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ESTUDOS SOBRE CRIMES DE INFORMÁTICA

1 – INTRODUÇÃO
O uso dos computadores em rede é o meio de
comunicação que mais impacto vem causando na
história da humanidade. Entretanto, esse mundo
virtual não é sinônimo de mundo ideal, vale dizer,
a par de representar inegável progresso
tecnológico, carrega também potencialidades
indesejáveis à segurança das informações digitais,
quando o ambiente computacional é mal utilizado.

Tal progresso gerou o aparecimento de novos


tipos de crimes ou novas formas de praticar os já
conhecidos.
2 – ANÁLISE

A Assessoria Jurídica considera oportuno e


relevante realizar um estudo sobre os potenciais
crimes de informática, a fim de alertar o nosso
pessoal e contribuir para a mentalidade de
segurança da informação digital.

Parte mais fraca: usuário;


Já existem leis que permitem aplicar punições
aos crimes de informática;

Os crimes cresceram e estão cada vez mais


criativos: exigem que a proteção também
acompanhe;

É importante alertar e disseminar no âmbito naval


a existência de tais crimes.
2.1- CRIMES DE INFORMÁTICA

São os crimes praticados com a utilização do


computador e seus equipamentos acessórios,
que violam bens juridicamente já protegidos por
nossa legislação, como os sistemas e programas
de informática, o sistema de informação, o
patrimônio, a honra, as raças, a religião, a vida, a
criança, a Segurança Nacional, a disciplina
militar, a Administração Militar e outros.
2.1- CRIMES DE INFORMÁTICA

Pesquisas sobre Crimes por Computador, nos


Estados Unidos, revelam que 75% dos crimes
são cometidos por funcionários ou ex-
funcionários contra seus próprios empregadores.
Funcionários Públicos : CIVIL ou MILITAR
2.1.1 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

A Lei nº 9.983, de 14 de julho de 2000 criminaliza


algumas ações na área de Informática praticadas
por Funcionários Públicos.
Lei específica para Funcionários Públicos (aquele
que deveria cuidar dos bens públicos).

“Os documentos públicos sigilosos classificam-se


em três categorias:
I-Ultra-secretos: os que requeiram excepcionais
medidas de segurança e cujo teor só deva ser do
conhecimento de agentes públicos ligados ao seu
estudo e manuseio;
II - secretos: os que requeiram rigorosas medidas de
segurança e cujo teor ou característica possam ser
do conhecimento de agentes públicos que, embora
sem ligação íntima com seu estudo ou manuseio,
sejam autorizados a deles tomarem conhecimento
em razão de sua responsabilidade funcional;

III - reservados: aqueles que não devem,


imediatamente, ser do conhecimento público em
geral.
2.1.1 PRINCIPAIS CRIMES CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
a) Inserção de dados falsos em sistema de
informações.

b) Modificação ou alteração não autorizada de


sistema de informação

c) Divulgação de segredo de sistema de


informação

d) Facilitar o acesso de pessoas não autorizadas


ao sistema de informações
2.1.2 - CRIMES CONTRA A HONRA

a) Calúnia; “Caluniar alguém, imputando-lhe


falsamente fato definido como crime”;

b) Difamação; “ Difamar alguém, imputando-lhe


fato ofensivo à sua reputação”;

c) Injúria: “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a


dignidade ou o decoro”;

d) Ofensa às Forças Armadas - “Propalar fatos,


que sabe inverídicos, capazes de ofender a
dignidade ou abalar o crédito das Forças Armadas
ou a confiança que estas merecem do público”.
2.1.3 – Ameaça

