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CURSO DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

IMPORTÂNCIA DA EAD NA INCLUSÃO E FORMAÇÃO DE ALUNOS


MENOS FAVORECIDOS EM CURSOS SUPERIORES.

ADOLFO RIBEIRO DA SILVA ISNARDI

Taboão da Serra
2009/2010
2

ADOLFO RIBEIRO DA SILVA ISNARDI

IMPORTÂNCIA DA EAD NA INCLUSÃO E FORMAÇÃO DE ALUNOS


MENOS FAVORECIDOS EM CURSOS SUPERIORES.

Trabalho final apresentado à


Universidade Castelo Branco-RJ como
requisito para obtenção do certificado
de Conclusão de Curso.

Taboão da Serra
2009/2010
3

ADOLFO RIBEIRO DA SILVA ISNARDI

IMPORTÂNCIA DA EAD NA INCLUSÃO E FORMAÇÃO DE ALUNOS


MENOS FAVORECIDOS EM CURSOS SUPERIORES.

Natureza do Trabalho

Data da Aprovação

Banca Examinadora
_________________
_________________
_________________
4

DEDICATÓRIA

A minha querida esposa, ELIANE RISOLINA


APARECIDA FLAUZINA DA SILVA ISNARDI; às filhas, TAÍS
RIBEIRO DA SILVA ISNARDI e ALINE RIBEIRO DA SILVA
ISNARDI; filhos, TIAGO RIBEIRO DA SILVA ISNARDI e a
LUCAS RIBEIRO DA SILVA ISNARDI, pela compreensão e
apoio nos momentos de minha ausência.
A minha amada mãe, ALAÍDE RIBEIRO DA SILVA, pelo
grande amor e esforço para criar, educar e transmitir os
ensinamentos de Deus aos três filhos.
À memória de meu amado pai, ADOLFO ISNARDI,
falecido em 1994, cuja ausência me traz boas recordações e
muitas saudades.
Aos meus irmãos, ELIANA RIBEIRO DA SILVA FERRAZ
e RODOLFO RIBEIRO DA SILVA, também responsáveis pela
minha formação.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus, Criador do Universo, Dominador e Controlador


do meu corpo, alma e espírito.
Ao Professor Orientador, RICARDO MARIELLA, amigo
que sempre respondeu às solicitações e, em todos os
momentos, não poupou esforços para apoiar na elaboração
deste trabalho.
A todos os demais Professores pelas longas horas de
instruções, dicas e preciosos conhecimentos transmitidos.
Ao Comando, Oficiais, Praças e funcionários da UCB-
Portal do Exército pelo apoio ao longo do curso.
6

Porque o necessitado não será esquecido para sempre,


nem a expectação dos pobres se malogrará perpetuamente.

Salmos, cap. 9, vers. 18.


7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Gráfico 01 Distribuição das instituições da amostra por tipos de curso


oferecidos....................................................................................................................43
8

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Número de instituições por classificação jurídica...................................41


Tabela 02 - Distribuição dos alunos matriculados por localização da instituição de
ensino, por número de matrículas e média de matrículas por instituição, em 2004 e
2005.............................................................................................................................42
Tabela 03 - Mídias utilizadas em EaD por região do país em 2005..........................44
Tabela 04 - Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por natureza
jurídica, em 2005.........................................................................................................45
Tabela 05 - Oferecimento de computador aos alunos...............................................46
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LISTA DE ABREVIATURAS

ABRAEAD - Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância


CENSO - Recenseamento de uma População
CF/88 - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
EaD - Educação à Distância
EJA - Educação Para Jovens e Adultos
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia
MEC - Ministério da Educação
NIED - Núcleo de Informática Aplicada à Educação
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
TCI - Tecnologia da Informação e Comunicação
TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, à Ciência e a Cultura
10

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA..............................................................................................................4
INTRODUÇÃO............................................................................................................13
1. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................16
1.1 Livros............................................................................................................16
1.2 Leis e Portarias............................................................................................17
1.3 Sites...............................................................................................................19
2. CONCEITOS E LEGISLAÇÕES SOBRE O ENSINO À DISTÂNCIA......................20
2.1 A Constituição Federal e os princípios fundamentais para cidadania. .21
2.2 Estado Democrático de Direito..................................................................21
2.2.1 Direito e garantias.....................................................................................22
2.2.2 Direito sociais............................................................................................23
2.3 Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB).................................................................................25
2.3.1 Educação à Distância...............................................................................25
2.3.2 A LDB e a EAD no Ensino Fundamental................................................26
2.3.3 Sobre o Ensino Médio..............................................................................26
2.3.4 Sobre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio......................27
2.3.5 Sobre a Educação Para Jovens e Adultos (EJA)..................................28
2.3.6 Sobre a Educação Profissional e Tecnológica......................................28
2.3.7 Sobre a Educação Superior.....................................................................29
2.3.8 Sobre a Educação Especial.....................................................................29
2.3.9 Portaria nº 2.253/10/2001..........................................................................30
2.4.0 Portaria nº 301/04/1998.............................................................................31
3. EAD NA INCLUSÃO E FORMAÇÃO DE ALUNOS MENOS FAVORECIDOS EM
CURSOS SUPERIORES......................................................................................................32
3.1 Conceito de EAD..........................................................................................32
3.2 Educação por Internet.................................................................................32
3.3 Ambiente virtual...........................................................................................32
3.4 Integração e inclusão..................................................................................32
3.5 EAD como modalidade de ensino..............................................................33
3.6 Diferenças entre integração e conclusão.................................................33
3.7 Os menos favorecidos................................................................................33
3.7.1 Direitos e bens primários.........................................................................34
3.7.2 Teoria da Justiça e os bens primários...................................................35
3.7.3 Princípios de Justiça................................................................................36
3.7.4 Os menos favorecidos.............................................................................37
3.8 Ciberespaço como abertura de espaço de comunicação.......................38
3.9 Democracia na escola.................................................................................39
3.10 Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).................................39
3.1.1 Estatísticas da EAD..................................................................................40
3.1.2 Número de instituições por classificação jurídica................................41
Tabela 01 - Número de instituições por classificação jurídica.......................................41
3.1.3 Distribuição dos alunos matriculados por localização da instituição
de ensino, por número de matrículas e média de matrículas por instituição,
em 2004 e 2005...................................................................................................42
11

Tabela 02 - Distribuição dos alunos matriculados por localização da instituição de


ensino, por número de matrículas e média de matrículas por instituição, em 2004 e
2005..........................................................................................................................................42
3.1.4 Distribuição das instituições da amostra por tipos de curso
oferecidos...........................................................................................................42
Figura 1: Gráfico 01 Distribuição das instituições da amostra por tipos de curso oferecidos..............43
3.1.5 Mídias utilizadas em EAD, por região do país em 2005........................44
Tabela 03 - Mídias utilizadas em EAD, por região do país em 2005............................44
3.1.6 Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por
natureza jurídica, em 2005................................................................................45
Tabela 04 - Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por natureza
jurídica, em 2005....................................................................................................................45
3.1.7 Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por
natureza jurídica, em 2005................................................................................46
Tabela 05 - Oferecimento de computador aos alunos....................................................46
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................52
12

RESUMO

IMPORTÂNCIA DA EAD NA INCLUSÃO E FORMAÇÃO DE ALUNOS MENOS


FAVORECIDOS EM CURSOS SUPERIORES é um trabalho de pesquisa que
objetivou comprovar através de diversas publicações e bibliografias nacionais que a
EAD tem todo o potencial para ser a maior estratégia em apoio aos alunos com
menor poder aquisitivo no ingresso e conclusão em cursos superiores. Muitos alunos
(cidadãos e cidadãs) não conseguem ingressar em cursos superiores e, vários deles
que iniciam, não conseguem concluir. Os motivos são diversos, porém, um dos
principais motivos é o financeiro, motivo pelo qual foram apresentados vários
quesitos que podem ser fornecidos através da EAD para a formação de um cenário
mais democrático e justo. Apresentou-se bibliografias e fontes diversas, procurando
comprovar que a EAD vem se tornando um dos mais importantes meios para
variados tipos e modalidades de inclusão, neste trabalho, especificamente, a
inclusão em cursos superiores. Procurou-se mostrar que a EAD é, sem dúvidas, um
mecanismo sólido e real para incluir e formar um número muito maior de alunos com
menores condições financeiras. A obra justifica-se pela grande necessidade em se
criar mecanismos que propiciem melhores condições para que todos os alunos que
terminam o ensino médio tenham condições iguais e favoráveis ao ingresso e
formação em cursos de 3º grau. A metodologia pautou-se em fazer uma analogia
entre as bibliografias e matérias publicadas que dissertam sobre a preocupação de
muitos setores e Instituições na criação de mais políticas de educação inclusiva.
Enfim, chegou-se à conclusão de que a EAD é um potente alicerce para propiciar
condições de inclusão e, também, de formação de alunos menos favorecidos aos
cursos superiores. Propõe-se que esta publicação seja mais um veículo propulsor
de divulgação para, juntamente com outras obras semelhantes, continuem a
distribuir extensivamente conhecimentos concretos e formais a todos os Docentes e
cidadãos, os quais, caso desejem, poderão continuar na multiplicação da
divulgação, publicação e criação de projetos que sensibilizem as autoridades
competentes para tomada de providências e decisões para implantação de EADs
em todas as Instituições de Ensino Superior, quer sejam públicas ou particulares.

