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Saúde e qualidade de Vida no

Serviço Público
Psicóloga Jussara Henn
CRP; 08/16209
Reflexões: Segundo os Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS), 2017
 Saúde Mental- significa bem-estar emocional, psicológico e social de um
indivíduo ou grupo.
 Qualidade de vida - reflete a preocupação com a modificação e o
aprimoramento dos componentes da vida , ex. ambiente físico, político, moral e
social, bem como saúde e doença.
 Burnout significa “reação excessiva ao estresse causada pelo ambiente que pode
ser caracterizado por sentimentos de exaustão física e emocional, somados a uma
sensação de frustração e fracasso”.
Síndrome do esgotamento (DeCS, 2017)

 Nas empresas e instituições, o quadro é de funcionários exaustos,


cansados, frustrados, que não se sentem mais realizados no trabalho,
não conseguem mais desenvolver sua função com qualidade (cobrança
interna e externa).
 A sobrecarga de tarefas, muita cobrança sem um feedback, funcionários
que realizam a mesma atividade por muito tempo, não são
reconhecidos na função que desempenham e mau remunerados, sem
um plano de cargo e salário que possa motivar uma formação contínua.
O que seria qualidade de vida ?

 A qualidade de vida engloba um todo, tanto o nosso psique, o espiritual e o físico


 Todos esses caracteres se conecta diretamente com o estilo de vida que levo, aqui
entra: se tenho algum vício ou não, valores, cultura, religião, o auto cuidado,
meus relacionamentos em geral: no trabalho, familiar e social, ambientes em que
frequento.
 Tudo isso vai definir o que permito que entre na minha vida, aquilo que como
ser no mundo vou compreender como qualidade de vida.
Como a pressão psicológica pode impactar na saúde
mental do trabalhador?

 Desrespeito e Pressão Psicológica: Um tipo de Violência Institucional


 Assma e Ferreira (2008) apresenta três conceitos da justiça organizacional:
(a) justiça distributiva - recursos organizacionais recebidos como: promoção, salários,
prêmios entre outros, devido todo o esforço que foi dedicado e investido para desenvolvimento
do trabalho,
(b) justiça processual - também pode tornar um fator de estresse, está vinculada ao nível de
justiça/injustiça percebida nos meios ou procedimentos formais que norteiam a tomada das
decisões dos gestores.
(c) justiça interacional - ligada a ênfase nos aspectos sociais das relações entre os gestores,
supervisores e os funcionários envolvidos nas decisões vinculados ao espaço de trabalho .
Aspectos sociais das relações

 Envolve a qualidade das relações interpessoais e da comunicação entre os vários


níveis hierárquicos, que é afetada pelo respeito, honestidade, passagem de
informações necessárias e as justificativas das decisões tomadas.

 A injustiça pode contribuir para o desencadeamento do estresse emocional no


trabalhador porque o leva a duvidar de sua capacidade e resolutividade em
enfrentar uma situação desafiadora e, portanto, surge a percepção de uma luta
perdida ou pouco valor pessoal.
Técnicas e práticas para que o profissional
tenha saúde em bom estado
 É necessário adquirir técnicas e práticas, para que assim possa ter recursos internos
que sejam entendidos como habilidades;
 Que essas habilidades possam mediar suas relações interpessoais dentro das
organizações, onde passa a maior parte do tempo; e o que deve ser respeitado em
comportamentos como: o respeito ao jeito de ser do outro, a capacidade de se fazer
entender sem que ajam dúvidas, coerência nas ações o que vai resultar em relações
saudáveis.
 Todas essas ações buscam preservar a saúde mental do funcionário/a no seu campo
profissional, assim evitando agravos como mal estar, desgastes mentais
desnecessários e acidentes (LACAZ, 2007) .
Uma saúde mental não saudável

 Está ligada a repentinas mudanças sociais, condições de trabalho bastante


estressantes, discriminação de gênero, exclusão social, estilo de vida não saudável,
risco de violência, problemas físicos de saúde e violação dos direitos humanos
tudo isso leva em conta a um desconforto para a saúde psíquica .(OMS , 2017 ) .
 Como começar a pensar a promoção e prevenção da saúde do trabalhador/ra - é de
grande importância que a empresa construa uma relação interpessoal positiva entre
a gestão e seus funcionários/as;
 Buscar estudar um modelo que integre saúde mental e trabalho, que se tenha um
olhar especial para os fatores psíquicos e sociais, e nesse caso, a Psicologia deve
estar presente nas instituições como escuta e apresentação de possibilidades de
mudanças internas e externas em prol da saúde mental e física.
Saúde mental do trabalhador

