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Podcast
Disciplina: Dimensão humana na Governança Corporativa
Título do tema: A Qualidade de Vida no Trabalho: dimensões
da saúde, do ambiente e das relações sociais.
Autoria: Janaína P. R. Firmino
Leitura crítica: Jefferson Willian Bucci

Abertura:

Olá, ouvinte! No podcast de hoje vamos falar sobre Qualidade de Vida no


Trabalho e a sua relação com a Governança Corporativa. Nessa conversa, eu
gostaria de propor um olhar mais voltado aos aspectos psicológicos das relações
de trabalho.

Diante da sua aprendizagem nos estudos sobre Governança Corporativa, você


já deve ter percebido que a maior parte das preocupações deste modelo de
gestão é sobre o comportamento humano.

Os dispositivos normativos, como legislação e códigos de conduta e boas


práticas para esse tema sempre estão relacionados com a tentativa de se propor
condutas éticas por parte de todos que compõem a organização.

Se existem tantas preocupações com atitudes transgressoras, ou seja, ilegais e


antiéticas, ou às vezes exageradas como a pressão por um resultado
trabalhando de modo exaustivo, muito provavelmente, elas podem afetar o modo
como as pessoas se relacionam no trabalho e consequentemente o clima
organizacional.

Muito bem, a partir daqui, o que essas relações e o clima organizacional têm a
ver com a Qualidade de Vida no Trabalho? Tudo! Não é verdade? Quando nos
referimos à Qualidade de Vida, estamos considerando a saúde integral de uma
pessoa, que envolve aspectos físicos (ou biológicos) e psicológicos, econômicos
e sociais.

Os agravos à saúde física de uma pessoa no trabalho podem estar relacionados


aos riscos que a segurança do trabalho já conhece bem: riscos físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos... mas e quanto à questão psicológica?

Existem casos de saúde do trabalhador que são desenvolvidos a partir de


problemas psicológicos vivenciados ou adquiridos durante o trabalho. Veja
alguns dos mais conhecidos: crises de ansiedade, síndrome do pânico,
depressão, e mais recentemente, incluído como uma doença do trabalho e não
mais como uma doença mental, a Síndrome de Burnout. Vou abrir um
parênteses aqui.

De acordo com o texto Psicossomática e Síndrome de Burnout, da autora


Camila Schorr Miná, publicado no site da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, essa síndrome que também é conhecida por esgotamento profissional
tem as seguintes características:

“[...] está fundamentada em três dimensões: exaustão emocional,


despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. Então, essa
síndrome se trata de um adoecimento psíquico em função do
esgotamento profissional, que surge nas relações interpessoais em que o
sujeito está inserido.”

Por causa do Burnout, algumas pessoas desenvolvem secundariamente,


quadros como gastrites, enxaquecas, problemas intestinais, transtornos
alimentares, insônia e até suicídio.

Há pessoas que se afastam ou desligam do trabalho e nunca mais voltam a


trabalhar. Isso tudo é muito grave. Fecho os parênteses.

Em um ambiente de Governança Corporativa, a pressão por resultados tem uma


tendência a desenvolver quadros de agravos psicológicos em seus
colaboradores. E quais seriam os motivos da aceitação das pessoas em
trabalhar em um ambiente assim?

Se pararmos para refletir sobre a condição de trabalho que uma pessoa está
submetida por conta da sua condição econômica, por exemplo, poderíamos
inferir que ela aceite trabalhar sob pressão garantindo um ritmo de trabalho
excessivo e interminável, o que acontece muito com pessoas que trabalham
remotamente, porque ela possui compromissos financeiros e sociais (com a
família, por exemplo) que dependem dessa relação trabalhista. O que fazer?

A pressão psicológica, quando não acontece por interesse de ritmo de trabalho,


pode acontecer para atender a uma demanda organizacional ou – pior ainda –
uma demanda de uma liderança com interesses escusos. Esse tipo de pressão
pode requisitar do colaborador a atitude de fazer algo que não condiz com os
seus princípios éticos e valores pessoais. Ou seja, também é um problema que
acarreta danos morais e psicológicos a um trabalhador.

Justamente para esses casos é que ultimamente as discussões de boas práticas


da Governança pública e privada tem levado aos fóruns os cuidados com a
saúde das pessoas. Afinal, para se conseguir resultados satisfatórios para os
stakeholders, é necessária a dedicação das pessoas.

Não gostaria de que você, ouvinte, ficasse com uma impressão negativa sobre
o clima de trabalho em uma organização gerenciada por modelos de
Governança. Muito pelo contrário. Reconhecendo que nestas organizações
existem cuidados preventivos para garantir as melhores atitudes diante de boas
práticas, a intenção de se discutir o aspecto psicológico apenas reflete que são
necessárias todas as medidas possíveis como Programas de Integridade e
Compliance, por exemplo, como prevenção e tratamento de situações quando
necessário.
Por isso é que a Governança apresenta uma complexidade que deve ser tratada
da maneira mais criteriosa possível. Principalmente, quando o assunto é a saúde
e a vida das pessoas.

Fechamento:

Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

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