Palavras-chave: Educação à Distância (EAD); Inclusão Escolar e Alunos Menos


Favorecidos.
13

INTRODUÇÃO

Centenas de Nações do mundo estão investindo maciçamente em seus


Sistemas Educacionais. O investimento na área da educação é uma necessidade
inquestionável. O mundo globalizado não cede espaço para aqueles que não o
acompanham. O dinamismo das mudanças em, praticamente, todos os setores, é
uma coisa fantástica, e, sem dúvidas, um dos campos que sempre precisará estar
evoluindo é o educacional, principalmente em relação à esfera tecnológica.

No território brasileiro o Sistema Educacional está classificado em Educação


Básica e Ensino Superior. A Educação Básica abrange a Educação Infantil, Ensino
Fundamental e o Ensino Médio. Além dessas modalidades, outras também são
inseridas, tais como, a educação de jovens e adultos (EJA), a educação profissional,
a especial para portadores de deficiência e a escolar indígena.

Portanto, percebe-se que o Sistema Educacional, praticamente, abrange


todos os setores de ensino e, conseqüentemente, todos os cidadãos.

Outro aspecto que merece destaque é que o período de duração do Ensino


Superior varia de quatro a seis anos de estudos, além, também da possibilidade de
continuação dos estudos através de cursos de pós-graduação. Porém, dentre tantos
alunos que terminam o ensino médio, vários não conseguem ingressar em cursos
superiores e, quando ingressam, não conseguem concluí-los, principalmente, por
causa dos altos custos e gastos que o englobam, ou seja, deve-se considerar desde
despesas com deslocamento até compras de variados materiais e desproporcionais
valores das mensalidades.

A Educação à Distância tem potencial para amenizar esse problema, pois


possue características que propiciam oportunidades e condições aos alunos que não
tenham condições de arcar com todos os custos de um curso superior presencial.

Está evidenciado que o Sistema Educacional Brasileiro reza uma educação,


ao menos no papel, para todos e com escolas que sejam heterogêneas, pluralistas e
contenham políticas que propiciem a inclusão de todos os cidadãos e cidadãs de
forma igual, independentemente de suas culturas e variadas diferenças. É,
14

exatamente, essa Educação Inclusiva, diariamente citada na boca das pessoas e em


incontáveis meios de comunicação, que rege a necessidade de se aprender a
perceber, respeitar e conviver com as diferenças existentes, buscando metodologias
e mecanismos que habilitem os Educadores a atuar com qualquer tipo de
diversidade, porém, a prática ainda exibe um cenário que demonstra uma estranha e
confusa situação, ou seja, dentre centenas de milhares de alunos que terminam o
ensino médio, a maioria oriunda de escolas públicas, pequena parcela ingressa em
cursos superiores, pois além de encararem injustos e complexos vestibulares,
concorrem com baixos números de vagas, as quais são preenchidas pelos mais
favorecidos em variados quesitos, ou seja, os menos favorecidos tanto concorrem
com os alunos de escolas particulares, como também concorrem com alunos que
estudam em melhores escolas públicas, além de concorrerem ainda com alunos que
possuem condições financeiras privilegiadas. Portanto, além de todos esses motivos
expostos, os quais já são entraves para o ingresso dos alunos com menores
condições financeiras nas Universidades e Faculdades, deve-se salientar que parte
dessa pequena parcela de estudantes que ingressa em cursos superiores
presenciais não consegue concluí-los, principalmente por insuficiência financeira.

A hipótese levantada é que a cada dia torna-se mais necessário analisar e


identificar os principais problemas e obstáculos que impedem a expansão da EAD,
pois pode se tornar uma grande válvula de escape para propiciar condições aos
alunos menos favorecidos e oriundos de escolas públicas para que tenham
oportunidades de ingresso, freqüência e conclusão em cursos superiores.

Propõe-se que a elaboração desse trabalho contribuirá com uma pequena


parcela para melhorar a expansão da EAD, a qual pode apoiar de forma clara e
objetiva os alunos de escolas públicas que terminam o ensino médio. Ficou evidente
sobre a necessidade de as autoridades competentes adotarem medidas e
providências junto às Instituições de Ensino Superior (públicas e privadas) para que
sejam criados e disponibilizados mais cursos na modalidade EAD, os quais além de
apresentarem inúmeros benefícios vêm se tornando os mais práticos e dinâmicos
meios de inclusão e formação para alunos oriundos de famílias mais humildes.

Vários autores abordam sobre a Educação à Distância (EAD) também


chamada de teleducação, a qual é a modalidade de ensino que permite que o
15

estudante não esteja 100% presente em ambientes formais de ensino-


aprendizagem, pois essa modalidade de ensino permite uma separação temporal ou
espacial entre o Educador e o aluno, fato esse que não significa perda de qualidade
no ensino, pois, apesar de muitas vezes estarem espacialmente distantes, podem
estar muito próximos em contatos sistematizados, inclusive em tempo real.

Além das características citadas no parágrafo anterior, convém citar outras


vantagens para os alunos com menor poder aquisitivo, tais como as que englobam a
redução de tempo e gastos com conduções, menores valores das mensalidades e
alimentação. Essas vantagens aos alunos também beneficiam as próprias
Instituições de Ensino, as quais reduzem custos em seus encargos e investimentos
estruturais em geral, a exemplo consumo de água, energia elétrica e equipamentos.

Basicamente, a metodologia pautou-se através de pesquisas bibliográficas,


levantamento e análise da legislação do ensino técnico e específico que aborda a
EAD. Enfim, salienta-se que, além de teórico e bibliográfico, o método foi analógico
e dedutivo.

A obra foi dividida em 3 capítulos: o primeiro tratou sobre o referencial teórico;


o segundo abordou conceitos e legislações sobre o ensino à distância e o terceiro
EAD na inclusão e formação de alunos menos favorecidos em cursos superiores, os
quais esclareceram, através das pesquisas, que a EAD é uma modalidade muito
forte em apoio ao ingresso e formação de alunos menos favorecidos em cursos de
3º grau.

Reforça-se a idéia de apresentar um trabalho monográfico que sirva de


consulta a todas as autoridades competentes na área do ensino e a todos aqueles
que queiram conhecer um pouco mais sobre a Educação à Distância, e, através do
conhecimento e informações adquiridas, venham a se transformar em “alicerces
multiplicadores e motivacionais” para o apoio e incentivo na criação e implantação
de mais EAD nas Instituições de Ensino do país.
16

1. REFERENCIAL TEÓRICO

Há muitas fontes bibliográficas referentes à EAD e inclusão social. Neste


capítulo, foram apresentadas as fontes escritas que serviram de base a esta obra.

1.1 Livros

LIMA, Priscila Augusta, na obra Educação Inclusiva e Igualdade Social,


apresenta vários conceitos e definições de Integração e Inclusão. A autora aborda
que a Educação Inclusiva é uma educação que se amplia para todas as pessoas,
além de ser um caminho para que as várias práticas educativas, sociais e
interpessoais sejam repensadas e revistas.

NISKIER, Arnaldo no livro Educação à Distância. A Tecnologia da


Esperança aborda sobre fundamentos de educação à distância, brasilização da
educação à distância e a universidade aberta. O autor afirma que a EAD tornou-se
modalidade fundamental de aprendizagem e ensino no mundo inteiro

CHERMANN, Maurício e BONINI, Luci Mendes em bibliografia sobre


Educação à Distância - Novas tecnologias em ambientes de aprendizagem pela
Internet dissertam também sobre história, legislação e sobre o modelo teórico do
ambiente de aprendizagem no processo da Educação à Distância. Mencionam
conceitos sobre Educação à Distância (EAD).

Em outro livro de MANTOAN, Maria Teresa Eglér, Inclusão escolar. O que


é? Por quê? Como fazer? São apresentados capítulos sobre a questão da
identidade X diferença, a questão legal e a questão das mudanças. A autora disserta
sobre as diferenças entre integração e conclusão.

BELLONI, Maria Luiza, no livro Educação à Distância expôs sobre o


Impacto na Educação à Distância, com referência às estratégias fordistas, as quais
sugerem a existência de um provedor altamente centralizado, operando em single-
mode, ou seja, exclusivamente em EAD. A autora salienta que o crescimento e a
diversificação da demanda de educação e formação fazem parte das mudanças
mais gerais, as quais pressionam as Instituições educacionais gerando dificuldades
de atendimento eficiente através dos meios tradicionais. A autora expõe também
17

que o modelo EAD tem sido identificado com os modelos fordistas de produção
industrial por apresentar as seguintes características principais: racionalização,
divisão acentuada, do trabalho, alto controle dos processos de trabalho, produção de
massa de “pacotes educacionais”, concentração e centralização da produção de
massa de “pacotes educacionais”.

MORAN, José Manuel ET tal. na obra Novas tecnologias e mediação


pedagógica aborda que os investimentos em tecnologias telemáticas de alta
velocidade começam a existir com a função de conectar alunos e professores no
ensino presencial e a distância.

