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Resumo
O presente estudo tem por objetivo depurar o significado da expressão “inte-
resse social”, para fins de modulação de efeitos, das ações que declaram a
inconstitucionalidade de leis ou que dizem respeito à superação dos prece-
dentes das Cortes Superiores, em matéria tributária.
Palavras-chave: modulação de efeitos em matéria tributária, interesse social,
segurança jurídica, proteção da confiança, art. 927, § 3º, do CPC, art. 27 da
Lei n. 9.868/1999.
1. Introdução
As primeiras palavras do presente artigo não poderiam deixar de ser senão
em gratidão ao prestigiado Instituto Brasileiro de Direito Tributário – IBDT, pelo
convite que nos foi formulado para a participação no VII Congresso Brasileiro de
Direito Tributário Atual, realizado por aquela instituição, em parceria com o De-
partamento de Direito Econômico, Financeiro e Tributário da Faculdade de Di-
reito do Largo São Francisco – DEF/USP, a Associação dos Juízes Federais do
Brasil – AJUFE e a Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do
Sul – AJUFESP.
Com efeito, a realização deste evento, cuja temática é a da “Consistência de-
cisória em matéria tributária nos tribunais superiores: aspectos materiais e pro-
cessuais”, vem em boa hora e em consonância com a pauta do dia, animadora de
vastas produções acadêmicas ao longo de todo o país. Desnecessário, outrossim,
salientar a relevância assumida por este assunto no cotidiano da prática tributá-
ria, uma vez que ao longo dos anos de 2020 e de 2021 um elevadíssimo número
de controvérsias tributárias foram decididas pelo STF e do STJ, sob as sistemáti-
cas da Repercussão Geral e dos Recursos Repetitivos, respectivamente.
Situado em tema deveras controvertido e espinhoso, qual seja, a “Alteração
jurisprudencial, precedentalismo e modulação em matéria tributária”, o presente
estudo tem por objetivo depurar o significado da expressão “interesse social”,
298 Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito Tributário Atual
Nesse sentido, é ver: DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da
1
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Na literatura jurídica nacional, a processualística civil tem enfrentado o tema de forma detida.
Por todos, é ver: ATAÍDE JR., Jaldemiro Rodrigues de. Precedentes vinculantes e irretroatividade do
direito no sistema processual brasileiro: os precedentes dos tribunais superiores e sua eficácia tempo-
ral. Curitiba: Juruá, 2012; BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do precedente judicial: a
justificação e a aplicação de regras jurisprudenciais. São Paulo: Noeses, 2012; CRAMER, Ronal-
do. Precedentes judiciais: teoria e dinâmica. Rio de Janeiro: Forense, 2016; DIDIER JR., Freddie et
al. (coord.). Precedentes. Coleção Grandes Temas do Novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2016. vol. 3;
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. São Paulo: RT, 2010; MARINONI, Luiz
Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Recurso extraordinário e recurso especial: do jus litigatorios ao jus
constitutionis. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. MITIDIERO, Daniel. Precedentes: da per-
suasão à vinculação. 3. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018; PEIXOTO, Ravi. Superação
do precedente e segurança jurídica. Salvador: JusPodivm, 2015.
3
“A dimensão teórica refere-se à circunstância de que o recurso ao precedente caracteriza, de
maneira peculiar, a estrutura da argumentação jurídica em relação à interpretação da regra do
direito e à sua justificação, seja quando o precedente é invocado em sede de análise doutrinária,
seja quando ele é dirigido no contexto da interpretação judicial do direito. Sem enfrentar aqui o
problema de saber se a jurisprudência é ou não uma fonte do direito, certo é que esta é um fator
essencial e decisivo em sede de interpretação e aplicação do direito. Esse fator condiciona a estru-
tura da argumentação jurídica, enquanto esta vem a ter não uma estrutura silogístico-dedutiva,
nem uma estrutura dogmático-sistemática, mas uma estrutura tópica, no sentido próprio expli-
cado por VIEHWEG em Topik und Jurisprudenz. Os precedentes representam, de fato, os tòpoi que
orientam a interpretação da norma na complexa fase dialética da Rechtsfindung e que dão supor-
te à interpretação adotada como válida no âmbito da argumentação justificativa (por exemplo, na
motivação da sentença).
