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PRÁTICA PENAL FORENSE

COMO IDENTIFICAR A PEÇA?


 A identificação da peça na segunda fase da OAB requer do
candidato:
1. Atenção na leitura;
2. E conhecimento dos procedimentos penais e de suas
etapas;

 Importância de discussão das fases e etapas processuais.


ITER PROCESSUAL
 Para fins didáticos, vamos destrinchar o procedimento penal em três fases:
Pré -processual;
Processual
Pós-processual
 A fase pré-processual antecede a citação formal para que determinada
pessoa responda aos termos de uma ação penal, seja ela pública ou privada.
 A fase processual se inicia com o recebimento da exordial acusatória,
seguido da citação e da triangulação da relação jurídico-processual.
 Já a fase pós-processual só tem início com o trânsito em julgado da
decisão que põe termo ao processo.
FASE PRÉ-PROCESSUAL
 A fase pré-processual da persecução penal nos traz algumas
possibilidades de peças, sendo as principais:
i. Defesa prévia (Lei de Drogas, art. 55).
ii. Queixa-crime (sendo ação penal privada ou subsidiária da
pública).
iii. Liberdade provisória.
iv. Relaxamento da prisão em flagrante.
v. Revogação da prisão em preventiva**.
vi. Defesa preliminar (crimes funcionais – art. 312 ao 326,
CPB, p. ex.).
FASE PROCESSUAL
 É a fase com maior número de peças, por abarcar defesas e recursos.
 Tem como principais peças:
 Resposta à Acusação
 Memoriais
 Maioria dos recursos, em geral

FASE PROCESSUAL
 Poucos são os instrumentos processuais que podem ser utilizados
nessa fase: Agravo em Execução; Revisão Criminal e Habeas corpus,
como exemplos.
ETAPA 1 – POSTULAÇÃO
1. QUEIXA CRIME
 A queixa-crime é a peça inicial a ser manejada pelo ofendido ou por seu
representante legal, nos crimes de ação penal privada ou ação penal pública
(condicionada ou não), nos casos de inércia do MP para a propositura da
ação penal.
 A peça tem o prazo da ação penal privada.
 Sua legitimidade é determinada nos arts. 30 e 31 do CPP.
 Os dispositivos legais que a fundamentam são: art. 30, 31 e 41, CPP; art.
100, § 2º, CP.
 Atenção! Caso seja QC subsidiária, o fundamento é o artigo 5º, inciso
LIX, CF, bem como o art. 29, CPP.
 Ação penal privada personalíssima.
1.1. ESTRUTURA DA PEÇA

 A queixa é estruturada da seguinte forma:


1- Endereçamento: observar a competência e o procedimento.
2- Preâmbulo/Introdução: espaço em que será realizada a qualificação das partes, a
inserção da fundamentação e a constituição do advogado. Detalhe importante – art.
44, CPP
3- Dos Fatos – descrição minuciosa!
4- Do Direito – a matéria de direito é, na maioria das vezes, relacionada aos crimes
contra a honra, por isso, é importante observar o RITO.
5- Dos Pedidos
6- Protesto por provas
7- Fecho
 Em 13 de janeiro de 2017, o advogado Henrique
Morais, em entrevista ao NETV, afirmou que Sérgio
Moro, juiz de direito, havia solicitado a quantia de R$
80.000, 00 (oitenta mil reais) para absolver um de seus
clientes, Zé Paulo, que estava sendo processado por
estelionato. Procurado por Sérgio Moro, adote a medida
processual cabível, privativa de advogado, para proteger
os interesses de seu cliente.
 MONTANDO O ESQUELETO:
1. Endereçamento.
2. Número do processo, qualificação e fundamento
legal.
3. Há particularidade? (discriminação dos fatos)
4. Descrição dos fatos.
5. Desenvolvimento de preliminares.
6. Mérito.
7. Subsidiárias – tem ampla variação de acordo com a peça.
8. Pedidos e protesto por provas (se cabível)
2. DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO
 No procedimento penal, a resposta à acusação é a
primeira oportunidade de defesa após a citação do
acusado.
 Sem ela, o processo não segue. Por essa razão, a sua
ausência constitui nulidade absoluta (súmula 523,
STF)
 Na resposta à acusação, o mais comum é a banca
cobrar uma das hipóteses do art. 397, CPP, para
possibilitar a absolvição sumária.
2. DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO
 Também é importante atentar ao 395, CPP e às hipóteses
de nulidade.
 O prazo da RA é de 10 dias, a contar da efetiva citação.
 Não se deve confundir, em hipótese alguma, a RA com as
famosas defesas prévias e preliminares.
 Os dispositivos que a fundamentam são os art. 396 e 396-
A, CPP, caso o procedimento seja o comum ordinário. No
caso de procedimentos especiais, é importante verificar se
há artigo específico para a Resposta, p. ex. o art. 406, CPP.
2.1. ESTRUTURA DA PEÇA
 Após identificar que a peça é uma Resposta à Acusação, é interessante seguir a seguinte
estrutura:
1. Endereçamento – sempre o juízo que recebeu o processo e determinou a citação!
2. Preâmbulo – qualificação das partes, inserção dos artigos que a fundamentam e a
constituição do advogado.
3. Dos fatos – não é necessária uma descrição exaustiva dos fatos. Seja objetivo.
4. Provável que apareçam preliminares! O art. 395, CPP, deve ser bem manejado, juntamente
com o art. 564, CPP. Além disso, algumas outras possibilidades de preliminares:
a) Exceções – art. 95, CPP;
b) Questões prejudiciais – art. 92 e ss., CPP;
c) Ilicitude de prova – art. 157, CPP;
2.1. ESTRUTURA DA PEÇA

1. Do direito – atenção ao desenvolver o direito nessa peça.


a) De certeza, alguma causa de absolvição sumária estará presente, conforme traz o
art. 397, CPP.
b) Cuidado: em sede de R.A., a extinção de punibilidade é tese de mérito.
2. Dos pedidos – construir os pedidos conforme a sequência lógica das teses.
3. Do protesto por provas.
4. Fecho.
ETAPA 2 – PROVAS, INSTRUÇÃO E
ALEGAÇÕES FINAIS
3. PRISÕES
 A maioria das peças relacionadas às prisões podem ser manejadas tanto em
momento pré-processual como pós-processual.
 As peças cabíveis que vamos tratar são três:
 o relaxamento de prisão;
 a revogação e;
 a liberdade provisória.
 Paralelamente, vamos discutir brevemente os três tipos de prisão não
definitivas que temos em nosso ordenamento:
 a prisão em flagrante;
 a temporária e;
 a preventiva.
3.1. LIBERDADE PROVISÓRIA X
RELAXAMENTO X REVOGAÇÃO
3.2. LIBERDADE PROVISÓRIA
 Endereçamento: direcionar ao juiz da audiência de custódia/plantão da audiência que recebe o auto de prisão em
flagrante.
 Preâmbulo e fundamentação: verificar se foi dado número de inquérito, fazer a qualificação, mencionando a
procuração, para depois partir para o fundamento normativo: art. 5º, LXVI, da CF, art. 310, III, do CP e 321 do CPP
– lembrar da utilização do § único do art. 310.
 Dos fatos: diferentemente das outras peças de defesa, é interessante aqui fazer uma exposição boa dos fatos, em
especial, sobre o contexto fático da desnecessidade da prisão e da ausência de requisitos da decretação da prisão.
