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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE
SERVIÇO SOCIAL

Diário de Campo:
Diário de Campo é “um documento pessoal-profissional no qual o estudante [profissional]
fundamenta o conhecimento teórico-prático, relacionando com a realidade vivenciada no
cotidiano profissional, através do relato de suas experiências e sua participação na vida social.”
(LEWGOY, Alzira Mª. B; SCAVONI, Maria Lucia. Supervisão em Serviço Social: a formação
do olhar ampliado. In: Revista Texto & Contextos. EDIPUCRS. Porto Alegre: 2002. P. 63)

1º Dia

Data: Cuiabá, 04 de dezembro de 2018

Acadêmico: Renata Cristina do Nascimento Araújo

Campo de Estágio: Centro de Referência de Assistência Social – Planalto

Supervisor de Campo: Polyana

Período de estágio Estágio Supervisionado I


(horário):

Atividades desenvolvidas:

A princípio a supervisora de campo e eu dialogamos um pouco, perguntei a ela como


era feito o planejamento das atividades a serem realizadas, ela me mostrou o planejamento
mensal feito por ela, neste constava todas as atividades a serem realizadas em cada dia da
semana, mas me alertou de que podem ocorrer mudanças nas atividades, citou como exemplo
uma visita que está no planejamento, pode ocorrer de não ser possível sua realização naquele
dia marcado, por inúmeras situações que possam surgir, mas me reforçou que o planejamento
das ações profissional é de grande importância.

Observações: Compreendo que o planejamento é um instrumental que contribui para


uma intervenção sistematizada e que planejar e organizar propositadamente a ação profissional
torna-se, porém, instrumentos de grande importância na formulação de propostas de
enfrentamento aos desafios postos ao profissional.

Planejar significa organizar, dar clareza e precisão à própria ação;


transformar a realidade numa direção escolhida; agir racionalmente e
intencionalmente; explicitar os fundamentos e
realizar um conjunto orgânico de ações. (Lewgoy e Silveira 2007,
p.236)

O profissional deve buscar ter uma visão crítica reflexiva e construtiva ao desempenhar
suas funções profissionais no campo de atuação, capaz de responder conscientemente as
demandas emergentes no espaço sócio-ocupacionais, através de exercícios propositivos
pautados em ações previamente planejadas. Foi possível observar também, que diante das
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complexidades que envolvem a realização do assistente social, o profissional se depara com


dificuldade de criar, recriar e implementar propostas de trabalho condizentes com a realidade
apresentada cotidianamente.
Logo após, a supervisora de campo, fez um atendimento a um usuário que foi até o Cras
tirar dúvidas sobre o preenchimento de uma ficha para solicitação do BPC ( Benefício de
Prestação Continuada), sua dúvida era de como se preenchia o campo referente ao nome social,
ela cautelosamente explicou que aquele espaço é reservado para pessoas transexuais ou
travestis, ou a qualquer pessoa que se declare outro gênero e que não se identifique com o seu
nome de registro, e preferem ser chamados por outro nome que não seja o nome oficialmente
registrado.
Ao dialogar com o usuário foi possível descobrir que o mesmo entrou com o pedido do
benefício externamente, com auxílio de um advogado particular, e que o advogado não orientou
seu cliente sobre os procedimentos corretos para preenchimento de formulários e não o
informou que era necessário fazer o cadastro único para poder dar entrada no benefício,
exigência feita pelo INSS, para dar entrada a qualquer tipo de benefício. A assistente social
explicou também que tinha possibilidade de ele ter dado entrada ao benefício recorrendo ao
Cras, sem precisar recorrer a vias judiciais, o usuário respondeu que não estava ciente dessa
possibilidade, e foi esclarecido sobre como é feito o procedimento.

