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A INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL NO CRAS/PAIF DO

BAIRRO SÃO FRANCISCO

Nilra de Souza P. Lôbo1


Dalva Felipe de Oliveira2

RESUMO: A partir da Constituição de 1988 ficam regulamentados direitos do


cidadão brasileiro, entre estes o de atendimento na área de assistência social que foi
regulamentada também pela LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social e mais
recentemente o SUAS – Sistema Único de Assistência Social. O presente artigo tem
como objetivo analisar as intervenções realizadas pelo profissional do Serviço Social
no Centro de Referência de Assistência Social - CRAS/PAIF do Bairro São
Francisco. Para atingir os objetivos propostos recorreu-se aos seguintes
procedimentos: pesquisa bibliográfica e observação não-participante. Os dados
coletados foram analisados à luz do método dialético. O CRAS/PAIF São Francisco
é voltado para atendimento das famílias que o procuram. O profissional de Serviço
Social depara-se com situações diversas no atendimento a população que procura a
instituição o que exige deste um conhecimento amplo na área de atuação frente às
múltiplas faces da questão social.

Palavras-chave: Serviço Social. Atuação profissional. CRAS/PAIF.

INTRODUÇÃO

Em 2004 é aprovado o Sistema Único de Assistência Social, que começou a


ser implantado em 2005. O SUAS organiza as ações da assistência social em dois
tipos de proteção social. A primeira é a Proteção Social Básica desenvolvida nos
Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, destinada à prevenção de
riscos sociais e pessoais, por meio da oferta de programas, projetos, serviços e
benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social.

1 Assistente Social - nilra@live.com


2 Assistente Social, Mestre em Sociologia Rural - du_tesouro@yahoo.com.br.
2

A segunda é a Proteção Social Especial desenvolvida no CREAS, aliada a


primeira é destinada a famílias e indivíduos que já se encontram em situação de
risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência de abandono, maus-tratos,
abuso sexual, usam de drogas, entre outros aspectos, entretanto neste processo
onde as famílias já tiveram seus direitos violados são encaminhados aos demais
órgãos responsáveis.
A Proteção Social Básica foco deste estudo, é executada nos CRAS que
oferece segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009), o
Serviço de Atenção Integral às Famílias- PAIF; com Programa de inclusão produtiva
e projetos de enfrentamento da pobreza; Centros de Convivência para Idosos;
serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortalecimento dos vínculos
familiares, o direito de brincar, ações de socialização e de sensibilização para a
defesa dos direitos das crianças e Serviços socioeducativos para crianças,
adolescentes e jovens na faixa etária de 6 a 24 anos, visando sua proteção,
socialização e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Programas de
incentivo ao protagonismo juvenil, e de fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários. Centros de informação e de educação para o trabalho, voltados para
jovens e adultos (MDS, 2009).
O CRAS São Francisco do Município de Ji-Paraná-RO está localizado no
Bairro São Francisco desde 2007, oferece serviços socioassistenciais que são
desenvolvidos pela equipe técnica composta por um coordenador, assistente social,
psicóloga e auxiliar administrativo. A instituição se constitui como uma subunidade
da Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS.
Este trabalho vem abordar a ação de intervenção do profissional de Serviço
Social no CRAS/PAIF São Francisco nesse sentido, busca-se analisar as
intervenções realizadas pelo profissional do Serviço Social no Centro de Referência
de Assistência Social - CRAS/PAIF do Bairro São Francisco. Para o
desenvolvimento do estudo em apreço, foram adotados os seguintes procedimentos
metodológicos: levantamento e análise de bibliografia sobre o Sistema Único de
Assistência Social, observação não-participante.
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1 CARACTERISTICAS GERAIS DA INSTITUIÇÃO

Em dezembro de 2003 durante a realização da V Conferência Nacional de


Assistência Social é que se efetivou a implantação do SUAS, em todo território
nacional. Esse novo modelo de gestão descentralizado e participativo constitui-se,
segundo a PNAS (2005, p. 39),
Na regulação e organização em todo o território nacional das ações
socioassistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como
foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o
território tem como base de organização, que passam a ser definidos pelas
funções que desempenham, pelo número de pessoas que dele necessitam
e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada,
cofinanciamento da política pelas três esferas de governo e definição clara
das competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes
tem o papel efetivo na sua implementação.

