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A Saúde Enquanto Direito Social e as Ações do Assistente Social na sua

Efetivação

Alcilene Silva Souza¹


Dilcicléia Moraes de Souza¹
Francineide Neris Silva¹
Laudiceia de Brito¹
Shaylla Rodrigues dos Santos¹

Ajax Dagoberto²

1.INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar as competências e atribuições que o
profissional de Serviço Social traz para a área da saúde, assim como abordar os desafios enfrentados
para materializar sua atuação e os limites que por vezes restringe o cumprimento e a execução das
atribuições no momento da intervenção. Pretende-se ainda, desenvolver uma linha reflexiva a
respeito do exercício profissional do Assistente Social na esfera da saúde versando sobre as reveses
e perspectivas deste profissional inserido nos serviços de saúde, sendo atribuído a ele a efetivação e
o monitoramento dos direitos sociais.
Assim, este trabalho elaborado a partir das experiencias cotidianas dos assistentes sociais na
rede de saúde do Município de Benevides-Pará, apresenta de forma concisa o histórico da inserção
desse profissional no campo da saúde, os principais espaços de atuação na rede de saúde do referido
Município, descrevendo também as principais ações desenvolvidas, bem como alguns desafios
encontrados no cotidiano do trabalho desenvolvido pelos profissionais de Serviço Social, em
especial os que estão lotados na Unidade de Pronto Atendimento(UPA), onde estivemos em visita
observando as demandas e a realidade profissional vivida pelos Assistentes Sociais inseridos nesse
contexto.

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os Assistentes Sociais são profissionais que trabalham integrados com a equipe de saúde e
auxiliam permanentemente para a consolidação das relações familiares e comunitárias dos
pacientes. Em concordância com o seu conhecimento e o projeto ético político da profissão, o
Assistente Social contribui para o cumprimento do controle social, com o intuito de facilitar o
acesso do usuário aos serviços do SUS, bem como a garantia dos demais direitos sociais.

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I - dd/mm/aa
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No entanto, a atividade do Assistente Social, por décadas, vem passando por diversas
transformações e em cada momento histórico, explorou e elaborou bases imprescindíveis para seu
sentido de ser na sociedade para determinado período. Consequentemente, foram numerosas as
conquistas e avanços em se tratando de conhecimentos teóricos e Código de Ética Profissional em
decorrência de muitas pesquisas, lutas e muita perseverança. Conforme Iamamoto (2000, p. 67) a
profissão avançou rompeu com o conservadorismo, atua na direção do fim da exploração de classe
“sobre as questões que dizem respeito a sobrevivência social e material dos setores majoritários da
população trabalhadora”.
A autora afirma ainda que o profissional de Serviço Social pode ser definido como um
trabalhador assalariado com qualificação de nível superior que, enquanto categoria profissional,
possui um direcionamento ético-político. IAMAMOTO, (1997, p. 14), define o objeto do Serviço
Social nos seguintes termos:
“Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais
variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam
no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social
pública etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por
envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem.
É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da
resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno
movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou
deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] ... a questão social, cujas
múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social”.

Nesta lógica, a produção teórica do Serviço Social vem discorrendo a ação profissional, os
fundamentos e a concepção da profissão, elencando-se na teoria social marxista, conseguindo
construir elementos que venham amparar essa prática e o seguimento de formação.
Desta forma, partindo do livro de Marilda Iamamoto “Serviço Social em Tempo de Capital
Fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social” que discorre sobre a produção teórica
brasileira e sobre os fundamentos do trabalho do assistente social, indicando alguns autores e suas
teorias, ressalta-se a importância da assimilação dessas teorias pelos profissionais de Serviço Social,
ressaltando que esse aprendizado não deve ocorrer somente durante o curso de graduação, pois na
prática também serão necessárias para o exercício profissional.
Sobre outro enfoque, o Serviço Social em seu cotidiano profissional, tem como instrumento
básico de trabalho, o conhecimento e a linguagem (IAMAMOTO, 2009, p. 97). logo, possui como
instrumento de trabalho a construção do conhecimento no tocante da realidade social utilizando-se
da linguagem, distinguindo-se como um profissional que lida com as ponderações do cotidiano e ao
mesmo tempo assegura o acesso a informações aos usuários, visto que a informação, neste sentido,
encontra-se relacionada ao processo de autonomia dos sujeitos sociais, independente de aquisição
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econômica, étnica, classe social, identidade de gênero e orientação sexual, uma vez que amparados
pela lei 8.080 de 1990 e a Constituição Federal de 1988, são garantidos os direitos de todos.
Figura 1- Atendimento