Observações: Pude observar que além desse usuário, muitas outras pessoas não possuem
informações suficientes de acesso aos seus direitos e de como recorrer a esses, e pude perceber
o quanto as ações socioeducativas dos assistentes sociais contribuem na conformação de
determinado modo de vida, na maneira de pensar e agir dos sujeitos participantes do Cras,
provocando importantes mudanças de hábitos e comportamentos, seja no âmbito familiar ou
individual.
Conforme previstos nos Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de
Assistência Social: “É de competência específica dos assistentes Sociais intervir, instituindo
espaços coletivos de socialização de informação sobre os direitos socioassistenciais e sobre o
dever do Estado de garantir sua implementação”. (CEFESS, 2017)
Iamamoto (1998, p.69), também afirma:

os Assistentes Sociais contribuem para a criação de formas de um consenso –


distinto daquele dominante – ao reforçarem os interesses de segmentos
majoritários da coletividade. Contribuem nesta direção ao socializarem
informações que subsidiem a formulação, gestão de políticas públicas e o
acesso a direitos sociais; ao viabilizarem o uso de recursos legais em prol dos
interesses da sociedade civil organizada; ao referirem na gestão e avaliação
daquelas políticas ampliando o acesso a informação a indivíduos sociais para
que possam lutar e interferir na alteração dos rumos da vida em sociedade.

Em seguida atendemos uma usuária, que foi na instituição a procura do CPF do filho
que foi solicitado numa ação coletiva prestados aos bairros pela Setas (Secretaria de Estado de
Trabalho e Assistência Social), que leva atendimento a população em evento social. Já havia
mais de 30 dias sem retorno da secretária, foi feito a busca no site, mas sem resposta, a assistente
social fez um encaminhamento para a receita federal.
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Observação: Observei que o tempo que esse usuário/a teve que aguardar para obter respostas
foi muito grande, e que a profissional fez uma busca no site da receita federal e mesmo após a
espera de 30 dias, não teve êxito em sua busca, sendo assim acredito que caberia uma busca nas
Setas( Secretaria do Estado de Trabalho e Assistência Social) , por resposta sobre a demora do
documento, visto que o documento foi solicitado por uma ação coletiva promovida pelas Setas.

Outro atendimento que exigiu encaminhamento foi a solicitação de uma segunda via de
registro de nascimento da filha, o qual foi solicitada pela mãe da criança, que não tinha
condições financeiras para pagar a segunda via em cartório. Foi feito um encaminhamento junto
a Defensoria para que a mãe solicitasse o documento sem custos.

Observações: Pude observar que esse tipo de demandas é constante, visto que estamos
inseridos numa realidade em que predomina diversas expressões da questão social, dentre elas,
o desemprego, que impedem que muitos usuários tenham acessos aos serviços que não são
gratuitos. Sendo esses usuários, portadores de direitos, é dever dos profissionais assistentes
sociais buscar por vias estatais e até mesmo privadas, viabilizar os direitos desses usuários na
medida do possível, pois o Serviço Social tem por finalidade acompanhar as famílias
referenciadas a ele, realizar articulações com a rede socioassistenciais presente no seu território
de abrangência, bem como realizar encaminhamentos necessários a esta rede.
Conforme previsto pela ABEPS (1996), compete ao Assistente Social da política de
Assistência Social, identificar, analisar e compreender as demandas presentes na sociedade seus
significados, e formular respostas as mesmas para o enfrentamento das diversas expressões da
questão social. Todavia é necessário que o profissional busque a inclusão social e a participação
das classes subalternas, através de formas alternativas e estratégicas de ação que vise a
coletividade, a fim de superar as ações espontâneas e filantrópicas.
[...] O perfil do/a assistente social para atuar na politica de Assistência Social
deve afastar-se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas, que
reforçam as praticas conservadoras que tratam as situações sociais como
problemas pessoais que devem ser resolvidos individualmente.” [...]
(BRASILIA, 2011, p.18)
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Data: Cuiabá, 05 de dezembro de 2018

