Você está na página 1de 12

Trabalho Interdisciplinar 2022/2 - VI

TEMA: PROCESSO E JURISDIÇÃO

Orientação para realização das Etapas

Entende-se por “Etapas” o caminho que o estudante deve necessariamente


seguir para desenvolver a atividade proposta.

I. Apresentação

A temática abordada pelo Trabalho Interdisciplinar aplicado ao curso de Direito


no 2º semestre de 2022 dirá respeito às reflexões e conexões sobre o
Processo e a Jurisdição, e seus possíveis contatos com o direito processual
civil e processual do trabalho, direito constitucional, direito penal, direito civil,
direito administrativo.

O Aluno deverá desenvolver um texto RESUMO EXPANDIDO, abordando a


temática do trabalho, em suas possíveis relações com outros sistemas
jurídicos.

Para tal deverá Postar o trabalho no AVA, em formato .doc, .docx ou .pdf e em
conformidade com as normas da ABNT, conforme modelo em anexo
(RESUMO EXPANDIDO), com a devida identificação acadêmica do discente,
fonte Arial 12, espaçamento entre linhas de 1,5, recuo de parágrafo de 1,5cm,
alinhamento de texto justificado.

Reflexões: pensamento, consideração, observação que resultam de intensa


cogitação e que são expressos por escrito ou em voz alta. Sendo que para o
presente trabalho as reflexões devem ser apresentadas em forma escrita nos
prazos estipulados.

Conexões: ato ou efeito de conectar, de ligar; ligação, união, vínculo, a relação


lógica ou causal; nexo, coerência.

Para realização das atividades indicamos a leitura das obras a seguir


relacionadas.

Atenção: Podem ser utilizadas outras obras relacionadas ao tema, desde


que devidamente referenciadas no trabalho.

1) MENDES, Gilmar F. Série IDP - Jurisdição Constitucional em 2020.


Editora Saraiva, 2016. E-book. 9788547206376. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547206376/. Acesso em:
23 ago. 2022.

2) SOUZA, Artur César D. Jurisdição e Competência no Novo C.P.C. Grupo


Almedina (Portugal), 2019. E-book. 9788584934423. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788584934423/. Acesso em:
23 ago. 2022.

3) STRECK, Lenio L. Jurisdição Constitucional. Grupo GEN, 2019. E-book.


9788530987497. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530987497/. Acesso em:
23 ago. 2022.

4) OLIVEIRA, Swarai Cervone D. Jurisdição sem lide e discricionariedade


judicial. Grupo GEN, 2013. E-book. 9788522481224. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522481224/. Acesso em:
23 ago. 2022.

5) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

II. Indicação de Prazos

1. A primeira etapa do trabalho, deve ser realizada e postada no AVA, até às


23h59min do dia 09 de outubro de 2022.

Nesta etapa o aluno deverá apresentar, no mínimo, o desenvolvimento


parcial do trabalho importando em 2 (duas) laudas de texto.

Avaliação da 1ª etapa – corresponde a 20% da nota total.

2. A segunda etapa (final) do trabalho, deve ser realizada e postada no AVA,


até às 23h59min do dia 11 de novembro de 2022.

Nesta etapa FINAL, o aluno deverá completar o trabalho cujo


desenvolvimento final deverá ter no mínimo 5 (cinco) laudas de texto, já
computados as da 1ª etapa.

Avaliação da 2ª etapa – corresponde a 80% da nota total.

III. Professor responsável

Professor Ronald Silka de Almeida (ronald.a@uninter.com).

IV. Orientação do formato da postagem

Postar o trabalho no AVA, em formato .doc, .docx ou .pdf e em conformidade


com as normas da ABNT, conforme modelo em anexo (RESUMO
EXPANDIDO), com a devida identificação acadêmica do discente, fonte Arial
12, espaçamento entre linhas de 1,5, recuo de parágrafo de 1,5cm,
alinhamento de texto justificado.
DIREITO CONSTITUCIONAL
A CF/88 atribui à União a competência privativa para legislar sobre direito processual,1 o que
inclui o direito processual trabalhista (art. 22, I).