Mas, cuidado, não seja redundante!
 Do direito: esse tópico é o momento de você especificar a razão da desnecessidade da prisão, os requisitos de
decretação ausentes, adequando o fato à norma e utilizando os dispositivos legais dos respectivos institutos jurídicos
utilizados.
 Importante ressaltar, por exemplo, a falta dos fundamentos previsto no art. 312, CPP, para conversão do flagrante em preventiva.
 É bom também se atentar ao art. 314, CPP.
 Ficar atento à reincidência, à pena máxima do crime que está sendo imputado ao acusado, se é afiançável ou não etc. Tudo isso
vai possibilitar seu desenvolvimento em relação
 Dos pedidos: oitiva do MP (exceto nos casos em que foi concedida fiança – art. 333 do CPP), o recebimento da
peça, a liberdade provisória em favor do acusado, com a consequente expedição do alvará de soltura.
 Fecho: finalização da peça, como orientado nos capítulos anteriores: “nestes termos, pede deferimento”. Logo após,
indicar local, a data, advogado e OAB.
3.3. RELAXAMENTO
 Endereçamento: Direcionar para o juiz da audiência de custódia/plantão da audiência que recebe o auto de prisão
em flagrante.
 Preâmbulo e fundamentação: verificar se foi dado número de inquérito, fazer a qualificação, mencionando a
procuração, para depois partir para o fundamento normativo: art. 5º, LXV, da CF e art. 310, I, CPP, caso seja sobre
prisão em flagrante.
 Dos fatos: Também é interessante aqui fazer uma exposição boa dos fatos, em especial, sobre o contexto fático da
ilicitude da prisão. Mais uma vez, cuidado: não seja redundante!
 Do direito: nesse tipo de peça, geralmente a matéria de direito está relacionada às nulidades do ato prisional e
provas ilícitas que ensejam a ilegalidade da prisão. Por essa razão, é essencial realizar a leitura do caso com atenção.
 Se atentar se os requisitos do flagrante estão cumpridos, principalmente em relação aos art. 302, 304, 306 e 307, CPP.
 Verificar também se as hipóteses de cabimento da preventiva estão satisfeitas, nos termos do art. 313, CPP.
 Alegar eventuais problemas de ilicitude da prova que justifica a prisão, nos termos do art. 157, CPP
 Caso haja impedimento de tratar com o advogado, também analisar o art. 7º do EAOAB.
 Importante: esse tópico é o momento de você especificar quais as ilegalidades contidas na prisão que se está combatendo,
adequando o fato à norma e utilizando os dispositivos legais dos respectivos institutos jurídicos utilizados.
 Dos pedidos: oitiva do MP, recebimento da peça, o relaxamento da prisão, com a consequente expedição do alvará
de soltura.
 É interessante fazer em tópicos, como já orientado em outros momentos.
 Fecho: “nestes termos, pede deferimento”. Logo após, indicar o local, a data, advogado e OAB.
3.4. REVOGAÇÃO
 Endereçamento: direcionar para o juiz que determinou a prisão.
 Preâmbulo e fundamentação: fazer a qualificação e verificar qual tipo de prisão, adotando os
seguintes fundamentos para cada uma:
 Preventiva – art. 312 do CPP c/c art. 316 do CPP
 Temporária – art. 1º, inciso I ou II da Lei 7.960/89.
 Dos fatos: Também é interessante aqui fazer uma exposição boa dos fatos, em especial, sobre o
contexto fático da desnecessidade da prisão. Mais uma vez, cuidado: não seja redundante!
 Do direito: aqui, duas opções vão sobrar para seu desenvolvimento:
 Se for em relação à prisão preventiva, você deve se ater ao art. 312, CPP, explicando que os fundamentos do
artigo não estão presentes na situação em concreto.
 Caso seja relacionada à prisão temporária, a discussão girará em torno do art. 1º, incisos I ou II, da Lei
7.960/89.
 Dos pedidos: oitiva do MP, recebimento da peça, a revogação da prisão, com a consequente
expedição do alvará de soltura.
 Fecho: finalização da peça, como orientado anteriormente: “nestes termos, pede deferimento”.
Logo após, indicar o local, a data, advogado e OAB.
4. ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
 As alegações finais possuem importância fundamental no processo penal
prático. Seu momento de apresentação é no fim da audiência de instrução,
quando oral, ou em prazo de 5 dias após a intimação em momento posterior
à audiência.
 É a peça que antecede a prolação da sentença.
 Seu fundamento normativo pode variar conforme o caso:
 Caso a causa seja complexa – art. 403, §3º, CPP
 Caso haja determinação de diligência imprescindível – art. 404, CPP
 O conteúdo das alegações deve ser o mais COMPLETO possível. Isso
significa que não só as nulidades e a tese principal devem ser
desenvolvidas... Toda a dosimetria, em suas três etapas, deve ser
destrinchada!
4.1. ESTRUTURA DA PEÇA
 A estrutura dos memoriais, no procedimento comum, é a seguinte:
 Endereçamento ao juiz competente;
 Preâmbulo e fundamentação – art. 403, §3º, CPP ou art. 404, CPP;
 Descrição dos fatos;
 Teses:
 Observar as nulidades – art. 564, CPP, entre outras;t
 Observar a tese principal – art. 386, CPP, entre outros;
 Observar se há emendatio/mutatio libelli
 Realizar a dosimetria da pena, partindo das fases de forma progressiva.
 Regime de pena e outros benefícios possíveis;
 Pedidos – progressivo, conforme as teses que foram apresentadas;
 Fecho.
 No caso do júri, as Alegações Finais por Memoriais também podem ter espaço – vide art. 394, §5º, CPP.
No entanto, as teses são diferentes, buscando a absolvição sumária do art. 415, CPP; a desclassificação
do art. 419, CPP; a impronúncia, ou até mesmo que o juiz pronuncie de forma mais branda.
4.2. POSSÍVEIS PRELIMINARES
 Possíveis preliminares para memoriais – e outras peças:
a) Nulidades – art. 564, CPP, entre outros;
b) Reconhecimento de provas ilícitas – art. 157, CPP/art. 5º, LVI, CF;
c) Remessa dos autos ao MP para a proposta de suspensão condicional do processo – art 89, Lei
9.099/95 + Súmula 696, STF;
d) Causas extintivas da punibilidade (tecnicamente são consideradas como prejudiciais de mérito,
mas podem ser adotadas como preliminares);
e) Se for o caso, relatar a existência de questão prejudicial ao julgamento da causa. Solicitando ao
magistrado a suspensão do processo para adotar o preconizado nos arts. 92 a 94 do cpp;
f) Incompetência do órgão jurisdicional (tecnicamente deveria tal matéria ser alegada como exceção.
No entanto, como foi visto em sala de aula, a FGV já aceitou a alegação de tal matéria como
preliminar na peça principal da defesa).
g) Obediência a regra da mutatio libelli - art. 384 do CPP – Súmula 453, STF
h) Obediência à regra da emendatio libelli – art. 383, CPP.
4.3. DAS TESES SUBSIDIÁRIAS
 Fórmula para não errar nas teses subsidiárias: SEGUIR A DOSIMETRIA, POR*@
A dosimetria possui 3 fases – art. 68, CP:
 Circunstâncias judiciais – formação da pena base – art. 59, CP
 Circunstâncias legais – incidência de agravantes (art. 61 a 64, CP) e atenuantes (65 e 66, CP).
