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PROCESSO DO TRABALHO

AULA 2 – FONTES E PRINCÍPIOS

EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL TRABALHISTA NO TEMPO E NO


ESPAÇO

• O processo, de maneira ampla, compreende uma série de atos


processuais que se coordenam e se sucedem no curso do
procedimento, iniciando-se com a petição inicial até o trânsito em
julgado da sentença;

• Desta forma, estando em desenvolvimento um processo, a lei


processual nova regulará apenas os atos processuais que serão praticas
após sua vigência, não alcançando os atos já realizados sob a égide da
lei anterior, os quais serão considerados válidos, produzindo todos os
regulares efeitos;

Ex: Contagem dos prazos na Lei 13.467/17

• A Lei processual trabalhista terá validade em todo o território nacional,


sendo aplicada tanto aos brasileiros, quanto aos estrangeiros residentes
no Brasil;

• A execução da sentença estrangeira no Brasil depende da homologação


do Superior Tribunal de Justiça;

• Aplica-se, neste princípio, a Constituição Federal, a Consolidação as


Leis do Trabalho, o CPC, e as demais legislações infraconstitucionais
aplicáveis ao processo do trabalho, como Lei 6.830/1980, Lei
7.347/1985, Lei 8.078/1990, bem como as Súmulas do STF, à luz do
que institui o artigo 103-A da Constituição Federal.

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1) PRINCÍPIO DISPOSITIVO

• O processo começa com a iniciativa da parte;

• A Lei 13.467/17 altera o impulso oficial dos magistrados na demanda


trabalhista, passando a vigorar o seguinte redação do artigo 878 CLT: “A
execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo
juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não
estiverem representadas por advogado.”
• Exceção: Dissídio Coletivo suscitado ex officio pelo Presidente do Tribunal
Regional do Trabalho, em caso de suspensão do trabalho, mas é discutível,
haja vista que a CF/88 legitimou aos Sindicatos (Artigo 8,III c/c Art. 114,
§2ª) a propositura de ações coletivas e a Lei de greve (Lei 7.783/89)
possibilitou as partes e ao MP propor ação em caso de paralisação.

2) PRINCÍPIO INQUISITÓRIO OU INQUISITIVO

• Confere ao Juiz a função de impulsionar o processo, na busca da solução


do litígio;

• Base legal – Artigos 2ª do CPC e 765 da CLT:

• Art. 2º do CPC: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve


por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei;

• Artigo 765 da CLT: Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade


na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas,
podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento
delas.

• Artigo 852- D da CLT: O juiz dirigirá o processo com liberdade para


determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório de
cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas,
impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial
valor às regras de experiência comum ou técnica (Procedimento
sumaríssimo);

• Art. 370 do CPC: Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único.
O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou
meramente protelatórias;

• Novamente, importante recordar que com a aprovação da Reforma


trabalhista, o Magistrado só impulsionará a execução, de ofício, quando as
partes não estiverem constituídas com advogado;

3) PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

• Defende que a tutela jurisdicional seja prestada no menor tempo possível,


concentrando os atos em uma única audiência.

•  Art. 849 CLT - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for
possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou
presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida,
independentemente de nova notificação.

• No cotidiano das audiências trabalhistas, em se tratando de procedimento


comum, é de costume que a audiência seja repartida em três atos
(audiência de conciliação, audiência de instrução e audiência de razões
finais), somente realizando audiência única quando o feito envolver matéria
exclusivamente de direito ou quando o feito envolver matéria
exclusivamente de direito ou quando a comprovação dos fatos depender
apenas de prova documental;

4) PRINCÍPIO DA ORALIDADE

• Significa a realização de atos processuais pelas partes e pelo próprio


magistrado na própria audiência, de forma oral. Exemplifica-se:

• Leitura da Reclamação - Artigo 847 CLT;

• Defesa oral em 20 min – Artigo 847 CLT;

• 1ª e 2ª Tentativas de conciliação – Artigos 846 e 850 CLT;

• Interrogatório das partes – Artigos 848 CLT;

• Oitiva das testemunhas – Artigo 848, §2ª CLT;

• Razões finais em 10 minutos – Artigo 850 CLT;

• Protesto em audiência – Artigo 795 CLT;

Obs.: Em razão da seriedade em busca de agilidade processual, a petição


oral poderá ser tanto escrita como oral.

5) PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ

• Determina que o juiz que colheu a prova (depoimento pessoal das partes,
oitiva das testemunhas, esclarecimentos verbais do perito) é quem deve
proferir a sentença.

6) PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE OU IMEDIAÇÃO

• Permite um contato direto do juiz com as partes, testemunhas, peritos,


terceiros e com a própria coisa litigiosa, objetivando firmar seu
convencimento mediante a busca da verdade real.
•   Art. 820 CLT - As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou
presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento
dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados.

7) PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES


INTERLOCUTÓRIAS

• No processo do trabalho, somente serão recorríveis de imediato, decisão


definitiva, não se aplicando, portanto, as decisões que resolvem questões
incidentes;
Súmula nº 214 do TST

• DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) -


Res. 127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005

• Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões


interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de
decisão: exceções 3* da sumula 214

1) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou


Orientação Jurisprudencial (OJ) do Tribunal Superior do
Trabalho;
2) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo
Tribunal;
3) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a
remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no
art. 799, § 2º, da CLT.

Obs.: As decisões so poderão ser recorridas após o juiz proferir a sentença

8) PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

• Cabendo ao Juiz dirigir o processo, assegurando a igualdade de tratamento


das partes, deverá viabilizar o contraditório e a ampla defesa. Possibilitando
que o Reclamado seja regularmente notificado para apresentar defesa,
permitindo que autor e réu se manifestem sobre os documentos juntados,
intimando as partes de qualquer despacho ou decisão interlocutória, ou
mesmo dando ciência a uma parte de determinado ato praticado pela parte
contrária.

9) PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ


• A imparcialidade do Juiz que possibilitará a viabilização do contraditório e
da ampla defesa, assegurando a garantia da justiça.

10)PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL

 Impede que seja conferida competência não prevista na carta maior a


quaisquer órgãos julgadores, devendo ser respeitadas as regras
objetivas de determinação de competência, prestigiando a
independência e a imparcialidade da autoridade julgadora;

11)PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES

 Art. 832 CLT - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo
do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da
decisão e a respectiva conclusão.

Sob pena de nulidade, as decisões judiciais devem ser fundamentadas,


motivadas;

12)PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO

• Os Juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons


ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos
conflitos.

• Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação


da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação; § 1º - Para
os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão
sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução
conciliatória dos conflitos; § 2º - Não havendo acordo, o juízo
conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo
decisão na forma prescrita neste Título.

Obs.: A conciliação poderá ocorrer a qualquer momento, mas o Juíz é


obrigado a tentar conciliação em 2 momentos; art. 846 CLT aberta a seção,
ou seja, inicio da audiência; art. 850 CLT após as razões finais e antes da
sentença.

13)PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI

• Reclamante e Reclamado poderão atuar sem a presença de advogados


em todas as instâncias trabalhistas, no âmbito das varas do trabalho e
do Tribunal Regional do Trabalho.

• Observação 1: Artigo 133 da CF/88;


• Observação 2: EC/45 c/c Artigo 791 CLT;

• SÚMULA 425 TST

• JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res.


165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se
às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não
alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança
e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Obs. artigo 791 CTL. Direito conferido aos empregados e empregadores de postularem
pessoalmente perante a JT sem a necessidade de advogado. O jus postulandi limita-se as
varas do trabalho e aos TRTs, conforme sumula 425 TST, não alcançando a ação rescisória,
ação cautelar, MS e os recursos ao TST, qual seja o Recurso de Revista.

14)PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

 Fundamento Constitucional: ninguém será privado da liberdade ou de


seus bens sem o devido processo legal (artigo 5o, inciso LIV, da CF/88).
 Princípios filhos deste: Juiz Natural; Proibição de tribunais de exceção,
duplo grau de jurisdição, motivação das decisões, admissibilidade de
provas lícitas no processo, contraditório e ampla defesa, publicidade do
processo;

15)PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

• Possibilidade do reexame de uma demanda (administrativa ou judicial)


pela instância superior, mediante interposição de recurso em face da
decisão do órgão de instância inferior.