 A Organização da Mundial da Saúde (OMS), define que a saúde mental é um


estado de bem-estar, que permite ao individuo utilizar livremente seus recursos
físicos e psicológicos de forma criativa, se reestabelecendo assim das exigências
estressantes da rotina, ressignificando as experiências , conseguindo ser
produtivo gerando uma valoração social;
 A saúde mental, portanto, implica em um conceito mais amplo, que a simples
ausência de sintomas e patologias, pois está vinculada a ideia de realização e
bem-estar .
 Refletir sobre: saúde. Trabalho e doença
Estresse Laboral

 O trabalho é um espaço de interação social que favorece o crescimento pessoal e


o desenvolvimento profissional, além de trazer ao sujeito realização profissional
e liberdade de ser, estar, fazer e agir no mundo.
 Se não houver consonância nesses aspectos, pode então instalar um desgaste
crônico, gerando o adoecimento que está composto por sintomas físicos e
comportamentais, psíquicos, mentais e emocionais (GIONGO ; MONTEIRO ;
SOBROSA,2015).
 Estresse - Silva e Barros (2015) consideram o estresse como uma condição
desagradável, decorrente de fatores externos e de tarefas que o sujeito considera
ameaçador a sua autoestima e ao seu bem-estar.
 Piedade et al. (2012) apontam que inúmeros são as causas que geram estresse no
trabalho, o excesso de cobrança por mais produtividade, a redução de tempo para
os profissionais executarem suas tarefas, que por quase sempre, tem gerado
Formas de enfrentamento para manutenção da
saúde
 Diagnóstico - Identificar a causa estressora;
 Procedimentos de comunicação;
 Assertividade;
 Alimentação;
 Atividades físicas; Lazer;
 Mudança no ambiente;
 Estudos e roda de conversa com um profissional da Psicologia;
 Reconhecer o seu limite e ressignificar a sua caminhada como Ser no mundo.
 Lutar por políticas Nacionais de Saúde Mental
Qualidade de vida

 O conceito de qualidade de vida é muito abrangente, compreende não só a saúde


física como o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais
em casa, na escola e no trabalho e até a sua relação com o meio ambiente.
 Para Organização Mundial de Saúde” (OMS), o conceito de qualidade de vida
está diretamente associado à autoestima e ao bem-estar pessoal e compreende
vários aspetos, nomeadamente, a capacidade funcional, o nível socioeconômico,
o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o
suporte familiar, o estado de saúde, os valores culturais, éticos e religiosos, o
estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o
ambiente em que se vive.
 Para Bitencourt (2004, p. 395), qualidade de vida “é um conceito dinâmico,
contingencial, abrangente, individual e, ao mesmo tempo, coletivo e
multidisciplinar”.
RESOLUÇÃO Nº 6, DE 29 DE MARÇO DE 2019
institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício
profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019.

 CONSIDERANDO os princípios éticos fundamentais que norteiam a atividade profissional da(o) psicóloga(o) e
os dispositivos sobre avaliação psicológica contidos na Resolução CFP nº 10/2005, que institui o Código de Ética
Profissional do Psicólogo - diploma que disciplina e normatiza a relação entre as práticas profissionais e a
sociedade que as legitima -, cujo conhecimento e cumprimento se constitui como condição mínima para o
exercício profissional;
 CONSIDERANDO que a Psicologia no Brasil tem, nos últimos anos, se deparado com demandas sociais que
exigem da(o) psicóloga(o) uma atuação transformadora e significativa, com papel mais ativo na promoção e
respeito aos direitos humanos, ponderando as implicações sociais decorrentes da finalidade do uso dos
documentos escritos produzidos pelas(os) psicólogas(os);
 CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o) deve atuar com autonomia intelectual e visão interdisciplinar,
potencializando sua atitude investigativa e reflexiva para o desenvolvimento de uma percepção crítica da
realidade diante das demandas das diversidades individuais, grupais e institucionais, sendo capaz de consolidar o
conhecimento da Psicologia com padrões de excelência ética, técnica e científica em favor dos direitos humanos;
Autoconhecimento ???
 Quem sou?
 O que sou?
 Como sou?
 O que me define?
 Como me caracterizo?
 Quais minhas características positivas? Negativas?
 Quais meus interesses? Minhas habilidades?
 Como lido com as emoções? E com a razão?E com meu Ser no mundo e nas
relações?
Autoestima/Autocontrole
 Projeto de vida – Onde quero chegar? De que
forma? Como? Quando?
 Preciso passar por estas fases existenciais:
 Autoconhecimento – Quem sou? Biografia
Existencial
 Autoestima – Como estou? O que vejo refletido no
espelho? Como quero Ser, Estar e Agir?
 Autocontrole – Sei quem sou e onde quero chegar
Sei dizer não.
Equilíbrio entre razão e emoção.
Reflexões em Sartre - Existencialismo
Dois tabus dentro da sociedade brasileira

