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Keywords: Stare decisis and the characterization on binding precedent - Ratio decidendi
e obiter dictum - Brazilian binding jurisprudence in the 2015 Civil Procedure Code -
Distinguishing and Overruling - Convergence of civil law and common law schemes - The
Brazilian peculiar hybrid position.
Sumário:
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
1 Introdução.
Define-se o stare decisis como a noção de que um princípio jurídico deduzido de uma
decisão judicial será sopesado e aplicado no deslinde de um caso futuro. Assim, na
sistemática de common law a decisão judicial se presta a uma dúplice função: decide o
caso concreto (res judicata) e estabelece-se como precedente a ser observado no futuro.
No sistema em questão, que se define como aquele em que o Direito é enunciado e
desenvolvido por meio de decisões judiciais, o stare decisis acaba assumindo papel
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fundamental.
De modo mais explícito, afirma Charles D. Cole que a decisão da Corte que constitui
precedente, efetivamente é lei, que determina o que significa a Constituição dentro da
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esfera de competência que cabe à Corte que pronuncia a decisão (estadual ou federal).
Assim, a “autoridade” que faz um precedente vinculante significa dizer que ele se
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caracteriza como fonte do Direito.
O fato é que apesar das variantes e resistências eventuais das Cortes Nacionais, em
geral há uma tendência em se reconhecer que as Cortes Nacionais inclinam-se por se
adequarem às decisões da Corte Europeia, e que, em havendo discordância, deveriam
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submeter a avaliação do caso à mencionada Corte.
Assim, o postulado do stare decisis parece adicionar sua própria parcela de incerteza à
prática do Direito. Às vezes precedentes serão seguidos, às vezes não, sem que se saiba
exatamente quando e porquê o serão ou não Em outras situações o caso subsequente
será distinguished, e também será revertido (overruled). E quando nos adaptamos a
esta flexibilidade, surgirá um vetusto precedente que exercerá, no caso examinado,
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força vinculante.
Correta é a conclusão de que não é exatamente o regime de common law ou de civil law
que em si conferem maior segurança, mas sim a qualidade das decisões, que refletem o
quanto o Judiciário leva a sério ou não seu papel de concretizar a Constituição e orientar
a aplicação das leis. Quanto mais institucional for a decisão, isto é, mais infensa a
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critérios pessoais do magistrado, mais coerente e íntegra será a jurisdição.
Em verdade o tipo de previsibilidade exigida pelo rule of Law é uma que se qualifica
como principiológica. Isto é, baseada num mapeamento a respeito do entendimento
oficial e público a respeito de alguma situação fática dado pelas variadas fontes do
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Direito.
Outra crítica que se faz ao stare decisis é permitir a evolução do Direito apenas por
acidente. Julgamentos equivocados podem adquirir força obrigatória simplesmente
porque a parte derrotada não recorreu à instância superior o que, não raras vezes
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decorre até mesmo da falta de recursos financeiros.
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
Jeremy Waldron pondera que a doutrina do stare decisis por vezes servirá para
cristalizar o rule of man ao invés do rule of Law, permitindo que se torne precedente, e
assim obrigatório para futuras decisões, um particular entendimento de alguém que
ocasionalmente é juiz, privilegiando suas ideias e preferências a respeito de uma
cláusula constitucional, ou mesmo de uma doutrina sedimentada de common law. Nestes
casos para o juiz subsequente o stare decisis afigura-se como obstativo ao atingimento
do Estado de Direito, pois torna mais dificultoso que prevaleça o entendimento ou a
interpretação que este juízo subsequente entende como sendo o mais apropriado para a
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questão, em razão da vinculação ao juízo precedente.
Curioso notar, a propósito, que as críticas que se referem a tendência que o sistema de
precedentes imporia de cristalização do Direito (e como visto no anterior parágrafo, até
mesmo de decisões que não eram na espécie a melhor alternativa interpretativa)
convivem com a defesa do direito jurisprudencial baseada em sua alta carga de
adaptabilidade à evolução da vida social e consequentemente dos fatos que constituem o
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substrato da atividade jurisdicional, os quais corriqueiramente deixam de ser
enquadráveis nas categorias de Direito rigidamente previstas no ordenamento inflexível
e codificado próprio ao civil law.
