmente os efeitos são percebidos entre um e três meses, mas a depender
do grau, pode perdurar por mais tempo.
As recomendações mais frequentes são a pratica de atividade física, exercícios
de relaxamento para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença. Além do
lazer, e atividades que tragam prazer, como passar um tempo com amigos e
familiares (BRASIL, 2019).
De acordo com Moreno et al. (2011 apud GARROSA et al. 2002) “Os programas
centrados no contexto ocupacional enfatizam a necessidade de modificar a situação
em que se desenvolvem as atividades, principalmente no âmbito organizacional, tais
como ambiente e clima de trabalho”.
Para a autora é necessário que haja uma flexibilização por parte dos
empregadores, de modo a promover um ambiente de trabalho saudável:

[...]a maneira como o trabalho tem sido organizada necessita ser revista,
com ações modificadoras que promovam o bem-estar e previnam o
surgimento de doenças, com medidas que se iniciam na cultura institucional
até às condições de trabalho, com recursos humanos suficientes,
disponibilidade de materiais, autonomia, participação na tomada de decisão,
chefias abertas a reivindicações dos trabalhadores, líderes que exerçam o
poder do cargo e não a autoridade do cargo, dimensionamento de pessoal
com número suficiente de funcionários, avaliações periódicas do modo de
produção, implementação de planejamento estratégico que norteiem as
metas institucionais, lotação do funcionário em local que melhor se adapte
ao seu perfil para realização da atividade com satisfação, resolução de
conflitos de forma imparcial e justa, além de incentivo ao trabalhador com
abonos salariais à medida que investem em sua capacitação profissional
(MORENO et al. 2011, p. 142).

7. RESPONSABILIDADE JURÍDICA DO EMPREGADOR

O artigo 7º, inciso XXII da Constituição da República de 1988 prevê o dever


do empregador à redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas
de saúde, higiene e segurança. Tendo em vista o disposto, é dever do
empregador assegurar que haja um ambiente de trabalho sadio aos empregados,
sem prejuízo de sua saúde física e mental.
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Assegurando ao trabalhador a proteção de sua saúde física e mental, o artigo
157 da Consolidação das Leis Trabalhistas dispõe que:

Art. 157. Cabe às empresas:


I - Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças
ocupacionais III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo
órgão regional competente IV - facilitar o exercício da fiscalização pela
autoridade competente (BRASIL, 1943).

De acordo com Dias (2015) cabe ao empregador encaminhar o trabalhador ao


tratamento médico especializado, não se eximindo de sua responsabilidade frente
ao problema do empregado, sobre isso, expõe:

[...] o empregador tem de fato, direito a indenização moral e material pelo


aparecimento ou agravamento da Síndrome de Burnout. Posto que a
enfermidade atribuída às causas multifatoriais não perde o enquadramento
como doença ocupacional equiparado ao acidente de trabalho, se houver
pelo menos uma causa laboral que contribua diretamente para seu
surgimento ou agravamento, conforme prevê o artigo 21, inciso I, da Lei nº
8.213/91 (DIAS, 2015, p. 98).

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo desse trabalho vimos que apesar do estudo sobre a “síndrome de


burnout” ter se iniciado há 50 anos, somente agora é que se deu a devida
importância ao assunto.
Pesquisas apontam que o Brasil está entre os principais no ranking de maior
número de portadores dessa doença, perdendo apenas para o Japão.
De acordo com as Nações Unidas, o mundo será mais velho, mais populoso e
mais pobre aproximadamente em 2050. Tal situação cria tensão e ansiedade
(estresse), o que faz com que mais pessoas se tornem suscetíveis a transtornos
mentais.
Diante desses dados alarmantes é necessário que se amplie o olhar sobre o
tema, de modo a estimular o desenvolvimento e estratégias de promoção da saúde
dos profissionais, prevenindo riscos psicossociais, melhorando a qualidade de vida
dessas pessoas e consequentemente gerando benefícios às organizações.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Síndrome de Burnout: o que é, quais as causas,


sintomas e como tratar. Disponível em: <https://www.saude.gov.br/saude-de-a-
z/saude-mental/sindrome-de-burnout> 2019. Acesso em: 12 de abril de 2020.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de


01.mai.1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del5452compilado.htm. Acesso em: 16 de abril de 2020.

DIAS, Fernanda Monteiro et al. O estresse ocupacional e a síndrome do


esgotamento profissional (burnout) em trabalhadores da indústria do petróleo:
uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 41, 2016.

DIAS, Cristiane Ortega. Síndrome de burnout: Há que se falar em


Responsabilidade do Empregador?. Revista Saberes, v. 3, n. 2, jul. /dez., p. 90-101,
2015.

LIMA, Francisco Ricardo Bezerra de et al. Identificação preliminar da síndrome de


burnout em policiais militares. Motricidade, v. 14, n. 1, p. 150-156, 2018.

LYRA, G. J. H. Síndrome de Burnout: Esgotamento profissional, estresse, sintomas


e o caminho para a liberdade docente. Revista Científica, v. 1, p. 1-16, 2015.

MORENO, Fernanda Novaes et al. Estratégias e intervenções no enfrentamento


da síndrome de burnout. Rev enferm UERJ, v. 19, n. 1, p. 140-5, 2011.

ONU - Organização das Nações Unidas. População mundial deve chegar a 9,7
bilhões de pessoas em 2050, diz relatório da ONU. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/populacao-mundial-deve-chegar-a-97-bilhoes-de-pessoas-
em-2050-diz-relatorio-da-onu/.>. Acesso em :15 de abril de 2020.

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TRIGO, Telma Ramos; TENG, Chei Tung; HALLAK, Jaime Eduardo Cecílio.
Síndrome de burnout ou estafa profissional e os transtornos psiquiátricos.
Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 34, n. 5, p. 223-233, 2007.

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