As disposições constitucionais gerais relacionadas com o Poder Judiciário são aplicáveis ao


Judiciário Trabalhista: (a) princípios atinentes à magistratura (art. 93); (b) quinto constitucional
(art. 94); (c) garantias da magistratura (art. 95); (d) competência privativa dos tribunais (art.
96); (e) declaração de inconstitucionalidade (art. 97); (f) autonomia administrativa e financeira
dos tribunais (art. 99); (g) precatórios (art. 100).

Além das normas gerais quanto ao Poder Judiciário, no Texto Constitucional há uma série de
normas que regulam a competência material e funcional da Justiça do Trabalho (arts. 111 e
segs., CF), além da disciplina quanto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) (art. 128, I, b).

Há vários dispositivos fundamentais que garantem o Estado Democrático de Direito, os quais


norteiam a aplicação – interpretação e integração – das normas jurídico-traba-lhistas pelo
magistrado trabalhista, tais como: o princípio da igualdade (art. 5º, caput), do contraditório e
da ampla defesa (art. 5º, LV), da imparcialidade do juiz, da motivação das decisões (art. 93, IX),
do devido processo legal (art. 5º, LIV), do juiz natural (art. 5º, LIII), da inafastabilidade do
controle jurisdicional (acesso individual ou coletivo à justiça) (art. 5º, XXXV) e da razoabilidade
da duração do processo.

A CF assegura ainda a aplicação de vários remédios constitucionais ao processo trabalhista, tais


como: mandado de segurança (art. 5º, LXIX e LXX), habeas corpus (art. 5º, LXVIII), habeas data
(art. 5º, LXXII), ação civil pública (art. 129, III), como também a substituição processual a
entidade sindical (art. 8º, III).

DIREITO DO TRABALHO
Como o direito processual do trabalho é um conjunto de normas e princípios aplicáveis à
solução dos conflitos individuais e coletivos de trabalho, torna-se inegável a sua interação com
o direito do trabalho. As normas jurídicas autônomas e heterônomas, as quais compõem as
diversas fontes normativas trabalhistas, quando violadas, justificam a ativação da função
jurisdicional trabalhista, portanto o direito processual do trabalho é um instrumento de
efetivação do direito do trabalho.

Para Amauri Mascaro Nascimento,2 “o Direito do Trabalho e o Direito Processual do Trabalho


são autônomos, porque o primeiro é ramo do direito material, e o segundo, do Direito
Processual. Este, em linhas gerais, compreende as figuras da ação, da jurisdição e do processo.
Aquele, diferentemente, traça a estrutura das organizações sociais relacionadas com a matéria
trabalhista e os direitos e deveres dos trabalhadores e empregadores. Historicamente, surgiu
primeiro o Direito do Trabalho. Da necessidade de estabelecer regras para a solução dos
conflitos trabalhistas pelos órgãos judiciais resultou o Direito Processual do Trabalho, cujo fim,
portanto, é o de atuar o Direito do Trabalho”.

A NOÇÃO DE JURISDIÇÃO
O Direito surge da necessidade social de regras a serem observadas por uma sociedade ou
comunidade. Os seres humanos necessitam de regras de conduta e de caráter obrigacional,
como forma de regular os seus comportamentos mútuos. Sua origem deriva da necessidade
humana da convivência mútua e pacífica. Sintetizando-se: ubi societas, ibi jus (onde está a
sociedade está o Direito). O Direito constitui o fundamento da ordem social.
A jurisdição atua quando se tem a violação dos direitos assegurados pelas normas jurídicas
(Direito Objetivo) em função de um conflito de interesses, ou seja, pressupõe a aplicação da lei
ao caso concreto. O legislador cria o Direito Objetivo, enquanto a jurisdição aplica a norma
abstrata ao caso concreto, atuando na pacificação dos conflitos de interesses.

A jurisdição é uma das funções do Estado e é inerente ao Poder Judiciário. Como é vedado aos
particulares o exercício arbitrário das próprias razões (autotutela), o Estado Moderno atua na
pacificação dos conflitos.

De forma concomitante, jurisdição sintetiza: (a) poder – autoridade do Estado de decidir e


impor as decisões; (b) função – a obrigação que possui o Estado de solucionar os conflitos,
aplicando-se a lei ao caso em concreto, por meio de instrumento intitulado processo; (c)
atividade – o complexo dos atos que o juiz realiza no processo.

