Você está na página 1de 6

Contextualizaçao

A doença mental é um transtorno de ordem psíquica presente na sociedade desde as


mais antigas civilizações. Apesar de ser reconhecida atualmente como uma patologia,
durante vários séculos criava-se uma cultura com diversos mitos a respeito da doença,
e com isto, excluíam-se as pessoas com transtorno mental do convívio em sociedade.

Com a ausência de cuidados específicos direcionados as este grupo, de acordo com


Passos e Amstalden (2012) era comum que estes acabassem realizando mendicância
pelas ruas, principalmente quando pertenciam as camadas mais populares.

Com o avanço e desenvolvimento da sociedade capitalista, esse tipo de actividade foi se


tornando indesejada, pois se pregava a idéia de “higienização social” com o banimento
do convívio social. Neste sentido, as pessoas com doença mental ficavam à margem de
uma sociedade excludente, sendo privada da interação com amigos e familiares .

O tratamento direcionado a loucura nos manicômios se constituía demasiadamente em


violação dos direitos humanos, pois para conter surtos psicóticos eram utilizados
métodos que causavam dor e sofrimento, tais como choques, camisas de força, banhos
frios, isolamento, entre outros castigos físicos e psíquicos.

É possível compreender que este modelo de tratamento baseado no isolamento da


pessoa com doença mental, não se tinha a pretensão de realizar os cuidados
necessários que os pacientes necessitavam, a real intenção era eliminar do convívio
social as pessoas que sofriam com transtornos psíquicos, por meio do isolamento em
hospitais psiquiátricos, e com isto, omitia-se os desdobramentos referentes a esta
questão, ou seja, escondia o real problema.

A partir destas constatações, enxergou-se que a doença mental, bem como o tratamento
destinado às pessoas diagnosticadas com esta patologia se constitui como uma latente
expressão da Questão Social, a qual teve um passado repleto de violação de direitos
humanos, apesar de ser possível observar significativos avanços, com novas formas de
tratamento. Pode-se evidenciar que o passado extenso de desrespeito e ausência de um
tratamento eficaz, colabora para que alguns comportamentos e atitudes conservadoras
ainda perdurem entre os membros da sociedade civil e profissionais que trabalham com
saúde mental.

Em decorrência disso, ainda é persistente o preconceito com pessoas acometidas por


doenças mentais na sociedade, como também de todos os desdobramentos que ocorrem
cotidianamente por causa de descriminações injustas. Evidencia-se que o assistente
social, por ser um profissional que trabalha com emancipação política e humana, atuando
na defesa intransigente por direitos humanos, e no combate a todas as formas de
exploração, deve ter um pensamento crítico frente a esta questão.

Diante do exposto, o assistente social pautado em seu projeto ético político, tem como
tarefa lutar pela participação social, emancipação, autonomia (ética, política, moral,
cultural), desenvolvimento dos sujeitos sociais, principalmente pela ampliação dos
direitos sociais, da cidadania, na eliminação de todas as formas de preconceito,
incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente
discriminados e à discussão das diferenças”.

Competências dos Assistentes Sociais

Competências próprias
Avaliação psicossocial:
Situação de protecção social;
Redes de suporte social formais e informais.
Articulação com instituições sociais:
Gestão de recursos comunitários;
Aconselhamento Social:
Prestações sociais;
Recursos de reabilitação e integração comunitária

Competências partilhadas
Acolhimento/Triagem.
Articulação com os cuidados de saúde primários.
Apoio a famílias e cuidadores.
Prevenção de recaídas.
Planeamento de alta.
Treino de competências.
Gestão de conflitos.
Suporte emocional.
Continuidade de cuidados.
Informação à família para a sua participação no plano terapêutico.
Intervenção na crise.
Função de terapeuta de referência

Segundo Fazenda (2008), o campo de intervenção dos assistentes sociais na área da


saúde mental, vai desde o apoio psicossocial ao doente no seu meio, a intervenção com
a família e com outras redes de suporte social caso existir, a reabilitação psicossocial, a
integração social e profissional quando possível, a articulação com os serviços de saúde
ou da comunidade e ao emponderamento do indivíduo.

O assistente social, participa em diversas fases de atenção na saúde mental, desde o


planeamento e execução das acções de promoção e prevenção das situações de risco
do surgimento da doença mental, nas atividades de acolhimento, diagnóstico das
necessidades, reabilitação e tratamento terapêutico até a consolidação da reinserção
social do utente. Logo, em razão do seu desempenho profissional, a sua atuação numa
equipa interdisciplinar é fundamental, pois, contribui de forma enriquecedora e única na
intervenção junto ao utente, que é o sujeito principal do atendimento.