 Causas de aumento e diminuição de pena – majorantes e minorantes, presentes tanto na parte
GERAL como na parte ESPECIAL do código.

 Além da dosimetria, não esqueça que as teses subsidiárias englobam os seguintes


questionamentos:
 Regime de pena – art. 33, CP
 Conversão em pena restritiva de direitos – art. 44, CP
 Suspensão condicional da pena – art. 77
 Caso haja desclassificação de crime – adotar o sursis do processo como tese subsidiária – art. 89,
da Lei 9.099/95, c/c art. 383, §1º, CPP.
ETAPA 3 – RECURSOS
5. APELAÇÃO
 O recurso de apelação é o mais famoso dos instrumentos recursais do nosso
ordenamento jurídico.
 No âmbito penal, a apelação tem importância fundamental, pela abrangência e
pelo objeto – que, em caráter principal, são as sentenças penais.
 Em alguns determinados casos, a apelação também poderá ter como objeto
decisões interlocutórias, quando não cabível o RESE, e quando se enquadrarem
no conceito do inciso II, art. 593, CPP.
 Temos as seguintes possibilidades de fundamento mais comuns:
 o art. 593, CPP;
 o art. 416, CPP;
 ou art. 82, da Lei 9.099/95.
5. APELAÇÃO
 A apelação tem prazo de interposição de 5 dias. Já as razões devem ser
protocoladas em até 8 dias para crime, e em 3 dias para contravenção.
 NO CASO DO JECRIM, A APELAÇÃO TEM PRAZO ÚNICO DE 10 DIAS.
 Caso haja assistente, este deverá arrazoar o recurso em 3 dias após as razões do MP.
 O recurso possui efeitos devolutivo e suspensivo (quando condenatória).
 O prazo para as contrarrazões é de 8 dias, com fundamento no art. 600,
caput, CPP.
 Ainda é possível a interposição de apelação por assistente, com
fundamento no art. 598, CPP.
 Da decisão que negar seguimento à apelação, caberá RESE com
fundamento no art. 581, XV, CPP.
5.1. ESTRUTURA DA PEÇA
INTERPOSIÇÃO
1. Endereçamento ao juiz de piso;
2. Indicação do número do processo;
3. Qualificação, menção à decisão apelada e fundamentação.
4. Pedido de processamento e fecho.
RAZÕES
5. Endereçamento ao tribunal competente;
6. Resumo do objeto do recurso e dos fatos;
7. Desenvolvimentos das teses recursais;
1. Atentar a existência de PRELIMINARES;
2. Se utilizem do art. 617, CPP, que permite a incidência dos art. 383, 386 e 387, CPP, no segundo grau;
3. Nunca esquecer de realizar a dosimetria, mesmo após o desenvolvimento das teses de mérito.
8. Pedidos – que seja CONHECIDO E PROVIDO o presente recurso.
6. DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
 O Recurso em Sentido Estrito é meio de impugnação que ataca determinados
atos/provimentos judiciais, de forma vinculada.
 Isso quer dizer que o presente recurso só pode ser interposto nas hipóteses
previstas legalmente, discutindo o tema que é objeto da impugnação.
 As hipóteses de cabimento estão previstas no art. 581, CPP.
 Atentar aos incisos que foram revogados tacitamente/não se aplicam mais.
 Pode-se comparar o RESE com o Agravo de Instrumento no Processo Civil.
 O prazo de interposição do RESE é de 5 dias, contando-se 2 para as razões.
 O recurso pode seguir por instrumento ou nos próprios autos, na interpretação
das hipóteses do art. 583, CPP.
6. DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
 Seus efeitos são:
 Devolutivo;
 Regressivo – art. 589, CPP;
 Suspensivo – art. 584, CPP.
 O assistente também pode interpor o RESE, em casos específicos,
combinando-se o art. 584 com o 271, CPP.
 Caso a peça seja de Contrarrazões, o fundamento é o art. 588, CPP, com
prazo de 2 dias.
 É importante saber toda a estrutura do RESE, pois boa parte da
pontuação pode advir das meras formalidades!
6.1. ESTRUTURA DO RESE
O RESE possui a seguinte estrutura:
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
1. Endereçamento ao juiz competente;
2. Preâmbulo e fundamentação – conforme o caso apresentado no art. 581, CPP.
3. Pedido de retratação, COM BASE LEGAL!
4. Pontuar a formação de instrumento, se for o caso, requerendo o envio dos autos ao tribunal de justiça após a oportunidade do
contraditório.
5. Fecho
RAZÕES
6. Endereçamento – Egrégio Tribunal de Justiça Competente;
7. Exposição de que a decisão não merece prosperar;
8. Breve esforço fático;
9. Teses
1. Nulidades;
2. Mérito;
3. Subsidiárias.
7. AGRAVO EM EXECUÇÃO
 O Agravo em Execução é uma pessoa genuinamente PÓS-PROCESSUAL!
 Ele é utilizado para atacar decisões proferidas na execução penal.
 Seu prazo é de 5 dias, conforme a Súmula 700 do STF.
 O fundamento legal é o art. 197, da Lei 7.210/84 (LEP).
 Tem a mesma forma do RESE, devendo se utilizar a estrutura já comentada
antes, na interposição e nas razões.
 O efeito iterativo/regressivo do RESE também é aplicável a este recurso.
8. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
 Embargos de Declaração refere-se a um instrumento recursal de efeito
INTEGRATIVO. Isso quer dizer que não possui, na maioria das vezes, o
condão de modificar a decisão recorrida, mas apenas completá-la.
 O recurso é cabível contra qualquer decisão, desde que haja omissão,
contradição, obscuridade, ambiguidade ou erro material.
 Conforme a esfera de interposição, a fundamentação e prazo dos Embargos são
modificados:
 o art. 382, CPP, quando em face de sentença – 2 dias;
 o art. 619, CPP, quando em face de acórdão – 2 dias;
 ou art. 83, da Lei 9.099/95, quando no juizado – 5 dias.
8.1 ESTRUTURA DOS ED’S
 Essa é uma das peças mais simples de todas, considerando que a sua única
tarefa é destacar a falha da decisão. A estrutura fica assim, em uma única
petição:
1. Endereçamento ao juiz que proferiu a decisão;
2. Indicação do número do processo, qualificação e fundamentação (conforme
a hipótese de cabimento que destacamos);
3. Exposição fática objetiva;
4. Indicação dos defeitos da decisão, fundamentando no art. compatível com o
caso;
5. Requerimentos – que seja conhecido e provido/acolhido o presente recurso,
a fim de que haja a integração da decisão;
6. Fecho.
9. CARTA TESTEMUNHÁVEL
 A carta é um recurso relativamente desconhecido no processo penal, mas que tem
grande utilidade em algumas situações.
 O art. 639, CPP, explica bem as duas situações de cabimento da carta:
1. Quando o magistrado denegar o recurso – cuidado com a subsidiariedade desse recurso.
2. Quando, embora admitido o recurso, o magistrado dificultar o envio do processo ao
tribunal.
 Nos termos do art. 640, CPP, a carta é dirigida ao escrivão da vara, ou secretário do
tribunal, em prazo de 48h, após a decisão que denegar o recurso.
 Esse recurso, por disposição do art. 643, CPP, segue o mesmo procedimento do
RESE (a partir do art. 588 a 592, CPP).
