Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A CORRELAÇÃO
NO PROCESSO CIVIL
Relações entre demanda e tutela jurisdicional
2014
Conceito de demanda
SUMÁRIO • 1.1. O sentido das palavras e o direito – 1.2. Premissas: con-
ceito de demanda – 1.3. Demanda e seus sentidos legais – 1.4. Demanda
como ato processual – 1.5. Atos de parte: causativos e indutivos – 1.6. O
ato postulatório – 1.7. Atos postulatórios argumentativos e meros requeri-
mentos – 1.8. Identiicação e conteúdo da demanda – 1.9. Que signiica ins-
taurar ou alterar o objeto litigioso do processo? – 1.10. Estrutura da deman-
da – 1.11. Demanda: forma e conteúdo – 1.12. Demanda: agir por meio de
palavras – 1.13. Demanda e exigências axiológicas quanto ao formalismo.
17
3. A deinição retrata exatamente a ambiguidade de que sofre o termo e é um bom começo na tentativa
de solucionar o complicado problema de delimitação de um conceito. Pela sua abrangência, acaba por
retratar uma gama de questões – não muito bem resolvidos – a pairar sobre o que é (rectius o que deve
ser) efetivamente “pedido” para o processo civil brasileiro. A deinição resume diferentes posições,
correlacionando o pedido com ação, demanda, mérito, técnica processual, objeto litigioso do processo,
pretensão, relação de direito material, tutela jurisdicional (solução) e vontade da parte. Cf. Milton Paulo
de Carvalho, O pedido no processo civil, 1992, p. 97.
4. Os textos legais são constituídos a partir de linguagem técnica, passível de admitir diferentes sentidos, a
partir da sua utilização. Há elementos históricos que determinam o sentido das palavras, mas estes podem
facilmente serem corrompidos pelo uso e pela aplicação. O sentido de ação pode ser compreendido a partir
do conceito romano de actio, a partir do sentido moderno da expressão na doutrina italiana ou mesmo a
partir da linguagem do foro brasileiro. Nenhum desses sentidos coincidirá, correndo-se ainda o risco de se
observar que, mesmo nos citados contextos, há variabilidade de sentidos para a mesma expressão, vide a
polêmica sobre a actio que originou os debates de Windscheid e Muther. Por este motivo, acreditamos que
não cabe ao jurista procurar saber a “essência das coisas” ou a “natureza jurídica” dos institutos, cabe-lhe
descobrir o possível signiicado dos conceitos jurídicos, à luz dos critérios adequados de interpretação do
direito positivo. A respeito da questão, Tarék Moysés Moussallem aponta que tal problema metodológico
é fonte de inúmeros pseudoproblemas no estudo do direito, tais quais as discussões sobre a “natureza
jurídica da contribuição social”, sobre a “natureza jurídica da posse” (fato ou direito?), “natureza jurídica
da letra de câmbio” e a “natureza jurídica do casamento”. (Cf. Fontes do direito tributário, 2ª ed., pp.
29-30).
18
5. Cf. Dinamarco, Instituições de direito processual civil, vol. II, p. 102 e vol. I, p. 301.
19
DEMANDA
Fato relevante para o direito. Apto a criar, modiicar ou extinguir situações
Fato Jurídico
jurídicas.
Fato jurídico realizado a partir da manifestação da vontade humana (fato +
Ato Jurídico
vontade manifestada).
Ato jurídico que tem como objetivo a criação, modiicação ou extinção de
Processual
uma situação jurídica dentro do processo.
Parcial Realizado por sujeito parcial do processo (parte).
Indutivo Não tem aptidão para causar de per se o resultado proposto ou desejado.
Visa a inluenciar psicológica-mente o juiz na emissão de um futuro ato
Postulatório
jurisdicional.
Essencial Caso não realizado, torna impossível a produção dos efeitos desejados.
Contém conteúdo cognitivo relevante. Diferencia-se dos meros requeri-
Argumentativo
mentos.
Expressa vontade de instituir (inicial) ou alterar (ulterior) o objeto litigioso
Fim especíico
de um processo.
6. Cf. Dinamarco, Instituições de direito processual civil, vol. II, pp. 103-104.
20
7. O sentido utilizado não possui qualquer relação com a temática tratada, na medida em que demandar,
aqui, signiica apenas “exigir” investigação profunda, e não solicitar algo a alguém.
21
22