Desta forma, o SUAS busca efetivar em todos os municípios brasileiros a


implantação de no mínimo um Centro de Referência de Assistência Social – CRAS
que venha a atender os serviços de proteção social básica, os quais são executados
de forma direta à população.
O CRAS é referência para o desenvolvimento de todos os serviços
socioassistenciais de proteção básica do Sistema Único de Assistência Social -
SUAS; seu objetivo é assegurar a concretude dos preceitos da Lei Orgânica de
Assistência Social – LOAS integrando o Governo Federal com os Estaduais,
Municipais e Distrito Federal, em uma ação pública comum de garantia de direitos
universais. Esses serviços são de caráter preventivo, protetivos e proativos, e
podem ser ofertados diretamente no CRAS.
Conforme, a Politica Nacional de Assistencia Social - PNAS, o CRAS é uma
unidade pública estatal de base territorial, localizado em áreas de vulnerabilidade
social, que abrange um total de até 1.000 famílias/ano. Executa serviços de proteção
social básica, organiza e coordena a rede de serviços socioassistenciais locais da
política de assistência social. Atua com famílias e indivíduos em seu contexto
comunitário, visando a orientação e o convívio sociofamiliar e comunitário. Neste
sentido é responsável pela oferta do Programa de Atenção Integral às Famílias.
Esse foco na família é permeado por uma bifurcação: de um lado esse foco
representa uma conquista dos movimentos sociais p pró-criança e adolescente,
4

saúde, mulher, pelas organizações da sociedade civil e instituições internacionais,


reconhecem a família como portadora de direitos, de potencialidades e não só de
carências, mas, por outro, representa também uma estratégia de controle social do
Estado quando transfere responsabilidades para o grupo familiar, na área da
proteção social, num cenário de focalização, de aprofundamento e reprodução da
pobreza, com um conteúdo refinado de culpabilização da família( FONTELE,2007).
Nesta perspectiva, pode-se aferir que a centralidade nesta instituição
manifesta-se em uma estratégia do Estado de intervir no espaço privado dos
indivíduos, enquanto mecanismo de controle social das relações, das práticas, do tempo,
e da reificação dos valores. Por este ângulo pode-se dizer que

A família não é apenas o elo afetivo mais forte dos pobres, o núcleo da sua
sobrevivência material e espiritual, o instrumento através do qual viabilizam
seu modo de vida, mas é o próprio substrato de sua identidade social. Em
poucas palavras, a família é uma questão ontológica para os pobres. Sua
importância não é funcional, seu valor não é meramente instrumental, mas
se refere à sua identidade de ser social [...] (SARTI, 1996, p.33).

Essa preocupação com as familias3 perpassam nos discursos oficiais quando


reconhece que a mesma sofre com as pressões da ordem societária que as levam
aos
[...] processos de exclusão sociocultural geram sobre as famílias brasileiras,
acentuando suas fragilidades e contradições, faz-se primordial sua
centralidade no âmbito das ações da política de assistência social, como
espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias,
provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser
cuidada e protegida (BRASIL/PNAS, 2004, p. 35).

Quando se trabalha a categoria família4, é preciso estar atento à diversidade


de família na contemporaneidade. Devido ao ciclo vital, a família vive em constante
transformação, decorrente das mudanças que ocorrem na estrutura, nas normas,
nos papéis e nos processos de comunicação no seu interior. A realidade de cada
família está em constante modificação; não tem uma receita para cada problema.

3 Segundo Prado (1985), família é uma instituição social variando através da história e apresentando
até formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme o grupo social que esteja
sendo observado. O conceito de família já sofreu e ainda sofre inúmeras mudanças conceituais, em
suas funções, suas estruturas e sua forma de organização.
4 Para Mioto, (1997) a família tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e

se encontra dialeticamente articulando-se com a estrutura social na qual está inserida.


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O CRAS está circunscrito na Proteção Social Básica e tendo como foco as


