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PROCESSO PENAL APLICADO TEMA 01

Prof.ª Newdylande Oliveira


ATOS PROCESSUAIS PENAIS

1. ATOS PROCESSUAIS PENAIS


1.1. ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL
1.2. TEORIA GERAL DOS ATOS PROCESSUAIS
1.3. ATOS DO JUIZ
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
1. ATOS PROCESSUAIS PENAIS

O ato jurídico é uma declaração humana que se traduz numa


declaração de vontade destinada a provocar uma consequência
jurídica.
O ato processual é o ato jurídico praticado por algum dos
sujeitos da relação processual, no curso do processo.
Assim, ato processual é toda conduta dos sujeitos processuais que
tenha por efeito a criação, modificação ou extinção de situações
jurídicas processuais.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
O processo penal é das partes, todavia há:

a. 2 partes (Ministério Público e Réu)


b. 3 sujeitos (Juiz, Promotor e Réu)

Juiz não é parte no processo penal, juiz é interveniente.


ATOS PROCESSUAIS PENAIS
PROCESSO X PROCEDIMENTO

PROCESSO – é a relação jurídica abstrata entre juiz, promotor e


réu.

PROCEDIMENTO – é o rito / sequência / concatenação dos atos


processuais que precisam ser comunicados as partes.

AUTOS – documentos, físicos ou digitais, que compõe o processo.


ATOS PROCESSUAIS PENAIS
1.1. ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

Citação (art.351 do CPP)


Intimação (art. 370 do CPP)
Notificação * (Procedimentos especiais)

Validade dos atos processuais – ocorre para o desdobramento


do contraditório e da ampla defesa. O contraditório não é do
juiz, mas por ele assegurado.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
CITAÇÃO – “é o chamamento do réu ao juízo, dando-lhe ciência
do ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de um crime,
bem como oferecendo a oportunidade de se defender
pessoalmente e através de defesa técnica” (Nucci)

a. Citação Real
▪Pessoal (art. 351 do CPP), dar-se por mandado via oficial de
justiça.
▪Carta Precatória | Itinerante
▪Carta Rogatória
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
b. Citação Ficta
▪Hora certa (art. 362 do CPP), sendo ato do oficial de justiça, não
carecendo de autorização judicial. Nesta modalidade não há
suspensão do processo. (Informativo 833 do STF).
▪Edital (§1º do art. 363 do CPP), réu não encontrado, o
magistrado:
▪OBRIGRATORIAMENTE
1. Suspende o processo;
2. Suspende o curso da prescrição;
▪Súmula 415 do STJ
▪RE 600.851/RG do STF (23/02/2021)
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
▪Edital, réu não encontrado, o magistrado:
▪FACULTATIVAMENTE
1. Determina a produção antecipada de provas;
2. Decreta a prisão preventiva do denunciado;
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
INTIMAÇÃO (art. 370 do CPP) - A intimação é, portanto, o meio
procedimental que noticia a existência de ato processual e que
possibilita o exercício das faculdades e ônus processuais
reservados às partes, bem como viabiliza o efetivo cumprimento
do dever legal de comparecimento e participação de terceiros no
processo penal.

1. Partes (MP e Réu)


2. Testemunhas
3. Ofendido
4. Peritos e intérpretes
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
NOTIFICAÇÃO – Há entendimento no qual a notificação é para
ato que ocorrerá, ou seja, ato futuro. Todavia, há dispositivos nos
quais a notificação funciona como “citação”.

Lei 11.343/06 (art. 55)


Funcionário público (art. 514 do CPP)
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
São todos instrumentos a serviço da eficácia dos
direitos fundamentais do contraditório e da ampla
defesa. Não se pode mais pensar a comunicação
dos atos processuais de forma desconectada do
contraditório, na medida em que, como explicamos
anteriormente, é ele o direito de ser informado de
todos os atos desenvolvidos no iter procedimental.
(Aury Lopes Jr.)
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
1.2. TEORIA GERAL DOS ATOS PROCESSUAIS

a. Atos processuais postulatórios

b. Atos processuais instrutórios

c. Atos processuais decisórios


ATOS PROCESSUAIS PENAIS
PRAZOS PROCESSUAIS

Os prazos no processo penal são contados em dias úteis, haja


vista a aplicação analógica do disposto no Código de Processo
Civil de 2015?