ZENTGRAF, Maria Cristina na obra Curso de Docência do Ensino


Superior- Metodologia Científica, do Centro de Estudos de Pessoal-CEP da
Universidade Castelo Branco-UCB apresentou técnicas de estudo e metodologias
divididas em etapas do processo de produção de pesquisa científica que
contribuíram muito na elaboração desta monografia.

1.2 Leis e Portarias

A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL de 1988 em


seu artigo 5º determina que todos os cidadãos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, a qual garante aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade.

Em seu inciso I aborda igualdade entre homens e mulheres em relação a


direitos e obrigações.

No inciso IX descreve que a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação devem ser livres, direitos estes que independem da
existência de censura ou licença.

Já o inciso XLI aponta que qualquer tipo de discriminação atentatória dos


direitos e liberdades fundamentais serão punidos por lei.
18

A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional (LDB), uma importante norma dentre outras legislações,
normatiza a educação e aborda a Educação à Distância ratificando que cabe ao
Poder Público, a responsabilidade de incentivar o desenvolvimento e a veiculação
de programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e
de educação continuada.

A Portaria nº 2.253, de 18 de outubro de 2001, na autoridade do Ministro de


Estado da Educação e do Desporto e no uso de suas atribuições, considerando o
disposto no art. 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no art. 1º do
Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, disserta no artigo 1º que as
instituições de ensino superior do sistema federal de ensino poderão introduzir, na
organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a
oferta de disciplinas que, em seu todo ou em parte, utilizem método não presencial,
com base no art. 81 da Lei nº 9.394, de 1.996, bem como o que está disposto nesta
própria Portaria. O Art. 3º da citada Portaria rege que as instituições de ensino
superior, credenciadas como universidades ou centros universitários ficam
autorizadas a modificar o projeto pedagógico de seus respectivos cursos superiores
reconhecidos para oferecerem disciplinas que utilizem método não presencial.

A Portaria n.º 301, DE 7 DE ABRIL DE 1998, na autoridade do Ministro de


Estado da Educação e do Desporto e no uso de suas atribuições, considerando o
disposto no art. 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no art. 1º do
Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, aborda sobre a normatização dos
procedimentos de credenciamento de instituições para a oferta de cursos de
graduação e educação profissional tecnológica a distância.
19

1.3 Sites

José Manuel Moran, Especialista em projetos inovadores na educação


presencial e a distância, atuante nos sites jmmoran@usp.br,
www.eca.usp.br/prof/moran/ e http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm
descreve a Educação à Distância e a conceitua em “Educação a distância é o
processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores
e alunos estão separados, espacial e/ou temporalmente”.

Marco Silva no site www.saladeaulainterativa.pro.br/ expôs sobre a


educação via internet, a qual vem se apresentando como grande desafio para o
professor, acostumado ao modelo clássico de ensino da sala de aula presencial.
Ressalta que são dois universos distintos.

Lyn Alves em site http://www.lynn.pro.br/ discorre sobre o ambiente virtual


(TelEduc), cuja finalidade é a criação, participação e administração de cursos na
Web. A autora ressalta que ele foi concebido tendo como alvo o processo de
formação de professores para informática educativa, baseado na metodologia de
formação contextualizada desenvolvida por pesquisadores do Nied (Núcleo de
Informática Aplicada à Educação) da Unicamp.

Em site http://ensaius.wordpress.com/2008/02/07/quem-sao-os-menos-
favorecidos/ Marcos Vinicius da Silva Goulart apresenta um excelente conceito de
“menos favorecido” na Teoria da “Justiça como Eqüidade” de John Rawls, o qual
afirma que em uma sociedade bem-ordenada, em que todos os direitos e liberdades
básicos e iguais dos cidadãos e suas oportunidades eqüitativas estão garantidos, os
cidadãos considerados menos favorecidos sãos àqueles das classes de renda mais
baixas.

O site http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-
ensino/educacao-distancia-ensino2.shtml, as autoras, Carolina Costa Cavalcanti
da Faculdade de Campo Limpo Paulista e Gina Strozzi da Universidade
Presbiteriana Mackenzie abordam o ciberespaço como abertura de um espaço de
comunicação.
20

2. CONCEITOS E LEGISLAÇÕES SOBRE O ENSINO À DISTÂNCIA

Cherman e outros, 2000, pág 16 (apud Nunes, 1998), menciona conceitos


sobre Educação à Distância (EAD), sendo o primeiro uma forma sistemática
organizada de auto estudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que
lhe é apresentado, através do qual o acompanhamento e a supervisão do sucesso
do estudante são acompanhados por um grupo de professores. Continua explicando
que tal procedimento torna-se possível de ser feito à distância através da aplicação
de meios de comunicação que são capazes de vencer longas distâncias.

Continua a conceituar sobre EAD e, alega que Educação/Ensino à Distância é


um método racional de partilhar conhecimento habilidades e atitudes através da
aplicação da divisão de trabalhos e de princípios organizacionais. Aborda que pode
ser pelo uso excessivo de meios de comunicação, com ênfase ao objetivo de
reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais são capazes de ensinar um
grande número de estudantes ao mesmo tempo durante o período em que esses
materiais tiverem duração. Finaliza o conceito alegando que é uma forma
industrializada de ensinar e aprender.

Nos dois conceitos o autor enfatiza que se pode observar a preocupação


comum do acompanhamento e do partilhar. Realmente fica evidente a possibilidade
de se observar esses dois quesitos, os quais serão mais abordados no decorrer
desse trabalho.

Belloni, 1999, pág. 25, apud (HOLMBERG, 1997) descreveu educação à


distância como:

(...)

O termo educação à distância cobre várias formas de estudo, em todos os


níveis, que não estão sob a sua supervisão contínua e imediata de tutores
presentes com seus alunos em salas de aula ou nos mesmos lugares, mas
que não obstante beneficiam-se do planejamento, da orientação e do ensino
oferecidos por uma organização tutorial (HOLMBERG, 1997).
21

Diz ainda que o ensino à distância é o ensino que não exige a presença física
do professor ou do aluno. Trata-se de uma modalidade que propicia condições de o
professor e aluno estarem presentes somente em certas ocasiões ou em
determinadas tarefas e atividades (Lei francesa, 1971).

Outro conceito interessante abordado por Belloni ocorre é quando a autora


expõe que a educação à distância é a família dos métodos instrucionais onde os
comportamentos de ensino são executados em separados dos comportamentos da
aprendizagem, incluindo aqueles que numa situação presencial (contígua) seriam
desempenhados na presença do aprendente de modo que a comunicação entre o
professor e o aluno, obrigatoriamente, deve ser facilitada por dispositivos impressos
eletrônicos, mecânicos e outros (MOORE, 1973).

2.1 A Constituição Federal e os princípios fundamentais para cidadania

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05/10/1988,


em inúmeros artigos aborda sobre os princípios fundamentais e imprescindíveis para
a garantia de constituição e regramento de um Estado Democrático de Direito,
normas das quais, várias atinentes ou que se adéquam à área de ensino, conforme
seguem na seqüência.

2.2 Estado Democrático de Direito

O artigo 1º da CF/88 aborda sobre os princípios fundamentais e outros


requisitos necessários para a formação de um Estado Democrático de Direito. Fica,
portanto, provado que para um Estado ser considerado Democrático, de direito,
organizado e legitimamente reconhecido, deve estar na obediência e cumprimento
de normas e regramentos, tais como os que estão inseridos nos artigos 1º, 2º e 3º
da citada Carta Magna, os quais discorrem sobre cidadania; dignidade da pessoa
humana; sociedade livre, justa e solidária; erradicação da pobreza, da
marginalização; erradicação e redução das desigualdades sociais e regionais, bem
22

como promoção do bem estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, conforme seguem:

(...)

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
V - igualdade entre os Estados;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina,
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

O inciso IX do artigo 4º, anteriormente citado, merece uma observação


especial, pois em seu parágrafo único explica que o Brasil rege-se nas suas
relações internacionais pelo princípio da cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade através da integração social e cultural dos povos, porém,
não se pode negar que para se caracterizar esta integração, obrigatoriamente, não
deve haver qualquer espécie de exclusão, pois caso contrário, o país deixaria de
reunir as condições exigidas em normas para ser considerado um Estado
Democrático de Direito, pois a inclusão social é um direito e garantia de todos os
cidadãos brasileiros.

2.2.1 Direito e garantias

Os Direitos e Garantias Fundamentais estão expressos no artigo 5º da CF/88,


destacados em Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, os quais deixam muito
bem expressos que não deve haver distinção de qualquer natureza, dentre elas,
23

distinção à igualdade. Fica, portanto, a legitimação de normas que garantem que


todos os cidadãos devem estar sob a égide protetora das legislações vigentes,
dentre as quais, neste trecho, a CF/88, que, além de ser a maior de todas as leis,
claramente expressa direitos e garantias individuais como cláusulas pétreas, ou
seja, àquelas que não podem ser alteradas:

(...)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;

2.2.2 Direito sociais

A Constituição Federal, em seu artigo 6º disserta sobre os direitos sociais,


dentre os quais, o direito à Educação, que também, a exemplo do anterior, jamais
poderá ser alterado ou modificado em caráter que se configure diminuição em seus
aspectos beneficiários:

(...)

Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o


lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 2000).

Portanto, a CF/88 protege e garante os Direitos e Deveres Individuais e


Coletivos, bem como os Direitos Sociais, os quais estão relacionados à coletividade
como um todo.
24

2.2.3 Direitos à educação, à cultura e ao desporto

No capítulo III da Constituição Federal, artigos 205, 206, 207, 208, 209, 210,
211, 212, 213 e 214 são elencados diversos assuntos e regramentos referentes à
Educação, Cultura e Desporto, dentre os quais destacam-se os artigos 205 e 206,
sendo que o primeiro garante em seu caput que a educação é direito de todos
através do Estado e da família e, o segundo, em seu inciso I, garante a igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola e a gestão democrática do
ensino público:

(...)

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento,
a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma
da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores
considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo
para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

Fica, portanto, muito bem expressa a intenção de inclusão de todos à


educação e da responsabilidade da administração ao ensino por variados princípios,
a exemplo, o especificado no inciso I do artigo 206, o qual estabelece igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola:
25

2.3 Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional (LDB)

Dentre outras legislações, a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), trata da normatização da educação
e, em seu artigo 80, aborda a Educação à Distância nas Disposições Gerais, a qual
se refere ao tema ratificando que cabe ao Poder Público, a responsabilidade de
incentivar o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância, em
todos os níveis e modalidades de ensino, bem como programas de educação
continuada.

2.3.1 Educação à Distância

O § 1º do art. 80 da LDB destaca que educação à distância, que deve ser


organizada e com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições
especificamente credenciadas pela União. Evidencia-se que o único requisito para
exigido para uma Instituição implantar a Educação à Distância é a regularização do
credenciamento junto à União, a qual é a responsável para regulamentar os
requisitos para a realização de exames e registro dos diplomas relativos aos cursos:

(...)

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação


de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades
de ensino, e de educação continuada. (Regulamento)
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais,
será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela
União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e
registro de diploma relativos a cursos de educação à distância.
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de
educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos
respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração
entre os diferentes sistemas. (Regulamento)
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão
sonora e de sons e imagens;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos
concessionários de canais comerciais.
26

2.3.2 A LDB e a EAD no Ensino Fundamental

A LDB em seu artigo 32 e parágrafos disserta sobre a EAD no Ensino


Fundamental, artigo que, especificamente, no § 4º do inciso IV prevê que o ensino
fundamental será presencial, porém, poderá ser à distância quando utilizado como
complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. Portanto, deixa
muito claro sobre a autenticidade da possibilidade do ensino à distância também no
ensino fundamental:

(...)

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos,


gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por
objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei
nº 11.274, de 2006).
(...)
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade
humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
(...)
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais.

2.3.3 Sobre o Ensino Médio

Nos artigos 35 e 36 a LDB discorre sobre o ensino médio, sendo que no


inciso II do artigo 35 há a abordagem da preparação básica para o trabalho e a
cidadania do educando, as quais, o alicerçará a continuar aprendendo para que
alcance a capacidade de se adaptar com flexibilidade a novas condições de
ocupação ou aperfeiçoamento que supostamente sejam alcançados posteriormente:

(...)

Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração
mínima de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando,
para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;
27

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos


produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada
disciplina.

Já o artigo 36 da LDB em seu inciso II discorre que o currículo Ensino Médio


adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos
estudantes, ou seja, demonstra em seu bojo que a EAD pode se enquadrar como
metodologia de estímulo aos estudantes:

Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste


Capítulo e as seguintes diretrizes:
I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado
da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da
sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;
II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a
iniciativa dos estudantes;

2.3.4 Sobre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio

Nos artigos 36-A, 36-B, 36-C e 36-D a LDB discorre sobre Educação
Profissional Técnica de Nível Médio. Especificamente, o parágrafo único do art. 36-A
discorre que a preparação geral para o trabalho e a habilitação profissional, esta
facultativa, poderão ser desenvolvidas nas próprias Instituições de ensino médio ou
em cooperação com estabelecimentos especializados em educação profissional:

(...)

Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Incluído pela Lei nº


11.741, de 2008)
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino
médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o
exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e,
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas
nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação
com instituições especializadas em educação profissional. (Incluído
pela Lei nº 11.741, de 2008)
28

2.3.5 Sobre a Educação Para Jovens e Adultos (EJA)

Nos artigos 37 e 38 a LDB discorre sobre Educação de Jovens e Adultos e,


fica bem claro que a Educação à Distância e as novas tecnologias são fundamentais
para a formação e alicerçamento profissional de jovens e adultos, os quais, ainda
somam um grande número de pessoas sem qualificação ou formação, motivo pelo
qual a LDB garante que educação de jovens e adultos será destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na
idade própria:

(...)

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos
e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre
si.
§ 3o  A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente,
com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº
11.741, de 2008)
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze
anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito
anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios
informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

Fica evidente, no texto da citação anterior, a intenção protetora do legislador


em garantir a continuidade dos estudos aos jovens e adultos

2.3.6 Sobre a Educação Profissional e Tecnológica

O capítulo III da LDB disserta sobre a Educação Profissional e Tecnológica na


seguinte conformidade: O artigo 40 discorre que a educação profissional poderá ser
desenvolvida por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições
29

especializadas ou no ambiente de trabalho; o artigo 41 aborda que o conhecimento


adquirido na educação profissional e tecnológica poderá ser objeto de certificação
para prosseguimento ou conclusão de estudos e o artigo 42 rege que as instituições
de educação profissional e tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão
cursos especiais à comunidade:

(...)

Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o


ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em
instituições especializadas ou no ambiente de trabalho. (Regulamento)
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica,
inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e
certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos. (Redação dada
pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, além dos
seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade,
condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não
necessariamente ao nível de escolaridade. (Redação dada pela Lei nº
11.741, de 2008).

2.3.7 Sobre a Educação Superior

O artigo 47 aborda sobre a Educação superior e, no § 3º, narra que é


obrigatória a freqüência de alunos e professores, salvo nos programas de Educação
à Distância, portanto, o citado artigo deixa claro e evidente, à época da elaboração
da LDB, o reconhecimento com naturalidade da Educação à Distância:

(...)

Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano


civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído
o tempo reservado aos exames finais, quando houver.
§ 3º É obrigatória a freqüência de alunos e professores, salvo nos
programas de educação à distância.

2.3.8 Sobre a Educação Especial

O capítulo V da LDB em seu artigo 59 trata da Educação Especial, o qual


salienta que serão assegurados aos educandos com necessidades especiais,
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização, requisitos
específicos para o atendimento de suas necessidades. Além dessa garantia, não
30

resta dúvidas que tecnologias aplicadas ao ensino à distância são recursos muito
fortes tanto em programas de aceleração de estudos para alunos superdotados
como para portadores de necessidades especiais, pois o ritmo e a especificidade de
cada um são distintos:

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com


necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização,
específicos, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa
escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na
vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não
revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Principalmente, o inciso I do art. 59 representa a preocupação dos


legisladores em relação aos currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização para apoiar àqueles que se enquadram como educandos com
necessidades especiais. Portanto, a legislação apresenta políticas claras de inclusão
que, rigorosamente, precisam ser cumpridas na prática.

2.3.9 Portaria nº 2.253/10/2001

A Portaria nº 2.253, de 18 de outubro de 2001, na autoridade do Ministro de


Estado da Educação e do Desporto e no uso de suas atribuições, considerando o
disposto no art. 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no art. 1º do
Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, disserta no artigo 1º que as
instituições de ensino superior do sistema federal de ensino poderão introduzir, na
organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a
oferta de disciplinas que, em seu todo ou em parte, utilizem método não presencial,
com base no art. 81 da Lei nº 9.394, de 1.996, bem como o que está disposto nesta
própria Portaria.
31

O Art. 3º da citada Portaria rege que as instituições de ensino superior,


credenciadas como universidades ou centros universitários ficam autorizadas a
modificar o projeto pedagógico de seus respectivos cursos superiores reconhecidos
para oferecerem disciplinas que utilizem método não presencial.

Sendo assim, mais uma legislação com argumentos que demonstram


preocupação com a utilização de mais métodos não presenciais.

2.4.0 Portaria nº 301/04/1998

A Portaria n.º 301, DE 7 DE ABRIL DE 1998, na autoridade do Ministro de


Estado da Educação e do Desporto e no uso de suas atribuições, considerando o
disposto no art. 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no art. 1º do
Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, aborda sobre a normatização dos
procedimentos de credenciamento de instituições para a oferta de cursos de
graduação e educação profissional tecnológica a distância.

Portanto, também, mais um texto voltado para oferta de cursos de graduação


não presencial. Não restam dúvidas que o regramento está tendente ao amparo,
motivação e alicerçamento ao funcionamento de mais EAD.
32

3. EAD NA INCLUSÃO E FORMAÇÃO DE ALUNOS MENOS


FAVORECIDOS EM CURSOS SUPERIORES.

