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MAPA 5 – MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO

CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
PROFESSORA: JAQUELINE BITENCOURTT
ANO: 2017 SEM: 8° AULAS: 9,10 e 11.
TÍTULO: COMPÊNTECIAS
OBJETIVO: A temática a ser trabalhada tem a finalidade de ampliar os conhecimentos
dos acadêmicos no que diz respeito à competência.

1. COMPETÊNCIAS

Conceito – é a distribuição interna do exercício da atividade jurisdicional. Tal


divisão é feita pelo uso de três critérios doutrinários, segundo lições de Chiovenda.
1 – objetivo; que leva em conta o objeto do litígio, compreendendo a matéria, o
valor e as pessoas envolvidas
2 – territorial; que leva em conta o local ou território
3 – funcional; que leva em conta critérios de divisão de atribuições dentro de
um órgão jurisdicional.
Tais critérios podem ser de ordem absoluta, quando tutelam o interesse
público, e de ordem relativa, quando tutelam interesses privados.
Competência Trabalhista – critério – matéria – artigo 114 da CF/88

1.1. Sistemas Jurídicos de competência

Unificados – concentram em um só órgão a competência para julgar as


questões trabalhistas e todas as correlatas, como previdenciárias e acidentárias. Ex.
Espanha e Itália

Fragmentados – separam as competências para julgamento dessas matérias em


órgãos distintos. Ex. Brasil

Como visto, o Brasil adota o Sistema Fragmentado: a matéria trabalhista é


julgada pela Justiça do Trabalho; a matéria previdenciária, pela Justiça Federal; e a
matéria acidentária, pela Justiça Estadual.
Justamente por isso, há a separação em :

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- Competência própria, originária ou específica (esta última definição adotada por
Amauri Mascaro do Nascimento), relativa àquela competência natural, derivada da
própria Constituição; e
- Competência imprópria, derivada ou decorrente, relativa àquelas competências que
foram fruto da vontade do legislador ordinário;
A EC 45, entretanto, sem alterar a estrutura do nosso sistema, ampliou os
limites de competência da Justiça do Trabalho, alterando a redação do artigo 114 da CF.

1.2. Competência Trabalhista à luz da nova redação do artigo 114 CF (EC 45/04)

Inciso I – controvérsias decorrentes da relação de trabalho. O conceito envolve


todas as relações contratuais em que alguém presta serviços por conta de outrem,
alienando sua capacidade de produção, em troca de dinheiro.

Estão inseridas:

A – relações de emprego;

B – autônomos (para Giglio, Amauri Mascaro e Bezerra Leite. Sergio Pinto Martins
discorda);

C – Eventuais (para Giglio, Amauri, Bezerra Leite e Athos Gusmão. S. Pinto Martins
discorda)

D – Cooperativado (para Giglio, Bezerra Leite e Athos. Amauri Mascaro discorda);

E – Representante Comercial (para Amauri Mascaro. Bezerra Leite e S. Pinto Martins


discordam – art. 39 da Lei 4886)

F – Pequeno Empreiteiro, que seja operário ou artífice (para Bezerra Leite. Amauri
Mascaro discorda. S. Pinto Martins e Giglio afirmam que a competência é decorrente e
deriva do disposto no art. 652, III da CLT)

G – Temporários (para Giglio, Amauri e S. Pinto Martins. Bezerra Leite discorda)

H – Avulso (para Amauri, Bezerra Leite e S. Pinto Martins)

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I – Contrato de Transporte (para Amauri Mascaro). O art. 5º, parágrafo único da Lei
11.442, de 05 de janeiro de 2007 seria, portanto, inconstitucional, pois fere o artigo 114,
I da CF.

J – Profissionais Liberais (S. Pinto Martins discorda (só vem para trabalhista se o
legislador ordinário disciplinar). No mesmo sentido, Athos Gusmão Carneiro e Súmula
363 do STJ)

OBS: O trabalho gratuito está excluído da competência da Trabalhista, salvo para Athos
Gusmão.

1.1.1. Especificidades:

a) Servidor Público stricto sensu1 – Justiça Comum. O art. 240 “d” da Lei 8112/90
atribuía competência para a Justiça do Trabalho, mas foi declarado inconstitucional
(ADI 492-1). De toda forma, a Lei 9527/97, revogou a disposição.

b) Empregados Públicos Federais - antes de 88 eram julgados pela Justiça Federal, e,


depois, passaram a ser julgados pela Justiça do Trabalho. A partir da Lei 8112/90,
passaram a ser estatutários aqueles celetistas que trabalhavam para União, autarquias e
fundações públicas federais. Nesta ocasião, o vínculo de emprego mantido se rompeu e
eles passaram a ter dois vínculos, um, celetista, que deveria ser objeto de uma RT na
Justiça do Trabalho e, outro, estatutário, que deveria ser objeto de uma ação na Justiça
Federal.
 Súmula 97 STJ – estabelece a competência da Justiça do Trabalho para
julgar o pedido anterior ao regime jurídico único – Lei 8112/90.

c) Trabalhadores Temporários – artigo 37, inciso IX da CF/88. A Lei 8745/93 regrou


a matéria e o STF, no julgamento da o julgamento da ADI 3395, impôs suspender
interpretações do inciso I do artigo 114 da Constituição Federal que inclua, na
competência da Justiça do Trabalho, o julgamento de feitos em que a relação seja de
ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo.