O poder jurisdicional é uno, não se confunde com a pessoa física do juiz. Suas
manifestações não são atreladas a opiniões pessoais deste ou daquele magistrado. Este
poder uno deve tratar de modo idêntico questões idênticas, e essa exigência, associada
à unidade do poder jurisdicional, prevalece sobre uma independência judicial que se
confunde distorcidamente com preferências pessoais do juiz.
2 Caracterização do efeito vinculante.
Fincar esta noção é de suma importância porque elide uma falsa ideia que prime pela
aplicação “positivista” dos enunciados de precedentes, em especial súmulas vinculantes,
assimiladas a preceitos de lei. O precedente, frise-se, constitui-se num princípio, e
portanto, sujeito a todas a imprecisões, ponderações, gradações e zonas cinzentas como
lhes é peculiar. Ao ponto volveremos ao estabelecermos o padrão de comparação entre a
ideia de stare decisis e a jurisprudência vinculante como prevista em nosso
ordenamento.
O juiz do caso precedente, diante da questão a ser decidida, deverá encontrar a fórmula
de Direito aplicável à espécie em termos de regra geral, mesmo que não haja uma
explícita regulação geral da matéria. Não importa se ele a está “descobrindo” ou
efetivamente “criando”. Encontrar e articular a referida norma é o que o Estado de
Direito exige do juiz precedente. É esta norma geral que deve ser tomada em
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consideração pelo juiz subsequente.
Quando o caso análogo foi decidido pela Corte de última instância da jurisdição
(estadual; federal – de circuito ou nacional) e se cuidar de decisão tomada por maioria,
tem-se um precedente vinculante. Caso contrário (isto é, decisão não tomada por
maioria, ou baseada em fatos não absolutamente similares), então teremos um
precedente com autoridade persuasiva, caso em que a Corte empregará seu poder
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discricionário para determinar qual importância deverá ser dada à anterior decisão.
pronunciado por um juiz enquanto proferindo um julgamento que não seja essencial
para a decisão do caso, e que por não formar a razão de decidir (ratio decidendi) não
gera efeito vinculante, podendo eventualmente ser citado com foros persuasivos em
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casos futuros.
Se tomarmos como ponto de partida a ideia de que o Estado de Direito reclama que
casos similares sejam tratados similarmente, então o foco do princípio do stare decisis se
desloca para ser a aferição desta similaridade normativa entre os dois casos sucessivos,
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e ainda, em se apurar quais os critérios de discrepância relevantes.
É importante destacar que diante de uma situação em que não há precedente ou lei
reguladora do tema, a Corte deverá usar autoridade persuasiva ou discricionariamente
determinar a regra que deve presidir o julgamento. É o chamado "caso de primeira
impressão". Quando dita decisão é tomada pela Corte de última instância da jurisdição
(estadual ou federal, neste caso também abrangendo o circuito), ter-se-á um
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precedente.
3 O stare decisis e a jurisprudência vinculante brasileira.
Desde antes da vigência do Código de Processo Civil de 2015, e até mesmo antes das
reformas que reforçaram a tentativa de se estabelecer no Brasil um sistema de
precedentes, já se dizia que aqui coexistiam duas espécies de stare decisis: o normativo
(vinculação estabelecida pela Constituição da República e por leis infraconstitucionais) e
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
Com efeito, defende-se que o precedente do sistema de common law não pode ser
simplesmente equiparado à jurisprudência vinculante brasileira, do qual se distingue por
três fatores.
Em segundo lugar está o fator hermenêutico, destacando-se então que seria ingênuo
apostar em decisões de Tribunais Superiores como a Revolução Francesa acreditava na
lei, isto é, apostar que contenham elas (as decisões) solução pronta para uma
multiplicidade de casos.
Por fim, em terceiro lugar, apresenta-se o fator democrático. No regime de common law
um precedente não nasce “desde sempre” com tal qualidade. Ele será alvo de debate e
intenso esforço interpretativo, para dele extrair-se a ratio decidendi, e apenas quando
aceito pelas partes e pelas instâncias inferiores como dotado de coerência, integridade e
racionalidade suficientes para se tornar parâmetro decisório, poderá vir a ser
considerado vinculante. No sistema brasileiro, em especial como forjado no novo Código
de Processo Civil, o precedente já vem dotado deste efeito, independentemente desta
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atividade intelectiva.