Existe um aspecto adicional, talvez menos evidente, mas não menos relevante, segundo o qual a
referência ao precedente influi sobre a estrutura da argumentação jurídica. Isso se origina da
circunstância de porque o precedente é sempre uma decisão relativa a um caso particular, ocorre
que o significado da regra jurídica usada como critério de decisão venha “concretizado” para
300 Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito Tributário Atual
Tal movimento, como não poderia deixar de sê-lo, também se deu no Brasil,
de forma paulatina. Para Luís Roberto Barroso e Patrícia Perrone, a lógica de
precedentes com qual o ordenamento jurídico brasileiro passou a entrar em con-
tato deriva de alguns fatores, como a expansão do acesso à justiça, a partir da
promulgação da Constituição de 1988 e a consequente massificação dos processos
no Poder Judiciário4. Citam os autores como exemplo, a concepção dos institutos
da Repercussão Geral e dos Recursos Repetitivos, cujo objetivo seria exatamente
o de outorgar “maior eficácia à jurisprudência consolidada nos tribunais superio-
res”5.
No mesmo sentido de demonstrar o paulatino desenvolvimento da teoria dos
precedentes entre nós, José Rogério Cruz e Tucci enumera algumas alterações
promovidas em âmbito infraconstitucional, sobretudo o antigo CPC/1973, relati-
vas à uniformização da jurisprudência, a criação dos embargos de divergência, os
efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo STF em sede de controle de cons-
titucionalidade e a criação das Súmulas Vinculantes da Suprema Corte6.
Esse movimento desembocou na especial atenção dada a esta temática pelo
CPC/2015, em especial entre os arts. 926 a 928.
7
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 15.
8
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 16.
9
ALVIM, Teresa Arruda. Modulação: na alteração da jurisprudência firme ou de precedentes vin-
culantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 16-17.
10
“Por fim, o respeito aos precedentes possibilita que os recursos de que dispõe o Judiciário sejam
otimizados e utilizados de forma racional. Se os juízes estão obrigados a observar os entendimen-
tos já proferidos pelos tribunais, eles não consumirão seu tempo ou os recursos materiais de que
dispõem para redecidir questões já apreciadas. Consequentemente, utilizarão tais recursos na
solução de questões inéditas, que ainda não receberam resposta do Judiciário e que precisam ser
enfrentadas. A observância dos precedentes vinculantes pelos juízes, mesmo que não concordem
com eles, reduz, ainda, o trabalho dos tribunais, que não precisam reexaminar e reformar as
decisões divergentes dos entendimentos que já pacificaram. Tal ambiente contribui para a redu-
ção do tempo de duração dos processos, desestimula demandas aventureiras e reduz a litigiosida-
de. Tem ainda o condão de minimizar a sobrecarga experimentada pelas cortes e a aumentar a
credibilidade e legitimidade do Judiciário, que são comprometidas pela demora na entrega da
prestação jurisdicional e por aquilo que a doutrina convencionou chamar de jurisprudência loté-
rica: a produção de decisões díspares, conferindo tratamento desigual a jurisdicionados em situa-
ções idênticas, muitas vezes até em um mesmo tribunal.” (MELLO, Patrícia Perrone Campos;
BARROSO, Luís Roberto. Trabalhando com uma nova lógica: a ascensão dos precedentes no di-
reito brasileiro. Revista da AGU vol. 15, n. 03. Brasília, jul./set. 2016, p. 23-24).
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11
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 31-32.
12
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 32-34
13
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de tributar. São Pau-
lo: Noeses, 2009, p. 256.
14
POHL, Heiki apud DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 303
16
Como bem noticiado por Teresa Arruda Alvim, antes mesmo da edição da Lei n. 9.868/1999 é
possível vislumbrar na jurisprudência do STF decisões cujos efeitos foram modulados em sede de
controle de constitucionalidade. Cf. ALVIM, Teresa Arruda. Modulação: na alteração da jurispru-
dência firme ou de precedentes vinculantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reu-
ters Brasil, 2021, p. 14.
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 305
17
Por todos, MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle
de constitucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 43.
18
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 55.
19
ALVIM, Teresa Arruda. Modulação: na alteração da jurisprudência firme ou de precedentes vin-
culantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 167-168.
306 Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito Tributário Atual
20
ALVIM, Teresa Arruda. Modulação: na alteração da jurisprudência firme ou de precedentes vin-
culantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 29.
21
CABRAL, Antônio do Passo. A técnica do julgamento-alerta na alteração de jurisprudência con-
solidada: segurança jurídica e proteção da confiança no direito processual. Revista do Ministério
Público do Rio de Janeiro n. 56, abr./jun. 2015, p. 23.
