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MAPA 3 – MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO

CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
PROFESSORA: JAQUELINE BITENCOURTT
ANO: 2017 SEM: 8° AULAS: 5 e 6
TÍTULO: PRINCÍPIOS DO DIREITOPROCESSUAL DO TRABALHO
OBJETIVO: A temática a ser trabalhada tem a finalidade de ampliar os conhecimentos
dos acadêmicos no que diz respeito à parte principiológica.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
1- PRINCÍPIOS DO DIREITOPROCESSUAL DO TRABALHO
Princípio Dispositivo
Princípio inquisitivo
Princípio da Concentração dos atos processuais
Princípio da Oralidade
Principio da Identidade física do juiz
Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias
Princípio da conciliação
Princípio do jus postulandi da partes
Princípio da proteção
Princípio da normatização coletiva
Princípio da extrapetição

1. PRINCÍPIOS

Princípios são regras fundamentais e gerais de qualquer arte ou ciência.


Segundo MIGUEL REALE, — "princípios são verdades fundantes de um sistema de
conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido
comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter opcional, isto é,
como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da praxis".
Os princípios servem para:

a) Preceituação – em suma significa que sua aplicação é de competência da


autoridade judicial.
b) Interpretação - orientam a interpretação de lei e resolvem situações de dúvida,
ou não previstas, colaborando no entendimento de normas jurídicas com forma e
conteúdo polêmicos.
c) Normatização - têm caráter normativo, quando inseridos expressamente em
norma positiva, tornando-se, aí, de aplicação obrigatória, pois se aplicam a situações
de fato e de direito.

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d) Informação - têm função informadora na elaboração da norma.
e) Construção - têm função construtora, indicando e formulando uma filosofia
dominante no ordenamento jurídico.
f) Unificação - conferem unidade e solidez à disciplina.
g) Generalização - têm aplicação em todos os campos do direito (individual e
coletivo); não têm forma técnica de exteriorização; sua aplicação se faz por uma
norma legal, indiretamente.
h) Integração - têm função integrativa, suprindo, direta ou indiretamente, as
omissões do legislador.

1 .1. PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO OU DA DEMANDA

Este Princípio tem base legal no art. 2º do CPC, que diz: “o processo começa
por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas
em lei”.
Na esfera cível o processo somente tem seu início com a provocação da parte
interessada.
Na esfera trabalhista, via de regra, a parte interessada poderá ajuizar a ação de
modo verbal (que será reduzida a termo) ou escrita, conforme previsão dos arts. 786 e
787 da CLT.
Exceção à regra encontra-se no art. 39, caput, da CLT, nos casos de reclamação
feita perante a Delegacia Regional do Trabalho quando empregador se recusa a assinar
ou devolver a CTPS do empregado.
Neste caso a própria Delegacia Regional do Trabalho encaminha à Justiça do
Trabalho o respectivo processo.
Diz o citado artigo: “Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado
versam sobre a não existência de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa
condição pelos meios administrativos, será o processo encaminhado a Justiça do
Trabalho ficando, nesse caso, sobrestado o julgamento do auto de infração que houver
sido lavrado.”.

1.2. INQUISITORIEDADE

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Significa que a despeito de o processo ser marcado pela dispositividade, o juiz
pode, em busca da verdade real, afastar-se dessa dispositividade, até a inquisitoriedade,
determinando prova que nem mesmo tenham sido pretendidas pelas partes.
Localiza-se: CLT, arts. 765, 795, § 1º, 820, 827, 848, etc.

1.3. CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Significa que toda a instrução deve resumir-se a um número mínimo de


audiências; se possível, a uma. Arts. 845 a 851.

1.4. PRINCÍPIO DA ORALIDADE

Prevalência da palavra como meio de expressão.


•Art. 840, §2º, CLT (reclamatória verbal);
• Art. 847, CLT (defesa)
•Art. 850, CLT (razões finais.)

1.5. PRINCIPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ

Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do Juiz. Sabe-se que
o processo laboral é orientado pelos princípios da celeridade e economia processual,
permitindo a rapidez na tramitação do processo – o que é indispensável quando a
controvérsia envolve créditos cuja natureza é eminentemente alimentar.

1.6. IRRECORRIBILIDADE DAS INTERLOCUTÓRIAS - visa impedir, tanto quanto


possível, interrupções da marcha processual; motivadas por recursos opostos pelas
partes das decisões do juiz. A matéria fica imune à preclusão, sendo apreciada depois,
pelo Tribunal. Atende ao princípio da celeridade processual.

Localiza-se:
1) na CLT, arts. 799, § 2º e 893, § 1º.

1.7. PRINCIPIO DA CONCILIAÇÃO- A conciliação é obrigatória no processo do


trabalho (CLT, art. 764). Não havendo pelo menos duas propostas de conciliação, a

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sentença será nula. A Lei nº 9.022, de 5/4/95 alterou os arts. 764, 847 e 850 da CLT.
Pelo art. 847 a 1ª proposta conciliatória deveria ser feita após a defesa do reclamado;
pelo art. 850, assim que terminada a instrução. Com a Lei nº 9.022/95 a 1ª proposta de
conciliação deverá ser feita antes da defesa.

Localiza-se:
1) na CLT, arts. 764, §'s 1º, 2º e 3º, 847 e 850.

1.8. JUS POSTULANDI - Significa que, na Justiça do Trabalho, as partes podem litigar
pessoalmente, sem patrocínio de advogados. O art. 133 da CF/88 não revogou a CLT. O
TST já se pronunciou sobre o assunto, firmando esse entendimento.
Localiza-se:
1) na CLT, arts. 791, 839, a, 840 e 846.

1.9. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO

Este princípio tem como objetivo a proteção do empregado, parte mais frágil da
relação de emprego. Assim, cabe ao legislador no momento da criação das normas
objetivar sempre a melhoria da condição social do trabalhador. A partir desse princípio,
surgem outros três princípios, o da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador, o
da condição mais benéfica ao trabalhador e o in dubio pro operário.

1.10. PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA

O princípio da normatização coletiva está baseada no art. 114, § 2º, da CF que


diz, in verbis: “Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem,
é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições
mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.”
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite: “A Justiça do Trabalho brasileira é a
única que pode exercer o chamado poder normativo, que consiste no poder de criar
normas e condições gerais e abstratas (...), proferindo sentença normativa (...) com
eficácia ultra partes, cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais dos

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trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo sindicato que
ajuizou o dissídio coletivo.”

1.11. PRINCÍPIO DA EXTRAPETIÇÃO

“O princípio da extrapetição permite ao juiz, nos casos expressamente


previstos em lei, condene o réu em pedidos não contidos na petição inicial, ou seja,
autoriza o julgador a conceder mais do que o pleiteado, ou mesmo vantagem diversa da
que foi requerida.”(Renato Saraiva).
Outrossim, o princípio da ultra ou extra petição não é admitido no processo
civil. Contudo, no processo do trabalho tal princípio encontra aplicação em certos casos,
como no art. 467, da CLT, por exemplo, que permite ao juiz determinar o pagamento
das verbas rescisórias incontroversas com acréscimo de 50% caso não sejam pagas na
primeira audiência em que comparecer o réu, ainda que sem pedido do autor.
Frisa-se, entretanto, que tal princípio só pode ser usado em casos excepcionais,
como no caso também do artigo 496, da CLT, e da inserção de juros e correção
monetária mesmo quando não requeridas no pedido (Súmula 211 do TST), pois caso
contrário o juiz estaria violando o princípio do contraditório e da ampla defesa.

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