Aliás, no Brasil a jurisprudência passou a ser aplicada de modo acrítico pelos tribunais
superiores como forma de desafogá-los, criando-se nova fonte do Direito voltada para
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defender as Cortes Superiores do excesso de trabalho.
Camilo Zufelato também arrola três fatores de distinção entre nosso sistema de
vinculação a precedentes e a matriz de common law estadunidense: a) utilização de
súmulas, que são extratos de julgamento desvinculadas dos fatos e fundamentos que
deram origem à regra; b) a própria Corte que julga o caso afirma, no ato de emanar a
decisão, cuidar-se de precedente vinculante; c) criação de uma lógica de julgamento em
série, reprodução em escala, como forma de uniformizar jurisprudência.
Conclui que o Direito é fenômeno histórico-cultural, de modo que o apego que ainda há
em nosso meio ao primado do direito legislado recomenda cautela na operacionalização
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do direito jurisprudencial, que ainda é secundário.
Daí afirmar-se que a forma de vinculação proposta no novo Código de Processo Civil é
problemática sob o ponto de vista do dinamismo do sistema, pois favorece o
engessamento da interpretação a partir de um único caso, tendendo a eternizá-lo
mediante efeito cascata, que inclusive impede subida de novos recursos que
oportunarizariam às Cortes Superiores reavaliarem, quer para consolidar quer para
atualizar, o entendimento em questão. Dito de outro modo: o efeito vinculante
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representa obstáculo ao aperfeiçoamento da própria jurisprudência.
Como anteriormente pontuado, por paradoxal que possa parecer, apesar de ser acusada
de fossilizar a evolução do Direito, a doutrina do stare decisis tem, como dos seus
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principais arrimos justificatórios em nosso sistema, a agilização dos julgamentos.
Outro ponto que merece realçado destaque é de que o conceito sedimentado de que a
coisa julgada abrange o dispositivo da decisão judicial ocasionou no Brasil uma
demasiada atribuição de importância a este, e quase nenhuma aos dados fáticos e os
fundamentos de Direito que motivaram o sentido do decisum. Tal realidade fatalmente
deverá ser alterada, já que a definição da ratio decidendi está contida na motivação, e
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não só no dispositivo.
Enfim, tem-se que o julgamento pelos meios processuais indicados no art. 927 do CPC
(LGL\2015\1656) diverge do sistema de vinculação a precedentes próprio do common
law por inexistência de uma decantação jurisprudencial da matéria, inexistindo
referência a uma sucessão de julgados. Forma-se um único superprecedente, destacado,
adicionando-se ao quanto já previsto pelas regras dos arts. 926 a 928 os mecanismos de
julgamento de improcedência liminar (art. 332, do CPC (LGL\2015\1656)) e julgamento
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monocrático pelo relator (art. 932, do CPC (LGL\2015\1656)).
4 Precedentes no Código de Processo Civil de 2015.
Aliás, é isto que se depreende do inc. V do art. 489, § 1.º, CPC (LGL\2015\1656),
devendo-se entender por fundamentos determinantes no texto normativo exatamente a
noção de ratio decidendi.
É ônus da parte, para os fins do disposto no art. 489, § 1.º, V e VI, do CPC
(LGL\2015\1656), identificar os fundamentos determinantes ou demonstrar a existência
de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento, sempre que
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invocar jurisprudência, precedente ou enunciado de súmula.
Há quem critique o novo diploma e a forma como tratou o tema dos precedentes, que
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conteria prescrições demais e regulamentações procedimentais de menos.
Carlos Alberto de Salles define-o como “técnica decisória pela qual a identidade de um
julgado e de um caso submetido a julgamento permite que o subsequente se baseie nas
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mesmas razões de decidir daquele anterior”.
Pontua-se que o stare decisis pode ser horizontal (respeito aos próprios precedentes e à
própria jurisprudência vinculante) ou vertical (respeito à jurisprudência vinculante e a
precedentes de Cortes a que subordinados os órgãos jurisdicionais que avaliam o caso
subsequente). Diz-se que o art. 926 estatui o stare decisis horizontal, e o art. 927, o
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vertical.