 Detalhe importante: o efeito prático da carta pode resultar em:
1. Julgamento do mérito do recurso que foi denegado, de imediato, pelo tribunal.
2. Determinação, pelo tribunal, que o recurso denegado seja recebido e processado, para
9.1. ESTRUTURA DA CARTA
TESTEMUNHÁVEL
A carta segue a mesma estrutura do RESE, então:
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
1. Ao escrivão da vara respectiva;
2. Preâmbulo e fundamentação – conforme o caso apresentado no art. 639, CPP.
3. Pedido de retratação, COM BASE LEGAL!
4. Pontuar a formação de instrumento, requerendo o envio dos autos ao tribunal de justiça após a oportunidade do
contraditório.
5. Fecho
RAZÕES
6. Endereçamento – Egrégio Tribunal de Justiça Competente;
7. Exposição de que a decisão não merece prosperar;
8. Breve esforço fático;
9. Teses
1. Razões que justifiquem o recebimento do recurso que originou a carta.
13. HABEAS CORPUS
 Remédio constitucional – ação autônoma de impugnação
 Direito de locomoção coagido ou violado – exemplos no art. 648, CPP
 Previsto no 647 ao 667 do CPP e art. 5°, LXVIII, da CF/88
 Pode ser expedido de ofício: art. 654, §2º, CPP
 Não possui prazo
 Pode ser impetrado por qualquer pessoa – art. 654, CPP
 Desnecessidade de procuração com poderes específicos
 Liminar em habeas corpus: art. 660, §2º, CPP
 Pré-constituição da prova
13. HABEAS CORPUS
 Ouvida do MP: apenas em segundo grau, nos termos do decreto
552/1969
 Possibilidade de colheita de informações – art. 662, CPP – Não há
prazo
 Efeitos do HC:
 Liberdade do paciente, nos termos do art. 660, §1º, CPP
 Salvo conduto nas hipóteses de HC preventivo
 Decretação de nulidade na hipótese de HC para anulação do
processo
 Trancamento do inquérito policial ou do processo penal
13. HABEAS CORPUS
 Espécies de HC:
1) Repressivo: liberdade de locomoção cerceada. Concessão do alvará
de soltura.
2) Preventivo: risco iminente de cerceamento da locomoção. Salvo
conduto é expedido.
3) Suspensivo: para obstar o cumprimento de um mandado de prisão
já expedido. Contra mandado de prisão deve ser expedido.
4) Profilático: ameaça remota ao direito de locomoção.
1) Nulidades, trancamento do processo penal, entre outras situações.
13. HABEAS CORPUS
 Estrutura do HC: ação autônoma de impugnação – art.
Endereçamento ao órgão competente: atenção neste ponto.
 Se a autoridade coatora for um delegado, o HC deve ser direcionado ao juiz.
 Se a autoridade coatora for um juiz, o HC deve ser direcionado ao tribunal.
 Se a autoridade coatora for um desembargador ou um tribunal, o HC deve ser direcionado ao
presidente do tribunal.
Preâmbulo e fundamentação – art. 647, CPP e art. 5°, LXVIII, da CF/88
Descrição dos fatos;
Mérito: destacar a ilegalidade e a coação ou violação ao direito de locomoção, ainda que
remotas.
Pedidos
 Verificar se é possível pedir a liminar – art. 660, §2º, CPP
 Intimação do MP se o HC for no tribunal
 A cessação da coação ilegal ou da violência ao direito de locomoção, com as consequentes vinculadas
a cada tipo de HC.
14. RECURSO ORDINÁRIO
CONSTITUCIONAL
 Conceituação, hipóteses de cabimento e prazos
 Decisão denegatória de Mandado de Segurança – 15 dias (segue o rito do CPC)
 Decisão denegatória de HC – 5 dias – Art. 30 da lei 8.038/90
 Decisão do juiz federal que julga crime político - 5 dias, com 8 dias para razões
seguindo o rito da apelação criminal – Dirigido ao STF (art. 102, II, "b", CF/88)
 A decisão denegatória, nos casos acima, deve ser proferida por tribunal
(TJ ou TRF) em única ou última instância.
 Competência de julgamento:
 STF: art. 102, II, "a" e "b", CF/88
 STJ: art. 105, II, "a" e "b", CF/88
14. RECURSO ORDINÁRIO
CONSTITUCIONAL
 O processamento é previsto na lei 8.038/90, que regula os processos nos
tribunais, entre os artigos 30 e 35.
 Quando interposto em face de sentença que julga crime político, o ROC é
utilizado como sucedâneo de apelação criminal, por isso obedece o rito do
CPP.
 O recurso é dirigido ao presidente ou vice-presidente do tribunal que
proferiu a decisão. Se a questão não disser quem é o responsável pelo
recebimento, direcione ao presidente do tribunal.
 O intuito do recurso é buscar a reforma da sentença que julgou o crime
político ou a obtenção da ordem de HC, MS, HD e MI.
14. RECURSO ORDINÁRIO
CONSTITUCIONAL
A estrutura do ROC é parecida com a da apelação, com alguns detalhes:
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
1. Endereçamento ao presidente ou vice-presidente do tribunal de origem – verificar slide anterior.
2. Preâmbulo e fundamentação: verificar se é hipótese para o STF ou para o STJ.
1. STJ: art. 105, II, (alguma das alíneas), CF/88.
2. STF: art. 102, II, (alguma das alíneas), CF/88.
3. Pedir o recebimento e processamento do recurso, requerendo o envio dos autos ao STJ ou STF após a oportunidade do
contraditório.
4. Fecho
RAZÕES
5. Endereçamento – EMINENTE SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ou EMINENTE SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
6. Exposição de que a decisão não merece prosperar;
7. Breve esforço fático.
8. Teses
1. A fundamentação deve estar alinhada à hipótese de cabimento. Se você quer que a ordem de HC seja concedida, seu papel é justificar a razão
que enseja a reforma da decisão, com a consequente expedição da ordem.
9. Pedidos e fecho.
 LEMBRAR QUE O PRAZO MUDA CONFORME A HIPÓTESE DE CABIMENTO!
ALGUNS CASOS (FGV E
OUTROS) PARA PRÁTICA
Em razão de sua aprovação em primeiro lugar no vestibular de medicina realizado no fim
de 2016, Diego, nascido em 05/02/2000, recebeu do seu pai (Durval) um carro de luxo no
valor de R$ 150.000,00, dinheiro que vinha sendo juntado em poupança, feita por Durval
há 10 anos atrás.
Muito feliz com a aprovação e com o presente, Diego promoveu uma comemoração em
sua casa, chamando todos os seus amigos e colegas, o que rendeu diversas fotos nas
redes sociais sobre o evento.
Por meio das postagens, André, nascido em 11/06/1990, irmão unilateral de Diego,
tomou conhecimento da aprovação e do presente recebido pelo seu irmão. Movido pelas
recentes brigas em que esteve envolvido com sua família, André decidiu que não deixaria
a felicidade de Diego prosperar. Por isso, prometeu pagar R$ 3.000,00 ao João, um antigo
vizinho de Diego, para que ele destruísse completamente o carro de luxo em questão,
enquanto André ficaria responsável pela saída rápida do local.
Em uma noite de bebedeira, João contou todo o combinado para Jimi, seu primo, que é
amigo muito próximo de Diego (fato desconhecido por João), mas não revelou data
alguma de execução dos atos.