Acadêmico: Renata Cristina do Nascimento Araújo

Campo de Estágio: Centro de Referência de Assistência Social – Planalto

Supervisor de Campo: Polyana

Período de estágio Estágio Supervisionado I


(horário):

2º Dia

Atividades desenvolvidas:

No segundo dia de estágio, logo ao chegar na instituição, observei que a profissional


estava providenciando um modelo de lembrancinha artesanal para o projeto do curso de
artesanato, intitulado; “grupo fuxico” , sua criação está voltado para mulheres da comunidade,
visando proporcionar a elas experiências de aprendizado e conhecimento de técnicas manuais
de confecções de artesanatos com diversos tipos de materiais, utilizando matéria prima
reaproveitável.
Perguntei a assistente social qual era o objetivo do projeto, ela me deu o esboço do
projeto para que eu olhasse, e fui logo aos objetivos do projeto para tentar entender o motivo
de sua criação e o que pretendia com o projeto, pude ver que tinha por objetivo, utilizar o
artesanato como fator de geração de renda para essas mulheres da comunidade e
compartilhamento de conhecimentos através do artesanato.
A supervisora de campo me informou que criou o projeto, visando uma aproximação
maior com essas mulheres, uma estratégia para que elas desenvolvessem suas habilidades, e
durante os bordados está sendo possível abordar vários assuntos que despertam o
empoderamento delas, e além do mais as atividades que elas desenvolvem tem melhorado o
autoestima de muitas mulheres, que não se achavam capaz de usar sua criatividade. Muitas
dessas mulheres já conseguiram após a criação do grupo conseguiram produzir seus artesanatos
em casa e até vender.

Observações: Compreendo que mostrar aquelas mulheres que elas são capazes de aprender
técnicas manuais que pudessem gerar renda ou que aquela atividade poderia até deixa-las com
mais autoestima por se sentir capaz de produzir algo delas mesmas. Mas isso não é o suficiente,
e além do mais esse tipo de demanda técnica, visa a distração dessas mulheres, mas que o foco
não deve ser esse, o que elas precisam é de ter compreensão das relações sociais em que vivem,
o conhecimento de seus direitos sociais, para isso é preciso elaborar atividades socioeducativas
como palestras, oficinas e grupos de discussão abordando temáticas pré-estabelecidas, que
abordem a violência doméstica, drogas cidadania e direitos, enfim, que visam estimular o
pensamento crítico dessas mulheres.
O assistente social deve ter, papel um fundamental nas organizações da classe
trabalhadora, dando destaque as orientações teóricas, políticas e ideológicas às condições de
trabalho, buscando estratégias de atuação. Os assistentes sociais podem desenvolver
intervenções profissionais que visa refletir mudanças na forma de pensar, sentir, e viver da
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classe trabalhadora com os quais trabalham, estas intervenções podem estimular e potencializar
a resistência dessas mulheres.

O propósito é promover uma permanente articulação política no


âmbito da sociedade civil organizada, para contribuir na definição de
propostas e estratégias comuns ao campo democrático. Esse projeto requer
ações voltadas ao fortalecimento dos sujeitos coletivos, dos direitos sociais e
a necessidade de organização para a sua defesa, construindo alianças com os
usuários dos serviços na sua efetivação. Nesse sentido é fundamental
estimular inserções sociais que contenham potencialidades de democratizar a
vida em sociedade, conclamando e viabilizando a ingerência de segmentos
organizados da sociedade civil na coisa pública (IAMAMOTO, 2008, p. 21).
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Data: Cuiabá, 18 de dezembro de 2018

Acadêmico: Renata Cristina do Nascimento Araújo

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Período de estágio Estágio Supervisionado I


(horário):

3º Dia

Atividades desenvolvidas:

Iniciamos a tarde atendendo uma usuária que trouxe alguns documentos de sua irmã que
havia sofrido um aneurisma e derrame, e que estava impossibilitada de ir até o Cras, sendo
assim, essa usuária veio verificar como seria possível sua irmã receber o BPC( Beneficio de
Prestação Continuada), a princípio observamos os documentos e identificamos que o cadastro
único estava vencido, e que precisava de atualização, ao dialogarmos com ela, descobrimos que
ela já havia dado entrada no benefício, porem não conseguiu o deferimento, foi então que minha
supervisora de campo, ao escutar a usuária, solicitou que ela fizesse a atualização do Nis, logo
após fez um encaminhou ao INSS, para que obtivesse uma copia do processo, pois ela alegou
não ter recebido nenhum papel quando deu entrada no benefício, ou que talvez até tenha
extraviado, não se soube ao certo.
O que foi possível a assistente social fazer, é informar que assim que ela retirasse seu
comprovante do processo, fosse até a defensoria para entrar com recursos. Até tentamos, acesso
pelo número do Nis, mas não conseguimos respostas, pois teria que criar uma senha de acesso
para usuária. Após o atendimento, a assistente social me disse que ela não poderia criar essa
senha para a usuária, que essa é uma ação que ela teria que fazer ou alguém responsável por
ela, que o máximo que podia fazer é encaminha-la ao INSS ou a defensoria se ela tivesse o
processo em mãos para ela entrar com recursos.
O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) é um benefício no
valor de um salário mínimo mensal destinado a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a
pessoas com deficiência. Para a concessão do benefício, a renda da família deve ser inferior a
¼ (um quarto) do salário mínimo por pessoa. O BPC é um direito garantido pela Constituição
Federal de 1988, regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência

Observações: Fiquei um pouco aflita, pois não foi possível fazer muito, confesso que não
entendo muito sobre esses procedimentos,

Num outro atendimento, fizemos um encaminhamento a uma jovem que veio ao Cras com sua
mãe que veio se informar se seria possível sua filha participar de algum programa para jovem
aprendiz, a assistente social encaminhou a mãe e a jovem para o CIEE (Centro Integrado de
ensino Emprego). O CIEE tem uma boa articulação com os Cras, dando prioridade aos jovens
que são encaminhados pelas assistentes sociais, possibilitando o ingresso e reinserção dos
jovens no mercado de trabalho.
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Observações: Para que o trabalho dos Assistentes sociais seja realizado, é necessário o apoio
da rede, ou seja a articulação com instituições governamentais e não governamentais e até
mesmo a comunidade, e diante da conjuntura que se apresenta, são grandes os desafios que os
assistentes sociais enfrenta na atuação, para viabilizar direitos, e isso implica conhecer os
serviços oferecidos pela rede socioassistencial.
Neves (2009) nos traz algumas caracterizações sobre a rede socioassistencial e, com
elas, nos permite entender que tal rede é uma ação articulada e integrada que objetiva
proporcionar aos usuários dos serviços sociais a proteção social junto ao acesso aos seus
direitos, estando esta rede relacionada ao conjunto de políticas sociais, em especial a política
de assistência social.

Referencia:
BRASÍLIA, Parâmetros para atuação dos assistentes sociais na política de assistência social.
CFESS, 2011.
IAMAMOTO, Marilda Villela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação
profissional. 15 Ed. São Paulo: Cortez, 2008.
IAMAMOTO, Marilda. O Serviço Social na contemporaneidade. São Paulo: Cortez, 1998.
LEWGOY, Alzira Maria Batista; SILVEIRA, Esalba Maria Carvalho. A entrevista nos
processos de trabalho do assistente social. Revista textos & contextos v.6 n.2 p.233 - 251. Porto
Alegre: 2007.

NEVES, Marília Nogueira. Rede de Atendimento social: Uma ação possível? Revista da
Católica, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 147-165, 2009. Disponível em:
www.catolicaonline.com.br/revista católica. Acesso em 25 fev. 2015.

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