Ainda, dizer que a jurisprudência deve ser estável é dizer que não poderá ser alterada
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sem propósito.
A seguir surge o primeiro problema interpretativo. O § 2.º do art. 926 estatui que ao
editarem súmulas os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
Daí porque estamos com Daniel Amorim Assumpção Neves quando pontua que a
interpretação do § 2.º do art. 926 do novel diploma é no sentido de que os tribunais
deverão ter especial cautela ao editarem súmulas para que haja similaridade fática entre
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os precedentes empregados para a edição.
Segue então o art. 927 prescrevendo quais decisões constituem precedentes em sentido
técnico, e portanto, comportam observância: i) as decisões do Supremo Tribunal Federal
em controle concentrado de constitucionalidade (o que já decorria de disposição
constitucional, § 2.º do art. 102, CF/1988 (LGL\1988\3)); ii) os enunciados de súmula
vinculante (igualmente oriundo de disposição constitucional, no caso o art. 103-A,
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CF/1988 (LGL\1988\3)); iii) os acórdãos em incidente de assunção de competência ou
de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e
especial repetitivos; iv) os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em
matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional e
v) a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
Segundo Nelson Nery e Rosa Nery, o acórdão do Supremo Tribunal Federal em controle
de constitucionalidade apto a gerar efeito vinculante deve ser de mérito e haver trânsito
em julgado, além do que operaria apenas quando houvesse declaração de
inconstitucionalidade, resumida a vinculação apenas ao comando do acórdão, seu
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dispositivo, e não seus motivos (na linha do quanto realçado no parágrafo anterior).
Uma questão delicada será a de se saber se o rol do art. 927, que define os precedentes
considerados vinculantes, é taxativo. Em princípio pode-se supor que a enumeração
seria despicienda se todo e qualquer julgamento de Tribunal constituísse precedente
capaz de emanar vinculatividade. E entre alternativas interpretativas, deve-se optar por
aquela que não confira à lei palavras inúteis. Logo, é de se crer que o rol em questão é
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exaustivo. Outras decisões de Tribunais constituirão elementos de persuasão, mas não
seriam de observância obrigatória.
Ocorre que entre os precedentes vinculantes estão figuras que não necessariamente
estarão afetas à instância extraordinária das Cortes Supremas, Constitucional (STF) ou
Federal (STJ), mas sim às Cortes de Justiça (no caso brasileiro, os Tribunais Regionais
Federais e os Tribunais de Justiça), como é o caso do incidente de assunção de
competência; de resolução de demandas repetitivas e mesmo a orientação do plenário
ou órgão especial destes tribunais (incs. III e V, do art. 927).
Deste modo, caberá definir se as decisões oriundas dos referidos incidentes (assunção
de competência; resolução de demandas repetitivas e decisões de órgãos especiais ou
plenários) capazes de atrair a incidência do art. 927 são aquelas que tenham trâmite na
instância recursal extraordinária, precisamente no seio do Supremo Tribunal Federal ou
do Superior Tribunal de Justiça.
O inc. III do art. 927 torna todas as súmulas vinculantes, exceto as do Supremo Tribunal
Federal sobre normas infraconstitucionais. Nesta sede o Supremo deverá inclusive
observar as súmulas do Superior Tribunal de Justiça, que detém competência para dar a
última palavra em termos de legislação federal. Outrossim, por “orientação”, nos termos
do inc. V do art. 927, CPC (LGL\2015\1656), entende-se “decisão”, estendendo-se a
regra também às decisões do plenário do Supremo Tribunal Federal e da Corte Especial
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do Superior Tribunal de Justiça.
Afirma-se que os incs. III e IV do art. 927 seriam exemplos de obrigatoriedade média; o
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inc. V, fraca; os incs. I e II, forte.
É interessante notar que diante da atual redação do art. 927, cabe indagar qual a real
diferença entre uma súmula vinculante e outra comum, já que a ambas se deve
observância. Seria unicamente a possibilidade de emprego da via reclamatória (art. 988,
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III)?
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
Nelson Nery Jr e Rosa Nery afirmam a inconstitucionalidade do art. 927, III a V, CPC
(LGL\2015\1656), que conferiria ao Poder Judiciário função típica do Legislativo, sem
que haja autorização constitucional a tanto, com menoscabo ao due processo of law e ao
“espírito da Constituição”, arrematando: o objetivo visado pelo art. 927 deveria ser
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autorizado pela Constituição da República.