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 307
Seja como for, estamos com Teresa Arruda Alvim, ao afirmar que “parece-
nos que o fundamento último, da modulação, em ambas as hipóteses, é o mesmo:
proteger a confiança”25.
22
CABRAL, Antônio do Passo. A técnica do julgamento-alerta na alteração de jurisprudência con-
solidada: segurança jurídica e proteção da confiança no direito processual. Revista do Ministério
Público do Rio de Janeiro n. 56, abr./jun. 2015, p. 24-25.
23
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 65.
24
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 77.
25
ALVIM, Teresa Arruda. Modulação: na alteração da jurisprudência firme ou de precedentes vin-
culantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 71.
308 Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito Tributário Atual
26
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de tributar. São Pau-
lo: Noeses, 2009.
27
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de tributar. São Pau-
lo: Noeses, 2009, p. 415.
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 309
Cf. DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
28
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de tributar. São Pau-
lo: Noeses, 2009, p. 415-450.
310 Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito Tributário Atual
29
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de tributar. São Pau-
lo: Noeses, 2009, p. 552-553.
30
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de tributar. São Pau-
lo: Noeses, 2009, p.554.
31
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da confiança, boa-fé
objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao poder judicial de tributar. São Pau-
lo: Noeses, 2009, p. 568.
32
Confira-se a este respeito, com mais vagar nas premissas teóricas e mediante análises de arestos
proferidos pelo STF: LOBATO, Valter de Souza; DERZI, Misabel Abreu Machado. Os caminhos
abertos pelo Ministro Gilmar Mendes. In: SARAIVA FILHO, Oswaldo Othon de Pontes (coord./
org.). Direitos fundamentais dos contribuintes: homenagem ao jurista Gilmar Ferreira Mendes. 1. ed.
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 311
tituição da República implica seu reconhecimento não somente às leis, mas tam-
bém para as decisões judiciais. Por isso, a decisão que altera a jurisprudência deve
ter seus efeitos projetados apenas para o futuro, sem que se alcance os fatos ocor-
ridos sob a vigência da decisão anterior, de modo a garantir a confiança sistêmica,
a segurança jurídica e o Estado Democrático de Direito.
As luzes trazidas por Scaff serão importantes para o que se pretende susten-
tar no presente trabalho. Com efeito, a respeito do conceito de interesse público,
cujos debates são profundos na doutrina do Direito Administrativo34, é clássica a
passagem de Celso Antônio Bandeira de Mello, segundo a qual o interesse públi-
co seria “o interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pes-
soalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da Sociedade
e pelo simples fato de o serem”35.
Contudo, assim como fez Scaff, Bandeira de Mello assinala que “não existe
coincidência necessária entre interesse público e interesse do Estado”36. Há que se
distinguir, portanto, entre o interesse público primário (interesse público) dos
interesses públicos secundários (interesses estatais):
“É que, além de subjetivar estes interesses, o Estado, tal como os demais particu-
lares, é, também ele, uma pessoa jurídica, que, pois, existe e convive no universo
jurídico em concorrência com todos os demais sujeitos de direito. Assim, inde-
pendentemente do fato de ser, por definição, encarregado dos interesses públi-
cos, o Estado pode ter, tanto quanto as demais pessoas, interesses que lhe são
particulares, individuais, e que, tal como os interesses delas, concebidas em suas
meras individualidades, se encarnam no Estado enquanto pessoa. Estes últimos
não são interesses públicos, mas interesses individuais do Estado, similares, pois
(sob prisma extrajurídico), aos interesses de qualquer outro sujeito. Similares,
mas não iguais. Isto porque a generalidade de tais sujeitos pode defender estes
interesses individuais, ao passo que o Estado, concebido que é para a realização
de interesses públicos (situação, pois, inteiramente diversa da dos particulares), só
poderá defender seus próprios interesses privados quando, sobre não se choca-
rem com os interesses públicos propriamente ditos, coincidam com a realização
deles. Tal situação ocorrerá sempre que a norma donde defluem os qualifique
como instrumentais ao interesse público e na medida em que o sejam, caso em
que sua defesa será, ipso facto, simultaneamente a defesa de interesses públicos,
por concorrerem indissociavelmente para a satisfação deles.”37
É de se ver que a expressão interesse social não pode ser concebida como
interesse público, se compreendida esta última como o atendimento de necessida-
des coletivas (o interesse público primário, propriamente dito). Com efeito, inte-
34
Sobre o tema, confira-se HACHEM, Daniel Wunder. A dupla noção jurídica de interesse público
em direito administrativo. A&C R. de Dir. Administrativo & Constitucional n. 44, ano 11. Belo Ho-
rizonte, abr./jun. 2011, p. 59-110; GABARDO, Emerson; REZENDE, Maurício Corrêa de Moura.