famílias, devem-se considerar novas referências para a compreensão dos diferentes
arranjos familiares, superando o reconhecimento de um modelo único baseado na
família nuclear que segundo e partindo do suposto de que são funções básicas das
famílias: prover a proteção e a socialização dos seus membros; constituir-se como
referências morais, de vínculos afetivos e sociais; de identidade grupal, além de ser
mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o
Estado.
O grupo familiar pode ou não se mostrar capaz de desempenhar suas
funções básicas, o importante é notar que esta capacidade resulta não de uma
forma ideal e sim de sua relação com a sociedade, sua organização interna, seu
universo de valores, entre outros fatores, enfim, do estatuto mesmo da família como
grupo cidadão (MDS, 2004).
É fundamental que se leve em conta a qualquer forma de atenção, ou, de
intervenção no grupo familiar sua singularidade, sua vulnerabilidade no contexto
social, além de seus recursos simbólicos e afetivos, bem como sua disponibilidade
para se transformar e da conta de suas atribuições. Além de ser responsável pelo
desenvolvimento do Serviço de Atenção Integral às Famílias – com referência
territorializada, que valorize as heterogeneidades, as particularidades de cada grupo
familiar, a diversidade de culturas e que promova o fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários, a equipe do CRAS deve prestar informação e orientação
para a população de sua área de abrangência, bem como se articular com a rede de
proteção social local no que se refere aos direitos de cidadania, mantendo ativo um
serviço de vigilância da exclusão social na produção, sistematização e divulgação de
indicadores da área de abrangência do CRAS, em conexão com outros territórios.
Realiza, ainda, sob orientação do gestor municipal de Assistência Social, o
mapeamento e a organização da rede socioassistencial de proteção básica e
promove a inserção das famílias nos serviços de assistência social local. (MDS,
2009).
Segundo MDS (2004),

Rede Socioassistencial é um conjunto integrado de ações de iniciativas


estatais e da sociedade, que ofertam e operam serviços, benefícios,
programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades
de provisão de proteção social, sob a hierarquia de básica e especial e
ainda por níveis de complexidade.
6

O CRAS promove também o encaminhamento da população local para as


demais políticas públicas e sociais, possibilitando o desenvolvimento de ações
intersetoriais que visem à sustentabilidade, de forma a romper com o ciclo de
reprodução intergeracional do processo de exclusão social, e evitar que estas
famílias e indivíduos tenham seus direitos violados, recaindo em situações de
vulnerabilidades e riscos. (MDS, 2004).
Inojosa (2001, p. 4) define intersetorialidade como,

[...] a articulação de saberes e experiências para o planejamento, a


realização de avaliação de políticas, programas e projetos, cujo fim é
alcançar resultados cooperativos em situações complexas. Desta forma,
uma perspectiva de trabalho intersetorial implica mais do que justapor ou
compor projetos que continuem sendo formulados e realizados
setorialmente; de fato, a intersetorialidade traz um conjunto de implicações
para a ação do Estado, entre as quais se destacam dois aspectos: (i) os
desafios relacionados às polícias focalizadas territorialmente, em
segmentos da população; (ii) os desafios relacionados aos resultados e
impactos da intervenção.

A intersetorialidade contribui para a criação e reconhecimento de saberes


resultante da integração entre as áreas setoriais.
O Serviço Social se faz presente na instituição para legitimar os direitos dos
usuários através de estratégias de intervenção social de acordo com as
especificidades dos casos. Tem ainda por objetivos assegurar a dignidade e a
valorização integral através da promoção humana. (MDS, 2004).

2 A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS DO


BAIRRO SÃO FRANCISCO

Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social - SEMAS, o Município


de Ji-Paraná-RO atualmente conta com três CRAS. O primeiro foi implantado em
2007 o CRAS - São Francisco, o segundo em 2008 o CRAS - Jardim dos Migrantes
e o terceiro em 2011 o CRAS - Roda Moinho.
Ao pensar sobre a atuação do assistente social no CRAS, há que se analisar
a dimensão política desta prática, a qual não é revelada de imediato e nem das
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faculdades emergentes desta ação. Portanto, para que se consiga revelar este
significado social da pratica, segundo Iamamoto (1992, p. 120) há que se considerar
o movimento das classes sociais e ainda suas relações com o Estado e a sociedade,
para que assim possa desvelar “[...] os fios que articulam as estratégias políticas das
classes, desvendar sua necessidade, os seus efeitos na vida social, assim como
seus limites e suas possibilidades”.
A autora ressalta ainda que única opção é estabelecer estratégias
profissionais e políticas para que se consiga garantir aos usuários, direitos que
dizem respeito diretamente as suas necessidades, como sujeitos extirpados da
riqueza socialmente produzida.

