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QUESTÃO 1.

 O convívio em sociedade traz a ocorrência de conflitos sociais de interesses. Os


conflitos sociais se originam quando as pessoas se relacionarem. Os relacionamentos sociais
surgem das mais variadas relações jurídicas, inclusive decorrem das relações de trabalho. Os
conflitos decorrentes das relações de trabalho são de duas naturezas. Os dissídios individuais,
aqueles que envolvem interesses do prestador e do tomador dos serviços, de regra, empregado
e empregador e os dissídios coletivos aqueles que envolvem interesses de grupos profissional e
econômico, ou seja, envolvem as entidades sindicais, sindicatos, federações e confederações. A
solução dos conflitos é imposição para a harmonia e desenvolvimento social, econômico e
político de qualquer comunidade. Os conflitos sociais não podem se eternizar, daí a
necessidade se buscar formas para solucioná-los. Na introdução ao estudo do Direito
Processual do Trabalho se denotam que a literatura jurídica traz como meio de solução dos
conflitos sociais trabalhistas, a autotutela ou autodefesa, a autocomposição e a
heterocomposição. A autodefesa que se caracteriza como uma forma de solucionar o conflito
na qual um dos conflitantes impõe sua vontade e força sobre o outro, de regra, tal forma é
vedada em nosso ordenamento jurídico. Já a autocomposição, meio de resolução dos conflitos
sociais, no qual as partes conflitantes para solucionarem os conflitos de interesses fazem
mútuas concessões, é a maneira mais saudável de compor os litígios, sendo exemplos, a
transação e a mediação. A heterocomposição é fórmula de solução dos conflitos sociais na qual
as partes elegem um terceiro imparcial para compor a lide, tem como exemplos a jurisdição
que é uma atividade exercida pelo órgão do Poder Judiciário e arbitragem instituto previsto na
Lei nº 9.307/96, cujo artigo 1º dispõe: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da
arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Os conflitos trabalhistas coletivos e individuais podem ser resolvidos pela arbitragem,
segundo o nosso ordenamento jurídico, ver a CF, CLT e Lei da Arbitragem? Explique e
fundamente.

Sim, a arbitragem na Justiça do Trabalho possui fundamento principal na


CF/88 no art. 114, §§1º e 2º, e fixa a arbitragem como instrumento de utilização
prioritária em conflitos de natureza coletiva, uma vez que o texto legal, frisa
que, após frustrada a negociação coletiva e a arbitragem, as partes poderão
ajuizar dissídio coletivo perante a Justiça do Trabalho. Já a CLT, em seu art.
855-B, instituído pela Reforma Trabalhista, passou a valorizar a jurisdição
voluntária. Dessa forma, há, hoje, uma preocupação muito maior com a
resolução de conflitos de forma pacífica, por meio de acordos e sem a
necessidade de se perpassar pela burocracia do Poder Judiciário. Ainda, a Lei
da Arbitragem (Lei 9307/1996), em seu art. 9º, estabelece que o compromisso
arbitral poderá ser judicial, quando celebrado por termo no processo, perante o
juízo ou tribunal em que tramita a ação, ou extrajudicial, se celebrado por
escrito particular ou instrumento público.

QUESTÃO 2. A autonomia do Direito Processual do Trabalho em relação ao processo civil é


bastante discutida na literatura jurídica, tanto que há duas correntes, a monista e a dualista. Os
jurisconsultos ao discorrem sobre a autonomia do Direito Processual do Trabalho do direito
processual comum dedicam tópicos destacados em suas obras literárias jurídicas.
Discorra sobre os fundamentos que embasam as teorias monistas e dualistas segundo a
bibliografia básica e/ou complementar indicada no plano de ensino.  

- A teoria Monista afirma que o direito processual é unitário, formado por


normas que não diferem substancialmente a ponto de justificar a divisão e
autonomia do direito processual do trabalho, do direito processual civil e do
direito processual penal. Nesse contexto, o direito processual do trabalho não
seria regido por leis e estruturas próprias que justificassem a sua autonomia
em relação ao processo comum, constituindo-se o direito instrumental laboral
em simples desdobramento do direito processual civil.
- A teoria dualista sustenta a autonomia do direito processual do trabalho
perante o direito processual comum, uma vez que o direito processual do
trabalho possui regulamentação própria na CLT, sendo, inclusive dotados
de princípios e peculiaridades que o diferenciam, substancialmente, do
processo civil, aplicando-se somente de forma subsidiária a norma
processual comum, a luz do art.769, CLT.

