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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade de Psicologia
Campus Coração Eucarístico
Saúde Mental e Trabalho

Alicia Julia Siqueira Salles

Belo Horizonte
2023
1 INTRODUÇÃO
A Assistência Social é uma profissão fundamental na promoção do bem-estar e da
qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidades em diferentes contextos. De acordo
com o Código Brasileiro de Ocupações (C.B.O.), os profissionais dessa área desempenham
um papel crucial na orientação de indivíduos, famílias e comunidades sobre direitos, deveres,
serviços e recursos sociais. Além disso, planejam, coordenam e avaliam planos, programas e
projetos sociais em diversas esferas de atuação, incluindo seguridade, educação, trabalho,
jurídica, habitação e outras.
No entanto, é fundamental reconhecer que os profissionais da Assistência Social
também são susceptíveis a desafios e demandas emocionais significativas decorrentes da
natureza do trabalho que desempenham. Lidar com situações de vulnerabilidade, carência e
crises sociais podem colocar esses profissionais em risco.
Exploraremos esses riscos enfrentados pelos profissionais de Assistência Social, como
a pressão no ambiente de trabalho e a exposição ao estresse, e discutiremos como a
integração de abordagens da Psicologia pode fortalecer a capacidade desses profissionais de
lidar com tais desafios. Ao considerar o panorama atual da Assistência Social, esta pesquisa
busca destacar a importância da colaboração dos psicólogos na promoção da saúde mental.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Riscos e implicações na profissão do Assistente Social


Conforme o Código Brasileiro de Ocupações, o assistente social atua em esferas do
setor público e privado, bem como no terceiro setor, podem trabalhar durante o horário
comercial, além de no regime de plantões e em casos de emergência. Esses profissionais
atuam em áreas como as de planejar as políticas sociais, executar procedimentos técnicos,
desempenhar tarefas administrativas, entre outros.
As tarefas descritas acima podem gerar pressão nesse profissional, tendo em vista que
elas demandam conhecimento técnico detalhado e mudança na rotina do assistente social.
Ademais, é importante notar que os assistentes sociais estão constantemente expostos a
situações de sofrimento humano em seu ambiente de trabalho, o que pode provocar
sobrecarga emocional nesses sujeitos.
É evidente que essa profissão exige que os responsáveis estejam com a saúde mental
em dia e não sejam levados a exaustão da sua rotina, de acordo com Pimenta ( 2021), a
psicologia pode contribuir para melhorar as condições de trabalho ao fis no calizar e
regulamentar o ambiente de trabalho e suas variáveis potencialmente patogênicas, além de
analisar as condições e a organização do trabalho, as dimensões socioeconômicas e políticas,
e promover a articulação entre as políticas públicas, as redes de atenção, os CERESTs, os
sindicatos e os órgãos fiscalizadores.

2.2 Precarização do trabalho

Atualmente, o capitalismo, como sistema de metabolismo do capital social, vive uma


fase de expansão, fortemente marcada pelos processos de transformações no mundo do
trabalho e a reestruturação do capital, juntamente com a perspectiva neoliberal marcada pela
restrições das políticas sociais e a desestruturação do sistema de proteção social destinada a
assegurar os direitos do cidadão no tripé; saúde, previdência e assistência social, por meio da
privatização da saúde e previdência pública.
A precarização que perpassa o cotidiano do trabalho do assistente social possui duas
vertentes: a sua configuração enquanto classe trabalhadora e seu trabalho realizado junto a
classe trabalhadora. Primeiro, o assistente social enquanto trabalhador, sujeito aos impactos
da precarização nas suas condições e relações de trabalho. Segundo, o assistente social
enquanto executor das políticas sociais e públicas e assim, tendo também as requisições e
demandas conforme a configuração da política social e da situação da classe trabalhadora.
É comum o surgimento de sentimentos relacionados à angústia e impotência entre os
profissionais de Serviço Social, diante do esmagamento da subjetividade humana pelo
capital, uma vez que os trabalhadores não conseguem realizar um trabalho de qualidade
diante das inúmeras problemáticas que não são resolvidas e limitações estruturais das
instituições presentes no universo do exercício profissional como exemplos; a lógica
burocrática do trabalho quantitativo em detrimento do qualitativo nos espaços em que atuam;
o excesso de atividades e de demandas em sua rotina; a escassez de recursos materiais e
estruturais para desenvolver suas ações; as precárias condições de trabalho, a falta de
materiais diversos, de transporte para visitas domiciliares e institucionais, e de salas para o
atendimento dos usuários, entre outros constrangimentos.

