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PROCEDIMENTOS

A Convenção Americana de Direitos Humanos determina a duração


razoável do processo. A celeridade. Procedimento é um ritual. Uma
sequência ordenada de atos processuais, até o momento da prolação da
sentença. Constitui-se de uma sucessão de atos processuais. Pode ser
comum ou especial. O art. 394 do CPP ensina que o procedimento será
comum ou especial. O procedimento comum divide-se em:
• Ordinário: crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a
quatro anos de pena privativa de liberdade, salvo se não se submeter a
procedimento especial;
• sumário: crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a quatro
anos de pena privativa de liberdade, salvo se não se submeter a
procedimento especial;
• sumaríssimo: infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma
da Lei n. 9.099/95, ainda que haja previsão de procedimento especial.
Enquadram-se nesse conceito as contravenções penais e os crimes cuja
pena máxima não exceda a dois anos (de acordo com o conceito de
infração de menor potencial ofensivo trazido pela Lei n. 10.259/2001 e
pelo art. 61 da Lei n. 9.099/95).

Dessa forma, a distinção entre os procedimentos ordinário e sumário dar-


se-á em função da pena máxima cominada à infração penal.

O procedimento especial, por sua vez, abarcará todos os procedimentos


com regramento específico, tal como o do tribunal do júri (arts. 406 a 497
do CPP) e outros previstos na legislação extravagante, por exemplo, Leis n.
11.343/2006, militar etc.

ARTIGO 394 CPP

ordinário sumario sumaríssimo


PENA = OU + de 4 SUPERIOR A Menor potencial ofensivo
anos 2 E Menor de 4
anos
Maximo de 8 por fato - 5 = ou inferior a 2 e
testemunhas apenas as contravenção
compromissadas
Prazo da AIJ 60 30
Possibilidades Há previsão Não há
de provas no expressa previsão
final da AIJ
Conversão de Há previsão Não há
debates orais expressa previsão
em memoriais

1- REGRAS DA PENA PARA FIXAR PROCEDIMENTO

- Qualificadoras e privilégios integram cálculo da pena para determinar o


procedimento.

- Causas de aumento e de diminuição integram o cálculo- sendo de


aumento – consideram o máximo. Sendo de diminuição, consideram-se o
mínimo.

- Agravantes e atenuantes não entram no cálculo

ETAPAS DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

1)- oferecimento da denuncia ou queixa – (art.41CPP – Deve conter: a


exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-
lo a classificação do crime e quando necessário o rol das testemunhas)

1.1- Prazo – 15 dias –réu solto e 5 se preso.

2.Juízo de prelibação- esse momento proeminente, em que o juiz deve


analisar a existência dos pressupostos mínimos, autorizadores da
instauração da ação penal recebendo ou rejeitando a exordial acusatória.

2.2a)- Rejeição da denúncia ou queixa – Cabe RSE art. 581, I, CPP

2.2b)- Recebimento da denúncia ou queixa pelo juízo –


Caso o juízo receba a exordial acusatória, determinará a citação do
acusado.

Não admite recurso – pode impetrar HC se houver constrangimento ilegal,


se presentes requisitos do art. 395

• A ação penal tem início com o recebimento da denúncia ou queixa.

3)- citação do acusado para Resposta a Acusação

A regra no processo penal é a de que a citação deve ser pessoal.

Prazo (dez dias) a contar da efetiva citação. (súmula 710 STF)


CITAÇÕES:
-PESSOAL OU REAL – mandado judicial - prazo processual –exclui
inicio e inclui final- se cair sábado ou domingo ou feriado o prazo sera
prorrogado para o primeiro dia útil seguinte.
- POR EDITAL OU FICTA – prazo começa a contar do comparecimento
do acusado ou de defensor constituído. Suspende-se o processo e o prazo
prescricional (art.366) mas o juiz pode determinar a produção antecipada
de provas consideradas urgentes.
Pode decretar prisão preventiva.

Réu citado e não apresentou Resposta a acusação? –

o juiz nomeará defensor para apresentá-la concedendo-lhe vista por 10 dias.

Existe revelia no processo penal?

Segundo o artigo 367, o processo seguirá sem a presença do acusado que


citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer
sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência não
comunicar o novo endereço ao juízo.