Fonte: Site da Secretaria de Saúde de Benevides/PA 2022

Em face do exposto, cabe afirmar que os Assistentes Sociais são profissionais que atuam
incorporados junto a equipe de saúde e cooperam de maneira precisa para a consolidação das
relações familiares e comunitárias dos pacientes. Em concordância com a sua formação e o projeto
ético político da profissão através do Código de Ética do Assistente Social. Lei 8.662/93 de
Regulamentação da Profissão. Aprovado em 13 de março de 1993, o Assistente Social contribui
para a execução do controle social, procurando promover o acesso do usuário aos serviços do SUS,
bem como a salvaguarda dos demais direitos sociais.
Portanto, o profissional de Serviço Social expressa um olhar diferenciado, aplicando uma
avaliação extensa da situação social com o propósito de distinguir “as condições de vida e de
trabalho dos usuários, bem como os determinantes sociais que interferem no processo saúde
doença” (CFESS, 2010).
A implantação do Serviço Social na Unidade de Pronto Atendimento (Upa), em Benevides/PA,
segundo as Assistentes Sociais, teve seu início no ano de 2020, tendo como primeiro desafio o
enfrentamento da pandemia da covid 19, que exigiu de todos os profissionais envolvidos,
dedicação, coragem, determinação e empatia para poder proporcionar a todos que procuravam por
atendimento; qualidade e humanidade acima de tudo. Para isso, esforços não foram economizados
pelos três profissionais Assistentes Sociais lotados na Unidade de Pronto Atendimento do
Município de Benevides/PA. Assim, o objeto de intervenção profissional exige competência ético-
política, teórico-metodológica e técnico operativa uma vez que a profissão está inserida na
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“especialização do trabalho coletivo, dentro da divisão social e técnica do trabalho, partícipe do


processo de produção e reprodução das relações sociais” (IAMAMOTO, 2005, p. 83)
Figura 2-Atendimento e acolhimento.

Fonte: Dados produzidos pelo levantamento das informações contidas nas avaliações sociais dos/as pacientes atendidos na Unidade
de Pronto Atendimento (UPA), pelas Assistentes Sociais no decorrer do ano de 2022.

Sobre a participação dos Assistentes Sociais na Unidade de Pronto Atendimento no decorrer do


referido ano, pode-se afirmar que a profissão teve destaque significativo, em virtude do número
percentual de avaliações sociais que foi considerado expressivo, assim como o número médio de
abordagens registradas por paciente.
Nessa direção, a integração na rede de acolhimento social por meio de uma identificação da
demanda do usuário vai além do serviço cerceado à saúde. É quando o profissional procura resolver
a situação da pessoa que precisa de atendimento, mediante diálogo, em setores como a assistência e
previdência social, nos recursos oferecidos pela comunidade, em ONG’s, enfim, em quaisquer
outros setores que ofereçam atendimento de acordo com a necessidade apresentada, todavia, sempre
na perspectiva da garantia de acesso e usufruto dos serviços, de disponibilização dos recursos que o
usuário necessita (CHUPEL, 2008).
É nesse cenário que reconhecemos o acolhimento como parte do procedimento de trabalho do
Assistente Social. Este profissional estabelece uma oportunidade de troca visando identificar as
necessidades do usuário e a geração de conexão com o profissional e com o serviço de saúde, bem
como planejar as intervenções a serem realizadas em busca da resolução de suas demandas.
À vista disso, cabe acrescentar que Segundo os Parâmetros de Atuação de Assistentes Sociais na
política de saúde (CFESS, 2009), o atendimento direto aos usuários se dá nos diversos espaços de
atuação profissional na saúde, desde a atenção básica até os serviços que se organizam a partir de
ações de média e alta complexidade, e ganham materialidade na estrutura da rede de serviços
brasileira a partir das unidades da Estratégia de Saúde da Família, dos postos e centros de saúde,
policlínicas, institutos, maternidades, Centros de Apoio Psicossocial (CAPs), hospitais gerais, de
emergência e especializados, incluindo os universitários, independente da instância a qual é
vinculada seja federal, estadual ou municipal.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Reportando às práticas do profissional de Serviço Social fundamentadas no código de ética que