Em sentido contrário, Carlos Alberto de Salles defende que no caso as decisões judiciais
apenas dão conteúdo concreto àquelas normas criadas legislativamente. Ao contrário do
sistema de common law, em que o precedente tem natureza normativa, em nosso caso
continua ele sendo jurisprudencial. Segue lecionando que não se passou ao regime de
common law, pois que para isto faltariam vários fatores estruturais. Em verdade o novo
Código de Processo Civil não traria nova técnica decisória, já que a maioria destas
técnicas já existia na vigência do Código de Processo Civil de 1973, apenas que por
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novos instrumentos pode revitalizar as técnicas baseadas nestes institutos.
Ora, entre opções interpretativas, novamente, deve-se prestigiar aquela que não atribua
à lei palavras inúteis. Por isto, na espécie, é imperioso ter que a referência ao art. 10
significa, isto sim, que a adesão pelo juiz da causa atual a um precedente deve ser
precedida da possibilidade de manifestação da parte a respeito tanto do precedente
como de seus padrões de aplicação: a similaridade fática (isto é, a correção da
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analogia); a ratio decidendi; o obiter dictum etc.
O art. 928 propõe-se à definição, o que, via de regra, não deveria competir à lei, mas
que na espécie serve de bom esclarecimento. Como o art. 927 refere-se em alguns
momentos a “casos repetitivos”, o art. 928 os define: incidente de resolução de
demandas repetitivas e recurso especial e extraordinário repetitivos.
O precedente vinculante pode ter sua eficácia diminuída pelo passar do tempo ou por
casos análogos que tenham sido decididos diferentemente pela mesma Corte, até que
esta explicitamente o supere, indicando a mudança de filosofia política dos membros da
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Corte.
Com efeito, o Estado de Direito não pede a imutabilidade das leis, mas sim procura
evitar a mutabilidade frequente. É possível, destarte, que o juiz subsequente entenda
que a regra extraível do precedente não seja reflexo do Direito existente naquele
momento, ou ainda, que este tenha experimentado mudança, ou que o princípio de
Direito aplicado tenha sido danoso ou injusto na espécie. Pondere-se que nem sempre
haverá necessidade de completa reversão do precedente, mas apenas uma emenda ou
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correção de rumo.
Daniel Amorim Assumpção Neves assevera que a incerteza do que seja efetivamente
“precedente” afastou do texto do Código de 2015 a regulamentação procedimental dos
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institutos de distinguishing e overruling.
Afirma-se que a modulação de efeitos pode ser temporal ou espacial, e no primeiro caso
pode estabelecer que o entendimento valha a partir de um momento específico no
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futuro, podendo ainda ser escalonada.
Indagar-se-ia se a modulação pode valer para o passado. Por vezes isto sucederá
inadvertidamente, já que os casos que chegarem ao Tribunal no presente, foram
ajuizados no passado, sob a vigência da tese anterior. Mais do que isto, questiona-se se
poderia o Tribunal estipular que a nova tese valeria a partir de dado momento no
passado, conferindo-lhe dimensão pretérita.
Não parece que esta opção se coadune com princípios como da segurança jurídica,
proteção da confiança e mesmo integridade (arts. 926 e 927, §§ 3.º e 4.º, CPC
(LGL\2015\1656)). A modulação a que alude a regra deve ter como termo inicial mínimo
as ações ajuizadas da partir da prolação da decisão que representa a mudança de
posicionamento. A modulação facultada é a fixação de outro termo, porém
necessariamente futuro. Há um problema evidente, entretanto: o processo que
representa o divisor de águas necessariamente terá sido ajuizado na vigência do
entendimento anterior. A única solução viável na espécie seria, então, proceder à
mudança do entendimento, ressalvando que o caso sob julgamento ainda permaneceria
regido pelo antigo posicionamento, que ficaria reservado para os processos aforados
após a prolação do overruling.
Indaga-se se a ausência de referência nos arts. 926 a 928 ao distinguishing seria sinal
de sua não adoção pelo novel sistema. A resposta deve ser negativa. Primeiramente
porque a hipótese de distinção é inseparável de qualquer método de decisão que invoque
doutrina de precedentes.
