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UNIFAVENI

JULIANA LEITE

A SINDROME DE BORNOUT E SUAS CONSEQUENCIAS NA VIDA


PROFISSIONAL

SÃO PAULO
2022
UNIFAVENI

JULIANA LEITE

A SINDROME DE BORNOUT E SUAS CONSEQUENCIAS NA VIDA


PROFISSIONAL

Trabalho de conclusão de
curso apresentado como
requisito parcial à
obtenção do título
especialista em psicologia
clínica.

SÃO PAULO
2022
A SINDROME DE BORNOUT E SUAS CONSEQUENCIAS NA VIDA
PROFISSIONAL

Juliana Leite1,

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que
o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído,
seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas
consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados
resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste
trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais.

RESUMO- A síndrome de Burnout (SB) trata-se de uma reação individual diante de agentes
estressores presentes no ambiente profissional. Dentre estes agentes destacamos reduzido
sentimento de satisfação pessoal, acentuado desgaste e exaustão emocional e
despersonalização. Nos últimos anos houve um acentuado crescimento de casos de síndrome
de Burnout que diversas instituições têm procurado meios de prevenção de situações de
desgaste profissional.

PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Burnout, estressores, exaustão, despersonalização.

1
Julianaleite86@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO

Atualmente a busca por qualidade de vida tem sido algo constante nos diversos
âmbitos de vida do ser humano. Quando falamos destes âmbitos destacamos o
ambiente profissional.
No entanto cabe salientar que nem sempre o ambiente profissional trata-se de
um local de inteira satisfação ao profissional onde muitos fatores são
considerados insatisfatórios e desmotivantes.
Estes fatores podem levar a diversos desgastes e chegando a sua forma
acentuada que elucida um quadro de Síndrome de Burnout.
A síndrome de Burnout (SB) pode acarretar diversas consequências a vida
profissional do trabalhador e cabe as empresas a criação de medidas
preventivas como forma de não ocorrerem maiores danos ao funcionário e ao
seu desempenho dentro da empresa oque consequentemente pode vir a
prejudicar a própria empresa.
A Síndrome de Burnout (SB) afeta a saúde física e emocional dos profissionais
trazendo consequências preocupantes em níveis individuais e organizacionais
(Moss et al., 2016) tornando evidente a necessidade de prevenir sua
sintomatologia (Carlotto & Câmara, 2008).
O tema embora conhecido é pouco disseminado na sociedade e nas empresas
e na maioria das vezes quando acontecem quadros de SB, levando muitas
vezes a afastamentos, faltas e até mesmo pedidos de demissão.
Muitas pessoas só se dão conta de seu quadro clínico ao consultar um
profissional de psicologia ou psiquiatria, no entanto pela falta de conhecimento
da sociedade sobre a SB, essa busca por ajuda não ocorre e muitos acabam
por se contentar com situações insatisfatórias no trabalho sacrificando assim
sua vida profissional.
No presente artigo abordaremos os sintomas, causas, consequências, meios
de prevenção dentre outros temas e subtemas que estão ligados ao
esgotamento profissional.
2. DEFINIÇÕES E SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT

A síndrome de Burnout (SB) ou esgotamento profissional, foi descrita pela


primeira vez pelo psiquiatra Herbert Freudenberger em 1974 (Freudenberger,
1974) e atualmente está inserida na Classificação Internacional de Doenças
CID-11sob o código QD85 (Organização Mundial da Saúde [OMS], 2019).
Christina Maslach (1976) propôs um modelo teórico para caracterizar a SB,
definindo-a como uma resposta prolongada a estressores interpessoais
crônicos no trabalho que se apresenta em três dimensões interdependentes:
exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal
(Maslach, Schaufeli & Leiter, 2001).
Diante de fatores estressores o individuo não consegue lidar com situações
dificultosas no trabalho e vai progressivamente esgotando sua energia
sentindo-se exausto mentalmente.
A exaustão emocional é caracterizada pelos sentimentos de estar
sobrecarregado e exaurido de seus recursos físicos e emocionais, levando ao
esgotamento de energia para investir nas situações que se apresentam no
trabalho (Maslach et al., 2001).
Em resposta a exaustão emocional ocorre a despersonalização caracterizada
por uma postura indiferente ao ambiente e a equipe de trabalho.
A perda gradual de empatia e indiferença em relação ao trabalho culmina na
insensibilidade afetiva e afastamento excessivo do público que deveria receber
seus serviços (Carlotto & Câmara, 2008).
Diante deste quadro o individuo passa a sentir declínio em seu sentimento de
êxito pessoal e profissional acarretando danos a sua autoimagem e autoestima.
Nesta dimensão o indivíduo vivencia um declínio no sentimento de
competência e êxito, bem como de sua capacidade de interagir com os outros
(Carlotto & Câmera, 2008).
2.1 FATORES CAUSADORES DA SINDROME DE BORNOUT