respalda suas atribuições, é possível que se tenha uma noção satisfatória de campos de atuação
deste, principalmente quando se enfatiza a atuação deste na área da saúde, onde se viabiliza um
atendimento prático e que visa a maximização e expansão dos direitos de todos que precisam de
qualquer tipo de assistência.
A asserção deste trabalho foi de articular algumas reflexões sobre a importância da consolidação
o aprofundamento dos vínculos entre teoria e prática a partir dos fundamentos teórico-
metodológicos do Serviço Social, com base na teoria social de Marx e no cotidiano da função
abalizada. Buscamos esclarecer que cogitar o real requer uma congruência dialética que transcenda
a visão instantânea do cotidiano. Entretanto, ainda que o cotidiano seja o lócus excepcional para o
exercício qualificado do Serviço Social, em que se conduz a reprodução das especificidades e da
afabilidade, o entendimento de classe, raça e gênero vem se colocando determinante na assimilação
deste cotidiano.
Através deste estudo foi possível constatar a realidade presente na Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) e atingir os objetivos preliminares nas quais fomentaram o desenvolvimento
deste, observando que para que se possa colocar em prática o papel do Assistente Social é
necessário que se tenha relevantes atributos que viabilizem tal feito como a autonomia,
proatividade, visão holística e determinação, sendo estes os pontos fortes para que o profissional
tenha êxito diante do cumprimento de suas atribuições.
Conhecemos também, as principais atribuições de Assistente Social na UPA e durante a prática
profissional foi possível vivenciarmos os principais inconvenientes existentes na área da saúde no
tocante ao acesso aos direitos numa unidade de urgência e emergência, uma vez que há o desafio
constante de produzir e reconstruir crítica à teoria num intuito de superar limites e estabelecer
ordem como uma retomada do saber dando lhe uma dimensão de totalidade e uma dimensão
histórica, permitindo análises por meios de referências, concepções e suportes que instrumentalizem
e reforcem o diálogo ao apreender a realidade (Oliveira, 2015).
Logo, houve a percepção através deste trabalho que diante de todas as vulnerabilidades sociais
em que se inserem nos espaços sócio-ocupacionais no âmbito do sistema de saúde, é necessário
reiterar que o Assistente Social sendo um profissional de perfil assertivo, favorece muito mais que
acervos específicos, buscando dinamicamente a monitoração da regra contemporânea sempre em
consenso com o projeto ético-político, técnico-operativo e teórico-metodológico da profissão.
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4. REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível


em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>Acesso em: 29 abril. 2023.

BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm> Acesso em: 05 maio. 2023.

CHUPEL, C. P. O acolhimento em saúde para os profissionais do Serviço Social: uma reflexão


baseada no princípio da integralidade e sua relevância junto aos processos socioassistenciais.
Florianópolis, 85 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Departamento de Serviço Social).
Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. (CFESS). Lei de Regulamentação da


Profissão de Assistente Social. Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de
Assistente Social e dá outras providências.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Legislação e Resoluções sobre o Trabalho


do/a Assistente Social. Resolução CFESS 533/2008. Brasília: CFESS, 2011. Disponível em:
www.cfess.org.br

CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Parâmetros para a Atuação de


Assistentes Sociais na Saúde. Brasília: CFESS, 2009. (Trabalho e Projeto Profissional nas
Políticas Sociais). Disponível em:
http://www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_para_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_Sau de_-
_versao_preliminar.pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.

CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Parâmetros para Atuação de


Assistentes Sociais na Política de Saúde. Brasília: CFESS, 2010. Disponível em:
http://www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_para_a_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_Sa
ude.pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.

IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade: dimensões históricas,


teóricas e ético-políticas. Fortaleza, CRESS –CE, Debate n. 6, 1997

IAMAMOTO, Marilda, Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação


profissional. São Paulo: Cortez, 2000.
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IAMAMOTO, Marilda, Villela. Os Espaços Sócio-ocupacionais dos Assistente Sociais. In:


CFESS; ABEPSS. Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasília:
CFESS/ABEPSS, 2009.

IAMAMOTO, Marilda, Villela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação


profissional. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2005.

OLIVEIRA, Raimunda N. da Cruz. A mediação na prática profissional do assistente social.


Revista Serviço Social e Sociedade, n° 26. São Paulo: Cortez, 2015.

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