3.1 Conceito de EAD

José Manuel Moran, Especialista em projetos inovadores na educação


presencial e a distância, atuante nos sites jmmoran@usp.br,
www.eca.usp.br/prof/moran/ e http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm
descreve a Educação à Distância e a conceitua em “Educação a distância é o
processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores
e alunos estão separados, espacial e/ou temporalmente”.

3.2 Educação por Internet

Marco Silva no site www.saladeaulainterativa.pro.br/ expôs sobre a


educação via internet, a qual vem se apresentando como grande desafio para o
professor, acostumado ao modelo clássico de ensino da sala de aula presencial.
Ressalta que são dois universos distintos.

3.3 Ambiente virtual

Lyn Alves em site http://www.lynn.pro.br/ discorre sobre o ambiente virtual


(TelEduc), cuja finalidade é a criação, participação e administração de cursos na
Web. A autora ressalta que ele foi concebido tendo como alvo o processo de
formação de professores para informática educativa, baseado na metodologia de
formação contextualizada desenvolvida por pesquisadores do Nied (Núcleo de
Informática Aplicada à Educação) da Unicamp.
33

3.4 Integração e inclusão

LIMA, Priscila Augusta, na obra Educação Inclusiva e Igualdade Social,


apresenta vários conceitos e definições de Integração e Inclusão. A autora aborda
que a Educação Inclusiva é uma educação que se amplia para todas as pessoas,
além de ser um caminho para que as várias práticas educativas, sociais e
interpessoais sejam repensadas e revistas.

3.5 EAD como modalidade de ensino

NISKIER, Arnaldo no livro Educação à Distância. A Tecnologia da


Esperança aborda sobre fundamentos de educação à distância, brasilização da
educação à distância e a universidade aberta. O autor afirma que a EAD tornou-se
modalidade fundamental de aprendizagem e ensino no mundo inteiro

3.6 Diferenças entre integração e conclusão

Em outro livro, MANTOAN, Maria Teresa Eglér, Inclusão escolar. O que é?


Por quê? Como fazer? São apresentados capítulos sobre a questão da identidade
X diferença, a questão legal e a questão das mudanças. A autora disserta sobre as
diferenças entre integração e conclusão.

3.7 Os menos favorecidos

Reitera-se a importância da EAD no ingresso e formação de alunos menos


favorecidos. Para isso, torna-se necessário esclarecer e conceituar quem seria, ou
são os “menos favorecidos”, os quais, por serem seres fáticos e existentes serão, na
maioria das vezes citados, também sem o uso de aspas.

Em site http://ensaius.wordpress.com/2008/02/07/quem-sao-os-menos-
favorecidos/, acessado em 10/03/2010, Marcos Vinicius da Silva Goulart apresenta
34

um excelente conceito de “menos favorecido” na Teoria da “Justiça como Eqüidade”


de John Rawls, o qual segue:

(...)

“Numa sociedade bem-ordenada, em que todos os direitos e liberdades


básicos e iguais dos cidadãos e suas oportunidades eqüitativas estão
garantidos, os menos favorecidos sãos os que pertencem à classe de renda
com expectativas mais baixas” (2003, p.83).

Alguns sites na INTERNET abordam sobre John Rawls, o qual nasceu na


cidade Baltimore em 21 de Fevereiro de 1921 e faleceu na cidade de Lexington em
24 de Novembro de 2002, ambas as cidades localizadas nos Estados Unidados da
América.

John Rawls foi um professor de Filosofia Política na Universidade de Harvard


e autor de algumas obras, tais como: Uma Teoria da Justiça (A Theory of Justice,
1971), Liberalismo Político (Political Liberalism 1993), e O Direito dos Povos (The
Law of Peoples 1999).

3.7.1 Direitos e bens primários

Goulart apud Rawls, além do conceito anteriormente citado, disserta que para
se considerar “menos favorecidos”, segundo Rawls, é necessário que todos os
cidadãos tenham seus direitos e bens primários garantidos, ou seja, parte do
pressuposto que uma sociedade é ordenada quando garante para seus habitantes
os direitos básicos para que possam viver em sociedade e consigam planejar um
plano de vida.

O autor afirma ainda que para se caracterizar os menos favorecidos dentro


desta sociedade ordenada, haveria a necessidade de se comprovar desvantagens
na perspectiva de ordenarem suas vidas em relação aos mais favorecidos, porém,
afirma que para se entender o conceito de “menos favorecidos” necessita-se antes
entender o que significa bens primários.
35

Percebe que não há uma especificidade em apontar quais seriam essas


desvantagens, ou seja, fica a presunção de que possa ser qualquer fator que se
caracterize em desvantagem. Pode-se, portanto, afirmar que o requisito financeiro
pode ser um dos motivos para distinguir entre cidadãos da sociedade, quais
estariam em situação de menos favorecidos.

3.7.2 Teoria da Justiça e os bens primários

Goulart cita que Rawls em sua obra “Teoria da Justiça” cita cinco tipos de
bens primários, os quais, segundo ele, são fundamentais para que os cidadãos
formem seus próprios sensos de discernimento de bem e senso de justiça. Para que
isso ocorra o cidadão precisa ter a garantia da liberdade de pensamento,
consciência, movimento e livre escolha. Para o autor os bens primários são
fundamentais para a formação de um plano para a vida.

Percebe-se que todas as garantias citadas por Goulart apud (Rawls, 1997),
são asseguradas pela Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada
em 05/10/1988. Na realidade, são garantidas na forma escrita, porém, na prática, em
inúmeras circunstâncias, não são cumpridas. Portanto se os bens primários não são
garantidos, não há, também, condições de se formar um verdadeiro plano de vida.

O autor explica que o cidadão deve possuir o direito e possibilidade de mudar


a concepção do bem, ou seja, tenha a possibilidade de exercer cargos de poder que
almeje no decorrer de sua vida, portanto para que isso ocorra, a sociedade deve dar
oportunidade para que participe de forma decisória causas próprias e da sociedade.

O autor salienta também que os cidadãos tenham acesso à renda e riqueza,


pois são meios de troca necessários para que eles formem concepções de bem e
vida, tendo em vista que o dinheiro tem o poder de propiciar condições à
alimentação, vestimenta e transporte, pois uma sociedade bem ordenada não
admite que a distribuição de renda permita que mesmo os “menos favorecidos”
vivam em estado de miséria, pelo contrário, o cidadão tem que ter uma base social
que permita que ele viva com alto estima.
36

O autor salienta que a igualdade, no caso de Rawls, refere-se às capacidades


dos cidadãos se desenvolverem em uma cooperação social através do exercício de
suas faculdades morais, pois são sujeitos racionais, capazes de formarem opiniões
e consensos em relação ao que é justo para a sua vida em particular ou em
sociedade.

3.7.3 Princípios de Justiça

Outro fator que o autor destaca é que a igualdade está ligada à liberdade,
pois no seu entendimento todo cidadão é capaz por razão de participar de estruturas
cooperativas da sociedade, pois possui a capacidade de escolher suas próprias
concepções de justiça, tendo em vista que todos devem ser tratados de forma
igualitária, pois possuem as mesmas capacidades morais.

O autor disserta que os bens primários são deduzidos por dois princípios de
justiça:

(...)

Primeiro: Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente


sistema de liberdades básicas iguais que seja compatível com um
sistema semelhante de liberdade para as outras.
Segundo: as desigualdades sociais e econômicas devem ser
ordenadas de tal modo que sejam ao mesmo tempo (a) consideradas
como vantajosas para todos dentro dos limites do razoável e (b)
vinculadas à posições e cargos acessíveis a todos (1997, p. 64).

O autor ressalta ainda que se imagina nos menos favorecidos como aqueles
que, dentro de uma determinada configuração de um sistema de cooperativo, estão
em situação desvantajosa em relação ao mais favorecidos, porém, ele observa que
o segundo princípio de justiça aponta que as desigualdades sociais devem ser
vantajosas para todos os cidadãos dentro dos limites do razoável. Portanto, uma
pessoa vivendo em estado de miséria não estaria nos limites do razoável, pois não
reúne condições ou capacidade para planejar um projeto de vida. Esse pensamento
deixa muito claro que no Brasil centenas de milhares de pessoas não reúnem as
mínimas condições para criarem seus próprios projetos de vida.
37

Percebe-se que o autor abordou o assunto de forma profunda, pois se


preocupou não somente em narrar às condições financeiras, mas também a
importância de favorecer os menos favorecidos com cargos de autoridade e
responsabilidade, pois somente assim teriam condições de ir além de suas próprias
condições, ou seja, viver conforme planejou para si próprio.

3.7.4 Os menos favorecidos

Goulart afirma que os menos favorecidos são todos os cidadãos que em um


determinado esquema cooperativo, estão em uma posição desfavorável, porém, não
se pode deixar de observar que a caracterização de menos favorável está
subordinada ao esquema cooperativo, ou seja, existe a hipótese de que um cidadão
pode estar em situação de menos favorecido em um esquema e em outro não. Caso
seja feita uma analogia com o Brasil, facilmente poderá se observar que se trata de
uma nação com grande índice na desigualdade social, diferenças estas além das
características regionais, envolvem educação, saúde e segurança.