Acçoes de promoçao e prevenão de riscos de surgimento da doença mental

Desta forma, atendendo ao facto do campo de intervenção ser bastante diversificado na


área da saúde mental, no exercício da sua profissão, além do referencial teórico e
bibliográfico o assistente social deve orientar-se pelas legislações existentes em saúde
mental, pela lei de regulamentação da profissão e pelo código de ética da profissão,
respeitando e implementando as suas atribuições e competências, uma vez que, esses
instrumentos apresentam ferramentas essenciais para o seu trabalho na saúde mental e
na saúde em geral.

Iamamoto (2009), ressalta que um dos grandes objectivos do assistente social na saúde
mental é a garantia do direito á saúde dos utentes enquanto cidadãos, numa busca de
recursos que permitam identificar esses direitos e que possibilitem a defesa e a
universalização dos mesmos. Contudo, chama atenção de que o assistente social não
deve orientar-se somente sobre os direitos, mas estimular os utentes com transtornos
mentais para que eles possam reivindicar uma melhoria na qualidade dos serviços a eles
oferecidos, como forma de praticar a cidadania e forçar mudanças no modelo de
assistência.

Outros objectivos são apontados como sendo os dos assistentes sociais na saúde
mental, tais como, proporcionar melhores condições de vida das pessoas com problemas
de saúde mental, estimular oportunidades para o desenvolvimento das suas
competências sociais, ajudar no acesso aos direitos sociais, económicos e culturais,
como emprego, educação e formação, proteção social, etc., promover a integração social
e a participação em todos os contextos sociais, e contribuir para a mudança de atitudes
na comunidade e a diminuição do estigma (Fazenda, 2008).

Apos Internamento
Fazenda (2008), afirma que apos o internamento, o profissional do Serviço Social, deve
conhecer e analisar a realidade social vivenciada pelo utente, a fim de identificar, de
maneira crítica e analítica, as manifestações da questão social que estão presentes na
sua realidade,
Desenvolver uma intervenção juntamente com outras instituições e a família,
buscando o fortalecimento dos vínculos sociais e familiares,
Identificar e fortalecer os fatores de proteção, buscando a reinserção social, o
resgate da cidadania e a vivência de hábitos saudáveis.
A família e as relações afetivas, o trabalho e formação profissional, a educação, a
habitação, o lazer e tempo disponível, a participação, cidadania e autonomia, são
fundamentais no processo de reinserção social.
Na mediação dessas relações, o mesmo deve manter uma postura ética, comprometida
com o bem-estar e a prestação de um bom serviço baseada em valores que se
concretizam em relações de confiança estabelecidas com as pessoas destinatárias da
intervenção social, como está previsto no Código de Ética dos assistentes sociais.
Recorrendo aos contributos de Iamamoto (2008), podemos identificar três tipos de
competências, a competência teórico-metodológica, competência ético-política e a
competência técnico-operativa.

O assistente social, participa em diversas fases de atenção na saúde mental, desde o


planeamento e execução das acções de promoção e prevenção das situações de risco
do surgimento da doença mental, nas atividades de acolhimento, diagnóstico das
necessidades, reabilitação e tratamento terapêutico até a consolidação da reinserção
social do utente. Logo, em razão do seu desempenho profissional, a sua atuação numa
equipa interdisciplinar é fundamental, pois, contribui de forma enriquecedora e única na
intervenção junto ao utente, que é o sujeito principal do atendimento.

A Reinserção Social
um processo participativo entre o indivíduo e a sociedade, refere a incorporação e a
inclusão do mesmo, na família, no grupo de pares, nas instituições e organizações,
permitindo assim a sua integração na comunidade e nos sistemas sociais em geral.

Permite estruturar sua identidade social, construir um auto-conceito e uma auto-imagem


positiva, expandindo suas redes sociais, de modo a manter relações com instituições e
outros serviços e adquirir direitos, não só a nivel da saúde como da proteção social.

OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

Promover a universalização dos direitos sociais,econômicos e


políticos,identificando recursos que possibilitem a defesa de tais direitos;
Promover a conquista da cidadania e a autonomia dos usuários.
Promover ainclusão dos pacientes na família e na sociedade.
Garantia de atendimento digno e humanizado
I — Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas;
II — Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;
III — Combate a estigmas e preconceitos;
IV — Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e
assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;
V — Atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas;
VI — Diversificação das estratégias de cuidado;
VII — Desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão social com
vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania;
VIII — Desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos;
IX — Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle
social dos usuários e de seus familiares;
X — Organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com
estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado;
XI — Promoção de estratégias de educação permanente; e
XII — Desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e
com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas, tendo como eixo
central a construção do projeto terapêutico singular. (SAUDE, 2011).

Você também pode gostar