De todo modo, para aqueles que ainda se aferram aos aspectos mais positivistas da
interpretação e aplicação do Direito, vale lembrar que há previsão do mecanismo no inc.
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VI do § 1.º do art. 489, CPC (LGL\2015\1656).
6 Conclusões.
Segundo conceituada doutrina de common law, aquele sistema tem sido chamado a lidar
com um aspecto que na origem lhes era estranho: a difusão de “políticas legislativas”,
isto é, a edição de normas (statutes) sobre grande variedade de temas em direito
público e também privado, este em especial onde normalmente prevalecia apenas a
força dos precedentes.
O juiz brasileiro haverá de se deparar exatamente com esta dificuldade. Nosso sistema é
naturalmente atrelado à lei como fonte primordial do Direito. Difícil será encontrar o
adequado equilíbrio entre a força vinculante do precedente e a obrigatoriedade da lei.
autêntico stare decisis. Quando nada a intenção neste sentido parece indiscutível (isto é,
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intenção de se forjar um sistema de vinculação a precedentes).
Ao cabo, pode-se asseverar que o ponto fundamental entre as distinções de common law
e civil law não é de direito processual, mas sim de teoria e história do Direito,
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relacionado às fontes do Direito e da tensa relação entre legislação e jurisdição.
Em conclusão, temos que o Brasil se vê num paradoxal limbo. Por um lado aspira a
aproximação ao regime de common law, ou quando nada, à doutrina do stare decisis
que lhe é característica maiúscula. Porém o faz com a hesitação de quem não pretende
abandonar o método decisional do regime de civil law. O resultado é o que ora temos
plasmado como “estado da arte” no novel diploma processual civil: um regime que
invoca os precedentes como substitutos da lei, mas fiel ao bom e velho positivismo
normativista no tocante ao método de aplicação.
7 Bibliografia.
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WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros comentários ao Novo Código de Processo
Civil – Artigo por artigo. 1. ed. São Paulo: Ed. RT, 2015.
1 RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal judicial center,
1975, p. 1-2.
2 COLE, Charles D. Stare decisis na cultura jurídica dos Estados Unidos. O sistema de
precedente vinculante do common law in RT 752/11 (DTR\1998\264), p. 13. Assevera o
autor: “As Cortes estaduais podem decidir tanto questões federais quanto estaduais;
contudo, questões federais estão sujeitas à revisão pela Suprema Corte Federal,
enquanto que questões que envolvam lei estadual estão sujeitas à revisão apenas pela
corte estadual de última instância” (Cit. p. 14).
5 FALLON JR, Richard H. Stare decisis and the Constitution: An essay on constitutional
methodology. New York University Law Review, vol 76:750, 2001, p. 572 e 579.
6 Idem, p. 580-581. Art. III: “Section 1. The judicial power of the United States, shall be
vested in one Supreme Court, and in such inferior courts as the Congress may from time
to time ordain and establish. The judges, both of the supreme and inferior courts, shall
hold their offices during good behaviour, and shall, at stated times, receive for their
services, a compensation, which shall not be diminished during their continuance in
office. Section 2. The judicial power shall extend to all cases, in law and equity, arising
under this Constitution, the laws of the United States, and treaties made, or which shall
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
be made, under their authority;--to all cases affecting ambassadors, other public
ministers and consuls;--to all cases of admiralty and maritime jurisdiction;--to
controversies to which the United States shall be a party;--to controversies between two
or more states;--between a state and citizens of another state;--between citizens of
different states;--between citizens of the same state claiming lands under grants of
different states, and between a state, or the citizens thereof, and foreign states, citizens
or subjects. In all cases affecting ambassadors, other public ministers and consuls, and
those in which a state shall be party, the Supreme Court shall have original jurisdiction.
In all the other cases before mentioned, the Supreme Court shall have appellate
jurisdiction, both as to law and fact, with such exceptions, and under such regulations as
the Congress shall make. The trial of all crimes, except in cases of impeachment, shall
be by jury; and such trial shall be held in the state where the said crimes shall have
been committed; but when not committed within any state, the trial shall be at such
place or places as the Congress may by law have directed. Section 3. Treason against
the United States, shall consist only in levying war against them, or in adhering to their
enemies, giving them aid and comfort. No person shall be convicted of treason unless on
the testimony of two witnesses to the same overt act, or on confession in open court.
