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CENTRO UNIVERSITÁRO TIRADENTES – UNIT

PSICOLOGIA

GUSTAVO SANTOS DE ALBUQUERQUE

RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTO: “SAÚDE DO TRABALHADOR


NO AMBITO DA SAÚDE PÚBLICA: REFERÊNCIAS PARA A ATUAÇÃO
DA(O) PSICÓLOGA(O)”

Maceió, 2022
GUSTAVO SANTOS DE ALBUQUERQUE

RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTO: “SAÚDE DO TRABALHADOR


NO ÂMBITO DA SAÚDE PÚBLICA: REFERÊNCIAS PARA A ATUAÇÃO
DA(O) PSICÓLOGA(O)”

Resenha critica apresentada ao


Curso de Psicologia, sob orientação do
Prof. Aristella Lemos, para disciplina de
Estágio Básico em Psicologia
Organizacional e do Trabalho.

Maceió, 2022
O documento do Conselho Federal de Psicologia (CFP) “SAÚDE DO
TRABALHADOR NO ÂMBITO DA SAÚDE PÚBLICA: referências para a atuação
da(o) psicóloga(o)” tem como objetivo orientar e trazer uma base na área da
Saúde do Trabalhador para que a(o) psicóloga(o) possa atuar de forma efetiva
no âmbito da Saúde Pública. O texto foi dividido em 4 eixos para facilitar a
orientação dos profissionais que querem entender e/ou atuar nesta área.

A posição do CFP sobre a atual situação das políticas públicas que


envolvem os trabalhadores é bem clara e direta criticando a chamada “reforma
trabalhista” considerada um ataque aos direitos sociais e afronta direta as
políticas públicas. Essa reforma traz grandes preocupações tais como maiores
instabilidades nos contratos, menores salários e ampla submissão do
trabalhador às necessidades da empresa colocando o trabalhador numa
condição precária de trabalho, vida e saúde.

O desenvolvimento da Saúde do Trabalhador, no Brasil, se dá através de


movimentos sociais em busca de políticas públicas de cunho social o que gerou
a criação e aprovação da Constituição de 88 e logo em seguida a lei do Sistema
Único de Saúde (SUS). A Saúde pública é que norteia a Saúde do trabalhador e
as ações de promoção, prevenção, assistência, reabilitação e vigilância é dever
e obrigação do estado.

Segundo (LACAZ,1996) a Saúde do Trabalhador tem como objetivo o


estudo, a análise e a intervenção entre trabalho e saúde mediante as propostas
desenvolvidas pela rede de saúde pública. Para uma melhor atuação desta
política, além de um embasamento teórico interdisciplinar é necessário
considerar a vivencia e o saber dos trabalhadores para uma melhor elaboração
e formulação de estratégias direcionadas diretamente as suas necessidades.

A Saúde do Trabalhador é uma política pública intersetorial e


interdisciplinar, que faz uma análise dos fenômenos coletivos e sociais para uma
melhor compreensão dos processos de trabalho. Esta proposta é uma resposta
crítica e direta a saúde ocupacional e a medicina do trabalho, criadas para gestão
da força do trabalho buscando apenas eficiência, produtividade e lucratividade,
desconsiderando toda a relação social no processo saúde-doença.
O sistema político de saúde do trabalhador considera uma forte relação
entre o trabalho e o processo de saúde-doença. Nesse processo o biológico e o
psíquico interagem de forma indissociável e as relações socias interferem
diretamente na saúde do trabalhador podendo gerar vários tipos de transtornos,
doenças, mal-estares, sofrimento e danos. Nesse contexto é possível colar em
um pacote as doenças ocupacionais, os acidentes de trabalho e as doenças
relacionais, entretanto tornasse necessário uma nova forma de pensar e
compreender a relação entre trabalho e saúde.

A psicologia, área multidisciplinar, trouxe várias contribuições especificas


e múltiplas através da psicologia da saúde, da psicologia trabalho e da psicologia
clínica. Esses conhecimentos trouxeram uma melhor a compreensão sobre o
processo saúde, doença e trabalho e também trouxe ao profissional da área uma
capacidade de analise fundamentada, critica e histórica da realidade.

Na década de 1980 surgem os primeiros Programas de Saúde do


Trabalhador, essa proposta foi incluída na Constituição Federal estabelecendo
o que compete ao SUS executar ações de Saúde do Trabalhador e na proteção
do ambiente de trabalho. A saúde do trabalho incluísse no direito da saúde, dever
garantido pelo estado por meio do SUS.

Para fortalecer ainda mais a Saúde do Trabalhador o Ministério da Saúde


criou em 2002 a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalho
(RENAST). O RENAST foi integrado ao SUS com objetivo de desenvolvimento
das ações de Saúde do Trabalhador através de uma rede de dispositivos
territoriais com os Centros de Referência em Saúde do Trabalhado (CEREST)
criando uma nova modalidade de intervenção e de cuidado assumindo uma
função de suporte técnico, coordenação de projetos e de educação da saúde.
As equipes do CEREST eram formadas por vários profissionais com formação
em saúde do trabalhador, contudo apenas algumas profissões eram obrigatórias
sedo elas o médico, o enfermeiro e o auxiliar de enfermagem. Notasse que o
profissional de psicologia não tem obrigatoriedade nas equipes do CRESTs
mesmo este oferecendo uma relevante contribuição para a compreensão da
subjetividade do trabalhador nas suas vivências, sofrimentos e adoecimentos no
trabalho.
A participação dos trabalhadores é de grande importância na identificação
dos aspectos de riscos presentes nos processos de trabalho e na elaboração e
implantação do Plano de Saúde. Esse plano se ocupa com qualquer tipo de
atividade de trabalho, formal e informal, que ofereça riscos à segurança e saúde
deste trabalhador. O desenvolvimento de atividades terapêuticas nesses centros
tem como função agrupar de forma voluntária os trabalhadores e constituir redes
de apoio e solidariedade. Esse tipo de atividade geralmente é acompanhado por
psicólogas(os) que fazem parte do planejamento, ações e interlocuções desse
tipo de serviço na área da saúde. Essas atividades tem como objetivo evitar o
isolamento, melhorar as condições saúde-doença, potencializar capacidade de
enfrentamento de problemas e aumentar a participação dos usuários na
instituição.

