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DIREITO PENAL

PEÇA PRÁTICA
MEMORIAIS
PEÇAS DE PRÁTICA PENAL

Memoriais (Rito Comum)


INTRODUÇÃO

Previstos no nos arts. 403, § 3º e 404, CPP, os memoriais são as alegações escritas, que substituem as
alegações orais.

CABIMENTO

Substituição às alegações orais no procedimento ordinário e do júri. A previsão é de que as alegações


das partes sejam feitas oralmente, mas, em certos casos, podem ser feitas por escrito. A peça das
alegações finais chama-se Memoriais.
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Cabível quando o caso for complexo (art. 403, § 3º), em razão do tema, ou porque os autos tem muitos
volumes, ou em razão do número de réus (art. 403, § 3º).

Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas
alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa,
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder
às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse
caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.

Também prevê a lei a hipótese em que há alguma diligência imprescindível ordenada em diligência (art.
404).
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da
parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. (Redação dada pela Lei nº 11.719,
de 2008).
PRAZO
Sucessivo (primeiro o prazo da acusação, depois a defesa) de 5 dias

SUMÁRIO
Sem previsão legal, cabível por analogia, segundo a doutrina e a praxe forense.

SUMARÍSSIMO
Sem previsão legal

JÚRI
Sem previsão específica, mas há a aplicação subsidiária dos arts. 403 e 404.
TESES POSSÍVEIS
Preliminar

•Incompetência do juízo
•Inépcia da inicial
•Nulidade
•Cerceamento de defesa
•Extinção de punibilidade

Mérito (principal e subsidiárias)

•Absolvição
•Pedido de absolvição deverá ser feito com base no art. 386, CPP.
•Desclassificação
•Afastamento de qualificadoras, causas de aumento de pena e agravantes
•Reconhecimento de causas de diminuição de pena, privilégio ou atenuante
•Fixação da pena no mínimo legal, baseado nas circunstâncias do art. 59
•Regime de cumprimento de pena mais brando
•Substituição da pena
Dica:

Na prova da OAB, será fácil concluir que cabe a apresentação de memoriais.

Tal peça é sempre ao final da instrução probatória e o enunciado dirá que a acusação
apresentou seus memoriais com suas postulações, normalmente a condenação.
Comentário: Quando for de
competência da Justiça Federal:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ
CRIMINAL DA COMARCA DE __________ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA
JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DE ______________

______________, já qualificado nos autos da ação penal nº _______ que Comentário: As alegações devem ser
feitas oralmente no fim da audiência de
lhe move o Ministério Público, vem, por seu advogado, a presença de instrução e julgamento. Contudo, o art.
403, § 3º, estabelece que se o caso for
Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS *,nos termos do art. 403, § 3º, complexo e houver número excessivo
de réus, as alegações orais serão
do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas. substituídas por memoriais, no prazo
de 5 dias. Do mesmo modo, nos termos
1. Dos fatos do art. 404, se for determinada pelo
juiz, de ofício ou a requerimento das
O réu está sendo acusado ...................... partes, alguma diligência, também
Comentário: Expor as teses serão apresentados memoriais no
2. Do direito defensivas, analisando o mesmo prazo.
conjunto probatório. As teses
poderão ser: nulidade, extinção
de punibilidade, tese principal de
mérito, teses subsidiárias.
2.1. Preliminar Comentário: Alegação de nulidade.
Se não houver nenhuma tese, não
há por que inventar teses de
2.2. Mérito
nulidade.

Comentário: Tanto a tese principal,


normalmente visando à absolvição
3. Pedidos (atipicidade da conduta, excludente
Comentário: Pedido formulado de ilicitude ou culpabilidade e
de acordo com as teses ausência de provas), como as teses
Ante todo o exposto, requer:
expostas anteriormente. Vide subsidiárias (configuração da
opções abaixo. tentativa, inexistência de
Comentário: Só haverá pedido de
anulação se houver alguma qualificadora ou causa de aumento
preliminar. Não se deve “inventar” de pena prevista na denúncia,
preliminar, quando não há nada desclassificação, etc)..
passível de alegação.

Comentário: Mencionar o ato viciado..


a) A anulação * do processo a partir de ____, nos termos do art.
564,inciso ____, do Código de Processo Penal

b) A extinção punibilidade, nos termos do art. 107, inciso ____, do


Código Penal.

c) A absolvição do réu, por _______________ , nos termos do art. 386,


_______ , do Código de Processo Penal.
Comentário: Exposição das teses
subsidiárias. Possíveis teses:
afastamento de qualificadoras ou causas
d) Em caso de condenação *, o que se admite apenas por amor à de aumento de pena; desclassificação
argumentação *, que seja reconhecido para crime mais brando; pena fixada no
mínimo legal; regime inicial mais
favorável possível; substituição da pena
privativa de liberdade por pena restritiva
de direitos.