Os princípios fundamentais da jurisdição são: (a) investidura – como função estatal, só pode
ser exercida por quem dela se ache legitimamente investido. É desempenhada pelos juízes,
que representam o Estado, atuando para a solução das lides, em relação as quais é
competente, de acordo com os critérios de competência estabelecidos na CF e legislação
infraconstitucional; (b) indelegabilidade da jurisdição – o juiz exerce a função jurisdicional por
meio da delegação outorgada pelo Estado, não podendo delegá-la a outrem, exercendo-a
pessoalmente. A jurisdição é inerente ao Poder Judiciário, não sendo possível que se tenha a
sua abdicação em favor de outros Poderes da República. Por outro lado, a indelegabilidade
também pode ser analisada sob o ponto de vista interno, ou seja, cada órgão possui as suas
funções, não se permitindo a atribuição de funções de um órgão para outro; (c) aderência da
jurisdição ao território – a jurisdição pressupõe um âmbito territorial no qual pode e deve ser
exercida. A CF estabelece os órgãos que compõem o Poder Judiciário e estabelece os critérios
pelos quais a jurisdição será exercida. A jurisdição não se confunde com a competência. A
competência é a fixação de critérios pelos quais a jurisdição é exercida. Cada órgão judiciário,
cada juiz possui um âmbito territorial no qual deverá exercer a sua jurisdição; (d) inércia – a
função jurisdicional somente é desenvolvida quando é provocada. Nenhum juiz prestará a
tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas
legais (art. 2º, CPC); (e) indeclinabilidade – o órgão jurisdicional não pode recusar a aplicação
do Direito, como também a lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer
lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV, CF).

1.2A JURISDIÇÃO TRABALHISTA


Em linhas gerais, a jurisdição trabalhista é constituída por três sistemas:

a)individual – é a jurisdição trabalhista relativa aos dissídios individuais ou individuais plúrimos,


cujo processamento é regulado pelos arts. 837 a 855, CLT, e, subsidiariamente, pelo CPC (art.
769, CLT; art. 15, CPC). Pela EC 45, de 8/12/2004, houve a ampliação da competência material
da Justiça do Trabalho nos dissídios individuais: (1) as ações oriundas da relação de trabalho,
abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (2) as ações que envolvam exercício
do direito de greve; (3) as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (4) os mandados de segurança,
habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
jurisdição; (5) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado
o disposto no art. 102, I, o, da CF; (6) as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho; (7) as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; (8) a
execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos
legais (CF), decorrentes das sentenças que proferir; (9) outras controvérsias decorrentes da
relação de trabalho, na forma da lei (art. 114, I a IX);

b)normativa – envolve os dissídios coletivos, em que a Justiça do Trabalho desempenha o seu


poder normativo (art. 114, § 2º, CF). Sua regulação encontra-se nos arts. 856 a 875, CLT,
aplicando-se, no que for cabível, a lei processual civil.

c)metaindividual – ao contrário do que ocorre na normativa (sentenças normativas), onde se


tem a criação de normas jurídicas, na jurisdição metaindividual a Justiça do Trabalho aplica o
direito preexistente na tutela preventiva e reparatória dos direitos ou interesses
metaindividuais (interesses: difusos, coletivos e os individuais homogêneos).

A regulação da jurisdição trabalhista metaindividual decorre da aplicação simultânea da CF


(arts. 129, III e IX, 8º, III, e 114), da Lei Orgânica do Ministério Público da União (arts. 83, III, 84,
caput, e 6º, VII, a e b, LC 75/93; Lei da Ação Civil Pública, Lei 7.347/85) e pelo Título III do
Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) e outras normas.

No elenco dos novos instrumentos para a proteção dos interesses e direitos metaindividuais,
destacamos: ação civil pública, a ação civil coletiva e o mandado de segurança.