 O funcionalismo público e a saúde mental;


  trazer para discussão o problema relacional Trabalho
versus Saúde Mental e, colocar em evidência as
dificuldades mais graves que os funcionários públicos
vêm sofrendo dentro de seus locais de trabalho,
 Minha experiência como psicoterapeuta no interior de
uma instituição pública Estadual,
Preconceito com assuntos relacionados á Saúde
Mental

 Apesar do número de funcionários que sofrem de transtornos mentais e de doenças


psicossomáticas, visivelmente relacionadas à organização do trabalho ser imenso, ainda
existe um preconceito enorme dentro das instituições com assuntos relacionados à saúde
mental. Estes funcionários tem medo de serem rotulados de "loucas/os“, quando precisam
ter um acompanhamento com um psicólogo, ou um psiquiatra. E este medo vem do olhar
dos próprios colegas de trabalho; (readaptado)
 As pessoas, mesmo as já conscientes de seus conflitos, investem tudo na sua dissimulação e
no ocultamento do que sentem;
 Para que se tenha uma ideia da gravidade do que se está falando, um documento da OMS,
já em 1985, indicava que 5 a 10% da força de trabalho sofriam de transtornos mentais
sérios e que cerca de 30% sofriam de distúrbios psíquicos de menor gravidade (há 38 anos)
O tabu da doença mental está, inclusive entre
nós ...

 Uma questão que tem sido discutida com frequência é, até onde as crises sócio-
políticas e mesmo administrativas interferem, diretamente ou não, na sanidade
mental dos funcionários públicos.
  O tabu da doença mental está, inclusive entre nós, mais presente do que nunca.
Se para os governos, por um lado, não é conveniente preocupar-se com essa
questão, pois, para atuar nessa área, ter-se-ia que evidenciar todos os disparates
administrativos, econômicos e burocráticos que são sistematicamente
escamoteados;
 Já, para os funcionários, por outro lado, é menos conveniente ainda, pois correm
o risco de serem taxados de malucos, de loucos, de doentes mentais e até mesmo
de perderem o emprego.
E os sindicatos estão conscientes?

 Os próprios sindicatos e as associações de trabalhadores, que poderiam estar à


frente de um programa nacional de conscientização sobre os cuidados com a
saúde mental, parecem estar por demais ocupados com a própria sobrevivência
para enxergar o avanço silencioso dessa doença que tira o sentido de viver;

  Saúde mental, com todos os seus sinais, é negada também por eles, como se
ninguém, absolutamente ninguém, quisesse arriscar-se a entrar no espaço
tenebroso da depressão, da melancolia e do sofrimento psíquico, 
Cenário de discussão
 O melhor para esse momento de uma nova ótica política, é desmistificar o
assunto, trazer a temática da saúde mental para o cenário da discussão política,
lançar a responsabilidade desse problema para o Estado, Universidades,
Sindicatos, Funcionários e, Profissionais como Psicólogos, Psiquiatras e demais
Profissionais da saúde e Educação para um estudo e pesquisa, fomentando
políticas públicas, que possam estar atentas a essa grande demanda que precisa
de cuidados, bem como trabalhar com empresas a prevenção e a promoção da
Saúde Mental.
É preciso pensar em todos os espaços de
trabalho:
 Como esse funcionário, esse trabalhador está sendo acolhido, e como
esse trabalho está sendo percebido de forma interna e externa?
 Como lidar com pressão, com mudança de gestores, com a
invisibilidade no espaço público?
 Qual enfrentamento hoje com a alta demanda de trabalho, redução
de funcionários e concursus, bem como perdas salariais e desmonte
de Planos de Cargos e Salários?
 Como construir um projeto de vida aliado á qualidade de vida,
saúde Física e a saúde Mental?
Referências Bibliográficas
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SZNELWAR, L. (Orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de
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11h47 -Última atualização em Segunda, 09 de Outubro de 2017, 12h10. Disponivel
 http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/2523-saude-mental-no-trabalho-e-tema-do-dia-
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p. 64-72, 2014.COLABORADORES,eZanelli. José Carlos. Estresse nas organizações de trabalho:
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 DALCIN, Larissa; CARLOTTO, Mary Sandra. Avaliação de efeito de uma intervenção para a
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https://doi.org/10.1590/2175-35392018013718
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 Motta & M. E. Freitas (Orgs.), Vida psíquica e organização (pp. 23-40). Rio de Janeiro: FGV.
 ENRIQUEZ, E. (2006). O homem do século XXI: sujeito autônomo ou indivíduo descartável.Revista de
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www.rae.com.br/eletronica
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Psicóloga Existencialista Jussara Henn
CRP 08/16209
991166656

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