Diante do que foi descrito anteriormente está evidente que o Burnout tem sua
origem no ambiente de trabalho e por diversos fatores existentes neste
ambiente, porém vamos entender de que maneira a síndrome de Burnout se
instala na vida do trabalhador.
Ao iniciar sua vida profissional o indivíduo começa repleto de expectativas e
motivações , sem pensar nos percalços que podem ocorrer nesta trajetória
dentre esses possíveis obstáculos está a síndrome de Burnout.
Ao abordar o processo de desenvolvimento de burnout, constata-se o seguinte
problema: o de compreender como certos profissionais que ao início de suas
carreiras encontram-se repletos de desejos a realizar, expectativas, ideais,
comprometidos e motivados com o que fazem, tornam-se ao longo do tempo,
exaustos, frustrados e descomprometidos. Segundo hipótese teórica
sustentada por Benevides-Pereira (2002), Gil-Monte (2003), Gil-Monte e Peiró
(1999), Lee a Ashfort (1996), Leiter (1993), Maslach, Shaufeli e Leiter (2001),
Shaufeli e Bunnk (2003) e Tamayo e Tróccolli (2002) é que burnout se
desenvolve como uma resposta aos estressores crônicos laborais.
Segundo CAMPINAS (2016, p. 7) as condições de trabalho podem ser
geradoras de estresse, destacando-se dentre os fatores: excesso de feedback
negativos quanto ao trabalho realizado; escassez de recursos de toda ordem;
excesso de demanda, com sobrecarga de trabalho; conflitos entre as
obrigações éticas e legais; relações desiguais de poder; equipe reduzida em
relação à carga de trabalho; dificuldades no trabalho em equipe e com
superiores; falta de companheirismo e colaboração; dificuldade de delimitar as
especificidades e responsabilidades dos diferentes profissionais.
Segundo estudos existem três principais fatores que são frequentemente
encontrados nos casos de Síndrome de Burnout e que estão diretamente
ligados a características do ambiente de trabalho, levando a um sofrimento
psíquico e que podem se apresentar de maneira independente.
Dentre eles destacam-se: Exaustão emocional, baixo envolvimento pessoal no
trabalho, despersonalização,
Nos campos industriais, comerciais e de prestação de serviços a
competitividade é uma conduta constante e muitas vezes cultuada pelas
próprias empresas. Desta forma embora a competitividade entre funcionários
gere motivação para as engrenagens do trabalho, também colabora para o
surgimento de sentimentos com características patológicas, o que dá
condições para o aparecimento de sofrimentos psíquicos. Para Albuquerque;
Melo; Araújo Neto (2012), as pessoas que trabalham em uma organização
obedecem às normas da gestão, sendo que esta tem a responsabilidade de
analisar e gerir de modo que seus trabalhadores tenham condições de
trabalho, tanto psicológicas quanto materiais, preservando sua saúde mental
como cidadãos e como prestadores de serviços à comunidade.
Baseando -se nesta afirmação pode- se entender que a empresa através de
suas orientações e condutas tem um papel de importante influência no quadro
psíquico do funcionário.
Dentre outros fatores também podemos citar a convivência no ambiente de
trabalho.
Visto que uma pessoa pode passar mais tempo dentro da empresa do que em
sua própria casa convivendo mais com seus colegas de trabalho do que com
seus familiares e assim é importante que haja um ambiente familiar e amistoso
entre os pares.
Manter boas relações interpessoais entre funcionários de uma mesma empresa
é um fator relevante para que assim não se acarretem demais danos à saúde
mental do trabalhador.
Para Shaufeli & Buunk (1993) o alto grau de incerteza no trabalho dos
profissionais é um resultado da falta de suporte que cada profissional
experimenta em relação aos demais colegas e que, por sua vez, produz tanto
condutas de isolamento mútuo nas organizações em função do medo de expor-
se e ser tratado como incompetente, como também cria atitudes de
comparação face aos demais, na intenção de resgatar a competência perdida.
Sendo assim que tange a empresa caso esta não viabilize o fornecimento de
suportar as necessidades dos colaboradores isso pode dificultar o
desenvolvimento interno e gerar dúvidas quanto ao futuro do profissional dentro
da organização gerando assim desmotivação e insatisfação agravando assim a
possibilidade de desenvolvimento de um quadro de Burnout.
É importante salientar que mesmo diante da apresentação de sintomas deve-
se procurar orientação de um médico para um diagnostico concreto e possível
administração medicamentosa afim de tratar os sintomas físicos.
Faz -se necessário também o acompanhamento psicológico para que o
profissional possa lidar com questões comportamentais ligadas ao quadro de
síndrome Burnout.
2.2 CONSEQUÊNCIAS DA SÍNDROME DE BORNOUT