O conceito de interesse público no direito administrativo brasileiro. Revista Brasileira de Estudos
Políticos n. 115. Belo Horizonte, jul./dez. 2017, p. 267-318.
35
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros,
2010, p.61.
36
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros,
2010, p. 65.
37
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros,
2010, p. 65-66.
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 313
38
“Também é relevante que se trace, aqui, a distinção entre interesse público e interesse social.
Direitos fundamentais devem estar sendo preservados, quando se modula por interesse social, o
que nem sempre ocorre quando se alega interesse público.” (ALVIM, Teresa Arruda. Modulação:
na alteração da jurisprudência firme ou de precedentes vinculantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 30)
39
ALVIM, Teresa Arruda. Modulação: na alteração da jurisprudência firme ou de precedentes vin-
culantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 30.
314 Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito Tributário Atual
MITIDIERO, Daniel. Superação para frente e modulação de efeitos: precedente e controle de consti-
40
tucionalidade no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 79.
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 315
41
LUHMANN, Niklas. Confianza. Santiago: Anthropos, 1996, p. 21.
42
LUHMANN, Niklas. Confianza. Santiago: Anthropos, 1996, p. 14.
43
LUHMANN, Niklas. Confianza. Santiago: Anthropos, 1996, p. 103.
316 Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito Tributário Atual
5. Considerações finais
Em resumo, toda a questão de superação de precedentes e de modulação de
efeitos em matéria tributária remonta, em última análise, à confiança. De se ver,
portanto, que tal requisito implica hipóteses absolutamente restritas e excepcio-
nais, de modo a evitar solução judicialmente ativista. Também evita que conside-
rações genéricas de interesse público sejam suscitadas como fundamento de mo-
dulação de efeitos, bem como as considerações representativas de interesses me-
ramente estatais, como as de prejuízo aos cofres públicos. Confiança nas manifes-
tações do Poder Judiciário e confiança no próprio sistema jurídico: eis os
significados de segurança jurídica e interesse social.
6. Referências bibliográficas
ALVIM, Teresa Arruda. Modulação: na alteração da jurisprudência firme ou de
precedentes vinculantes. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters
Brasil, 2021.
ATAÍDE JR., Jaldemiro Rodrigues de. Precedentes vinculantes e irretroatividade do
direito no sistema processual brasileiro: os precedentes dos tribunais superiores e
sua eficácia temporal. Curitiba: Juruá, 2012.
ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica. Entre permanência, mudança e realização no
direito tributário. São Paulo: Malheiros, 2011.
BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do precedente judicial: a justificação e
a aplicação de regras jurisprudenciais. São Paulo: Noeses, 2012.
CABRAL, Antônio do Passo. A técnica do julgamento-alerta na alteração de ju-
risprudência consolidada: segurança jurídica e proteção da confiança no di-
reito processual. Revista do Ministério Público do Rio de Janeiro n. 56, abr./jun.
2015.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. O controle da constitucionalidade das leis e do
poder de tributar na Constituição de 1988. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
CRAMER, Ronaldo. Precedentes judiciais: teoria e dinâmica. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2016.
DERZI, Misabel Abreu Machado. Modificações da jurisprudência: proteção da con-
fiança, boa-fé objetiva e irretroatividade como limitações constitucionais ao
poder judicial de tributar. São Paulo: Noeses, 2009.
DIDIER JR., Freddie et al. (coord.). Precedentes. Coleção Grandes Temas do Novo
CPC. Salvador: JusPodivm, 2016. vol. 3.
GABARDO, Emerson; REZENDE, Maurício Corrêa de Moura. O conceito de in-
teresse público no direito administrativo brasileiro. Revista Brasileira de Estu-
dos Políticos n. 115. Belo Horizonte, jul./dez. 2017.
HACHEM, Daniel Wunder. A dupla noção jurídica de interesse público em direi-
to administrativo. A&C R. de Dir. Administrativo & Constitucional n. 44, ano 11.
Belo Horizonte, abr./jun. 2011.
Valter de Souza Lobato / José Antonino Marinho Neto 317