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Praça Luís Rego, nº 22 - Centro, Balsas - MA, 65800-000

FONSECA & SILVA


ADVOG
ADOS fonsecaesilva@advocacia.com.br
A S S O C
I A D O S


(99) 93541-2245

@fonsecaesilva

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA


DE BALSAS - MA.

Autos do Processo nº 0000000.01.2023.0.00.0002

Rodrigo Favo Santos, brasileiro, autônomo, casado, sem união estável, portador da Carteira de Identidade
nº 09.876.543-21, expedida pela SSP/MA, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) sob o nº 003.003.003-
00, com telefone/WhatsApp (99) 98249-6963, residente e domiciliado à Rua das Mangabeiras, nº 98, Bairro
Centro, CEP: 65800-000, Balsas/MA, vêm, respeitosamente, perante este MM. Juízo, por intermédio de seus
advogados devidamente constituídos (procuração em anexo), com fundamento no artigo 335 e seguintes do
Novo Código de Processo Civil, propor a presente:

CONTESTAÇÃO

nos autos da Ação de divórcio c/c regulamentação de guarda, direito de visita, fixação de alimentos e pedido de
medida protetiva como tutela de urgência, movida por Romena Favo Santos, neste ato representada por sua
genitora Marta Silva Santos, devidamente qualificada no processo acima em epígrafe, pelas razões de fatos e
de direito a seguir aduzidas.

I. PRELIMINARES

I.I DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA

O contestado ajuizou a presente Ação de divórcio c/c regulamentação de guarda, direito de visita,
fixação de alimentos e pedido como medida protetiva, que tramita perante este douto juízo de Balsas/MA.
Data vênia, houve um equívoco no valor da causa, devendo ser modificado, tendo em vista que não foram
observadas as regras legais do artigo 292, inciso III, do CPC, in verbis:

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:


III- na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
(grifo nosso)
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Ademais, nos termos do art. 337, III, do CPC, incumbe ao réu impugnar, agora em sede de contestação, a
incorreção do valor da causa.
Ocorre, no entanto, que no caso dos autos a contestada não lançou, de forma líquida e correta o rendimento
mensal do contestante, sob o montante entendido devido a título de alimentos para o menor, tendo assim, feito
este cálculo de modo a prejudicar a realidade financeira do contestante, posteriormente, lançado este cálculo
equivocado sob o valor da causa, não se permitindo sequer a compreensão acerca do valor apontado da forma
como foi apresentação na peça inicial.
Ante o exposto, requer-se a digníssima Vossa Excelência o recebimento da presente preliminar de
impugnação do valor da causa em todos os seus termos, ouvindo-se o autor em 15 (quinze) dias, e, ao final,
acolhida e provida, determine que se fixe corretamente o valor da causa.

I.II DA INDEVIDA CONCESSÃO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Nos termos do art. 337, XIII, do CPC, imcumbe ao réu impugnar, em contestação, a concessão indevida dos
benefícios da assistência judiciária à parte que dela não necessita. No caso dos autos, a benesse foi concedida
tendo como base a declaração de hipossuficiência financeira acostada aos autos, todavia, a supracitada
declaração foi direcionada única e exclusivamente à representante legal da contestada, não sendo ela parte na
demanda, legitimada a postular direito de outrem em seu próprio nome, que é o verdadeiro titular dos direitos
discutidos nos autos.
Nesse contexto, ainda que se entenda que a representante legal da contestada pudesse postular diretamente a
benesse judiciária, ver-se-á que ela não faz jus ao benefício. À vista disso, nos moldes do artigo 98 do CPC, é
possível se averiguar a seguir as disposições daqueles que podem ser beneficiários da Justiça Gratuita, "in
verbis":

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de


recursos para pagar as custas, as despesas, processuais e honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Entretanto, a simples afirmação do
alegado estado de pobreza, acompanhada da declaração de hipossuficiência e
declaração do empregador, não é suficiente para caracterizar o deferimento dos
benefícios da assistência judiciária gratuita.

Portanto, é indispensável que seja demonstrada nos autos a insuficiência de recursos, fazendo prova com
pelo menos os três últimos contracheques juntado nesta peritório contestante, no qual recebe mensalmente a
contestada o salário bruto de R$ 5207,38 (cinco mil, duzentos e sete reais, e trinta e oito centavos) como
enfermeira, todavia não anexada pela representante legal da primeira contestada na inicial, o que denota que, a
princípio, esta representante legal teria condições, sim, de arcar com as despesas processuais e honorários
advocatícios, não fazendo jus à gratuidade de justiça, motivo pelo qual fica impugnada a concessão do
supracitado benefício.