Um quadro diagnosticado de síndrome de Burnout pode acarretar diversos


inconvenientes para a vida do profissional e em consequência do cargo
exercido na empresa.
Dentre essas consequências podemos citar: afastamento das funções de
trabalho, baixa performance profissional, isolamento, dificuldades nas relações
sociais e familiares, entre outras.
Cabe salientar que SB também pode gerar alterações de longo prazo no corpo
da pessoa, afetando sua imunidade e tornando-a vulnerável a doenças virais e
resfriados. Além disso: o trabalho em equipe é totalmente prejudicado; o
funcionário perde a capacidade de compreender o sentimento ou reação das
outras pessoas.
As consequências da SB nos profissionais são graves, na medida em que
níveis moderados e altos da SB estão associados a: 1) distúrbios individuais,
tais como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), abuso de álcool
(Moss et al., 2016), queixas psicossomáticas, uso de drogas, depressão e
ideação suicida (Dyrbye et al., 2008; Lacovides, Fountoulakis, Kaprinis &
Kaprinis, 2003; Lazarescu et al., 2018); 2) mudanças comportamentais
referentes à insatisfação no trabalho, falta de comprometimento organizacional
e intenção de abandonar o trabalho (Maslach & Leiter, 2008; Moss et al., 2016);
Um profissional adoecido mentalmente não proporcionara um bom ambiente de
convivência nem dentro nem fora da empresa.
Abordamos seu comportamento em consequencia do esgotamento profissional
dentro do ambiente coorporativo agora trataremos das consequências que
ocorrem de maneira externa, ou seja, na vida pessoal do profissional.
Um indivíduo com questões psicológicas não trabalhadas possivelmente não
terá uma qualidade de vida social satisfatória, uma vida familiar prejudicada ,
relacionamentos amorosos insatisfatórios , dentre outros.
Desta forma é de suma importância o trabalho é importante a promoção de
medidas preventivas como meio de trabalhar aspectos pessoais e profissionais
conforme abordaremos a seguir.
2.3 CONDUTAS E MÉTODOS DE PREVENÇÃO A SÍNDROME DE BORNOUT