Comentário: A expressão significa que a exposição de tese


Termos em que, subsidiária não é a renúncia da tese principal. Podem ser
Pede deferimento usadas outras locuções: “o que se admite apenas para
argumentar”, “somente para se apresentar ex absurdo”, “ad
Local, data argumentandum tantum”. Também é possível usar:
“abstraindo-se a absoluta falta de provas para a condenação,
cabe a defesa expor, ainda, que............”.
Advogado
OAB-SP
ATIVIDADE

Pedro foi acusado de roubo qualificado por denúncia do Promotor de Justiça da comarca, o dia 1 de julho de 2006.
Dela constou que ele subtraiu importância em dinheiro de Antônio, utilizando se de um revólver de brinquedo. Arrolou,
para serem ouvidos, a vítima e dois policiais militares.
O Juiz ouviu-o no dia 5 de setembro de 2006, sem a presença de defensor, ocasião em que ele confessou, com
detalhes, a prática delituosa, descrevendo a vítima e afirmando que o dinheiro fora utilizado na compra de drogas.
Afirmou, ainda, que havia sido internado várias vezes para tratamento. O defensor nomeado arrolou três testemunhas
na defesa prévia. A vítima, ao ser ouvida, confirmou o fato e afirmou que não viu o rosto do autor do crime porque
estava encoberto e, por isso, não tinha condições de reconhecê-lo. Os dois policiais afirmaram que ouviram a vítima
gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram; contudo, no dia seguinte, houve, no mesmo local, outro
roubo, sendo o acusado preso quando estava fugindo e, por isso, ligaram o fato com o do dia anterior; o acusado, por
estar visivelmente “drogado”, não teve condições de esclarecer o fato. As testemunhas de defesa nada disseram sobre
o fato; confirmaram que o acusado tinha problemas com drogas e, por isso, era sempre internado. Na fase do 402
CPP, nada foi requerido pelas partes. O Promotor de Justiça pediu a condenação, alegando que a materialidade estava
provada e que a confissão do acusado, pelos informes que continha, mostrava ser ele o autor do crime. Quanto às
penas, entendeu que poderiam ser aplicadas nos patamares mínimos. Intimado o acusado para os fins do artigo 403,
§3º, do CPP, seus pais resolveram contratar um advogado para defendê-lo.

QUESTÃO: Como Advogado, apresente a peça adequada, com todos os argumentos e pedidos cabíveis na
defesa do acusado.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...

Processo nº....

PEDRO, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, por meio de seu
advogado (procuração anexa), apresentar seus

MEMORIAIS ESCRITOS

com base no Art. 403, §3º do CPP e demais legislação aplicável à espécie, nos autos do processo que
lhe move a Justiça Pública, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

DOS FATOS

O acusado está sendo processado por roubo qualificado, por supostamente, tem, com uso de arma
de brinquedo, subtraído o bem da vítima...
DAS PRELIMINARES
1. DA NULIDADE DA AUDIÊNCIA
Excelência, a ordem do interrogatório do acusado e oitiva da vítima e das testemunhas, descrita no Art. 400, caput, do
CPP, foi desrespeitada, já que o réu foi o primeiro a ser interrogado, e não o último, como deveria ser.

Tal fato acarreta graves prejuízos ao acusado, tendo em vista que ele não pôde se defender de todos os fatos que a
ele estavam sendo imputados. Isso, por si só, viola o princípio do contraditório e, principalmente, o da ampla defesa,
devendo toda a audiência ser declarada nula, nos termos do Art. 5º, LV da Constituição Federal e do Art. 564,

2. DA NULIDADE DO INTERROGATÓRIO E DA CONFISSÃO

Caso Vossa Excelência, não entenda em anular a audiência, requer-se a declaração da nulidade do interrogatório do
réu, tendo em vista ter sido ele interrogado sem o seu defensor.

Isso porque, de acordo com o Art. 185, caput e a Art. 261 ambos do CPP, deve o acusado ser interrogado na presença
do seu defensor. Sem dúvida, tal fato viola, mais uma vez, o princípio da ampla defesa que garante ao réu, entre
outros aspectos, o direito irrenunciável à defesa técnica. Portanto, deve o interrogatório, de acordo com o Art. 564, III,
c, ser declarado nulo.

Ademais, a confissão obtida neste interrogatório, a qual serviu de fundamento o pedido de condenação do Ministério
Público deve ser desentranhada do processo, pois se trata de uma prova ilícita (Art. 157, CPP), já que produzida sem a
presença do advogado do réu, sendo inadmissível nos presentes autos, conforme o Art. 5º, LVI da Constituição
Federal.
DO MÉRITO

Caso Vossa Excelência, não entenda em acolher as nulidades requeridas, requer-se que, no mérito, seja
o acusado absolvido por insuficiência de prova da condenação, nos termos do Art. 386, VII.