Interdisciplinaridade no Direito: como ser um profissional capacitado? As carreiras jurídicas


exigem conhecimentos em diferentes áreas, porém, em qualquer ramo de atuação, o
profissional deve estar consciente da interdisciplinaridade no Direito e da sua importância para
a carreira. Entretanto, esse conceito é desconhecido por muitas pessoas, que deixam de se
qualificar corretamente por não compreender o papel dessa competência para a prática
jurídica. Se você quer saber mais sobre o assunto, continue a leitura deste post para entender
o que é a interdisciplinaridade no Direito e as principais dicas para ser um profissional
capacitado. Confira! O que é a interdisciplinaridade no Direito? Interdisciplinar é aquilo que
estabelece relações entre duas ou mais disciplinas ou áreas de conhecimento. Assim, a
interdisciplinaridade no Direito refere-se às situações que exigem o conhecimento em mais de
um ramo de atuação. Ela busca um conhecimento global, para garantir uma visão mais ampla
sobre as situações que surgem na rotina de trabalho. Isso permite que o profissional tenha
uma análise completa sobre as funções que deve desempenhar no seu dia a dia. Na área
jurídica, é comum que os casos abordados exijam conhecimentos de diversas matérias, que
devem ser avaliados e interpretados em conjunto para identificar como interpretar a lei
corretamente, quais os direitos da parte ou como solucionar determinado problema da melhor
forma.

2.5TUTELA PROVISÓRIA
2.5.1Fundamento Jurídico
O CPC/15 (arts. 294 a 311) trata da tutela provisória de forma diversa daquela
encontrada no CPC/73 (arts. 273 e 461). Além disso, com a nova sistemática
legal, a ação cautelar autônoma (arts. 796 segs., CPC/73) deixa de existir.

Considerando o novo regramento processual civil e a necessidade do TST de


se posicionar, ainda que não de forma exaustiva, sobre a aplicação de várias
regras e de institutos disciplinados pelo CPC/15 ao processo do trabalho, foi
editada a IN 39/16. Nesse aspecto, o TST entendeu aplicável ao processo do
trabalho os arts. 294 a 311, CPC/15 (art. 3º, VI, IN 39).

A CLT prevê a concessão de tutela provisória em casos específicos (art. 659,


IX e X).

2.5.2Aplicabilidade ao Processo do Trabalho


No âmbito da CLT, tem-se a previsão expressa da concessão de medidas de
urgência para tornar sem efeito transferência (art. 469, CLT) considerada
abusiva e para determinar a reintegração de dirigente sindical estável afastado,
suspenso ou dispensado pelo empregador (art. 659, IX e X). Nas demais
situações, o reclamante deverá invocar o regramento processual civil (art. 294
segs., CPC). Isso poderá ocorrer em situações como: (a) reintegração de
empregado estável (legal, normativa ou contratual), com a fixação de multa
diária; (b) levantamento dos depósitos fundiários por alvará judicial; (c)
levantamento do seguro-desemprego por alvará judicial; (d) anotação do
contrato de trabalho na CTPS; (e) anotação de baixa ou retificações na CTPS;
(f) anotação de evolução salarial na CTPS; (g) fixação de multas, em dissídios
coletivos, para que os grevistas mantenham parte dos serviços em caso dos
serviços ou atividades essenciais (art. 11, Lei 7.783/89) etc.

O art. 3º, VI, IN 39, TST, determina que os arts. 294 a 311, CPC, são aplicáveis
ao processo trabalhista.

2.5.3Tutela Provisória e suas Espécies


Dentro da nova sistemática legal, a tutela provisória pode ser de urgência (de
natureza cautelar ou antecipatória) ou de evidência (arts. 294 e segs., CPC).

A tutela provisória de urgência (de natureza cautelar ou antecipatória) será


requerida em caráter antecipatório (em relação à ação judicial) ou incidental (no
curso da ação).

Concedida a tutela provisória, a mesma conserva sua eficácia na pendência do


processo, mas pode ser revogada ou modificada a qualquer momento. Em
regra, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão
do processo (art. 296, CPC). Para que se tenha a revogação da tutela
antecipatória, pelo exame do processado, é necessária a alteração da situação
de fato. Vale dizer, deve-se ater à supressão dos pressupostos que levaram à
concessão da antecipação de tutela, visto que não se tem a simples alteração
da decisão e sim uma nova decisão para uma outra situação existente nos
autos. Portanto, é inadmissível a alteração da decisão somente pela assertiva
de que o magistrado mudou o seu entendimento sobre a matéria discutida nos
autos. É necessária a alteração na situação fática discutida nos autos. Por fim,
o magistrado, para que proceda a alteração da decisão concessiva ou
denegatória da antecipação, deverá ser provocado. Isso representa que a
alteração não poderá ser de ofício.