4)- JULGAMENTO ANTECIPADO PRO REO (ART. 397)

Apresentada a resposta à acusação o juiz deverá absolver sumariamente o


acusado quando verificar:

I-a existência manifesta de causa excludente de ilicitude do fato,


II-existência manifesta de excludente de culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade, ou que
III- o fato narrado evidentemente não constitui crime ou, está extinta a
punibilidade do agente

4.1 Recebimento da denúncia ou queixa:

Após a apresentação da RPA, caso o juízo não absolva o acusado, deverá


designar dia e hora para AIJ determinando a intimação do acusado, seu
defensor, MP, e assistente da acusação para comparecerem.

Acusado preso – será requisitado

OBS: Princípio da identidade física do juiz - o juiz que presidiu a


instrução deverá proferir a sentença. Não é um princípio absoluto.
5- AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

Princípio da oralidade: a redação atual do CPP busca maior celeridade e o


aprimoramento na colheita da prova, primando pelo princípio da oralidade,
do qual decorrem vários desdobramentos:
I-concentração dos atos processuais em audiência única;
II- imediatidade;
III-identidade física do juiz. (O Juiz que colher a instrução deve sentenciar)

ORDEM DA AIJ

1 declarações do ofendido 2-inqurição de testemunhas acusação- 3-


inquirição de testemunhas da defesa 4-esclarecimento de perito – 5-
acareações – 6-reconhecimentos – 7-interrogatorio -8 possibilidades de
diligências 9- alegações finais orais – 20 minutos prorrogáveis por mais 10

- Memoriais escritos – juiz poderá, considerada a complexidade do caso


ou o número de acusados conceder às partes o prazo de 5 dias
sucessivamente para apresentação de memoriais escritos, neste caso terá o
prazo de 10 dias para proferir a sentença

Prazo: 5 dias sucessivos e 10 para o juiz proferir sentença

OBS: O esclarecimento por peritos depende de prévio requerimento das


Partes.

Inversão na ordem da oitiva das testemunhas:

As testemunhas de acusação são ouvidas em primeiro lugar. A inversão


dessa ordem acarreta tumulto processual, cabendo, no caso, correição
parcial, embora não enseje nulidade se não restar demonstrado o prejuízo.

Contudo, toda vez que a oitiva de testemunhas não se referir ao fato


probando, ou ainda quando se tratar de audiência no juízo deprecado, tal
inversão não implica nulidade. Dessa forma, no caso de testemunha
deprecada, não é necessário aguardar o retorno da carga precatória para a
realização da audiência (CPP, art. 222).

Nessa hipótese, no entanto, não será possível ao juiz proferir sentença em


audiência.
E se a testemunha faltar? (Cláusula de imprescindibilidade -
substituição)

Ausência da testemunha. Condução coercitiva: De acordo com o art. 218,


“Se regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo
justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação
ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá requisitar
auxílio da força pública”.

E se eu não apresentar os memoriais escritos?

Nulidade: na hipótese de ser concedido prazo de cinco dias para MP e a


defesa apresentarem memoriais, em substituição às alegações finais orais,
sua ausência acarretará nulidade, uma vez que as alegações finais
constituem peça essencial do processo, cuja falta acarreta nulidade
absoluta, por violação à ampla defesa.

O Ministério Público também não pode deixar de oferecer as alegações


finais, vez que sua atuação seria pautada segundo o princípio da
indisponibilidade da ação penal.

Perempção? Por outro lado, em se tratando de ação penal privada


subsidiária, a falta de alegações finais por parte do querelante não induz
perempção, ocorrendo nesse caso a retomada do processo pelo órgão do
parquet. Já em caso de ação penal exclusivamente privada, o não
oferecimento de alegações finais acarreta não só a perempção, mas também
a extinção da punibilidade.

5.1 SENTENÇA (Art. 381)

EMENDATIO LIBELLI –

o juízo pode, ao final da instrução dar ao fato nova definição jurídica


diferente daquela contida na denúncia, ainda que em consequência seja
aplicada pena mais grave.

