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CURSO MEGE

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magistraturaestadual@mege.com.br
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Telefone fixo: (99) 932143200
Turma: TJDFT (Segunda fase)
Material: 1ª Prova Discursiva (Espelho)
INSTRUÇÕES

Prezado candidato (a), seguem as informações necessárias para resolução


das provas simuladas para o seu concurso no Mege:

 O candidato deverá imprimir a folha de resposta correspondente a


esta prova na seção “materiais” na área do aluno. Após o término
da atividade o arquivo gerado em PDF (todas as folhas em um só arquivo) deverá ser
enviado ao site pela seção “provas”, na página da prova respondida.

 Cada prova terá duração de 5 horas ininterruptas (tempo a ser cronometrado


pelo candidato).

 Durante a realização da prova apenas será permitido ao candidato


consultar textos legais não comentados ou anotados. Não será
permitida consulta ao teor de súmulas.

 A prova destina-se a avaliar os conhecimentos técnicos-jurídicos e a


capacidade de expressão escrita do candidato, deverá ser respondida com letra
legível, com caneta esferográfica de tinta preta ou azul, não sendo permitida a
interferência e/ou a participação de outras pessoas.

 Somente o conteúdo presente no espaço determinado do texto


definitivo na folha de resposta será considerado válido para avaliação.

 Ao terminar suas provas o aluno deverá manter sigilo sobre o conteúdo abordado
até o término do prazo de entrega da rodada, no intuito de não adiantar
informações aos colegas de turma.
1ª PROVA DISCURSIVA
(ESPELHO)

1ª O que se entende por técnica de interpretação corretiva? É correto afirmar que a


utilização da técnica de interpretação corretiva pressupõe a existência de antinomia
real?

A técnica de interpretação corretiva se prestaria a sanar uma eventual incompatibilidade entre a


letra ou disposição expressa da lei e o pensamento legislativo ou espírito da lei. Havendo uma
desconformidade entre esses, o intérprete faria uma interpretação corretiva do texto legal,
visando promover o afastamento da mencionada dissonância. Com efeito, a norma em seu
sentido literal poderia abranger hipóteses que o espírito da lei não comporta, de modo que o
intérprete verifica que houve alteração da intenção prática do legislador, e corrige o texto para
buscar a aludida intenção, sempre lembrando que o formulador do texto, se tivesse previsto o
resultado interpretativo diverso, não teria querido a norma. Trata-se de interpretação que não
pressupõe uma hipótese de antinomia real, pois se essa última depende da falta de qualquer
critério normativo para solução do conflito a partir da norma jurídica existente, e demanda a
edição de nova norma, seria inviável, por consequência lógica, o uso de uma interpretação
corretiva à míngua da existência do novo texto legal.

2ª O sistema processual civil brasileiro admite a denunciação da lide coletiva?


Justifique:

Sim, pois considerando que, nos casos de evicção, a denunciação será sempre obrigatória,
conclui-se que a interpretação em conjunto das regras contidas no artigo 456 do Código Civil e
artigo 70, I, do Código de Processo Civil, conduz à denunciação da lide coletiva como a forma mais
adequada para solução dos litígios que envolvam essa problemática. Com efeito, o acesso à
Justiça significa não só movimentação da máquina judiciária, mas, também, proteção ao direito,
isto é, identifica-se com o conjunto de instrumentos e técnicas conducentes a uma sentença final
que dá razão a quem tiver, com a denunciação coletiva o denunciante conseguirá obter
uma tutela jurisdicional mais próxima da realidade e eficaz, pois de uma só vez levará a juízo
todos os envolvidos na cadeia dominial. Estará sendo facilitada a atividade do órgão julgador, que
conseguirá reunir os elementos necessários para uma solução mais adequada para o direito
discutido em juízo. Pode-se dizer que será motivo facilitador, até mesmo, para uma transação.
Não se pode olvidar que essa espécie de denunciação também encontra amparo no devido
processo legal, pois será requerida com base nos estritos limites da lei tanto material quanto
processual e em um processo instaurado perante autoridade jurisdicional competente, que a
controlará diretamente, com seu poder decisório. Finalmente, faz valer expressamente o
princípio do contraditório, sendo certo que se proporciona a integração de todos os alienantes
(eventuais responsáveis pela evicção), em uma só relação processual, que é a dimensão da
informação que guarda referido princípio, e possibilita a reação que é a outra dimensão do
contraditório, no intuito de que todos apresentem uma defesa ampla, facilitando-a, pois acabam
por ter conhecimento dos motivos que os levaram ao litígio, como denunciados.
(Acórdão n.356256, 20090020038967AGI, Relator: HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, 3ª Turma Cível,
Data de Julgamento: 06/05/2009, Publicado no DJE: 15/05/2009. Pág.: 46)

3ª Defina o requisito da pertinência temática e responda, justificadamente, se uma


entidade sem personalidade jurídica tem legitimidade ativa para ajuizar uma ação
coletiva em defesa de interesse de consumidores.