A(O) psicóloga(o) é de fundamental importância na atuação da saúde do


trabalhador, pois o processo saúde-doença em relação ao trabalho pode
aparecer em qualquer lugar que este esteja atuando. A atuação desse
profissional está inserida e baseada na saúde coletiva e sua atuação fez com
que os modelos de abordagem medico-centrada fossem revisados e modificados
ampliando os conhecimentos sobre a relação entre a saúde e trabalho tendo
como foco o olhar no trabalhador. É praticamente impossível não reconhecer a
subjetividade no trabalho, pois cada indivíduo traz consigo suas próprias
subjetividades para esse meio, atribuindo significados únicos as situações, as
histórias, aos valores, as crenças e as experiencias vividas.

É de grande importância que a(o) psicóloga(o) estimule a participação dos


trabalhadores nas ações para a proteção e promoção da saúde, visto que só
assim é possível analisar e identificar de forma real dos impactos do trabalho no
processo da saúde-doença desse indivíduo e assim intervir de forma efetiva para
transformar a realidade deles. Essas ações devem seguir as diretrizes dos SUS
ao mesmo tempo devem ser desenvolvidas a partir da singularidade de cada
território considerando as questões econômicas e socio culturais.

Os acidentes, doenças de trabalho e o desemprego podem afetar a saúde


mental indivíduo, podendo gerar transtornos mentais, comportamentais e
quadros psicopatológicos. É dever da(o) psicóloga(o) ajudar esse indivíduo
através da participação e elaboração ações terapêuticas, trazendo como cargo
chefe às atividades em grupo. Esses grupos devem ter caráter informativo e
terapêutico e devem valorizar conhecimento e a subjetividade de cada
trabalhador para que haja um processo de ressignificação do adoecimento
visando uma melhor qualidade de vida. O processo grupal deve desenvolver
criatividade, apoio social e laços estimulando novas posturas para lidar com a
situação do adoecimento.

A educação na área da saúde também pode ser feita pela(o) psicóloga(o)


e é de suma importância para o desenvolvimento da ideia subjetiva do sujeito e
também da sua constituição como sujeito parte de um grupo. O desenvolvimento
do alto conhecimento, na educação, traz grandes vantagens nas soluções de
problemas trabalhistas, pois faz com que o trabalhador tenha condições de
analisar, de forma crítica, quais são os principais fatores que estão prejudicando
sua saúde no trabalho e propor junto a equipe soluções para isso. A educação
em saúde é preventiva podendo ser usada para evitar nexo casual (transtornos
mentais desenvolvidos no trabalho) e uso e abuso de drogas (principalmente do
álcool).

Ser um profissional da psicologia ético-politico independe da área de


atuação. É obrigação da(o) psicóloga(o) ser ético e moral mantendo respeito
tanto ao nível individual quanto ao coletivo do indivíduo. É perceptível a
responsabilidade e a importância da(o) psicóloga(o) ao adotar ações que
facilitam a criação de um ambiente mais social e eticamente saldável. Devesse
tentar suprimir as desigualdades sociais sendo este agente transformador,
criando ações transformadoras que ajudem as pessoas e os grupos a se
tornarem agentes ativos em um processo de mudança muito maior, além disso
é necessário quebrar as barreiras históricas de uma psicologia classista e clinica
e adotar uma psicologia mais social e menos individualista.

Na psicologia da saúde e do trabalhador a(o) psicóloga(o) deve agir de


forma ética baseando sua atuação nas diretrizes dos SUS e da Politica Nacional
de Segurança e Saúde do Trabalho (PNSST) com o objetivo de promover a
saúde, a melhoria da qualidade de vida do trabalhador, a prevenção de acidentes
e a prevenção de danos à saúde acabando ou diminuindo os riscos nos
ambientes de trabalho. A ética no trabalho da(o) psicóloga(o) fica muito mais
clara quando esta diretamente relacionada com o problema de saúde mental e
o trabalho, principalmente quando o profissional é solicitado a dar um parecer ou
emitir um laudo.

A(O) psicóloga(o) que irá trabalhar na área da saúde do trabalho deve


estar com seus conhecimentos sobre o SUS e seu funcionamento bem
consolidados. É preciso compreender como cada indivíduo se constitui a partir
de suas interações sociais e o modo pelo qual os indivíduos produzem e
reproduzem sua existência.

O documento do CFP aponta diretamente para o trabalho considerando


seu contexto, suas condições e suas relações e como tudo isso afeta a saúde
dos trabalhadores, além disso o documento norteia a atuação do psicólogo,
como agente de mudança, no contexto do SUS tanto do ponto de vista teórico
quanto prático. Portanto devesse ler e estudar esse texto com atenção, pois ele
traz uma visão ampliada do SUS e de como é fundamental a inserção da(o)
psicóloga(o) nas equipes interdisciplinares na área da Saúde do Trabalhador,
mesmo não sendo obrigatório por lei a sua participação.

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