Princípio da Congruência ou correlação entre acusação e sentença

Determina que a sentença deve ter total consonância com o delito descrito
na denúncia/queixa. É vedado ao magistrado julgar extra petita ou ultra
petita, ficando adstrito ao que foi apresentado na acusação como fato
delituoso supostamente cometido pelo réu. A inobservância desse princípio
gera nulidade absoluta.
MUTATIO LIBELE-

Caso após a instrução probatória, mas antes da sentença, apareçam novas


provas nos autos a respeito de elementos ou circunstâncias da infração
penal que não estavam contidos na denúncia/queixa ´poderá ocorrer
a Mutatio Libelli, um aditamento da peça acusatória pelo MP no prazo de 5
dias.

Não ocorre de ofício, deve vir de iniciativa do MP. Diante da inércia do


órgão público, o ofendido pode propor a Mutatio. Na ausência de
aditamento, é necessário propor nova denúncia utilizando os elementos
probatórios e novos fatos descobertos.

Dentro do tema, temos dois tipos de aditamento. O aditamento próprio é o


acréscimo de determinados elementos que eram desconhecidos à petição
inicial, podendo ser:

• Real/objetivo: acréscimo de fatos;


• Pessoal/subjetivo: acréscimo de pessoas.

Procedimento

Frente ao surgimento de novas provas, o MP toma a iniciativa de realizar o


aditamento em até 5 dias. Feito o aditamento, abre-se o prazo de 5 dias para
a manifestação da defesa, que pode arrolar até 3 testemunhas.

Em seguida, o juiz recebe o aditamento e designa data e hora para a


continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.

REQUISITOS DA SENTENÇA
1-relatorio ou resumo do processo 2-fundamentação (exposição dos
motivos que levaram ao convencimento) 3- DISPOSITIVO (conclusão do
processo) 4- AUTENTICAÇÃO- data e assinatura do juiz

Inciso I: o nome do acusado. A impossibilidade de identificação do


acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará
a ação penal, quando certa a identidade física. Do mesmo modo, engano
quanto ao nome não anula a sentença se não houver dúvida sobre a pessoa
do acusado.

Inciso II: o relatório. Relatório é a exposição sucinta da acusação e da


defesa. A absoluta falta do relatório conduz a nulidade insanável, pois
impede se saiba se o juiz tomou conhecimento do processo e das alegações
das partes antes de efetuar o julgamento. Porém, se ficar evidenciado, na
motivação da sentença, que o juiz analisou todos os argumentos e provas
apresentados pelas partes, não há qualquer nulidade.

Inciso III: a motivação. É princípio basilar da Constituição que “todos os


julgamentos serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade” (art. 93, IX). A fundamentação sucinta não se confunde com falta
de fundamentação, e, portanto, não invalida a sentença. Porém, haverá
nulidade quando a excessiva concisão da sentença retirar a clareza do ato
judicial.

Inciso IV: a indicação dos artigos de lei aplicados. A falha decorrente da


não indicação dos artigos de lei aplicados deve, de regra, importar em
nulidade. A omissão acarreta prejuízo para o réu, que ficará sem saber qual
crime ensejou a condenação. Possível, entretanto, admitir a validade da
sentença quando o artigo de lei foi mencionado expressamente em outra
parte da decisão, sem que subsista qualquer dúvida.

Inciso V: o dispositivo. Para Grinover, Scarance e Magalhães, “a falta do


dispositivo é causa de nulidade, pois constitui ele requisito essencial da
sentença”. Porém, a hipótese parece mesmo ser de inexistência, pois
sentença sem dispositivo é sentença que não decidiu, e que, portanto,
ensejou a condenação. Possível, entretanto, admitir a validade da sentença
quando o artigo de lei foi mencionado expressamente em outra parte da
decisão, sem que subsista qualquer dúvida.

Inciso VI: a data e a assinatura do juiz. A falta de assinatura configura


inexistência de sentença, pois o que há é um mero trabalho datilográfico
sem autoria. A falta de data configura mera irregularidade.

Sentenças emitidas por juízes em férias ou licença, ainda que lançadas com
data anterior à saída do juiz, são consideradas absolutamente nulas pela
jurisprudência, com base na data aposta na certidão de devolução dessas ao
cartório. É que o juiz em férias ou em licença não pode prestar jurisdição.

São também nulas as sentenças que não obedecerem ao critério trifásico de


fixação da pena, estampado no art. 68, caput, do Código Penal.

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