Na madrugada de 05/04/2017, aproveitando que o carro de Diego sempre estava
estacionado na rua, os dois vão até o local para realização do combinado. João, portando
uma enorme marreta, passa a desferir golpes contínuos no carro, destruindo a lataria e
todos os vidros. Após a total destruição, João subiu na motocicleta em que André o
aguardava, e ambos fugiram acreditando não terem sido observados.
Pela manhã, verificando a situação do carro, Diego, desesperado, chama seu pai para
assistir às gravações de uma micro câmera instalada na frente de sua casa. No vídeo, Diego
identifica o seu ex-vizinho, que destruía o carro, enquanto seu irmão estava parado na
motocicleta para a fuga. Horas depois, Diego recebeu ligação de Jimi, que o alertou sobre o
fato de que seu carro poderia ser destruído a qualquer momento, bem como revelou todo
o combinado entre André e João, sendo, porém, tarde demais.
No dia seguinte, junto com seu pai e com Jimi, Diego foi até a delegacia mais próxima,
relatando todo o ocorrido à autoridade policial, que recebeu as gravações de vídeo e
colheu o depoimento de Jimi.
Três meses depois do ocorrido, Diego chamou seu pai e procurou seu escritório, narrando
os fatos acima elencados. Você, na qualidade de advogado, deve assisti-lo. Com base
somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto
acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.
A Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul recebe notícia crime identificada, imputando a Maria Campos a prática de
crime, eis que mandaria crianças brasileiras para o estrangeiro com documentos falsos. Diante da notícia crime, a
autoridade policial instaura inquérito policial e, como primeira providência, representa pela decretação da interceptação
das comunicações telefônicas de Maria Campos, “dada a gravidade dos fatos noticiados e a notória dificuldade de apurar
crime de tráfico de menores para o exterior por outros meios, pois o ‘modus operandi’ envolve sempre atos ocultos e
exige estrutura organizacional sofisticada, o que indica a existência de uma organização criminosa integrada pela
investigada Maria”. O Ministério Público opina favoravelmente e o juiz defere a medida, limitando-se a adotar, como razão
de decidir, “os fundamentos explicitados na representação policial”. No curso do monitoramento, foram identificadas
pessoas que contratavam os serviços de Maria Campos para providenciar expedição de passaporte para viabilizar viagens
de crianças para o exterior. Foi gravada conversa telefônica de Maria com um funcionário do setor de passaportes da
Polícia Federal, Antônio Lopes, em que Maria consultava Antônio sobre os passaportes que ela havia solicitado, se já
estavam prontos, e se poderiam ser enviados a ela. A pedido da autoridade policial, o juiz deferiu a interceptação das
linhas telefônicas utilizadas por Antônio Lopes, mas nenhum diálogo relevante foi interceptado. O juiz, também com
prévia representação da autoridade policial e manifestação favorável do Ministério Público, deferiu a quebra de sigilo
bancário e fiscal dos investigados, tendo sido identificado um depósito de dinheiro em espécie na conta de Antônio,
efetuado naquele mesmo ano, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). O monitoramento telefônico foi mantido pelo
período de quinze dias, após o que foi deferida medida de busca e apreensão nos endereços de Maria e Antônio. A
decisão foi proferida nos seguintes termos: “diante da gravidade dos fatos e da real possibilidade de serem encontrados
objetos relevantes para investigação, defiro requerimento de busca e apreensão nos endereços de Maria (Rua dos Casais,
No endereço de Maria Campos, foi encontrada apenas uma relação de nomes que, na visão da autoridade policial, seriam clientes
que teriam requerido a expedição de passaportes com os nomes de crianças que teriam viajado para o exterior. No endereço
indicado no mandado de Antônio Lopes, nada foi encontrado. Entretanto, os policiais que cumpriram a ordem judicial perceberam
que o apartamento 202 do mesmo prédio também pertencia ao investigado, motivo pelo qual nele ingressaram, encontrando e
apreendendo a quantia de cinquenta mil dólares em espécie. Nenhuma outra diligência foi realizada. Relatado o inquérito policial,
os autos foram remetidos ao Ministério Público, que ofereceu a denúncia nos seguintes termos: “o Ministério Público vem oferecer
denúncia contra Maria Campos e Antônio Lopes, pelos fatos a seguir descritos: Maria Campos, com o auxílio do agente da polícia
federal Antônio Lopes, expediu diversos passaportes para crianças e adolescentes, sem observância das formalidades legais. Maria
tinha a finalidade de viabilizar a saída dos menores do país. A partir da quantia de dinheiro apreendida na casa de Antônio Lopes,
bem como o depósito identificado em sua conta bancária, evidente que ele recebia vantagem indevida para efetuar a liberação dos
passaportes. Assim agindo, a denunciada Maria Campos está incursa nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90
(Estatuto da Criança e do Adolescente), e nas penas do artigo 333, parágrafo único, c/c o artigo 69, ambos do Código Penal. Já o
denunciado Antônio Lopes está incurso nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente) e nas penas do artigo 317, § 1º, c/c artigo 69, ambos do Código Penal”. O juiz da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre, RS,
recebeu a denúncia, nos seguintes termos: “compulsando os autos, verifico que há prova indiciária suficiente da ocorrência dos fatos
descritos na denúncia e do envolvimento dos denunciados. Há justa causa para a ação penal, pelo que recebo a denúncia. Citem-se
os réus, na forma da lei”. Antônio foi citado pessoalmente em 27.10.2010 (quarta-feira) e o respectivo mandado foi acostado aos
autos dia 01.11.2010 (segunda-feira). Antônio contratou você como Advogado, repassando-lhe nomes de pessoas (Carlos de Tal,
residente na Rua 1, n. 10, nesta capital; João de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital; Roberta de Tal, residente na Rua 4, n.
310, nesta capital) que prestariam relevantes informações para corroborar com sua versão. Nessa condição, redija a peça processual
cabível desenvolvendo TODAS AS TESES DEFENSIVAS que podem ser extraídas do enunciado com indicação de respectivos
dispositivos legais. Apresente a peça no último dia do prazo.