Requisito atinente à averiguação da legitimidade ativa para ações coletivas, a pertinência


temática está ligada à inclusão, por alguns legitimados, em seus fins institucionais, da defesa dos
interesses objetivados na ação civil pública ou coletiva por elas propostas, dispensada, embora, a
autorização de assembleia. Em outras palavras, a pertinência temática é a adequação entre o
objeto da ação e a finalidade institucional. Quanto ao segundo questionamento, e na esteira da
posição do STJ sobre o tema, há de se dizer que o art. 82, III, do CDC confere legitimação para o
ajuizamento de demandas coletivas às "entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou
indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados a defesa dos
interesses e direitos" para a tutela de interesses individuais homogêneos dos consumidores. Com
efeito, "os órgãos que integram a Administração Pública direta ou indireta são legitimados para a
defesa dos interesses transindividuais dos consumidores por força da prerrogativa que lhes é
conferida pelo art. 82, III, do CDC, que deve sempre receber interpretação extensiva, sistemática
e teleológica, de modo a conferir eficácia ao preceito constitucional que impõe ao Estado o ônus
de promover, 'na forma da lei, a defesa do consumidor.'" (REsp 1.002.813/RJ, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, DJe 17/6/11).

4ª No âmbito do Direito da Criança e do Adolescente, discorra sobre o princípio da


incompletude institucional.

A incompletude institucional é um princípio fundamental norteador de todo o direito da


adolescência, e que deve permear a prática dos programas socioeducativos e da rede de serviços.
Demanda a efetiva participação dos sistemas e políticas de educação, saúde, trabalho,
previdência social, assistência social, cultura, esporte, lazer, segurança pública, entre outras, para
a efetivação da proteção integral de que são destinatários todos adolescentes. Trata, pois, da
ruptura com a visão de que a instituição de atendimento deve ser total, abarcando todas as
necessidades do sujeito. Este princípio pressupõe uma rica inter-relação entre instituições,
conselhos de direitos e tutelares e redes informais ou sociais. À evidência, a satisfação de direitos
dos adolescentes deve se mostrar aberta ao mundo exterior, notadamente no caso de medidas
de internação (Art. 121, § 1º, do ECA), pois sempre que possível esse atendimento deve
acontecer em núcleos externos, em integração com a comunidade e trabalhando os preconceitos
que pesam sobre os adolescentes sob medida socioeducativa e internação provisória.

5ª Conceitue e exemplifique crime vago, remetido, condicionado e de atentado ou


empreendimento.

Crimes vagos – Guilherme Nucci conceitua “são aqueles que não possuem sujeito passivo
determinado, sendo este a coletividade, sem personalidade jurídica”. Por exemplo, crime de
violação de sepultura.
Crimes remetidos – Se caracteriza por fazer menção à outra norma. Por exemplo, uso de
documento falso previsto no artigo 304 do Código Penal.
Crimes condicionados - são aqueles que dependem de uma condição para que o crime se
configure. Por exemplo: os crimes tipificados na lei de falência, os crimes contra brasileiros
praticados no exterior por estrangeiros, etc.
Crimes de atentado ou empreendimento – São aqueles em que a forma tentada é punida com a
mesma intensidade da forma consumada. Por exemplo: Evasão mediante violência contra a
pessoa, prevista no artigo 352 do Código Penal.

6ª No processo penal, o que se entende por teoria da fonte independente? E qual a


diferença entre a teoria da fonte independente e a teoria dos frutos da árvore
envenenada?

Segundo a Teoria da Fonte Independente, as provas obtidas sem vínculo de causalidade com a
prova obtida ilicitamente podem ser utilizadas para fundamentar a condenação.
(Acórdão n.864651, 20120111380565APR, Relator: SOUZA E AVILA, Revisor: CESAR LABOISSIERE
LOYOLA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 30/04/2015, Publicado no DJE: 06/05/2015.
Pág.: 141). A teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree) e a doutrina da
fonte independente (independent source doctrine) são provenientes do mesmo berço, o direito
norte-americano. Enquanto a primeira estabelece a contaminação das provas que sejam
derivadas de evidências ilícitas, a segunda institui uma limitação à primeira, nos casos em que não
há uma relação de subordinação causal ou temporal (v. Silverthorne Lumber Co v. United States,
251 US 385, 40 S Ct 182, 64 L.Ed. 319, 1920 e Bynum v. United States, 274, F.2d. 767, 107 U.S.
App D.C 109, D.C.Cir.1960). (RHC 46.222/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,
julgado em 03/02/2015, DJe 24/02/2015)

7ª Qual o foro competente para julgamento de litígios entre representante e


representado? Admite-se o foro de eleição?