1. Contagem
2. Início
3. Término
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
1.3. ATOS DO JUIZ - há atos em que o juiz simplesmente
determina o seguimento do feito, dando cumprimento ao curso das
fases procedimentais, sem se deter no exame de qualquer
questão controvertida. São os chamados atos de impulso
processual, notoriamente designados por despachos. E há atos em
que o juiz é chamado a resolver ponto ou questão sob os quais
paire controvérsia relevante, seja sobre a própria pretensão de
direito material (punitiva), seja sobre matéria exclusivamente
processual, relativa tanto aos pressupostos processuais quanto às
condições da ação, entre as quais se inclui a justa causa (art. 395,
III, CPP). Temos aqui as decisões judiciais.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
a. DESPACHO – atos de impulso processual, dos quais não
admitem recurso, admite, todavia, correição para controle de
error in procedendo.

b. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA – Tomadas no curso do processo,


“resolvendo” uma questão incidental que não adentra o mérito
da ação processual (condena ou absolve). Dividem-se em:
1. Decisão interlocutória simples: resolve incidentes processuais, sem
encerrar qualquer fase processual. Ex. Decisão de concessão da
liberdade provisória, decreto de a prisão preventiva ou arbitramento
de fiança.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
2. Decisão interlocutória mista não terminativa: resolve uma
questão processual, sem encerrar do processo e sem julgar o
mérito. Ex.: Decisão de pronúncia.

3. Decisão interlocutória mista terminativa: encerra o processo


sem julgamento do mérito. Ex.: Decisão que rejeita a denúncia,
de impronúncia ou que reconhece a menoridade do réu.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
c. SENTENÇA – São decisões que põe fim ao processo com
julgamento do mérito. Decide o cerne da questão, visando
apurar se o fato típico ocorreu ou não e se o
acusado/denunciado é autor. Podem ser:
1. Decisão condenatória: a denúncia encontra amparo na prova
e, portanto, o juiz, impõe a condenação, nos termos do artigo
387 do CPP.
2. Decisão absolutória: corresponde a improcedência da ação
penal, com fundamento em um dos incisos do artigo 386 do
CPP.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
A decisão absolutória pode ser:
a. Própria: absolve sem nada impor ao réu, em decorrência da
ausência de prova da materialidade ou da autoria delitiva,
bem como de reconhecimento de excludente da ilicitude,
tipicidade ou culpabilidade.

b. Imprópria: absolve, impondo ao réu medida de segurança,


pois tudo levaria à condenação do agente, mas não há
possibilidade desta diante da inimputabilidade deste prevista
nas hipóteses do art. 26 do Código Penal.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS
3. Decisão declaratória: são as sentenças proferidas sem
julgamento do mérito, prestam-se a declarar a extinção da
punibilidade por uma das hipóteses do artigo 107 do Código
Penal.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS – ATOS DO JUIZ –
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO
EMENDATIO LIBELLI
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia
ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em
consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
§1º.Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade
de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de
acordo com o disposto na lei.
§2º. Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão
encaminhados os autos.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS – ATOS DO JUIZ –
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO
EMENDATIO LIBELLI

A emendatio libelli não se ocupa de fatos novos, surgidos na


instrução, mas sim de fatos que integram a acusação e que devem
ser objeto de uma mutação na definição jurídica.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS – ATOS DO JUIZ –
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO
MUTATIO LIBELLI
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova
definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de
elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5
(cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime
de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito
oralmente.
§1º. Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-
se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
ATOS PROCESSUAIS PENAIS – ATOS DO JUIZ –
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO
MUTATIO LIBELLI
§2º.Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento,
o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação
da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado,
realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§3º. Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§4º. Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo
de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do
aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§5º. Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
ATOS PROCESSUAIS PENAIS – ATOS DO JUIZ –
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO
MUTATIO LIBELLI