The Congress shall have power to declare the punishment of treason, but no attainder of
treason shall work corruption of blood, or forfeiture except during the life of the person
attainted”.
8 Idem, p. 18-20.
9 RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal Judicial Center,
1975, p. 2. Na mesma toada, Richard H Fallon Jr leciona que existe um aspecto e
economia processual no princípio do stare decisis, além do evidente prestígio à
estabilidade, igualdade e segurança. Na sua falta a Suprema Corte teria que rever, em
cada caso, os fundamentos constitucionais de toda doutrina aplicável, sobrecarregando a
Corte e a própria nação (FALLON JR, Richard H. cit. p. 584).
10 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 2.
11 “(…) a good legal system requires reasonable stability; that while decisions that are
severely misguided or dysfunctional surely should be overruled, continuity is
presumptively desirable with respect to the rest; and again, that it would overwhelm
Court and country alike to require the Justices to rethink every constitutional question in
every case (…)” (FALLON JR, Richard H. Stare decisis and the Constitution: An essay on
constitutional methodology. New York University Law Review, vol 76:750, 2001, p. 585).
12 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 9-14.
14 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: A Layered Approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 14.
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
15 RE, Edward D. Stare decisis – Education and Training Series. Federal Judicial Center,
1975, p. 8.
16 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 6-8.
19 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 35.
20 FALLON JR, Richard H. Stare decisis and the Constitution: an essay on constitutional
methodology. New York University Law Review, vol 76:750, 2001, p. 580-582 e 587.
21 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 1.
22 RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal Judicial Center,
1975, p. 3.
23 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 22.
24 COLE, Charles D. Stare decisis na cultura jurídica dos Estados Unidos. O sistema de
precedente vinculante do common law in RT 752/11 (DTR\1998\264), p. 15.
26 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 27.
27 RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal Judicial Center,
1975, p. 5.
28 Nas palavras de Thomas Koopmans, “the notion of ratio decidendi is probably the
crux of the doctrine of stare decisis” (KOOPMANS, Thomas. Stare decisis in European
Law. In Leiden University Repository,
[https://openaccess.leidenuniv.nl/handle/1887/22742], acesso em março de 2016, p.
22).
29 LAW, Jonathan; MARTIN, Elizabeth A. Oxford dictionary of law, 7. ed., Oxford: Oxford
University Press, 2013, p. 375. O conceito encontrável no Black’s Law Ditcionary é: “A
judicial comment made while delivering a judicial opinion, but one that is unnecessary to
the decision in the case and therefore not precedential (although it may be considered
persuasive)” (GARNER, Brian A. (editor in chief). Black’s Law Dictionary, 3. ed., Texas:
Thomson-West, 1996, p. 499-500).
30 Idem, p. 592. Nas palavras de Edward Re: “the holding of a prior case is limited to 19
Página
Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
the principle or rule that was necessary for the resolution of those factual and legal
issues actually presented and decided. All utterances not necessary to the decision are
dicta” (RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal Judicial
Center, 1975, p. 7-8).
31 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 25.
33 RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal Judicial Center,
1975, p. 10-11.
34 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 33.
35 COLE, Charles D. Stare decisis na cultura jurídica dos Estados Unidos. O sistema de
precedente vinculante do common law in RT 752/11 (DTR\1998\264), p. 16.