Isso porque a vítima não reconheceu o réu e os policiais, em seu depoimento, disseram “(...) que
ouviram a vítima gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram; contudo, no dia seguinte,
houve, no mesmo local, outro roubo, sendo o acusado preso quando estava fugindo e, por isso, ligaram
o fato com o do dia anterior”;

Ora, Excelência, percebe-se que houve presunção de culpa, o que é proibido terminantemente no
processo penal. Cabe ressaltar que o acusado, por estar visivelmente “drogado”, não teve condições de
esclarecer o fato e nem de roubar qualquer pessoa.

Saliente-se, inclusive, que o réu, por várias vezes, já esteve internado por conta das drogas, sendo um
depende químico e necessitando, portanto, de proteção do Estado, podendo, inclusive, ser absolvido
com base no Art. 45 da Lei 11.343/06, por se tratar de pessoa inimputável, tendo a sua culpabilidade
excluída, portanto.
DA DESCLASSIFICAÇÃO

Por fim, Excelência, a despeito dos argumentos anteriores, se, ainda assim, Vossa Excelência, insistir na condenação do
acusado, requer-se a desclassificação do delito de roubo qualificado, para roubo simples.

Tal pedido se dá, porque o roubo supostamente praticado ocorreu com arma de brinquedo, e esta não enseja a
qualificado do Art.157, §2º, I, do CP, pois a Súmula 174 do STJ tendo sido cancelada.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer que Vossa Excelência, se digne do seguinte:


a) Declarar nula a audiência, por inversão da ordem do Art. 400 do CPP ou, subsidiariamente do interrogatório do
acusado, por ter sido este ouvido sem seu defensor, determinando ainda o desentranhamento da confissão por ele
feita, nos termos do Art. 157 do CPP
b) Caso assim não entenda, que absolva o acusado por insuficiência de prova para a condenação, nos termos do Art.
386, VII do CPP.
c) Por fim, se não entender em conformidade com os pedidos anteriores, pede-se a desclassificação do roubo
qualificado para roubo simples, condenando o acusado no mínimo legal.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local/data
ADVOGADO
OAB
DICAS
Procure montar um “esqueleto” da peça, uma breve estrutura dos elementos que ela deverá conter.

Comece lendo o enunciado com atenção e identifique a peça.

Compreenda o problema identificando:

1. o tipo penal tratado pelo problema;


2. a ação penal;
3. o rito processual;
4. o momento processual
5. as partes;
6. a competência;
7. a situação prisional (se no enunciado houver menção que o agente está preso);
8. teses preliminares, de mérito e subsidiárias. Faça um sumário com as teses que serão arguidas.
Fique atento a alguns detalhes importantes:

Assinatura da peça: Jamais assine ou coloque o seu nome na peça. Você será automaticamente desclassificado.
Ortografia e gramática: Muito cuidado com a ortografia. Erros de português são avaliados e poderão prejudicá-lo. Evite
abreviaturas, prefira escrever as palavras por extenso. Muito cuidado com erros de português, tais como erros de
acentuação e ortografia.
Muita atenção à regência, concordância e aos tempos verbais. Muito cuidado com a pontuação.
Vocabulário: Não se esqueça de que o edital da OAB não menciona a obrigatoriedade do uso de palavras em latim. É
comum o uso de vocábulos e expressões típicos do universo jurídico, pois transmite à peça maior profissionalismo, mas se
não tiver certeza de como escrever, não escreva. Evite a repetição de palavras utilizando-se de sinônimos.
Paragrafação e respeito às margens: A primeira linha de cada parágrafo (com exceção do endereçamento) deve iniciar
levemente deslocada para a direita. Além disso, não ultrapasse o espaço entre as margens da folha reservado à redação.
Limpeza: A apresentação estética da peça tem sido item expresso da avaliação da prova. Preste atenção às margens da
folha; não escreva fora da pauta e evite rasuras. Caso tenha cometido algum erro, a solução é passar um traço sobre a
palavra e prosseguir.
Letra clara e legível: a petição escrita em letra ilegível exige mais atenção do examinador e revela uma atitude negligente
e descuidada por parte do candidato.
Rascunho: Antes de elaborar a peça, faça um rascunho do que deve ser pedido, para que nada seja esquecido. É
preciso, entretanto, observar o tempo a ser despendido para passar a limpo a petição, pois o conteúdo da folha de
rascunhos em hipótese alguma será corrigido.
FIM
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