A mutatio libelli se ocupa de fatos novos, surgidos na instrução, e


que não constavam na acusação. Deve ser objeto de adiamento
da denúncia pelo MP, pronunciamento da defesa e na sequência
decisão do magistrado quanto ao recebimento do aditamento.
EMENDATIO LIBELLI MUTATIO LIBELLI
Autor da ação penal, na peça inicial, O autor da ação penal narra os
narra corretamente os fatos, mas se fatos e os tipifica corretamente.
equivoca na tipificação jurídica. Porém, com o resultado da instrução
criminal, surge nova prova a respeito
de elementar ou circunstância
judicial.
Permite-se o conserto da tipificação Não se permite o conserto da
jurídica sem a necessidade de tipificação jurídica de ofício. Exige-se
aditamento da denúncia. aditamento da denúncia.
Pode ser aplicada na segunda Não pode ser aplicada na segunda
instância. instância.
(2008-FCC-TCE-RR-Procurador de Contas-MODIFICADA) O princípio da
correlação no processo penal significa que:

a. A sentença deve guardar relação com os fatos que constam da denúncia ou a


queixa.

b. A sentença deve guardar relação entre o que consta dela e o que pensa o
juiz.

c. Deve haver correspondência entre o fato descrito na denúncia e o texto da lei.

d. Deve haver relação entre o cargo do juiz e o cargo do promotor de justiça.

e. A decisão no processo penal deve ter conexão com a decisão do processo civil
de indenização pelo mesmo fato.
Sérgio, funcionário público, foi denunciado pela prática de crime de corrupção passiva privilegiada
(art. 317, §2º do CP), por ter praticado ato, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem. Durante a audiência de instrução as provas demonstraram que, diferente do
que dizia a denúncia, que na verdade ele teria praticado ato, com infração de dever funcional,
para satisfazer interesse pessoal, o que corresponde ao crime de prevaricação (art. 319 do CP).
Sendo assim, o magistrado deve:

a. Rejeitar a denúncia por inépcia.


b. Mandar a acusação promover o aditamento da denúncia, por se tratar de mutatio
libeli.
c. Julgar o caso, podendo condenar Sérgio por prevaricação, por se tratar de
emendatio libeli.
d. Absolver Sérgio.
e. Mandar a acusação promover o aditamento da acusação, por se tratar de emendatio
libeli.
A RESPEITO DE PRAZOS PROCESSUAIS PENAIS, ASSINALE A OPÇÃO
CORRETA:
a. Na contagem de prazos em dias, computam-se somente os dias úteis.
b. Na contagem de prazos no processo penal, adota-se a regra do direito
penal material, ou seja, inclui-se o primeiro dia.
c. Caso o advogado seja intimado para apresentar peça processual cujo prazo
é de cinco dias em uma quarta-feira útil, o prazo final para o protocolo da
peça será a segunda-feira subsequente.
d. O prazo legal de dez dias para o juiz prolatar sentença é de natureza
peremptória.
e. Os prazos impróprios estão sujeitos à preclusão.
QUANTO À FLUÊNCIA DOS PRAZOS NO PROCESSO PENAL, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA.

a. Para a defensoria pública, os prazos contam-se da data do recebimento dos


autos, com vista naquele órgão, e não da aposição no processo do ciente de seu
membro.
b. O prazo para a interposição de apelação pelo assistente de acusação,
habilitado ou não, será de quinze dias a contar do término do prazo do MP.
c. Tanto para o MP quanto para a defensoria pública, os prazos contam-se em
dobro.
d. Notadamente nos prazos de comunicação, a regra é a fluência do prazo a
partir da juntada do mandado.
e. Para efeitos de contagem de prazo, considera-se intimado o representante do
MP por meio de publicação na imprensa oficial ou por via de mandado judicial.
BIBLIOGRAFIA
1. LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal:
volume único. 11ª ed. Salvador: Juspodivm, 2022.

2. LOPES JR, Aury. Direito processual penal. 19ª ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2022.

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