QUESTÃO 3. Aplicação subsidiária do direito processual comum ao processo do trabalho tem


previsão legal no artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que assim
dispõe: Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.
A Lei n. 13.105/2015, que instituiu o Código de Processo Civil, trouxe no seu artigo 15 a
seguinte redação: Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.
Diante desses dispositivos legais, discorra sobre a aplicação subsidiária do processo
comum ao processo do trabalho, o que é, quando é possível sua aplicação e indique no
mínimo um exemplo.
Também, explique a diferença entre aplicação supletiva e subsidiária, levando em
consideração a parte final do artigo 15 do CPC.

A aplicação subsidiária do processo comum ao processo do trabalho é a


aplicação das normas processuais civis quando estas tendem a ser mais
efetivas do que as normas trabalhistas. Para a aplicação da regra
subsidiária, é necessário que haja uma lacuna ou omissão absoluta, não
determinando o complexo normativo sobre determinado instituto processual.
Vem com o objetivo de preencher o vazio da legislação trabalhista. Por
exemplo, o art. 769 da CLT expressa a aplicação subsidiária do CPC, nos
casos omissos e nas compatibilidades entre as normas.
Conforme o disposto no art. 15, CPC, o código de processo civil será
aplicado ao processo do trabalho de forma supletiva ou subsidiária. A
aplicação supletiva vem com intuito de complementar uma regra que tenha
deixado um vazio na matéria do que se trata.  Já a aplicação subsidiária
vem com o objetivo de preencher o vazio da legislação trabalhista. 

QUESTÃO 4. Maria interpôs reclamação trabalhista contra sua ex-empregadora. Na data de


2.9.2020, uma segunda-feira, as partes foram intimadas da sentença proferida nos autos da
reclamação trabalhista, a qual acolheu os pedidos do reclamante e condenou a reclamada ao
pagamento de diferenças salarias, férias e décimo terceiro salário de 2018. A ex-empregadora
reclamada pretende recorrer da decisão, sendo seu prazo para interposição do recurso ordinária
de oito dias, segundo dispõe a Lei n. 10.200/98 em vigor desde 12.12.1998. No dia 5.9.2020 é
publicada e entra em vigor a Lei nº 15.300/2020, a qual alterou o prazo para a interposição de
recurso ordinário de 8 dias para 15 dias.
Pergunta-se: A parte reclamada terá quantos dias para interpor o recurso, oito ou
quinze? Explique e fundamente a situação acima segundo os princípios da
irretroatividade da norma e do efeito imediato que regem a eficácia da norma processual
no tempo.

Ela terá 8 dias, pois regra adotada pelo ordenamento jurídico é de que a
norma não poderá retroagir, ou seja, a lei nova não será aplicada às
situações constituídas sobre a vigência da lei revogada ou modificada
(princípio da irretroatividade). Ainda, O art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88
prevê que: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e
a coisa julgada.”

QUESTÃO 5. Paulo Eduardo foi contratado, no dia 03.01.2019, pelo Governo Popular da
China para prestar serviços na Embaixada Chinesa estabelecida no Distrito Federal. O
empregado mantém relação de trabalho com o referido ente de direito público externo, cujas
atividades profissionais referem-se a manutenção e a limpeza dos jardins da embaixada. No
entanto, o empregado foi demitido em 02.03.2019, devido a sua manifestação sobre o
surgimento do coronavírus. O empregado não recebeu seu salário do mês de fevereiro de 2020,
bem como não lhe foi quitada nenhuma de suas verbas rescisórias, tais como: aviso prévio,
férias vencidas e proporcionais, 13º salário, multa de 40% sobre FGTS.
O empregado propôs reclamação trabalhista perante uma das Varas do Trabalho do Distrito
Federal contra o ex-empregador. O governo chinês devidamente notificado para tomar ciência
da reclamatória e intimado para comparecer à audiência. Na audiência, apresenta defesa e alega
incompetência da Justiça do Trabalho por ter imunidade de jurisdição, visto que a soberania do
estado estrangeiro deve ser respeitada.
Em tal situação, a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar a referida
reclamação trabalhista? A imunidade de jurisdição dos estados estrangeiros tem limites
processuais segundo a jurisprudência do TST e STF? Explique e fundamente.

Não. Segundo a Jurisprudência, é de competência Internacional da Justiça do


Trabalho os dissídios envolvendo empregados brasileiros que trabalhem em
agências ou filiais no estrangeiro , disposto no § 2º, Art. 651, da CLT.
Ademais, de acordo com as Orientações do STF(Entes de Direito Público
Externo – Embaixadas e Consulados - AIRE 222.368-4), os Estados
estrangeiros não tem imunidade de jurisdição quando o vínculo é trabalhista.
Tem imunidade patrimonial na execução.

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