O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para


efetivação da tutela provisória (art. 297, CPC). A efetivação da tutela provisória
observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no
que couber. Vale dizer, a execução será processada como a definitiva, com a
ressalva de que: (a) de forma objetiva, o exequente responde pelos danos
causados ao executado, caso a decisão seja reformada; (b) via de regra, os
atos executivos e/ou expropriatórios, que causarem grave prejuízo ao
executado são precedidos de caução. No processo trabalhista, em que o
crédito tem natureza alimentar, é mister que a execução fundada em uma
tutela provisória de urgência antecipada, de fato, assegure ao seu titular a
efetividade na antecipação do direito, pena de se ter, como letra morta, a
aplicação desse instituto na Justiça do Trabalho.

2.5.4Competência Jurisdicional
A tutela provisória, incidental ou antecedente, pretendida deve observar os
limites da competência material da Justiça do Trabalho (art. 114, CF).

Como regra, a tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando


antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal,
observando os critérios de fixação de competência territorial (art. 651, CLT).

Caso o processo já esteja no tribunal, o requerimento de tutela provisória


deverá ser feito ao relator do processo (OJ 68, SDI-II).

2.5.5Tutela Provisória de Urgência


A tutela de urgência (natureza cautelar ou antecipatória) será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus
boni iuris) e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo
(periculum in mora) (art. 300, CPC).

A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação


prévia (audiência).

A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,


sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e
qualquer outra medida idônea para asseguração do direito (art. 301).

2.5.5.1Tutela de Urgência de Natureza Cautelar


2.5.5.1.1Tutela Cautelar e sua Finalidade
Os órgãos jurisdicionais, enquanto não decidem uma lide de forma definitiva,
dispõem de meios eficazes para que possam assegurar a permanência ou
conservação do estado das pessoas, coisas e provas, de modo que as futuras
decisões jurisdicionais não se tornem inócuas. Na vigência do CPC/73, não
ocorrendo a prestação da tutela jurisdicional imediatamente, existia a figura da
ação cautelar (ação autônoma), cuja finalidade única era garantir a efetividade
dos processos de conhecimento e de execução (função auxiliar e subsidiária
ao processo principal). Apesar disso, existiam alguns processos considerados
cautelares, mas que possuíam cunho satisfativo (ex. busca e apreensão de
incapaz).

O processo cautelar era considerado um tertium genus, ao lado do processo de


conhecimento e de execução (autônomo), e podia ser instaurado de forma
preparatória ou no curso do processo principal (incidental).

O processo cautelar tinha as seguintes características: instrumentalidade


(instrumento de realização do processo principal – instrumento do instrumento,
o que não descaracteriza sua autonomia), temporariedade (não dura para
sempre), revogabilidade (possibilidade de revogação diante de uma nova
realidade ou alteração das condições que ensejaram a concessão da medida),
modificabilidade (possibilidade de modificação diante de uma nova
necessidade) e fungibilidade (admissibilidade de substituição por caução;
substituição de cautelar nominada por inominada).

Pela sistemática do CPC/73, as medidas cautelares podiam ser de dois tipos:


as cautelares nominadas (ou típicas) e as inominadas (ou atípicas), sendo que
as primeiras dizem respeito àquelas expressamente tratadas pelo legislador
processual civil, como arresto e sequestro, e estas, mesmo sem tratamento
legal expresso, eram concedidas com fundamento no poder geral de cautela do
juiz para garantir a eficácia do processo principal.

Com o CPC/15, não existe mais a ação cautelar (ação autônoma), contudo, o
instituto foi mantido como tutela provisória de natureza cautelar.

2.5.5.1.2Tutela cautelar e Medida Liminar


Medida cautelar (tutela cautelar) é todo provimento jurisdicional que visa
assegurar a efetividade de uma futura decisão jurisdicional, a qual geralmente
é concedida no processo cautelar, de forma liminar ou não, mas que também
pode ser encontrada no processo de conhecimento, de execução ou nos
processos especiais, como no caso do mandado de segurança, interdito
possessório etc.