47 Camilo Zufelato destaca que uma das principais diferenças do emprego da doutrina
do precedente no regime de common law em relação ao civil law é que temos, neste
segundo contexto, além das finalidades tradicionais de estabilidade, segurança,
previsibilidade, eficiência e integridade ou coerência do sistema, escopos de otimização
da gestão da máquina pública, tais como economia de tempo, celeridade processual e
diminuição do número de processos, o que em geral não são escopos considerados no
universo de common law (ZUFELATO, Camilo. Precedentes judiciais vinculantes à
brasileira no novo CPC (LGL\2015\1656): Aspectos gerais In GRINOVER, Ada Pellegrini
et al. O Novo Código de Processo Civil – Questões controvertidas. 1. ed., São Paulo:
Atlas, 2015, p. 95). Uma emanação desta finalidade eficacial pode ser deduzida do
entendimento expresso no enunciado 13 da Enfam, que dispensa o juiz de reapreciar
fundamentos que tenham sido decididas no precedente invocado: “O art. 489, § 1º, IV,
do CPC/2015 (LGL\2015\1656) não obriga o juiz a enfrentar os fundamentos jurídicos
invocados pela parte, quando já tenham sido enfrentados na formação dos precedentes
obrigatórios”. O princípio é reafirmado no enunciado 19: “A decisão que aplica a tese
jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos não precisa enfrentar os
fundamentos já analisados na decisão paradigma, sendo suficiente, para fins de
atendimento das exigências constantes no art. 489, § 1.º, do CPC/2015
(LGL\2015\1656), a correlação fática e jurídica entre o caso concreto e aquele apreciado
no incidente de solução concentrada”.
58 NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo
Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 1.832.
60 Camilo Zufelato observa que nosso direito vigente não revela, em termos de
aplicação de precedente, qualquer preocupação com a precisa identificação da ratio
decidendi, e por consequência, com técnicas como superação e distinção. No caso de
súmulas, toda complexidade do caso é resumida em texto sucinto, em formato
prescritivo, ausentes as razões de fato e de direito que conduziram à sua formação. Os
casos subsequentes nesta hipótese se pautam por um julgamento quase automático,
sem qualquer ponderação a respeito das razões fundantes (ZUFELATO, Camilo.
Precedentes judiciais vinculantes à brasileira no novo CPC (LGL\2015\1656): Aspectos
gerais. In GRINOVER, Ada Pellegrini et al. O Novo Código de Processo Civil – Questões
controvertidas. 1. ed., São Paulo: Atlas, 2015, p. 105).
64 NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo
Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 1.837-1.838.
65 A medida em questão tem por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público, inclusive podendo versar lei ou ato normativo
federal, estadual ou municipal, inclusive os anteriores à Constituição, estendendo-se
para além do que pode ser alvo das ações diretas (cf Lei 9.882/1999, art 1.°).
67 Carlos Alberto de Salles defende que, mesmo sem a força de vinculação atribuída
pelo art. 927, um precedente qualquer pode ser invocado como paradigma para
julgamento subsequente que a ele se amolde (SALLES, Carlos Alberto de. Precedentes e
jurisprudência no novo CPC (LGL\2015\1656): novas técnicas decisórias? In GRINOVER,
Ada Pellegrini et al. O Novo Código de Processo Civil – Questões controvertidas. 1. ed.,
São Paulo: Atlas, 2015, p. 87).
70 NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo
Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 1.841.
73 NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo
Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 1.837.
76 No mesmo sentido: NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao
Código de Processo Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 1.842. É esta
igualmente a posição de Carlos Alberto de Salles, segundo quem a referência aos arts.
10 e 489 significa a necessidade de que a aplicação de precedentes seja antecedida de
oportunidade de manifestação das partes e suficiente fundamentação (SALLES, Carlos
Alberto de. Precedentes e jurisprudência no novo CPC (LGL\2015\1656): novas técnicas
decisórias? In GRINOVER, Ada Pellegrini et al. O Novo Código de Processo Civil –
Questões controvertidas. 1. ed., São Paulo: Atlas, 2015, p. 79).
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Precedentes no Código de Processo Civil de 2015: somos
ainda Civil Law?
80 COLE, Charles D. Stare decisis na cultura jurídica dos Estados Unidos. O sistema de
precedente vinculante do common law in RT 752/11 (DTR\1998\264), p. 17.
81 WALDRON, Jeremy J. Stare decisis and the Rule of Law: a layered approach. New
York University Public Law and Legal Theory Working Papers. Paper 314, p. 29-30.
82 Idem, p. 28.
88 NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo
Civil. 1. ed., 2. tir. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 1.843-1.844.
92 RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal Judicial Center,
1975, p. 12-15.
94 NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo
Civil. 1.° ed., 2.° tir. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 1.841.
97 RE, Edward D. Stare decisis – Education and training series. Federal Judicial Center,
1975, p. 21.
98 COLE, Charles D. Stare decisis na cultura jurídica dos Estados Unidos. O sistema de
precedente vinculante do common law in RT 752/11 (DTR\1998\264), p. 21.
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