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Os servidores estatutários, ocupantes de cargos públicos providos por concurso público, nos moldes do
art. 37, II, da Constituição Federal, e que são regidos por um estatuto, definidor de direitos e obrigações

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d) Acidente de Trabalho – ainda continua na Justiça Comum, por força da
interpretação do artigo 109, I da CF/88, não alterado mesmo após a EC 45.
Indenização por danos morais

 Súmulas 392 do TST - Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da
República, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações
de indenização por dano moral e material, decorrentes da relação de
trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele
equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do
trabalhador falecido.
Quando há acidente do trabalho, pode haver duas indenizações (súmula 229 do
STF e art. 121 da Lei 8213/91), uma decorrente do seguro obrigatório e, outra, da
Dano reflexo – o dano ocorrido na esfera jurídica do herdeiro ou sucessor
como consequência do que se passou com o trabalhador. Ou seja, o dano moral reflexo
ou em ricochete é aquele em que a parte lesada não é aquela quem sofre o dano na
relação processual, ou seja, é aquele evento danoso que causa reflexos em outras
pessoas além da vítima, competência Justiça do Trabalho, sumula 392.

e) Complementação de Aposentadoria

A Justiça do Trabalho é competente para examinar hipótese relativa a


complementação de aposentadoria do empregado, pois esta decorre da existência do
contrato de trabalho mantido entre o trabalhador e o empregador.
O benefício advém do valor descontado do salário do empregado para fins de
complementação de aposentadoria. Logo, a Justiça do Trabalho é competente para
analisar o caso dos autos, nos termos do inciso I do artigo 114 da Constituição, sendo
que a pretensão formulada é oriunda da relação entre empregado e empregador.

f) Questões de Greve

A competência da Justiça do Trabalho, antes da EC 45 limitava-se aos dissídios


de greve. Com a Emenda, a Justiça do Trabalho teve reconhecida a competência para
julgar as ações decorrentes da greve, como as ações possessórias 2 (interditos
2
Nesta ações possessórias, as partes serão o empregador e os empregados, estes que se compõe pela
massa de greve, e o objeto em litígio na Justiça do Trabalho será, acertadamente, o bem móvel da
empresa, ou seja, as instalações dela ocupadas pelos grevistas. Ao Poder Judiciário compete então dizer o
direito acerca desse objeto em litígio.

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proibitórios). Os Tribunais Trabalhistas, em regra, aceitam essa competência. Tamb’m
há a súmula vinculante de n.223 do STF que dispõe: “A Justiça do Trabalho é
competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do
exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.”.

g) Representatividade sindical e contribuições sindicais

As ações de cobrança de contribuição sindical propostas por sindicato,


federação ou confederação contra o empregador devem ser processadas e julgadas pela
Justiça do Trabalho.
Outrossim, nessa esteira, outras questões podem ser atraídas para a Justiça
Trabalhista, como as deliberações de assembléias acerca de alguma atividade por parte
do sindicato relativa aos interesses da categoria.

h) Executivo Fiscal

Como a EC 45 atribuiu à Justiça Trabalhista a competência para julgar as ações


relativas às penalidades impostas pela fiscalização do trabalho, essa passou a julgar as
ações de Execução Fiscal ajuizadas pela Fazenda Pública para tal cobrança, bem como
as ações de anulação de débito fiscal e as ações de repetição de indébito. (inciso VII,
art.114, cf)
Em paralelo, os mandados de segurança impetrados contra ato da
Administração Pública que não recebe recursos administrativos sem o depósito do valor
da multa (ver recente súmula 3733 do STJ) também são julgados pela Trabalhista.

i) Mandado de segurança

A competência para mandado de segurança hoje pode ser reduzida a: (Art. 114,
IV, CF):

I. Vara do Trabalho: quando o ato for externo ao Poder Judiciário, ou seja, quando a
autoridade coatora não for Juiz do Trabalho, sendo muito comum na hipótese de

Destarte, as ações possessórias na Justiça do Trabalho tratam-se de uma nova modalidade de ação, a ser
ajuizada necessariamente pelo empregador quando tiver a posse das instalações de sua empresa ou seus
bens móveis, antes destinado à atividade de trabalho pelo obreiro, utilizadas ilegalmente, ou na iminência
disso acontecer, seja pela ação de um único empregado, ou massa de empregados; cujo rito deverá ser o
comum ordinário, a ser endereçada ao juízo do local da prestação de serviço, ou seja, da situação do bem.
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É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.

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fiscalização do trabalho e atos de Procuradores do Trabalho na condução de inquéritos
civis.

II. Tribunal Regional do Trabalho: competente para o mandado de segurança impetrado


contra ato de Juiz do Trabalho ou membro do próprio TRT.

III. Tribunal Superior do Trabalho: competente para o mandado de segurança contra


ato de membros do próprio TST.

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