2.1.4 - Divulgação de segredo

2.1.5 – Furto

2.1.6 - Envio de vírus

2.1.7 - Apropriação indébita

2.1.8 - Estelionato
2.1.9 - Violação de direito autoral

2.1.10 - Escárnio por motivo de religião

2.1.11 - Favorecimento da prostituição

2.1.12 - Ato obsceno

2.1.13 - Incitação ao crime

2.1.14 - Apologia de crime ou criminoso


2.1.15 - Falsificação de documento público

2.1.16 - Falsa identidade

2.1.17 – Insubordinação

2.1.18 - Jogos de azar

2.1.19 – Pedofilia

2.1.20 - Crime de preconceito e discriminação


2.1.21 - Crimes contra a segurança nacional

2.1.22 - Sabotagem nos meios de


comunicações

2.1.23 - Crimes de lavagem de dinheiro

2.1.24 - Crimes De Software Na Lei 9.609/98


2.2 - LEVANTAMENTO DE PROVA E
EVIDÊNCIAS

O grande problema relacionado aos crimes


digitais é a quase ausência de provas materiais
que provem que o autor consumou o crime.

Vale ressaltar que todos os crimes ora tratados


neste estudo exigem o elemento dolo. No caso
de se reconhecer a culpa, recairá na hipótese de
contravenção disciplinar.

Dolo é quando o agente teve a intenção de


provocar o resultado.
2.2 - LEVANTAMENTO DE PROVA E
EVIDÊNCIAS

Já a culpa é quando o agente, deixando de


empregar a cautela, atenção ou diligência
ordinária, deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
Nos crimes praticados por meio da informática
será de suma importância a utilização da prova
pericial realizada por quem tem conhecimento
específico sobre informática, programação e
“Internet”.

Deverão ser nomeados dois peritos, que


informarão no laudo pericial o tipo de
equipamento utilizado, seu estado, os
programas instalados, os arquivos, os
disquetes e outras considerações importantes,
atentando para a materialidade do delito.
3 – CONCLUSÃO

Em face do exposto, neste trabalho entende-se


que os benefícios da modernidade e celeridade
alcançados com o uso de computadores
interligados em rede trazem, na mesma
proporção, a prática dos crimes cometidos por
meio da informática, conforme os divulgados
neste trabalho.

A maioria de tais crimes é praticada pelo uso do


correio eletrônico, pelas “homepages” ou pelos
programas de rede de computadores.
3 – CONCLUSÃO

Ainda assim, torna-se necessário alertar ao


pessoal da Marinha que, com a aprovação da Lei
9.983, de 14 de julho de 2000, hoje é considerado
como criminoso o agente público que atue como
um “hacker”, contra o sistema de informações da
Administração Pública.
Diante da complexidade do assunto, caberá a
todos, principalmente aos ligados às áreas
jurídica e de informática, trabalharem juntos a fim
de adotar mecanismos legais de proteção, bem
como na interpretação de tais condutas diante da
legislação penal em vigor, de vez que a maioria
absoluta delas já está perfeitamente enquadrada
como crime, bastando que se dê aos antigos
delitos penais a sua correta e atualizada
aplicação da interpretação normativa, levando
em consideração os objetivos do infrator.
Desta forma, não se pretendeu esgotar o
assunto, pois acredita-se que a discussão
permanente sobre a matéria tem o condão de
alertar ao pessoal da Marinha sobre esse novo
direito que já está entre nós, vindo a sugerir a
ampla divulgação da existência dos crimes de
informática, objetivando solidificar e aprimorar a
detecção das novas circunstâncias que se
apresentam, servindo de alerta preventivo contra
ações ou omissões delituosas.
Referências:

a) Lei 9.983/2000 - Crimes cometidos por funcionários públicos contra a


Administração Pública;

b) Lei 9.613/1998 - Dispõe sobre crimes de lavagem de dinheiro;

c) Lei 9.609/1998 - Regulamenta os crimes de software;

d) Lei 8.069/1990, art. 241 (Pedofilia);

e) Lei 7.716/1989, art. 20, (Racismo);

f) Lei 7.170/1983 - Dispõe sobre os crimes contra a Segurança Nacional;

g) Código Penal Comum; e

h) Código Penal Militar.

Extraído da Nota Técnica nº 020/2002

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