[...] Assim sendo, a prática profissional tem caráter essencialmente político:


surge das próprias relações do poder presentes na sociedade. Esse caráter
não deriva de uma intenção do assistente social, não deriva exclusivamente
da atuação individual do profissional ou de seu compromisso. Ele se
configura na medida em que sua atuação é polarizada por estratégias de
classes voltadas para o conjunto da sociedade, que se corporificam através
do Estado, de outros organismos da sociedade civil, e expressam nas
políticas sociais publicas e privadas e nos organismos institucionais nos
quais trabalhamos como Assistentes Sociais (IAMAMOTO, 1992, p.122)

As ações profissionais vão se constituindo a partir deste compromisso político


que como respostas as demandas estabelecidas na sociedade capitalista em seus
mais diferentes espaços sócio-ocupacional. Nesta investigação, as respostas
construídas pelos profissionais de serviço social, materializadas em sua dimensão
técnica-operativa.
Esta dimensão instrumental da atuação profissional não pode ser reduzida
somente a modelos de atuação, em que serão reduzidos os procedimentos técnico-
operativos em si, é necessário que estes estejam entrelaçados com as dimensões
teórico-metodológicas e ético político. Da dimensão técnica-operativa, complementa
Guerra (2000, p. 09).

Se as demandas com as quais trabalhamos são totalidades saturadas de


determinações (econômicas, políticas, culturais, ideológicas) então elas
exigem mais do que ações imediatas, instrumentais, manipulatórias. Elas
implicam intervenções que emanem de escolhas que passem pelos
condutos da razão critica e da vontade dos sujeitos, que se inscrevam no
campo dos valores universais (éticos, morais e políticos). Mais ainda, ações
que estejam conectadas a projetos profissionais aos quais subjazem
referencias teórico-metodológico e princípios ético-político.
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Ou seja, para que o profissional realize estas determinações ele deverá ter
uma relação com disciplinas especializadas, extraídas das ciências humanas e
sociais. Assim segundo a autora, a instrumentalidade é uma mediação profissional,
a qual através do conhecimento teórico e metodológico o profissional tenha uma
intervenção compreendendo as particularidades da intervenção profissional e as
singularidades do cotidiano do assistente social.
Diante destes aspectos aqui apresentados será relatada a atuação de
intervenção do assistente social do no CRAS- Centro de Referencia de Assistência
Social- São Francisco.
A prática interventiva do assistente social no CRAS/PAIF tem suas ações
voltadas no Serviço de Atenção Integral a Família, como medida de proteção social
básica inserida no Sistema Único de Assistência Social- SUAS. (MDS, 2004).

O trabalho com as famílias, referenciadas no território de abrangência do


CRAS, privilegia a dimensão socioeducativa da política de Assistência
Social na efetivação dos direitos relativos às seguranças sociais afiançadas.
Assim, as ações profissionais relacionadas aos serviços prestados no
CRAS devem provocar impactos na dimensão da subjetividade política dos
usuários, tendo como diretriz central a construção do protagonismo e da
autonomia na garantia dos direitos com superação das condições de
vulnerabilidade social e potencialidades de riscos (MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO SOCIAL, 2006, p. 13).

Neste processo o assistente social desenvolve suas ações no Serviço de


Proteção e Atendimento Integral – PAIF e tem sua pratica pautadas nas ações de
caráter individual e coletivo que configuram-se em diversas intervenções iniciando
com a acolhida, que ocorre como um processo inicial de escuta das necessidades e
demandas trazidas pelas famílias.
O profissional de Serviço Social realiza oficinas com famílias suscitando
reflexões sobre temas de interesse das mesmas, contribuindo para o alcance de
aquisições, em especial o fortalecimento dos laços comunitários, o acesso aos
direitos, o protagonismo, a participação social e a prevenção a riscos. Nas ações
comunitárias do CRAS constitui-se como objetivo a promoção da comunicação
comunitária, a mobilização social e o protagonismo da comunidade fortalecendo os
vínculos entre as diversas famílias do território, desenvolvendo a sociabilidade, o
sentimento de coletividade e organização comunitária.
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Nas ações particularizadas o atendimento prestado pela equipe técnica do


CRAS a família, ou seja, a um núcleo familiar ou a um de seus membros, garantindo
o sigilo das informações repassadas no decorrer do atendimento. Nos
encaminhamentos, orientado e direcionado as famílias, ou algum de seus membros,
para serviços ou benefícios socioassistenciais ou de outros setores. Promovendo o
acesso aos direitos e a conquista da cidadania;
Tal função se concretiza através de grupos de apoio, oficinas de artesanato,
palestras e orientação psicossociais familiares e individuais e visitas domiciliares, em
suas particularidades onde o profissional pode constatar e observar a verdadeira
realidade dos seus usuários e estabelecer uma adequada atenção primaria,
promovendo ao público auxiliado capacitação para o fortalecimento de vínculos e
valorização pessoal. Neste sentido, a visita domiciliar permite conhecer a realidade
vivenciada pelos sujeitos sociais como assevera Mioto, (2001, p. 148).