O autor ratifica que os “menos favorecidos” são aqueles que têm inferiores
perspectivas de vida, ou seja, são desprovidos de boas possibilidades para formar
para si um plano de vida e, ainda, estão subordinados ao “princípio de diferença”, o
qual reza que qualquer desigualdade é permissível desde que vantajosas para
todos, porém, deve ser mais vantajosas para os menos favorecidos sem prejudicar
os mais favorecidos.

Enfim, Goulart encerra afirmando que os “menos favorecidos” na teoria de


Rawls são aqueles que mesmo que estiverem em desvantagem dentro de um
esquema cooperativo, podem melhorar pelos dois princípios da justiça, já expostos
anteriormente, mas que merece ser repetida: o primeiro é que cada pessoa deve ter
um direito igual ao mais abrangente sistema de liberdades básicas iguais que seja
compatível com um sistema semelhante de liberdade para as outras e o segundo é
que as desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de tal modo que
sejam ao mesmo tempo consideradas como vantajosas para todos dentro dos
limites do razoável e vinculadas à posições e cargos acessíveis a todos (1997, p.
64).
38

Ocorre ainda a presunçaõ de que os menos favorecidos não se encontram


em situação de miserabilidade, pois se estivessem, seria suficiente para contrariar
os dois princípios da justiça e, consequentemente, o princípio de diferença não seria
executado. É claro que para a situação dos brasileiros a presunção seria uma
realidade, pois, além do grande número de desempregados, há também àqueles
que, por inúmeras circunstâncias, vivem em extremos estados de miséria.

Fica, portanto, claro que os menos favoráveis são todos aqueles que são
desprovidos de possibilidades e perspectivas para formação de um plano de vida, ou
seja, mesmo que tenham intenções e projetos planejados, por impedimentos alheios
às suas vontades ficam impossibitados de executá-los.

3.8 Ciberespaço como abertura de espaço de comunicação

Outra matéria interessantíssima, objeto de pesquisa para este trabalho, foi


pesquisada no site http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-
ensino/educacao-distancia-ensino2.shtml, cujas autoras, Carolina Costa Cavalcanti
da Faculdade de Campo Limpo Paulista e Gina Strozzi da Universidade
Presbiteriana Mackenzie abordam sobre ciberespaço e EAD, sendo que ao primeiro
apud LEVY (2005:193) referem-se ao ciberespaço como abertura de um espaço de
comunicação qualitativamente diferente daqueles que se conhecia antes dos anos
80. Citam que o ponto fundamental é que o ciberespaço, que seria uma conexão dos
computadores do planeta e dispositivo de comunicação ao mesmo tempo coletivo e
interativo, não se trata de uma infra-estrutura. Para as autoras os ciberespaços são
formas de se usar infra-estruturas e de explorar seus recursos por meio de uma
interatividade distribuída e incessante que é indissociavelmente social e técnica.

Percebe-se, portanto que esta rede de computadores já criava ambientes de


aproximação de pessoas e ao mesmo tempo que propiciava a interatividade entre
elas, propiciava uma extensa troca de informações e conhecimentos.

Já em relação à EAD as autoras comentam que que o destino da democracia


e do ciberespaço está intimamente ligado. Citam que ambos implicam naquilo que a
39

humanidade tem de mais esencial. Em relação a este questionamento apud LéVY


(2002), como segue:

(…)

"a aspiração à liberdade e à potência criativa da inteligência coletiva". Para


tanto, a aclimatação dos dispositivos e do espírito da EAD (Educação
Aberta e a Distância) cotidiano e ao dia-a-dia da educação, se tornam
prementes, pois os sistemas educativos a distância buscam responder aos
indivíduos que toleram cada vez menos os cursos uniformes e rígidos que
não correspondem ás suas necessidades reais e á especificidade do seu
trajeto de vida. Vida que carrega o "ser" pelos caminhos democráticos e
para uma educação democratizadora”.

Continuam as autoras apud (Bobbio, 2002b, p. 30), o qual conceitua


democracia: "Um conjunto de regras (primárias ou fundamentais) que estabelecem
quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos".

3.9 Democracia na escola

Outro ponto muito importante dissertado pelas autoras é quando alegam que
ao se projetar a idéia de democracia na escola, surge à mente a democratização do
acesso, ou seja, surge a oportunidade real de todos cidadãos freqüentarem a
mesma escola. Elas se baseiam na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
uma legislação criada após a 2ª Guerra Mundial. Como embasamento citam o artigo
XXVI da Declaração:

(…)

1. Todo ser humano tem direito á instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos
humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol
da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que
será ministrada a seus filhos.
40

3.10 Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)

As autoras apud Araújo (1999) ressaltam que para existir cidadania, ou


práticas de cidadania, os cidadãos devem ter acesso e uso da informação. Referem-
se aos TICs, Tecnologias da Informação e Comunicação, onde o oferecimento de
espaços para as populações mais humildes devem existir. Ressaltam que o acesso
a computadores e internet faz parte de uma política de incluso, específicamente, a
inclusão digital, pois são fatores que propiciam o cumprimento de uma verdadeira
cidadania, conforme segue os requisitos:

(…)

1) permitir que todo cidadão tenha acesso á informação disponível nos


meios digitais.
2) possibilitar que a informação recebida seja assimilada e reelaborada para
construção de novos conhecimentos.
3) garantir que os conhecimentos adquiridos promovam melhoria na
qualidade de vida das pessoas.

Cavalcanti e Strozzi continuam com uma crítica a alguns discursos da área da


educação, os quais, segundo as autoras, setores da educação se opõem à idéia da
democratização do ensino como uma forma de oportunidades ao acesso à
escolarização e qualidade de ensino que acompanhe padrões específicos para
aplicações pedagógicas em sala de aula, como a EAD na atualidade. Nesta crítica,
as autoras deixaram muito claro que, dentro de um contexto do conceito de
democratização, ainda existem barreiras para criação de mecanismos que propiciem
condições justas de ingresso e participação dos cidadãos aos meios digitais
disponíveis. As autoras salientam que na elaboração do trabalho utilizaram dados
estatísticos divulgados pelo Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a
Distância (ABRAEAD), 2006. Observam ainda que à época era a única publicação
que revelava os números da EAD no Brasil.

3.1.1 Estatísticas da EAD

Continuam afirmando que encontram contraste entre alguns dados indicados


pelo ABRAED (Associação Brasileira das Empresas de Distribuição) 2006 com
41

informações divulgadas pelo CENSO Escolar e CENSO da Educação Superior


(MEC/INEP 2006).

Em relação à amostra do ABRAED, utilizado por estatísticas do ano de 2005,


as informações apontavam que Brasil contava com 217 instuições autorizadas
oficialmente ou com cursos credenciados pelo Ministério da Educação para praticar
EAD. As autoras explicam que das 217 Instituições, 98 responderam a um
questionário com 34 perguntas, os quais foram respondidos nos meses de janeiro e
fevereiro de 2006. Segundo elas, as respostas ao questionário complementaram o
relatório final da ABRAED, sendo, portanto fidedigno ao universo em que se situava.

Ressaltam que embora 44,7% das instituições tenham respondido ao


questionário, o número de alunos dessas escolas representava 79% de todos os que
estudaram por EAD no Brasil em 2005 em cursos autorizados.

Percebe-se que no decorrer do trabalho as autoras já expunham sobre o


crescimento e expansão da EAD, as quais demonstraram através de tabelas e
gráficos.

3.1.2 Número de instituições por classificação jurídica

Pela tabela que segue percebe-se que a amostra foi realizada em escolas
privadas, as quais totalizavam 51% do total, enquanto as públicas federais e
estaduais formavam juntas, 21,4% do total:

Tabela 01 - Número de instituições por classificação jurídica


Fonte:http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-ensino/educacao-distancia-
ensino2.shtml.
42

Pela amostra e pelo comentário das autoras apud (Trindade, 2001) concluiu-
se que o Brasil estava na condição de um dos países no mundo com o maior
percentual de alunos matriculados em escolas privadas, ou seja, 2/3 do total.

Segundo as autoras, apud (Cebrián), a expansão da EAD em instituições


privadas promete reduzir o espaço que foi conquistado pela educação pública, que é
universal e gratuita.

Neste estudo realizado pelas autoras, o total de matriculados foi de 399.932


alunos, que representam 79% do universo de todas as escolas com cursos
credenciados no Brasil.

3.1.3 Distribuição dos alunos matriculados por localização da instituição


de ensino, por número de matrículas e média de matrículas por instituição, em
2004 e 2005

Pela tabela a seguir, a qual, para melhor entendimento, a exemplo de todas,


também terá o nome original preservado, nota-se o crescimento no número de
matrículas em EAD em todas as regiões, com ênfase à região Sul do país, que
cresceu em 631%, tendo a média de matrículas por escola crescido em 317%. Até a
região Nordeste, que é a mais pobre do Brasil, cresceu em 48,6%:

Tabela 02 - Distribuição dos alunos matriculados por localização da instituição de ensino, por
número de matrículas e média de matrículas por instituição, em 2004 e 2005
Fonte: http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-ensino/educacao-
distancia-ensino2.shtml.
43

3.1.4 Distribuição das instituições da amostra por tipos de curso


oferecidos

As autoras representaram no gráfico a seguir uma distribuição das instituições


por tipos de curso oferecidos pelas escolas, os quais, estatísticamente seguiram na
seguinte conformidade: pós-graduação lato sensu (44%), seguidos pelos de
graduação (41%), os de extensão (28,6%) e de EJA, antigo supletivo (23,5%),
ensino médio (7,1%) e ensino fundamental (6,1%).