Gabriela, nascida em 28/04/1990, terminou relacionamento amoroso com Patrick, não mais suportando as agressões físicas sofridas, sendo
expulsa do imóvel em que residia com o companheiro em comunidade carente na cidade de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal
de apenas 02 anos. Sem ter familiares no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em igrejas e outros locais de acesso
público, alimentando-se a partir de ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez amizade com Maria, outra mulher em
situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela. No dia 24 de dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e vendo o
filho chorar e ficar doente em razão da ausência de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar em um
grande supermercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de macarrão, cujo valor totalizava R$18,00 (dezoito reais). Ocorre que
a conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a abordou no momento em que ela deixava o estabelecimento comercial
sem pagar pelos bens, e apreendeu os dois produtos escondidos. Em sede policial, Gabriela confirmou os fatos, reiterando a ausência de
recursos financeiros e a situação de fome e risco físico de seu filho. Juntado à Folha de Antecedentes Criminais sem outras anotações, o laudo
de avaliação dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o
auto de prisão em flagrante e o inquérito policial foram encaminhados ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de Gabriela pela
prática do crime do Art. 155, caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, além de ter opinado pela liberdade da acusada. O
magistrado em atuação perante o juízo da 1ª Vara Federal de Fortaleza, no dia 18 de janeiro de 2011, recebeu a denúncia oferecida pelo
Ministério Público, concedeu liberdade provisória à acusada, deixando de converter o flagrante em preventiva, e determinou que fosse
realizada a citação da denunciada. Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes de sua citação e, como ela não tinha endereço fixo,
não foi localizada para ser citada. No ano de 2015, Gabriela consegue um emprego e fica em melhores condições. Em razão disso, procura um
advogado, esclarecendo que nada sabe sobre o prosseguimento da ação penal a que respondia. Disse, ainda, que Maria, hoje residente na
rua X, na época dos fatos também era moradora de rua e tinha conhecimento de suas dificuldades. Diante disso, em 16 de março de 2015,
segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país, Gabriela e o advogado compareceram ao cartório, onde são informados que o
processo estava em seu regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer suspensão, correndo à revelia da ré. Naquele mesmo momento,
Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu advogado, para apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré,
acompanhada de seu patrono, já manifestou interesse em aceitar a proposta de suspensão condicional, mas o ministério público indicou, em
sua peça inicial, que não seguiria com a proposta. Você, como advogado de Gabriela, deve apresentar a peça processual cabível. A peça
deverá ser datada no último dia do prazo. (Valor: 5,00)
 Na peça anterior, se observa a seguinte situação:
 Preliminares:
 Nulidade por incompetência do juízo, pois não se enquadra em hipótese do art. 109, IV,
CF;
 Nulidade absoluta do processo, desde a declaração da revelia, por falta de defesa –
súmula 523, STF.
 Necessidade de oferecimento da suspensão condicional do processo, pelo
preenchimento dos requisitos legais, com fulcro na súmula 696, STF.
 Mérito:
 Prejudicial – Absolvição sumária - Extinção da punibilidade – Prescrição
 Absolvição sumária - Estado de necessidade – Furto famélico – art. 23, I e 24, CP.
 Absolvição sumária - Insignificância – Atipicidade
 Pedidos de forma sequencial, obedecendo a ordem de teses acima. Não se
pode esquecer do rol de testemunhas.
No dia 12 de junho de 2016, João, ao desembarcar no aeroporto da cidade de
Macapá, foi à esteira de bagagens e retirou uma mala de cor preta, idêntica à
sua. Entretanto, ao chegar no saguão do aeroporto, João foi surpreendido por
agentes de segurança, que, após confirmarem que a mala pertencia a outra
pessoa, prenderam-no em flagrante pelo crime de furto.
Após ouvir o preso, o delegado de polícia lavrou auto de prisão em flagrante, e
João foi recolhido. A autoridade policial negou-lhe o pedido de comunicação da
prisão aos seus familiares, pois João mora na cidade de Goiânia, e não é possível
realizar ligações interurbanas do telefone da delegacia. João está preso há
quarenta e oito horas.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas
pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de João, redija a peça
cabível, exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente,
questionando, em juízo, eventuais ilegalidades praticadas pela Autoridade
Policial, alegando para tanto toda a matéria de direito pertinente ao caso.
No dia 10 de março de 2011, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, José Alves pegou seu
automóvel e passou a conduzi-lo ao longo da estrada que tangencia sua propriedade rural. Após
percorrer cerca de dois quilômetros na estrada absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por
uma equipe da Polícia Militar que lá estava a fim de procurar um indivíduo foragido do presídio da
localidade. Abordado pelos policiais, José Alves saiu de seu veículo trôpego e exalando forte odor de
álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a realizar um teste de
alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste, foi constatado que José Alves tinha
concentração de álcool de um miligrama por litro de ar expelido pelos pulmões, razão pela qual os
policiais o conduziram à Unidade de Polícia Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela
prática do crime previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II, do Decreto 6.488/2008,
sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus
advogados ou com seus familiares. Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão
de José Alves ter permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do
preso, sob protestos de que não conseguiam vê-lo e de que o delegado não comunicara o fato ao juízo
competente, tampouco à Defensoria Pública. Com base somente nas informações de que dispõe e nas
que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de José Alves, redija a peça
cabível, exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, questionando, em juízo,
eventuais ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para tanto toda a matéria de direito
Bruno Silva, nascido em 10 de janeiro de 1997, enquanto adolescente, aos 16 anos, respondeu perante a Vara da Infância e
Juventude pela prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico, sendo julgada procedente a ação socioeducativa e aplicada
a medida de semiliberdade.
No dia 10 de janeiro de 2015, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Bruno se encontrava no interior de um ônibus, quando
encontrou um relógio caído ao lado do banco em que estava sentado. Estando o ônibus vazio, Bruno aproveitou para pegar o
relógio e colocá-lo dentro de sua mochila, não informando o ocorrido ao motorista. Mais adiante, porém, 15 minutos após esse
fato, o proprietário do relógio, Bernardo, já na companhia de um policial, ingressou no coletivo procurando pelo seu pertence,
que havia sido comprado apenas duas semanas antes por R$ 100,00 (cem reais). Verificando que Bruno estava sentado no banco
por ele antes utilizado, revistou sua mochila e encontrou o relógio. Bernardo narrou ao motorista de ônibus o ocorrido, admitindo
que Bruno não estava no coletivo quando ele o deixou.
Diante de tais fatos, Bruno foi denunciado perante o juízo competente pela prática do crime de furto simples, na forma do Art.
155, caput, do Código Penal. A denúncia foi recebida e foi formulada pelo Ministério Público a proposta de suspensão condicional
do processo, não sendo aceita pelo acusado, que respondeu ao processo em liberdade.
No curso da instrução, o policial que efetivou a prisão do acusado, Bernardo, o motorista do ônibus e Bruno foram ouvidos e todos
confirmaram os fatos acima narrados. Com a juntada do laudo de avaliação do bem arrecadado, confirmando o valor de R$ 100,00
(cem reais), os autos foram encaminhados ao Ministério Público, que se manifestou pela procedência do pedido nos termos da
denúncia, pleiteando reconhecimento de maus antecedentes, em razão da medida socioeducativa antes aplicada.
Você, advogado(a) de Bruno, foi intimado(a), em 23 de março de 2015, segunda-feira, sendo o dia subsequente útil. Com base
nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a
possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as tese s jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00 pontos)
Felipe, com 18 anos de idade, em um bar com outros amigos, conheceu Ana, linda jovem, por quem se encantou.
Após um bate-papo informal e trocarem beijos, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local trocaram
carícias, e Ana, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Felipe. Depois da noite juntos, ambos foram
para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas redes sociais. No dia seguinte, Felipe, ao acessar
a página de Ana na rede social, descobre que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de
idade, tendo Felipe ficado em choque com essa constatação. O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia,
em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Ana, ao descobrir o
ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato. Por Ana ser inimputável e contar, à época dos fatos, com
13 (treze) anos de idade, o Ministério Público Estadual denunciou Felipe pela prática de dois crimes de estupro de
vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de
cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da
agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP. O processo teve início e
prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo, local de residência do réu.
Felipe, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade. Na
audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas que tinha o hábito de
fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos. As testemunhas de acusação afirmaram que não
viram os fatos e que não sabiam das fugas de Ana para sair com as amigas. As testemunhas de defesa, amigos de
Felipe, disseram que o comportamento e a vestimenta da Ana eram incompatíveis com uma menina de 13 (treze)
anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos, e que Felipe não estava
embriagado quando conheceu Ana. O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Ana, por ser muito
bonita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente
pudessem frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na
mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos. A prova pericial atestou que a menor não era
virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos
meses após o ato sexual. O Ministério Público pugnou pela condenação de Felipe nos termos da denúncia. A defesa
de Felipe foi intimada no dia 10 de abril de 2014 (quinta-feira).