O artigo 39, da Lei 4.886/65, dispõe que, para julgamento de litígios entre representantes e
representado, é competente a justiça comum e o foro de domicílio do representante. Tal
dispositivo tem caráter protetivo e visa garantir o acesso à justiça de modo equilibrado entre os
litigantes. A hipossuficiência considerada para fins de rechaçar o foro de eleição é a verificada em
relação à outra parte no litígio. Assim definiu o STJ, ao afirmar que o foro de eleição é afastado
diante da hipossuficiência de uma parte em relação à outra. (20150020102402AGI - AGR1-Agravo
Regimental no(a) Agravo de Instrumento; Órgão Julgador: 5ª Turma Cível TJDF; Relator: SILVA
LEMOS)

8ª À luz da jurisprudência do TJDFT, discorra sobre a aplicabilidade da lei nº


8.112/90 aos servidores públicos do DF.
Consoante a jurisprudência majoritária do TJDFT, o legislador local determinou que a Lei nº
8.112/1990 se aplicaria aos servidores do Distrito Federal até a aprovação do regime jurídico
único dos referidos agentes públicos, o que somente ocorreu com o advento da Lei
Complementar Distrital nº 840/2011, a qual se aplica às situações supervenientes a 1º de janeiro
de 2012. (Acórdão n.912093, 20140111312745APO, Relator: ROMULO DE ARAUJO MENDES,
Revisor: TEÓFILO CAETANO, 1ª Turma Cível, Data de Julgamento: 09/12/2015, Publicado no DJE:
18/12/2015. Pág.: 174). No entanto, no tocante aos servidores da polícia civil do Distrito Federal,
há precedentes no sentido de que estes estão sujeitos ao regime da Lei 8.112/90, submetendo-se
aos regramentos estabelecidos pela União para suas carreiras (Acórdão n.911027,
20140110881249APC, Relator: GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA, Revisor: FÁTIMA RAFAEL, 3ª
Turma Cível, Data de Julgamento: 25/11/2015, Publicado no DJE: 14/12/2015. Pág.: 290).
Ressalta-se, ainda, a hipótese de situações que se aperfeiçoaram sob os ditames da aplicabilidade
da Lei 8.112/90, como, por exemplo, no caso de reenquadramento funcional ocorrido durante
esse período (Acórdão n.886952, 20120111370610APC, Relator: FÁTIMA RAFAEL, Revisor: MARIA
DE LOURDES ABREU, 3ª Turma Cível, Data de Julgamento: 12/08/2015, Publicado no DJE:
18/08/2015. Pág.: 133).

9ª O que é a teoria da justiça e o que se entende por justiça como fundamento da


norma jurídica?

A Teoria da Justiça é uma parte do estudo da ciência jurídica, também denominada Axiologia
Jurídica, que busca verificar qual o sentido do direito, que ultrapassa o limite da ciência
normativa, enquanto conjunto de normas que regram o comportamento humano. Tal indagação
se liga a justificação do direito e a busca de seu fundamento, ou seja o que autoriza o Estado a
estabelecer um conjunto de regras que todos devem respeitar, ou seja, a legitimação do direito
ou das normas. Assim, se o Direito é essencialmente uma ciência normativa, cabe vislumbrar qual
o ideal da norma, seu valor fundamental, ou seja sua legitimidade. Deve-se inferir se as normas
são justas. A justiça é o fundamento, a espinha dorsal do sistema jurídico. A justiça deve estar
presente na ordem jurídica para que a mesma seja legítima. A legitimidade das normas jurídicas
encontra respaldo no sentido de justiça, que no plano existencial confere ao direito um
significado de razão de existir. Muito além do direito buscar os anseios da sociedade deve o
mesmo ser justo, ou não existe sentido lógico em respeitar a ordem jurídica. Assim, o operador
do direito deve pautar-se pelo valor justiça, que é um informador tanto para o legislador como
para o aplicador do direito. A justiça como fundamento da norma, se faz concretamente, sendo
que o seu fim último é uma sociedade justa. (Miranda, Rosângelo. Material de Apoio de
Humanística. Curso Mege. 2016)

10ª No âmbito do direito constitucional, é possível ao ente que editou a norma


invocar em seu benefício a irretroatividade da lei? Responda de acordo com a
jurisprudência do STF.

Na esteira da jurisprudência do STF, a garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º,


XXXVI, da CF, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado, consoante entendimento
delineado no verbete sumular de número 654. Noutra via, convém destacar que dessa hipótese
não se extrai, porém, que não possa o Estado impugnar em juízo, com base na referida norma
constitucional do art. 5º, XXXVI, a decisão que a tenha indevidamente aplicado a hipótese onde
não haja direito adquirido a garantir (RE 415505, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE,
Primeira Turma, julgado em 06/04/2004, DJ 04-06-2004 PP-00048 EMENT VOL-02154-04 PP-
00643).

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