Figura 1: Gráfico 01 Distribuição das instituições da amostra por tipos de curso oferecidos
Fonte:http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-ensino/educacao-
distancia-ensino2.shtml.

As autoras apresentam outros números que também merecem destaque, pois


demontram contradições, ou seja, enquanto o CENSO Escolar de 2005 contabilizava
56,6 milhões de matrículas na educação Básica, dados que representava 95% das
crianças e jovens em idade escolar, o CENSO do Ensino Superior apontava 4,4
milhões de alunos matriculados, apenas 9% dos jovens em idade de cursar o ensino
superior.

Reiteraram a discrepância na porcentagem de alunos matriculados no ensino


básico (95%) e ensino superior (9%), enfatizando a crise educacional tão apregoada
no Brasil. Segundo elas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais -
INEP, (UNESCO, 2005) apontava o Brasil com 16 milhões de analfabetos absolutos
com mais de 14 anos de idade. Sendo que a cada 100 alunos matriculados na
44

primeira série do ensino fundamental somente 40 concluíam o ensino médio. Em


2005 mais da metade das crianças de 4 a 6 anos e, uma em cada cada cinco
pessoas entre 10 e 17 anos, estavam fora da escola.

Segundo elas, o estudo apontou também que na educação infantil o déficit


chegava a 14,6 milhões de vagas e, somente 36,5% das crianças de até seis anos
freqüentavam creche ou escola.

Continuaram questionando que a pesar de a educação ser um direito de


todos, no Brasil, uma parte significativa da população não está usufruindo desse
direito, motivo pelo qual, a EAD é vista como uma solução alternativa para os
problemas educacionais do país, ou seja, democratizar o ensino, promover a
cidadania e a inclusão digital.

3.1.5 Mídias utilizadas em EAD, por região do país em 2005

Apresentaram também estatísticas das mídias mais utilizadas em 2005 pelas


instituições de EAD, cuja tabela aponta a seguinte seqüência: a impressa (84,7%), o
e-learning - internet (61,2%), CD-ROM (42,9%), o vídeo (41,8%), DVD-ROM (27,6%)
e a televisão (26,5%).

Tabela 03 - Mídias utilizadas em EAD, por região do país em 2005.


Fonte: http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-ensino/educacao-
distancia-ensino2.shtml

Cavalcanti e Strozzi apud Gilda Olinto (2007), Doutora em Comunicação


(UFRJ) e pesquisadora titular do IBICT/MCT (INSTITUTO BRASILEIRO DE
INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA/MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E
TECNOLOGIA) que analisou dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia
45

e Estatística (IBGE/PNAD-2006) e concluiu que no Brasil existe relação entre


educação, renda, acesso e uso da internet. Segundo Olinto, somente 12,6% das
pessoas com até 7 anos de instrução tinham acesso à internet em 2005, sendo que
o acesso era garantido para 76,2% entre cidadãos que possuíam mais de 15 anos
de escolaridade.

Olinto abordou também as disparidades regionais, alegando que no Brasil,


somente 21% da população acessava a internet e, a exemplo, no estado de Alagoas
esse número caía para 7%, enquanto que no Distrito Federal, 41% dos habitantes
possuíam acesso à internet. Por fim, enfatizou que o uso da banda larga cresce de
acordo com a faixa salarial.

Outra estatística apresentada por Cavalcanti e Strozzi foi sobre recursos


tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por natureza jurídica, no ano de
2005.

3.1.6 Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por


natureza jurídica, em 2005
Na tabela a seguir o e-mail foi o recurso de apoio tutorial mais oferecido pelas
instituições de Educação a Distância em 2005, ou seja, 86,7% ofereceram. Em
seguida vem o telefone com 82,7%, o professor on-line co 78,6% e o professor
presencial com 70,4%:

Tabela 04 - Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por natureza jurídica,
em 2005.
Fonte: http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-ensino/educacao-
distancia-ensino2.shtml
46

Enfim, Cavalcanti e Strozzi finalizam salientando que a forte presença do


telefone e professor presencial como apoio tutorial é mais uma demonstração de
que o acesso às TCIs é limitado até para os alunos de cursos à distância.

Enfatizam que para se contornar essa deficiencia, 83,7% das instituições que
ofertam EAD afirmaram que possuíam computadores disponíveis para uso dos
alunos:

3.1.7 Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas instituições, por


natureza jurídica, em 2005

4.

Tabela 05 - Oferecimento de computador aos alunos


Fonte: http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-ensino/educacao-
distancia-ensino2.shtml

As autoras finalizam o trabalho abordando sobre a importancia da inclusão


digital como direito de cidadania.

Criticam o fato de que no Brasil a EAD é agente de democratização do ensino


somente para uma pequena parcela da população, não está disponível para todos,
pois sua implantação esbarra em políticas educacionais burocratizadas,
necessidade de investimentos pesados por parte das instituições e governo e,
também, na resistência cultural parcial de alunos e ambiente acadêmico.

Salientam que o uso das tecnologias na EAD vem conquistando um espaço


de destaque no cenário educacional do país ao propiciar que modelos inovadores de
ensino-aprendizagem sejam desenvolvidos e implantados e que, com toda a
potencialidade apresentada, demonstre num futuro próximo que os conhecimentos
podem transpor barreiras de tempo e espaço ao serem adquiridos por alunos, até
47

então excluídos, os quais oriundos de lugares de difícil acesso e distantes dos


grandes centros urbanos.
48

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se através de estudos e pesquisas, elaborar um Trabalho de


Conclusão de Curso com capacidade para sensibilizar e conscientizar todas as
autoridades e cidadãos sobre a importantíssima necessidade de maiores
investimentos destinados à criação e implantação de mais EAD em todos os tipos de
Instituições de Ensino Superior. Trata-se de uma necessidade inquestionável e
extremamente prioritária de alicerce e apoio para o ingresso e formação de alunos
com menor poder aquisitivo, pois apesar de o Sistema Educacional do Brasil ter sido
organizado para abranger todos os setores de ensino e a todos os cidadãos através
de legislações, a situação atual ainda está muito aquém de uma verdadeira
necessidade, pois conforme repetidamente fora abordado neste trabalho
monográfico, dentre tantos alunos que terminam o ensino médio, vários não
conseguem ingressar em cursos superiores e, àqueles que ingressam, não
conseguem concluí-los, sendo um dos principais motivos, a condição financeira.
Ingressar e concluir um curso superior no Brasil, principalmente em Instituições de
Ensino particulares, exige altos custos e gastos, os quais englobam despesas com
deslocamento, variados tipos de materiais escolares, alimentação e
desproporcionais valores das mensalidades, motivos esses, que,
conseqüentemente, inviabilizam a freqüência dos alunos mais humildes.

Objetivou-se mostrar neste trabalho que a EAD ameniza os custos citados,


pois possue características que propiciam oportunidades e condições aos alunos
considerados menos favorecidos, os quais, não têm condições de arcar com todos
os encargos de um curso superior presencial, a realizarem o sonho de chegar ao
final.

Regem as escritas de leis e normas que as Instituições de Ensino no país


devem ser heterogêneas e pluralistas, além de conterem políticas que propiciem a
inclusão de todos os cidadãos e cidadãs de forma justa e sem discriminação,
independentemente de suas culturas e variadas diferenças, porém, tudo isso não
terá nexo se mecanismos não forem criados para garantia do cumprimento desses
direitos, especificamente, nesta monografia, garantia para a inclusão e formação de
alunos mais humildes nos cursos de 3º Grau.
49

Nesta obra, foram incluídos muitos assuntos atinentes a conceitos, estudos e


pesquisas sobre a EAD. No 1º capítulo, citou-se e referenciou-se alguns autores e
suas respectivas obras e publicações em livros e sites, bem como leis e portarias.
Dentre os autores que apresentam conceitos e definições de Integração e Inclusão,
Lima (2006) aborda que a Educação Inclusiva é uma educação que se amplia para
todas as pessoas e um caminho para que as várias práticas educativas, sociais e
interpessoais sejam repensadas e revistas. Portanto, a autora deixa bem claro que a
educação inclusiva se estende à todas as pessoas. Outro autor, Niskier (1999) narra
sobre fundamentos de educação à distância, brasilização da educação à distância e
a universidade aberta. Salienta-se que há 11 anos o autor já afirmava que a EAD
havia se tornado uma modalidade fundamental de aprendizagem e ensino no mundo
inteiro. Fica, portanto, muito claro que há muito tempo a EAD vem sendo citada por
inúmeros autores como um excelente ambiente de aprendizagem. Reitera-se que a
EAD é um ambiente de aprendizagem mediado por tecnologias, especificamente,
através de computadores interligados à rede mundial de computadores (Internet).