• Observação: Dissídio de Alçada só poderão ser recorridos havendo


violação à matéria Constitucional (, Artigo 2, §§ 3ª e 4ª da Lei 5.584/70)

16)PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE

• As partes devem alegar, de uma só vez, todas as matérias, de ataque e


defesa, objetivando resguardar seu próprio interesse, sob pena de
operar-se a preclusão.

17)PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA


• O Reclamado deve manifestar-se, precisa e especificadamente, sobre
os fatos narrados na petição inicial, não se admitindo a defesa por
negação geral.

• Art. 341. CPC Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente


sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se
verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I – não for admissível, a seu
respeito, a confissão; II – a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considerar da substância do ato; III – estiverem em
contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo
único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao
defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

18)PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO E DA PEREMPÇÃO

• Os atos processuais são orquestrados por meio de fases que se


sucedem na tramitação do processo. A preclusão, portanto, é a perda da
possibilidade da realização de um ato processual, seja pelo seu não
exercício no momento oportuno, seja pela total incompatibilidade entre o
ato realizado e o posterior, ou mesmo seja pelo fato de o ato já ter sido
validamente praticado. A perempção consiste na perda pela parte do
direito de praticar determinado ato processual ou mesmo de prosseguir
com a demanda em função da sua própria inércia, ao deixar o prazo
legal para o exercício do direito. Perempção é a perda do direito de
ajuizar ação na justiça do trabalho pelo prazo de 6 meses .

19)PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO

Considerando a hipossuficiência (direito material) do trabalhador, alguns


autores (Wagner Giglo, Carlos Henrique Bezerra Leite e Sérgio Pinto Martins),
defendem a existência, no âmbito processual, do princípio Protetor. Segue
alguns exemplos:

- Inversão do ônus da prova; obrigatoriedade do depósito recursal a parte


Reclamada; Regra da competência no local de prestação dos serviços.

- A Lei 13.467/17 e o perigo de extinção deste princípio;

Obs.: exemplo: falta.

Do reclamante hipossuficiente o processo vai pro arquivo e se for a parte


reclamada causa revelia.

20)PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL


• Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na
direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas,
podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento
delas.

21)PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA

• É a competência, concedida pela CF/88, artigo 144, de fixar, por meio da


sentença normativa, novas condições de trabalho de aplicação
obrigatória às categorias econômicas envolvidas.

22)PRINCÍPIO DA EXTRAPETIÇÃO

• Permite que o juiz, nos casos expressamente previstos em lei, condene


o réu em pedidos não contidos na petição inicial. Exemplos:

• Art. 137, CLT - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de
que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva
remuneração. § 2º - A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por
cento) do salário mínimo da região, devida ao empregado até que seja
cumprida;

•   Art. 467 CLT. “Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é
obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las
acrescidas de cinquenta por cento".  

• Art. 496 CLT - Quando a reintegração do empregado estável for


desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do
dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o
tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização
devida nos termos do artigo seguinte.   

• Súmula 211 do TST: JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.


INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.Os juros
de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que
omisso o pedido inicial ou a condenação.

23)PRINCÍPIO DO REFORMATIO IN PEJUS


É vedado ao Tribunal, no julgamento de um recurso, proferir decisão mais
desfavorável ao recorrente, do que aquela recorrida.

24)PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE OU DA FINALIDADE

Determina que serão válidos os atos que, embora realizados de outra forma,
alcançarem a sua finalidade, desde que a lei não preveja a sua nulidade, pois o
processo é um instrumento para que o Estado preste sua jurisdição e não um
fim em si mesmo.

• Art. 188 CPC. Os atos e os termos processuais independem de forma


determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se
válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade
essencial;

• Art. 277 CPC. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz


considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a
finalidade;

25)PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO

• Artigo 5ª,XXXV da CF/88: A lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito;

• Justifica o fim das Comissões de Conciliações Prévias, criada com a Lei


9.958/2000

26)PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE DA LIDE

• Art. 329 CPC. O autor poderá: I – até a citação, aditar ou alterar o


pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do
réu; II – até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a
causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório
mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15
(quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. Parágrafo
único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva
causa de pedir.

• Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para
aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for
dispensada por ambas as partes
• Parágrafo único.  A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema
de processo judicial eletrônico até a audiência. (Lei 13.467/17)

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