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NO TRABALHO
BASSLER, Ana Cristina
Ano: 2020
nº de p. 10
APRESENTAÇÃO
Neste momento, iremos estudar a saúde mental no ambiente do trabalho e as
suas consequências. Para isso, precisamos compreender todos os aspectos
relacionados a saúde mental, ou seja, devemos ver a pessoa como um todo,
(físico, social e econômico). Abordaremos mais adiante o conceito de saúde e as
mudanças que ocorreram ao longo do tempo.
Em seguida conheceremos os estigmas que abordam a saúde mental; veremos a
importância de cuidar da saúde mental dos colaboradores para o desenvolvimento
das empresas; conheceremos a terceira causa de incapacidade no trabalho no
Brasil; observaremos a importância do trabalho na vida das pessoas e a sua
influência na saúde; e por fim, conheceremos os fatores que afetam a saúde mental
dos funcionários nas organizações.
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O conceito de saúde apresentado traz consigo uma série de mudanças ocorridas ao
longo do tempo sobre o termo. O que isso quer dizer? A definição de saúde é:
[...] ocorre pela presença ou não de sintomas que classificam uma situação
de mau funcionamento psíquico com alterações da personalidade, do
pensamento, da percepção, da memória, da inteligência, entre outras
(Vasconcelos; Faria, 2008, p. 455).
Desse modo, a Saúde Mental, como uma subárea da saúde – mas não menos
importante, aponta que o funcionamento psíquico não vai bem. Aspectos como:
atenção, memória, percepção e sensopercepção fazem parte de uma avaliação
sobre a saúde mental de um indivíduo. Os sintomas mais comuns, muitas vezes, não
partem de uma alteração física/corporal e, por isso mesmo, a ideia ou consenso sobre
a Saúde Mental é ainda permeada por preconceitos e concepções de que esta área é
somente para pessoas com “transtornos”, ou ainda, pejorativamente, para “loucos”.
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Assim, não podemos deixar de apontar que a Saúde Mental reconhece a presença
de um sofrimento e um mal-estar envolvendo um sujeito e o contexto no qual ele
está inserido. Nesta linha de pensamento, o campo da saúde do trabalho tem se
voltado, desde a década de 1950, a realizar pesquisas sobre a possível relação
estabelecida entre o trabalho e o sofrimento psíquico (VASCONCELOS; FARIA, 2008).
Atenção
Segundo dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Previdência
Social, o 1º Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por
Incapacidade (BRASIL, 2017), analisou os benefícios concedidos e
constatou que os transtornos mentais e comportamentais foram
a terceira causa de incapacidade para o trabalho, entre os anos de
2012 e 2016, totalizando 668.927 casos; ou ainda, 92% do total em
análise sob a concessão auxílio-doença.
Além disso, o Boletim aponta que os agravos mentais são comumente associados
aos afastamentos temporários e não relacionados à atividade do trabalhador,
justamente pela “resistência ao reconhecimento da relação do
trabalho com a doença mental” (BRASIL, 2017, p. 11); mais que isso, confirmar
que a organização do trabalho é disfuncional e produz agravos psíquicos ao
trabalhador.
Nesse aspecto, é importante ficarmos atentos ao lugar que o trabalho ocupa na vida
das pessoas, não é verdade? Refletindo sobre tal questão, podemos indicar que o
“ocupa, também, um lugar fundamental na dinâmica do
investimento afetivo das pessoas.” (BRASIL, 2001, p. 161). Por quê? Há sonhos,
expectativas, planos, vínculos que são formados, status social etc., tudo isso faz
parte do investimento afetivo de uma pessoa no seu trabalho.
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globalização, ajustes econômicos, flexibilidade no mundo do trabalho, altos índices
de desemprego, terceirização, inserção de novas tecnologias. (SCHMIDT, 2010).
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A ORGANIZAÇÃO E OS FATORES
QUE AFETAM A SAÚDE MENTAL DOS
COLABORADORES
Você já deve ter escutado, em algum momento, um antigo e muito conhecido ditado
popular que esclarece: “o trabalho enobrece o homem”. Nessa perspectiva, somos
levados a reconhecer os efeitos positivos que o trabalho
Atenção
Desse modo, devemos pensar que o significado de prazer e
bem-estar direcionado ao trabalho pressupõe que as atividades
profissionais propiciem uma relação de trabalho e prazer. Contudo,
não podemos deixar de apontar grandes mudanças advindas dos
efeitos da globalização.
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Pressão no trabalho
Ainda assim, uma das referências sobre o assunto foi o psiquiatra francês
Christophe Dejours, o qual desenvolveu uma nova visão a respeito da relação
estabelecida entre a organização do trabalho e os efeitos nos trabalhadores,
Mais que isso, a saúde mental está referenciada a uma pressão constante por
uma maior produtividade, na qual o sujeito deve estar disponível e sempre pronto
a adaptar-se às exigências do mercado de trabalho; nesse ponto, constrói-se um
ambiente no qual o medo de não mais estar empregado suscita temor e sujeição
às atividades e funções demandas pela gestão, causando um ambiente de trabalho
acirrado e altamente competitivo para demonstrar agilidade, perspicácia e “ser o
melhor de todos”. (VASCONCELOS; FARIA, 2008; BARRETO; 2009).
Atenção
Existem, também, os riscos psicossociais que se referem às defi-
ciências na concepção, organização e gestão do trabalho, preo-
cupando-se com a psiquê e o social no ambiente organizacional.
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Com isso, a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (2017), aponta
os principais riscos que afetam a saúde mental, como:
Você pode perceber que o ambiente de trabalho, com os fatores sociais acima descritos,
pode ser gerador de intenso sofrimento, despersonalização, controle desmedido,
desrespeito à condição de humanidade, bem como violação de direitos. Com isso,
cumpre-nos verificar que tipos de transtornos estas situações podem acarretar.
Fechamento
Estudamos a interferência da saúde mental do trabalhador e seu desenvolvimento
no trabalho. Vimos que o conceito de saúde vai além da ausência de doença, e que
saúde é um estado de bem-estar, físico, mental e social. Compreendemos que o
ambiente em que se convive possui influência direta sobre a saúde das pessoas.
E estudamos que a definição de saúde pode ser mudada conforme a conjuntura
social econômica, política e cultural.
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Referências
BARRETO, Margarida. Saúde Mental e Trabalho: a necessidade da “escuta” e olhar
atentos. Caderno Brasileiro Saúde Mental, v. 1, n.1, jan/abr. 2009
SCLIAR, Moacyr. História do Conceito de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v. 17, n. 1, p. 29-41. 2007.
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