A visita domiciliar é um dos instrumentos que potencializa as condições de


conhecimento do cotidiano dos sujeitos, no seu ambiente de convivência
familiar e comunitária. As visitas domiciliares têm como objetivo conhecer as
condições (residência, bairro) em que vivem tais sujeitos e apreender
aspectos do cotidiano das suas relações, aspectos esses que geralmente
escapam a entrevistas de gabinete.

Atrelado à visita domiciliar o profissional do Serviço Social recorre à técnica


da entrevista, tendo em vista que a mesma “[...]tem [por] objetivo [...]construir
informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e abordagem pelo entrevistador, de
temas igualmente pertinentes com vistas a este objetivo (MINAYO, 2009, p. 64)”. Todos
coletados são traduzidos em um relatório5 que,

[...] pode conter informações a cerca de providências tomadas em


determinadas situações ou justificar encaminhamentos. [...] Diante disto,
não basta somente informar ou encaminhar, mas explicitar – ainda que
modo breve – as razões pelas quais foram avaliados como viáveis,
profissionalmente, a informação ou encaminhamento. Caso contrário, não
será relatório, mas apenas informe (MAGALHÃES, 2003, p. 61-62).
.

5
Segundo Fávero, (2003, p.09), [...] é um processo metodológico específico do Serviço Social, tem a
finalidade conhecer com profundidade, e de forma crítica, uma determinada situação ou expressão da
questão social, objeto da intervenção profissional. [...] de sua fundamentação rigorosa, teórica, ética e
técnica, com base no projeto da profissão.
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Todas estas ações de observar, acompanhar tem finalidade de fortalecer a


função protetiva das famílias, revendo a ruptura dos seus vínculos, promovendo seu
acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida.
Dessa forma, o trabalho do Assistente social, bem como todo o programa PAIF, tem
por principal objetivo oferecer um atendimento de forma mais integral a família
visando que esta possa ter seus direitos validados.
Além dessas práticas o profissional elabora projetos e participa de reuniões
em equipe, segundo Magalhães, (2003, p. 53)

A reunião assume importante papel na superação das tramas do cotidiano


institucional, pois abrem espaço para a reflexão, para a discussão dos
atendimentos realizados e para o estudo de tema do trabalho que está
sendo desenvolvido. [...] o objetivo da equipe passa a ser a melhoria do
desempenho, o que resulta, certamente, em benefícios para aquele que é a
finalidade última de toda instituição: seu usuário.

As reuniões de equipe devem fazer parte do cotidiano de trabalho dos


profissionais, pois, possibilita que os assuntos a serem tratados sejam do
conhecimento de todos e proporciona um melhor posicionamento para que se
chegue a uma decisão que possa ser melhor para o desempenho de todos da
equipe, cada um com suas especificidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode se observar na pesquisa a importância do CRAS e seus profissionais,


pois, os profissionais têm em sua prática cotidiana o enfrentamento das expressões
da questão social e isto não é tarefa fácil, visto que eles também estão inseridos
neste processo na condição de trabalhadores, participantes da classe trabalhadora e
como tal afetos as formas de exploração e alienação pela classe capitalista em uma
luta diária de resistência.
Neste sentido, que se ressalta a dimensão política da prática profissional,
entendidas não como partido político, mas sim que a opção política da categoria
está ligada a todos os seus procedimentos teórico-metodológico, ético-político e
técnico-operativo. Destaca-se a importância do assistente social dentro do
CRAS/PAIF onde esse profissional desenvolve um trabalho importante junto às
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famílias e a comunidade, realizando visitas domiciliares, relatórios, pareceres


sociais, estudo social e encaminhando social, promove a inclusão dos usuários em
programas de capacitação e curso profissionalizante, busca um maior fortalecimento
na rede de atendimento, com a finalidade de garantir um atendimento de qualidade
aos mesmos.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Sistema Único de Assistência Social. Brasília, 2005.

BRASIl. Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Resolução nº 109 de


11 de dezembro de 2009. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.
Brasília, 2009.

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2009.

FÁVERO, Eunice Teresinha.et al. Considerações sobre o estudo social. O serviço


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IAMAMOTO, Marilda. In: Renovação e Conservadorismo: A dimensão política da


prática profissional. São Paulo: Cortez, 1992.
12

INOJOSA, Rose Marie. Intersetorialidade e a configuração de um novo


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MAGALHÃES, Selma marques. Avaliação em Linguagem: relatórios, laudos e


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Campinas-SP:Autores Associados, 1996.

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