Atualmente quadros de Burnout tem se desenvolvido com velocidade acelerada


por diversos fatores que contribuem para sua origem.
Compreendemos no texto acima quais os fatores originadores desta síndrome
e ficou evidente que o desencadeamento do Burnout parte tanto da empresa,
quanto da maneira com que o funcionário lida com a sua vida profissional.
Diante do exposto anteriormente ficou evidente que são inúmeras as
consequências que a síndrome de Burnout pode acarretar a vida pessoal e
profissional do indivíduo, sendo assim trataremos a seguir maneiras de
prevenção e/ou combate ao esgotamento profissional.
Cabe a empresa a sensibilidade de conhecer casos atípicos que podem
desencadear uma SB e proporcionar meios para que o quadro não se
desenvolva.
No entanto se esta empresa desenvolver métodos preventivos disponíveis a
seus colaboradores estes casos podem ser evitados de maneira bastante
efetiva.
Atualmente muitas empresas já disponibilizam “auxílio terapia” a seus
funcionários , sendo assim o profissional tem acesso a sessões semanais ou
quinzenais com psicólogos através de plataformas online ou de maneira
presencial. É importante salientar que estes profissionais prestam serviços a
estar empresas e não possuem vínculo empregatício sendo assim toda queixa
seja ela em relação a empresa ou da vida pessoal do colaborador é tratada de
maneira ética seguindo as diretrizes do conselho feral de psicologia.
Outra forma preventiva é disponibilizar canais de denuncias e reclamações
onde os funcionários possam relatar suas queixas, essa pode ser uma maneira
eficaz de manter a empresa informada sobre casos que assédio moral que
também é um dos fatores que podem encaminhar a um quadro de Síndrome de
Burnout.
Promoção de trabalhos e palestras periódicas sobre saúde mental , assédio
moral e clima organizacional também se encaixam como excelentes maneiras
de prevenção e combate ao esgotamento profissional.
Outra ação promovida pela empresa é programas de orientação a gestores
como maneira de orientá-los sobre assédio moral.
Além de todas as medidas citadas acima que são em sua maioria de
responsabilidade da empresa é importante abordar quais deveres do
profissional no que tange a prevenção e combate da SB.
É de suma importância que o colaborador se disponibilize a participar dos
eventos oferecidos pela empresa com o intuito de trabalhar sua saúde mental .
Caso isso não aconteça todos os esforços movidos pela instituição de trabalho
podem ser ineficazes.
Cabe ao profissional entender que a manutenção de sua saúde mental é um
fator que depende dele e que pode ser bastante benéfico se agregar este
desejo as iniciativas promovidas pela empresa.
No entanto casos não sejam realizadas nenhumas dessas medidas , os danos
acarretados podem ocorrer não só para o funcionário , mas em sua
performance dentro da empresa , sendo assim impactando em sua produção,
metas , clima organizacional dentre outros.
3.CONCLUSÃO

A síndrome de Burnout é um esgotamento emocional decorrente de fatores


ocorridos no ambiente de trabalho e que se desenvolve de maneira silenciosa e
progressiva.
Muitas vezes tal assunto é encarado por seus portadores e demais pessoas
como desanimo , depressão ligada a fatores externos , falta de motivação etc.
No entanto é no âmbito de trabalho e por suas condições que este quadro
surge e desenvolve-se.
Cabe a empresa através de seus gestores promover medidas para
identificação desses sintomas para que assim haja uma intervenção.
saliento que embora haja planos de intervenção para estes casos é importante
que se promova ações e campanhas de prevenção para este quadro.
Embora muitas empresas atualmente já disponham de programas de auxílio a
saúde mental para seus colaboradores, existem ainda a desinformação por boa
parte das organizações e seus colaboradores.
Outro fator limitante para a prática preventiva e de combate do esgotamento
profissional é a falta de treinamento específico de seus colaboradores desde o
setor operacional até os altos cargos dentro da empresa.
Abordou-se neste trabalho que também é dever do colaborador fazer uma
autoanalise de seu estado emocional e desta maneira estar disposto a se
utilizar dos meios oferecidos pela organização para manutenção de sua saúde
mental.
No que tange a sociedade , é importante que o tema seja difundido através de
meios de comunicação , para que a população de maneira geral, sejam
trabalhadores ou não , possam conhecer e se informar sobre o assunto e ser
mais um pilar de auxílio na prevenção e combate da síndrome de Burnout.
Diante do que foi abordado pode-se concluir que a manutenção da saúde
mental do colaborador é definida por três pilares importantes que são a
empresa, o funcionário e a sociedade e que estes devem estar munidos de
informação sobre o tema para que haja não sobre o combate desta síndrome
bem como sua prevenção.
4. REFERENCIAS

Carlotto, M. S., & Câmara, S. G. (2008). Análise da produção científica sobre a


Síndrome de Burnout no Brasil.

Dyrbye, L.N., Thomas, M.R.,Massie, F.S., Power, D.V., Eacker, A., Harper, W.,
Durning, S., Moutier, C., Szydlo, D.W.,Novotny, P.J.,Sloan, J.A., & Shanafelt,
T.D. (2008). Burnout and Suicidal Ideation among U.S. Medical
Students.Annals of Internal Medicine, 149, 334-341.

Maslach, C., Leiter, M.P.(2008).Early predictors of job burnout and


engagement.Journal of Applied Psychology, 93,498-512.

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