A CF prevê a possibilidade de medida cautelar na ação direta de


inconstitucionalidade (art. 102, I, p, CF; arts. 10 a 12, Lei 9.868/99).
É possível a concessão de medida liminar no mandado de segurança
(Lei 12.016/09), na ação popular (Lei 4.717/65) e na ação civil pública
(Lei 7.347/85).

Frise-se que a “medida cautelar” (tutela cautelar) não tem o mesmo significado
de “medida liminar”, a qual representa uma decisão prima facie no processo,
mas pode ter um cunho antecipatório (satisfativo) e não cautelar. Ademais, a
tutela cautelar pode ser deferida no curso do processo de conhecimento ou
execução.

2.5.5.1.3Objeto da Tutela Provisória de Natureza Cautelar


A tutela cautelar pode compreender: (a) medidas de impedimento à provável
mutação da situação (sequestro, antecipação de prova, exibição de
documento); (b) medidas de eliminação de mutação já ocorrida na situação
fática (atentado, busca e apreensão etc.); (c) medidas de antecipação de
provável ou possível mutação da situação. Atendidos os requisitos legais, a
tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e
qualquer outra medida idônea para asseguração do direito (art. 301, CPC).

2.5.5.1.3.1 Arresto
O arresto é a medida judicial que visa garantir a execução judicial futura por
quantia certa pela apreensão de bens do devedor. A tutela de arresto também
é possível em outras situações previstas pelo legislador, como ocorre no
arresto de bens de administradores do conselho fiscal de instituições
financeiras em intervenção, liquidação extrajudicial ou falência (arts. 45 a 49,
Lei 6.024/74), no caso de executivos fiscais (arts. 7º e 14, Lei 6.830/80), arresto
de bens do acusado para assegurar a reparação do dano ex delicto (arts. 136 e
137, CPP) etc.

Apesar de o legislador não mencionar expressamente, a concessão da medida


depende de prova literal da dívida líquida e certa (fumus boni iuris), admitindo-
se a sentença líquida ou ilíquida que ainda esteja pendente de recurso ou de
homologação, condenando o devedor no pagamento de dinheiro ou de
prestação que em dinheiro possa converter-se. Os títulos executivos
extrajudiciais previstos na CLT (termo de ajuste de conduta firmado perante o
Ministério Público do Trabalho e o termo conciliatório firmado na Comissão de
Conciliação Prévia) demonstram a comprovação de dívida líquida e certa.

2.5.5.1.3.2 Sequestro
A tutela provisória de natureza cautelar de sequestro visa à apreensão de bem
determinado para assegurar a efetividade de futura execução para a entrega
da coisa (certa).
O CPC/73 (art. 822) previa expressamente que, diante do requerimento da
parte, o juiz pode determinar o sequestro de: (a) bens móveis, semoventes ou
imóveis, quando lhes for disputada a propriedade ou a posse, havendo fundado
receio de rixas ou danificações; (b) frutos e rendimentos do imóvel
reivindicando, se o réu, depois de condenado por sentença ainda sujeita a
recurso, os dissipar; (c) bens do casal, nas ações de desquite e de anulação de
casamento, se o cônjuge os estiver dilapidando etc.

2.5.5.1.3.3 Busca e Apreensão


A tutela antecipada de natureza cautelar de busca e a apreensão pode
envolver pessoas (menores de idade ou interditos) ou coisas de qualquer tipo,
podendo por meio dela se resguardar “a produção de prova documental
(apreensão de quaisquer papéis) ou da prova pericial que da apreensão
desses documentos ou de outras coisas móveis (livros comerciais, o bem
destruído) dependa para se realizar”.15

O sistema jurídico prevê ainda a busca e apreensão de bens alienados


fiduciariamente, com natureza satisfativa (Dec.-lei 911/69).

Na vigência do CPC/73, Sergio Pinto Martins defendia que16 “a busca e


apreensão poderá ocorrer na execução, mas não como medida cautelar”. Da
mesma forma Wagner Giglio e Claudia Giglio17 se posicionam.

Estão com razão Wilson de Souza Campos Batalha e Manoel Antonio Teixeira
Filho, que a admitem no processo do trabalho, exclusivamente, sobre coisas.