Daniel, nascido em 02 de abril de 1990, é filho de Rita, empregada doméstica que trabalha na residência da família
Souza. Ao tomar conhecimento, por meio de sua mãe, que os donos da residência estariam viajando para comemorar
a virada de ano, vai até o local, no dia 02 de janeiro de 2010, e subtrai o veículo automotor dos patrões de sua
genitora, pois queria fazer um passeio com sua namorada. Desde o início, contudo, pretende apenas utilizar o carro
para fazer um passeio pelo quarteirão e, depois, após encher o tanque de gasolina novamente, devolvê-lo no mesmo
local de onde o subtraiu, evitando ser descoberto pelos proprietários. Ocorre que, quando foi concluir seu plano, já na
entrada da garagem para devolver o automóvel no mesmo lugar em que o havia subtraído, foi surpreendido por
policiais militares, que, sem ingressar na residência, perguntaram sobre a propriedade do bem. Ao analisarem as
câmeras de segurança da residência, fornecidas pelo próprio Daniel, perceberam os agentes da lei que ele havia
retirado o carro sem autorização do verdadeiro proprietário. Foi, então, Daniel denunciado pela prática do crime de
furto simples, destacando o Ministério Público que deixava de oferecer proposta de suspensão condicional do processo
por não estarem preenchidos os requisitos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95, tendo em vista que Daniel responde a outra
ação penal pela prática do crime de porte de arma de fogo. Em 18 de março de 2010, a denúncia foi recebida pelo juízo
competente, qual seja, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis. Os fatos acima descritos são integralmente
confirmados durante a instrução, sendo certo que Daniel respondeu ao processo em liberdade. Foram ouvidos os
policiais militares como testemunhas de acusação, e o acusado foi interrogado, confessando que, de fato, utilizou o
veículo sem autorização, mas que sua intenção era devolvê-lo, tanto que foi preso quando ingressava na garagem dos
proprietários do automóvel. Após, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Daniel, que ostentava apenas
aquele processo pelo porte de arma de fogo, que não tivera proferida sentença até o momento, o laudo de avaliação
indireta do automóvel e o vídeo da câmera de segurança da residência. O Ministério Público, em sua manifestação
derradeira, requereu a condenação nos termos da denúncia. A defesa de Daniel é intimada em 17 de julho de 2015,
sexta feira. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a
peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas as
teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
No dia 17 de junho de 2010, uma criança recém-nascida é vista boiando em um córrego e, ao ser resgatada, não possuía
mais vida. Helena, a mãe da criança, foi localizada e negou que houvesse jogado a vítima no córrego. Sua filha teria sido,
segundo ela, sequestrada por um desconhecido. Durante a fase de inquérito, testemunhas afirmaram que a mãe
apresentava quadro de profunda depressão no momento e logo após o parto. Além disso, foi realizado exame médico
legal, o qual constatou que Helena, quando do fato, estava sob influência de estado puerperal. À míngua de provas que
confirmassem a autoria, mas desconfiado de que a mãe da criança pudesse estar envolvida no fato, a autoridade policial
representou pela decretação de interceptação telefônica da linha de telefone móvel usado pela mãe, medida que foi
decretada pelo juiz competente. A prova constatou que a mãe efetivamente praticara o fato, pois, em conversa telefônica
com uma conhecida, de nome Lia, ela afirmara ter atirado a criança ao córrego, por desespero, mas que estava
arrependida. O delegado intimou Lia para ser ouvida, tendo ela confirmado, em sede policial, que Helena de fato havia
atirado a criança, logo após o parto, no córrego. Em razão das aludidas provas, a mãe da criança foi então denunciada pela
prática do crime descrito no art. 123 do Código Penal perante a 1ª Vara Criminal (Tribunal do Júri). Durante a ação penal, é
juntado aos autos o laudo de necropsia realizada no corpo da criança. A prova técnica concluiu que a criança já nascera
morta. Na audiência de instrução, realizada no dia 12 de agosto de 2010, Lia é novamente inquirida, ocasião em que
confirmou ter a denunciada, em conversa telefônica, admitido ter jogado o corpo da criança no córrego. A mesma
testemunha, no entanto, trouxe nova informação, que não mencionara quando ouvida na fase inquisitorial. Disse que, em
outras conversas que tivera com a mãe da criança, Helena contara que tomara substância abortiva, pois não poderia, de
jeito nenhum, criar o filho. Interrogada, a denunciada negou todos os fatos. Finda a instrução, o Ministério Público
manifestou-se pela pronúncia, nos termos da denúncia, e a defesa, pela impronúncia, com base no interrogatório da
acusada, que negara todos os fatos. O magistrado, na mesma audiência, prolatou sentença de pronúncia, não nos termos
da denúncia, e sim pela prática do crime descrito no art. 124 do Código Penal, punido menos severamente do que aquele
previsto no art. 123 do mesmo código, intimando as partes no referido ato. Com base somente nas informações de que
dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na condição de advogado(a) de Helena, redija a peça
cabível à impugnação da mencionada decisão, acompanhada das razões pertinentes, as quais devem apontar os
argumentos para o provimento do recurso, mesmo que em caráter sucessivo.
Enquanto caminhava com seu novíssimo Motorola V3 nas ruas do Recife em 05/01/2003, Ricardo foi
surpreendido por um rapaz da região, conhecido como “Infeliz”, que subtraiu seu telefone de última
geração, mediante a utilização de uma arma de fogo.
Conhecendo o rapaz e sua vida pregressa, a autoridade policial, finalizando o procedimento investigatório
apenas em 10/12/2011, representou pela prisão preventiva de “Infeliz”, nascido em 20/05/1983,
considerando a periculosidade do agente, réu em mais de 10 processos criminais, pelos mais variados
delitos. Sem demora, o juízo da 2º Vara Criminal do Recife decretou a medida, expedindo o mandado de
prisão, que atingiu sua finalidade.
Com a finalização do inquérito, o Ministério Público ingressou com a denúncia, acusando “Infeliz” pela
prática do crime previsto no art. 157, §2º, I, CPB, que foi recebida pelo juiz competente em 08/02/2012.
Em sua defesa, apresentada 10 dias depois do recebimento da denúncia, os advogados de “Infeliz”
sustentaram a extinção de punibilidade pela prescrição, dada todas as circunstâncias do caso, pois o crime
imputado tem pena máxima de 10 anos. Acolhendo ao pedido a partir do fundamento da defesa, o juiz
explicou que o prazo prescricional para a situação seria de 16 anos, reduzido pela metade por força do art.
115 do CP. Nesse sentido, considerando o lapso temporal entre a data do fato e o recebimento da denuncia,
declarou extinta a punibilidade do acusado, com fundamento no art. 397, IV, CPP, fazendo cessar a medida
cautelar prisional imposta na fase inquisitorial. Esta sentença fora publicada em 10/03/2012, não havendo
recurso do Ministério Público durante o transcurso de seu prazo.
Ricardo, indignado com a situação, procurou o seu escritório buscando um novo rumo para o processo,
dada a inércia do órgão ministerial. Nestes termos, considerando apenas as informações do enunciado,
redija a peça processual cabível à situação, datando-a no último dia do prazo.
Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de roubo simples,
pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave ameaça, um aparelho celular. Apesar
de o crime restar consumado, o telefone celular foi recuperado pela vítima. Os fatos foram praticados em 12
de dezembro de 2011. Por tal conduta, foi Gilberto denunciado e condenado como incurso nas sanções penais
do Art. 157, caput, do Código Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão em
regime inicial fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para ambas as partes em 11 de
setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em liberdade, mas, desde o dia 15 de setembro de
2013, vem cumprindo a sanção penal que lhe foi aplicada regularmente, inclusive obtendo progressão de
regime. Nunca foi punido pela prática de falta grave e preenchia os requisitos subjetivos para obtenção dos
benefícios da execução penal. No dia 25 de fevereiro de 2015, você, advogado(a) de Gilberto, formulou pedido
de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da comarca do Rio de
Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido, contudo, foi indeferido, apesar de, em tese, os
requisitos subjetivos estarem preenchidos, sob os seguintes argumentos: a) o crime de roubo é crime
hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade; b)
ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em
vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir metade da pena imposta para
obtenção do livramento condicional; c) indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em
vista que os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para
a sociedade. Você, advogado(a) de Gilberto, foi intimado dessa decisão em 23 de março de 2015, uma
segunda-feira. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para sua
interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)
Desejando comprar um novo carro, Leonardo, jovem com 19 anos, decidiu praticar um crime de roubo em um estabelecimento comercial, com a
intenção de subtrair o dinheiro constante do caixa. Narrou o plano criminoso para Roberto, seu vizinho, mas este se recusou a contribuir.
Leonardo decidiu, então, praticar o delito sozinho. Dirigiu-se ao estabelecimento comercial, nele ingressou e, no momento em que restava apenas
um cliente, simulou portar arma de fogo e o ameaçou de morte, o que fez com ele saísse, já que a intenção de Leonardo era apenas a de subtrair
bens do estabelecimento. Leonardo, em seguida, consegue acesso ao caixa onde fica guardado o dinheiro, mas, antes de subtrair qualquer
quantia, verifica que o único funcionário que estava trabalhando no horário era um senhor que utilizava cadeiras de rodas. Arrependido, antes
mesmo de ser notada sua presença pelo funcionário, deixa o local sem nada subtrair, mas, já do lado de fora da loja, é surpreendido por policiais
militares. Estes realizam a abordagem, verificam que não havia qualquer arma com Leonardo e esclarecem que Roberto narrara o plano criminoso
do vizinho para a Polícia. Tomando conhecimento dos fatos, o Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em preventiva e
denunciou Leonardo como incurso nas sanções penais do Art. 157, § 2º, inciso I, c/c o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Após decisão do
magistrado competente, qual seja, o da 1ª Vara Criminal de Belo Horizonte/MG, de conversão da prisão e recebimento da denúncia, o processo
teve seu prosseguimento regular. O homem que fora ameaçado nunca foi ouvido em juízo, pois não foi localizado, e, na data dos fatos,
demonstrou não ter interesse em ver Leonardo responsabilizado. Em seu interrogatório, Leonardo confirma integralmente os fatos, inclusive
destacando que se arrependeu do crime que pretendia praticar. Constavam no processo a Folha de Antecedentes Criminais do acusado sem
qualquer anotação e a Folha de Antecedentes Infracionais, ostentando uma representação pela prática de ato infracional análogo ao crime de
tráfico, com decisão definitiva de procedência da ação socioeducativa. O magistrado concedeu prazo para as partes se manifestarem em
alegações finais por memoriais. O Ministério Público requereu a condenação nos termos da denúncia. O advogado de Leonardo, contudo,
renunciou aos poderes, razão pela qual, de imediato, o magistrado abriu vista para a Defensoria Pública apresentar alegações finais. Em sentença,
o juiz julgou procedente a pretensão punitiva estatal. No momento de fixar a pena-base, reconheceu a existência de maus antecedentes em razão
da representação julgada procedente em face de Leonardo enquanto era inimputável, aumentando a pena em 06 meses de reclusão. Não foram
reconhecidas agravantes ou atenuantes. Na terceira fase, incrementou o magistrado em 1/3 a pena, justificando ser desnecessária a apreensão de
arma de fogo, bastando a simulação de porte do material diante do temor causado à vítima. Com a redução de 1/3 pela modalidade tentada, a
pena final ficou acomodada em 4 (quatro) anos de reclusão. O regime inicial de cumprimento de pena foi o fechado, justificando o magistrado
que o crime de roubo é extremamente grave e que atemoriza os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias. Intimado, o Ministério Público apenas
tomou ciência da decisão. A irmã de Leonardo o procura para, na condição de advogado, adotar as medidas cabíveis. Constituída nos autos, a
intimação da sentença pela defesa ocorreu em 08 de maio de 2017, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país.
Aldo foi condenado em primeira instância a 1 ano e 2 meses de reclusão.
Apenas a defesa interpôs recurso de apelação visando diminuir a pena
em 2 meses. Devidamente processado o recurso, a Câmara Criminal do
Tribunal de acolheu as razoes do apelante e diminuiu a pena. Todavia,
consta na decisão proferida que, por unanimidade, se dá provimento ao
recurso para diminuir a pena, fixando-a em 14 meses de reclusão.
Elabore medida processual cabível.
 Jane, no dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Cuiabá – MT, subtraiu veículo automotor de propriedade de
Gabriela. Tal subtração ocorreu no momento em que a vítima saltou do carro para buscar um pertence que
havia esquecido em casa, deixando-o aberto e com a chave na ignição. Jane, ao ver tal situação, aproveitou-se e
subtraiu o bem, com o intuito de revendê-lo no Paraguai. Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta
empreendeu perseguição ininterrupta, tendo prendido Jane em flagrante somente no dia seguinte, exatamente
quando esta tentava cruzar a fronteira para negociar a venda do bem, que estava guardado em local não
revelado. Em 30 de outubro de 2010, a denúncia foi recebida. No curso do processo, as testemunhas arroladas
afirmaram que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem no país vizinho e que havia um comprador,
terceiro de boa-fé arrolado como testemunha, o qual, em suas declarações, ratificou os fatos. Também ficou
apurado que Jane possuía maus antecedentes e reincidente específica nesse tipo de crime, bem como que
Gabriela havia morrido no dia seguinte à subtração, vítima de enfarte sofrido logo após os fatos, já que o veículo
era essencial à sua subsistência. A ré confessou o crime em seu interrogatório. Ao cabo da instrução criminal, a
ré foi condenada a cinco anos de reclusão no regime inicial fechado para cumprimento da pena privativa de
liberdade, tendo sido levada em consideração a confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as
consequências do crime, quais sejam, a morte da vítima e os danos decorrentes da subtração de bem essencial
à sua subsistência. A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o cumprimento da pena
em 10 de novembro de 2012. No dia 5 de março de 2013, você, já na condição de advogado(a) de Jane, recebe
em seu escritório a mãe de Jane, acompanhada de Gabriel, único parente vivo da vítima, que se identificou
como sendo filho desta. Ele informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane, acolhendo os conselhos
maternos, lhe telefonou, indicando o local onde o veículo estava escondido. O filho da vítima, nunca
mencionado no processo, informou que no mesmo dia do telefonema, foi ao local e pegou o veículo de volta,
sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então. Com base somente nas
informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível,
excluindo a possibilidade de impetração de Habeas Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas

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