Outro fator primordial e motivacional para a elaboração desta obra é o que


está regido no caput do artigo 5º da CF/88, o qual determina que todos os cidadãos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Somente neste início
do texto da Constituição Federal já demonstra claramente sobre o interesse dos
legisladores em igualar os direitos entre os cidadãos, portanto, no complemento do
mesmo artigo, qualquer tipo de dúvidas em relação ao texto, facilmente pode ser
sanado, pois a garantia citada no artigo 5º refere-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País, os quais são amparados com a garantia da
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade. Então, quando se fala em EAD como um meio facilitador para a
construção e realização de um plano de vida aos menos favorecidos, pode se
afirmar que se trata de mais um potente mecanismo para auxiliar na busca dessa
tão citada igualdade, pois da mesma forma que o filho de um mais favorecido tenha
anseios e objetivos profissionais, dentre eles a formação em um curso superior, o
filho de um menos favorecido, bem como toda sua família também têm. Portanto,
categoricamente, o regramento estende a garantia a todos. Entretanto, quando não
ocorre o cumprimento ou a garantia de qualquer direito expresso em lei, a igualdade
deixa de ser cumprida. Destaca-se que o inciso XLI do artigo 5º determina que
50

qualquer tipo de discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais


serão punidos por lei.

Dentre outras normas, a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) afirma em seu texto que cabe ao
Poder Público, a responsabilidade de incentivar o desenvolvimento e a veiculação
de programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e
de educação continuada. Portanto, a EAD que teve início nas Instituições Públicas e
vêm se estendendo nas Instituições Privadas pode ainda ser uma modalidade com
maior potencial em qualquer instituição, basta que haja um incentivo maior dos
governantes (Instituições Públicas: Municipais, Estaduais e Federais) e dos
proprietários das instituições particulares em geral.

No 2º capítulo dissertou-se os conceitos e legislações sobre o ensino à


distância, no qual Cherman e Bonini (2000) alegam que a EAD é uma forma
industrializada de ensinar e aprender. Quando o autor fala em industrialização da
aprendizagem tem o objetivo de destacar uma modalidade diferenciada, cuja
característica apresenta um grande potencial no campo do ensino/aprendizagem.

Outro autor, Belloni, apud (HOLMBERG, 1997), o qual descreve educação à


distância como o termo que cobre várias formas de estudos que não estão sob a
supervisão contínua e imediata de tutores presentes, ou seja, os alunos não estarão
em salas de aula ou nos mesmos lugares. Porém, Belloni destaca que todos se
beneficiam do planejamento, da orientação e do ensino por uma organização
tutorial. Percebe-se que já no citado ano, o autor enfatizava os benefícios oferecidos
pela estrutura da EAD.

No 2º capítulo também abordou-se sobre os princípios fundamentais e os


requisitos necessários para que um Estado Democrático de Direito seja reconhecido,
ou seja, deve haver a garantia da soberania, cidadania e dignidade da pessoa
humana, fundamentos que propiciam embasamentos para se afirmar que a exclusão
de alunos em cursos superiores é um fator real para descaracterizar o
reconhecimento deste citado Estado Democrático de Direito.
51

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) também é citada no


2º capítulo, cujo artigo 80 reza que o Poder Público deve incentivar o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância. Observa-se
que o artigo é abrangente em todos os sentidos, nesta primeira parte transmite a
responsabilidade a toda administração pública e, na segunda parte especifica que o
incentivo deve ser destinado a todos os níveis e modalidades de ensino, inclusive de
educação continuada.

O 3º capítulo deste TCC abordou-se a importância da EAD na inclusão de


alunos menos favorecidos em cursos superiores, em cujo conteúdo foram expostos
dois excelentes trabalhos de pesquisas, sendo que o primeiro apresenta o conceito
de “menos favorecido” na Teoria da “Justiça como Eqüidade” de John Rawls através
do site http://ensaius.wordpress.com/2008/02/07/quem-sao-os-menos-
favorecidos/, de autoria de Marcos Vinicius da Silva Goulart, o qual em citação a
Rawls escreveu que quando se trata de uma sociedade bem-ordenada, em que
todos os direitos e liberdades básicos e iguais dos cidadãos, bem como suas
oportunidades eqüitativas estão garantidos em leis, pode se considerar como os
menos favorecidos àqueles que que pertencem à classe de renda mais baixas.
Portanto, não restam dúvidas que no Brasil grande parte da população vive em
condições característica de menos favorecida. No país as legislações existem para
ordenar a sociedade e garantir os direitos, liberdades e oportunidades, porém,
infelizmente, em muitas circunstâncias não são cumpridas na prática.

O segundo trabalho do 3º capítulo, muito interessante também, foi pesquisado


no site http://br.monografias.com/trabalhos909/educacao-distancia-ensino/educacao-
distancia-ensino2.shtml, cujas autoras, Carolina Costa Cavalcanti da Faculdade de
Campo Limpo Paulista e Gina Strozzi da Universidade Presbiteriana Mackenzie
abordam sobre ciberespaço e EAD, sendo que ao primeiro apud LEVY (2005:193)
referem-se ao ciberespaço como abertura de um espaço de comunicação
qualitativamente diferente daqueles que se conhecia antes dos anos 80. Citam que o
ponto fundamental é que o ciberespaço, que seria uma conexão dos computadores
do planeta e dispositivo de comunicação ao mesmo tempo coletivo e interativo, não
se trata de uma infra-estrutura. Para as autoras os ciberespaços são formas de se
usar infra-estruturas e de explorar seus recursos por meio de uma interatividade
52

distribuída e incessante que é indissociavelmente social e técnica. Portanto, o


estudo aborda a interatividade como foco principal e destaca o desenvolvimento e
expansão da EAD.

Outro destaque do trabalho das autoras Cavalcanti e Strozzi foram as


estatísticas da EAD, cuja preocupação foi a abordagem desde a porcentagem de
freqüência por classificação jurídica dos alunos matriculados nas instituições de
ensino que forneciam a EAD, até a porcentagem recursos tutoriais oferecidos aos
alunos pelas instituições, por natureza jurídica no ano de 2005. Novamente salienta-
se que nesta outra pesquisa também ocorre demonstração de preocupação com a
necessidade de propagação desta modalidade de ensino.

Na tabela referente aos Recursos tutoriais oferecidos aos alunos pelas


instituições, por natureza jurídica, em 2005 as autoras mostraram que o e-mail foi o
recurso de apoio tutorial mais oferecido pelas instituições de Educação a Distância
em 2005, ou seja, 86,7% ofereceram este recurso. Em seguida vem o telefone com
82,7%, o professor on-line co 78,6% e o professor presencial com 70,4%. Portanto,
além do alto índice da ferramenta e-mail, o Professor on-line já superava o Professor
presencial.

Fica evidente que a EAD continua influenciando o crescimento do acesso à


informação e, conseqüentemente, ao conhecimento. Como exemplo, cita-se a
Universidade Castelo Branco, situada no Rio de janeiro que fornece grande
quantidade de Cursos de Graduação e Pós-Graduação Lato Sensu, Presencial e à
Distância.

Enfim, o mundo atual traz tecnologias e a informação com grandes


velocidades e a EAD, reitera-se, é uma das modalidades mais adequadas para
atender a demanda do crescimento populacional. A EAD propicia condições de mais
políticas de diversas formas de inclusão, inclusive, especificamente neste trabalho,
que alunos menos favorecidos ingressem e concluam cursos superiores com custos
enores, e ainda, mesmo que estejam muito distantes ou que não existam em suas
regiões de moradias os cursos pretendidos.

Portanto, o principal interesse é que a elaboração desse trabalho contribua


para a expansão da EAD, mesmo que seja uma parcela bem pequenina, pois
53

presume-se que mais conscientização e propagação do assunto propiciam


conhecimento e capacitação a outros profissionais da educação, cidadãos e
cidadãs, os quais poderão elaborar outras pesquisas e publicações a respeito do
assunto, e, dentro de suas esferas de atuação, sensibilizar as autoridades
competentes sobre a importância de cada vez mais se criar e implantar EAD, bem
como capacitar os profissionais da educação para atuarem nela.
54

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Científica, Rio de Janeiro, Centro de Estudos de Pessoal-CEP, Universidade Castelo
Branco-UCB, 2007.
56

TERMO DE RESPONSABILIDADE

Declaro assumir inteira responsabilidade civil e criminal pelo


trabalho que desenvolvi a título de Trabalho de Conclusão de Curso,
exigido pelas Universidade Castelo Branco (UCB) e Fundação Trompowski,
em face da legislação vigente, como pré-requisito para a colação de grau
no Curso de Pós-Graduação – Especialização em Docência do Ensino
Superior.

Estou ciente de que não posso reproduzir, como meu, pensamento


de outro autor, sem citá-lo devidamente, assim como delegar a outrem a
tarefa exigida para conclusão do curso, razão por que declaro-me
devidamente alertado, pelas instituições acima referidas, sobre as
conseqüências de eventual ofensa a direito autoral e sobre o comércio
ilegal de monografias.

Isento, outrossim, o professor orientador, bem como a Universidade


Castelo Branco (UCB) e a Fundação Trompowski, de qualquer
responsabilidade quanto à autoria do trabalho apresentado.

____(Local)________, __(dia)__ de ___(mês)______ de 2010.

___________________________________
(assinatura do aluno)
(CPF)

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