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Disciplina: Peças Criminais do MP

Professor: Luis Mileo


Aula: 04 | Data: 16/02/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

MEMORIAIS E RAZÕES DE APELAÇÃO


1. Memoriais
1.1. Conceito
1.2. Conteúdo
1.3. Modelo

MEMORIAIS E RAZÕES DE APELAÇÃO

1. Memoriais:

1.1. Conceito:

É uma peça importante porque analisa todo o processo. O prazo é de 05 dias, inicialmente para o MP e depois para
a defesa. É uma peça que implica na análise de todas as alegações e provas.

Nesse momento, se usa doutrina, jurisprudência e súmula.

É importante ter cuidado, todavia, já que se citar uma jurisprudência é essencial ter certeza do entendimento. Pode-
se citar da seguinte maneira: “Conforme entendimento dos Tribunais Superiores...” ou “De acordo com julgados
reiterados do STJ...”.

Se for citar a doutrina, importante também citar com precisão, com certeza. Não há necessidade de citar de forma
precisa (livro, página, etc.), pode-se dizer “É entendimento do Professor...”. Cuidado com o termo “saudoso”, esse
é apenas para professores já falecidos.

1.2. Conteúdo:

Importante consultar o Manual de Atuação Funcional do Ministério Público do Estado de São Paulo, antes de
elaborar essa peça para verificar o que ela deve conter.

O Manual determina, no seu artigo 70, o seguinte conteúdo:

Art. 70. Por ocasião das alegações finais orais ou por memorial:
I – relatar o processo, nas hipóteses previstas em lei;
II – requerer a conversão do julgamento em diligência quando
imprescindível;
III – arguir as nulidades absolutas e as relativas eventualmente
ocorridas em prejuízo do Ministério Público;
IV – analisar a prova colhida e expor os fundamentos de fato e de
direito que formaram a sua convicção, manifestando-se
expressamente sobre as qualificadoras, agravantes, atenuantes,

SENTENÇA CÍVEL E PEÇAS DO MP


CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
causas de aumento ou de diminuição de pena e consumação ou não
do delito;
V – manifestar-se sobre a dosagem da pena e:
a) requerer a fixação da pena-base, observando inicialmente se os
limites a serem adotados são da modalidade simples ou qualificada do
delito e, em seguida, as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código
Penal;
b) verificar, após, as circunstâncias agravantes e atenuantes legais
(arts. 61 a 67 do Código Penal);
c) requerer a incidência sobre a pena, calculada como previsto nas
alíneas anteriores, das causas de aumento e em seguida de diminuição
de pena, observando, quando couber, o parágrafo único do art. 68 do
Código Penal;
d) observar, quando incidirem várias qualificadoras, que uma delas
qualifica o delito, enquanto que as demais podem ser consideradas
como circunstâncias judiciais85 ou, quando previstas, como
circunstâncias agravantes;
e) observar, quando incidirem causas de aumento de pena, se o
acréscimo pode ser acima do mínimo legal;
f) requerer, obrigatoriamente, a fixação do regime inicial de
cumprimento da pena privativa de liberdade que entender adequado,
observando as circunstâncias do fato criminoso e as pessoais do réu;
84 Art. 43, III, da Lei 8.625/1993.
g) verificar se é caso de substituição da pena privativa de liberdade por
multa ou restritiva de direitos ou de concessão de suspensão
condicional da pena, requerendo a aplicação de condições86 ou de
penas restritivas de direitos87 adequadas ao caso e ao réu;
h) atentar sempre para a existência ou não da reincidência e as suas
consequências na fixação da pena;
VI – manifestar-se sobre a incidência ou não de prisão preventiva ou
outra medida cautelar;
VII – cuidar nas manifestações orais para que seja realizado seu fiel
registro no termo, ainda que resumidamente;
VIII – manifestar-se sempre sobre o mérito, mesmo que tenha alegado
alguma preliminar que, se acolhida, impeça o julgamento da causa.

Destaca-se que nos memoriais, segundo o Manual, deve o MP:

A. Relatar o processo;
B. Requerer a conversão do julgamento em diligência quando imprescindível – não deve ser cumprido;
C. Arguir nulidades absolutas ou relativas eventualmente ocorridas em prejuízo do MP (em prejuízo da defesa
o MP não deve arguir);
D. Analisar a prova colhida e expor os fundamentos para o convencimento, manifestando-se sobre a
dosimetria da pena (através do sistema trifásico);
E. Sendo processo perante o Tribunal do Júri, é importante observar que são apresentados antes da decisão
de primeira fase, portanto, deve-se requerer a pronúncia, se o caso não for condenação (só na segunda
fase);
F. Etc.

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Tratemos agora de construir um modelo para os memoriais.

1.3. Modelo:

Importante se ater às informações conferidas no problema (não aumentar, nem inventar dados).

Problema:

José da Silva foi denunciado e está sendo processado perante a 1ª Vara Criminal da Capital, por infringir, por duas
vezes o artigo 155, parágrafo 4º, incido I c/c artigo 71, caput ambos do Código Penal. Na noite de 02 de janeiro do
ano corrente, por volta das 21:30 horas, após ingressar na garagem de um prédio situado na Rua 01, nº 100, nesta
capital, entortando a porta do automóvel, subtraiu para si um rádio (avaliado em R$180,00) que estava instalado
no veículo Fiat, pertencente a Paulo de Souza. Em seguida, aproveitando-se das condições de tempo e lugar,
ingressou em um estacionamento localizado no nº 104 da referida rua em novamente, entortando a porta do
veículo, subtraiu para si outro rádio, do mesmo valor que estava instalado no veículo Volkswagen, de propriedade
de José Teixeira. Depois de sair do locar foi preso em flagrante por policiais militares. Na ocasião foi apreendido
todo o produto do crime e devolvidos ais seus legítimos proprietários.

O auto de prisão em flagrante está às fls. 02/11. O boletim de ocorrência está às fls. 12/13. O auto de exibição e
apreensão da coisa à fl. 14. O auto de avaliação as fls. 15. Os laudos periciais comprovando os danos nos veículos
às fls. 27/28.

A denúncia foi recebida à fl. 39. Defesa às fls. 42/43, na qual requereu-se a absolvição sumária em razão da
insignificância.

Testemunhas arroladas foram ouvidas às fls. 54/57. Réu interrogado às fls. 58. Na fase do 402 CPP o MP pugnou
pela vinda de certidões criminais atualizadas.

Ouvido na fase policial João preferiu silencio. Em juízo, todavia, confessou os delitos alegando dificuldade financeira
e para custear seu vício pelas drogas. Os policiais foram ouvidos e também as vítimas.

O réu responde a outros inquéritos e processos por infrações semelhantes.

Encerrada a instrução, os debates foram convertidos em memoriais.

Na qualidade de promotor de justiça construa a peça adequada.

Construção do modelo:

A. Endereçamento:

Vara de origem, número do processo, partes, MP e réu, nome da peça e a quem é direcionada (“Meritíssimo
Juiz”).

No caso, ficar da seguinte maneira:

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1ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo
Autos nº 01/12
Autor: Ministério Público
Réu: João da Silva

Memoriais do Ministério Público

Meritíssimo Juiz,

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