2.3 A importância da Saúde mental para profissionais da assistência social


Saúde mental para o assistente social é um aspecto crucial que permeia toda a prática
profissional. Esta dimensão adquire significativa relevância em virtude da natureza do
trabalho social, que envolve o contato direto com indivíduos e comunidades em situações de
vulnerabilidade, demandando competência emocional e resiliência por parte dos
profissionais.
Além disso, a saúde mental é um elemento vital na tomada de decisões éticas e
ponderadas. Os assistentes sociais frequentemente se deparam com escolhas difíceis que
impactam diretamente a vida de seus clientes. Uma mente equilibrada é capaz de avaliar de
forma objetiva as alternativas disponíveis, considerando o bem-estar dos indivíduos atendidos
e os princípios éticos da profissão.
O autocuidado também se configura como um componente essencial da saúde mental
dos assistentes sociais. Ao zelar por sua própria saúde mental, os profissionais evitam a
exaustão emocional e física, contribuindo para uma prática sustentável e duradoura. O
autocuidado não é apenas um imperativo ético, mas também uma estratégia fundamental para
a manutenção da qualidade do serviço prestado. A saúde mental do assistente social está
intrinsecamente ligada ao autoconhecimento. Conhecer seus próprios limites, necessidades e
emoções é uma competência crucial para estabelecer limites saudáveis no trabalho e manter
relações profissionais saudáveis.

2.4 A atuação do psicólogo na promoção de saúde mental do assistente social

O campo de assistência pública à saúde, direcionou uma considerável parcela dos


profissionais psicólogos para atuar na promoção de saúde devido às próprias pressões do
trabalho que os trabalhadores sofriam.
É a partir desse cenário que se dá a inclusão de muitos profissionais psicólogos, os
quais são responsáveis pelas ações de promoção à saúde e cuidado mental ao trabalhador para
que ele possa ter a capacidade emocional necessária para suportar as adversidades e situações
de estresse que fazem parte da sua profissão.
Levando em consideração as situações enfrentadas pelos profissionais de Assistência
Social, o psicólogo busca promover atividades que devem estar voltadas para atenção e
prevenção a situações de riscos e também na atuação da promoção da saúde mental do
assistente social, o psicólogo atua com práticas médicas curativas, individuais,
assistencialistas, especialistas e organiza ações de saúde para oferecer um atendimento
adequado, ajudando a administrar o seu trabalho e adquirir as ferramentas necessárias para
enfrentar os desafios de maneira saudável, a saúde mental é fundamental para o assistente
social.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A profissão de Assistência Social pode se deparar com desafios significativos


relacionados à saúde mental de seus profissionais, devido à constante exposição a situações
de vulnerabilidade e a pressão inerente ao ambiente de trabalho. A colaboração
interdisciplinar com psicólogos desempenha um papel crucial na promoção da saúde mental
dos assistentes sociais, fornecendo apoio emocional, estratégias de resiliência e ferramentas
para enfrentar os desafios de forma saudável. Garantir condições de trabalho adequadas e
fomentar o autocuidado são igualmente essenciais para permitir que esses profissionais
continuem a desempenhar um papel fundamental na promoção do bem-estar das pessoas,
famílias e comunidades atendidas.
REFERÊNCIAS

PIMENTA, Amanda Maria Marques;ROSETTI, Crisane Costa; de ARAÚJO, José Newton


Garcia; GREGGIO, Maria Regina; de PAULA, Patrícia Pinto; ARAÚJO, Terezinha Maria.
Psicologia, trabalho e processos psicossociais. Belo Horizonte: Editora da PUC Minas, 2021.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Classificação Brasileira de Ocupações


(CBO). Disponível em:
<http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTitulo.jsf>. Acesso em:
08/10/2023.

http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2017/pdfs/eixo14/atuacaodopsicologonosistemaun
icodaassistenciasocial.pdf Acesso em 07/10/2023.

TRABALHO E SOFRIMENTO: DESAFIOS DA SAÚDE MENTAL DE PROFISSIONAIS


DA ASSISTÊNCIA SOCIAL;Jeanne Benevides da Silva Pamela Arruda Vasconcellos
Vanessa Catherina Neumann Figueiredo; Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
(UFMS); Corumbá-MS, Brasil

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