2.5.5.1.3.4 Exibição
Pela medida de exibição, a parte busca ter acesso a documentos que estejam
na posse da outra parte, tanto empregado como empregador e terceiro (arts.
396 segs., CPC).

2.5.5.1.3.5 Produção Antecipada de Provas


A produção antecipada de provas é disciplinada pelo CPC (arts. 381 e segs.). É
admissível quando: (a) haja fundado receio de que venha a tornar-se
impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;
(b) a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou
outro meio adequado de solução de conflito; (c) o prévio conhecimento dos
fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. Citadas hipóteses são
compatíveis com o processo trabalhista.

A antecipação pode ser utilizada por quem pretenda justificar a existência de


algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção. Trata-se
do procedimento da justificação (medida cautelar específica) prevista no
art. 381, § 5º, CPC. Regra aplicável ao processo trabalhista.

Na prática forense, a tutela provisória de natureza cautelar de produção


antecipada de provas consiste em interrogatório da parte, inquirição de
testemunhas e exame pericial, de modo que se garante o direito da parte à
prova, que poderia vir a ser prejudicado caso não se procedesse à sua
produção naquele momento. Imagine a situação: a única testemunha está
preste a sofrer uma intervenção cirúrgica de alto risco de vida ou o local de
trabalho será desativado pela empresa. Em ambos os casos, a produção
antecipada de provas visa a assegurar o exercício do direito.

Quanto ao procedimento: (a) pelo CPC, a competência da produção antecipada


de prova será requerida ao juízo do foro onde a prova deva ser produzida ou
do foro de domicílio do réu, sendo que não haverá prevenção do juízo para a
ação principal que venha a ser proposta. No processo trabalhista, a demanda
deverá ser proposta de acordo com o foro da prestação dos serviços (art. 651,
caput, CLT); (b) na petição inicial, o requerente apresentará as razões que
justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão
os fatos sobre os quais a prova há de recair; (c) de ofício ou a requerimento da
parte, o juiz deve determinar a citação de interessados na produção da prova
ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso; (d) os
interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo
procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção
conjunta acarretar excessiva demora; (e) na sentença, o juiz não se
pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as
respectivas consequências jurídicas; (f) não se admitirá defesa ou recurso,
salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada
pelo requerente originário; (g) os autos permanecerão em cartório durante um
mês para extração de cópias e certidões pelos interessados. Findo o prazo, os
autos serão entregues ao promovente da medida. O procedimento não é
incompatível com o processo trabalhista.

2.5.6Tutela de Urgência de Natureza Antecipatória


Apesar de o legislador exigir os mesmos requisitos legais da tutela de urgência
de natureza cautelar, a tutela de natureza antecipatória tem maior evidência na
plausibilidade do direito (fumus boni iuris), de modo que serão concedidos ao
autor os efeitos, ainda que parciais, do futuro provimento jurisdicional definitivo.

A tutela antecipada não deve ser confundida com a cautelar. A tutela


antecipada é satisfativa, enquanto a medida cautelar não assegura o direito,
mas a possibilidade de sua realização efetiva, ou seja, o seu intuito é
resguardar o efeito futuro do pedido principal, daí o caráter instrumental da
tutela cautelar.
2.5.7Requisitos Legais
A tutela de urgência (de natureza cautelar ou antecipatória) será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus
boni iuris) e o perigo de dano ou o risco do resultado útil do processo
(periculum in mora) (art. 300, caput, CPC).

No processo civil, como no trabalhista, a concessão da tutela provisória poderá


ocorrer: a) liminarmente, sem a oitiva da parte contrária, desde que se tenha a
presença dos seus requisitos legais18; (b) após a resposta do réu, quando se
tenha a demonstração do receio de dano irreparável ou de difícil reparação
(tutela de urgência) ou a demonstração da evidência do direito alegado na
petição inicial (tutela de evidência); (c) entre o encerramento da instrução e
antes da prolação da sentença19; (d) na própria sentença20; (e) após a
sentença, a tutela antecipada pode ser concedida pelo juiz relator, ou caso não
tenha ocorrido a distribuição do recurso pelo juiz presidente do tribunal.21

Você também pode gostar