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II. DOS FATOS

Trata-se da ação de divórcio c/c regulamentação de guarda, direito de visita, fixação de alimentos e
pedido de medida protetiva como tutela de urgência, na qual narra a contestada, após 12 (doze) anos
conviver maritalmente com o contestante, sob o regime comunhão parcial de bens, pleitear mediante a inicial
sua separação judicial, uma vez que seu esposo não era de consenso quanto a isso, conjuntamente com a partilha
de bens e a possível arbitrariedade do valor a ser pago de pensão alimentícia, advindo tudo isso da deterioração
de sua relação conjugal à medida que começou a sofrer agressões físicas e verbais, quando seu esposo voltava
alcoolizado para casa nos finais de semana.
Contudo, diferentemente do que foi narrado no petitório inicial, cabe ressaltar que a relação conjugal do
contestante com a contestada começou a fragilizar-se na medida do possível quando esta não começou aceitar
quando aquele chegava em casa, aos finais de semana, um pouco alcoolizado, não ao ponto de estar
completamente bêbado. À vista disso, toda as vezes que chegava em sua residência, após a saída com os amigos
para se divertir, onde comumente convidava-a para ir junto com ele, sendo o convite toda vez rejeitado por ela, a
contestada, devido seu distúrbio psicológico, partia às vias de fato, munida de uma faca contra o contestante,
deixando este cheio de hematomas em seu corpo, uma vez que aquela agredia este com tapas, empurrões e
certos cortes perfurantes com a faca que possuía em mão.
Consequentemente, em algumas das ocasiões de violência que sofria, o contestante buscando se proteger,
segurava os braços da contestada, afastando-a de si, bem como tomando a arma pontiaguda que esta possuía em
mãos, diferente dos argumentos trazidos no boletim de ocorrência acostado na exordial.
Nesse ínterim, o contestante não suportando a triste vida conjugal que vinha vivendo, procurou a contestada
para que entrasse em consenso quanto ao divórcio que pretendia pleitear, cumuladamente com a partilha dos
bens e o valor da prestação alimentícia de seu filho com esta - sendo então, Excelência, falácia da contestada
quanto a narrativa que o contestante não queria separar-se judicialmente com ela, fazendo jus procurar
apresentar essa contestação no Poder Judiciário.

III. DO MÉRITO DA CONTESTAÇÃO

III.I DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O contestante não recebe nenhum salário fixo, uma vez que trabalha como autônomo, sendo corretor de soja,
conforme se extrai dos verdadeiros comprovantes de rendimentos acostados neste auto, diferentemente dos
juntados na inicial, que não trazem a verdadeira condição financeira como realmente hoje é. Dessa forma, a
parte contestante pode ser considerada pobre na acepção jurídica do termo, motivo pelo qual não reúne
condições de suportar os encargos decorrentes do processo, na remota hipótese de condenação, o que não se
espera, sem prejuízo dos seu próprio sustento, de seus pais e sua filha .
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Nesse contexto, o Código de Processo Civil foi bem mais atencioso com a disciplina da gratuidade de
justiça, especialmente quando incorporou as regras consolidadas na jurisprudência ao seu texto. Com fulcro no
artigo 99 do CPC, “o pedido de gratuidade de justiça pode ser formulado na própria petição inicial, na
contestação, na petição de ingresso de terceiro no processo ou em recurso”.
Assim, nesta petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus o contestante ao benefício da gratuidade
de justiça, consoante o seguinte entendimento jurisprudencial:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - JUSTIÇA


GRATUITA - Assistência Judiciária indeferida - Inexistência de elementos nos
autos a indicar que o impetrante tem condições de suportar o pagamento da suas
custas e despesas processuais sem comprometer o sustento próprio e familiar,
presumindo-se como verdadeira a afirmação de hipossuficiência formulada nos
autos principais - Decisão reformada - Recurso provido. (TJSP; Agravo de
Instrumento nº. 2083920-71.2019.8.26.0000; Relator (a): Maria Laura Tavares;
Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda
Pública/Acidentes - 6ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento: 23/05/2019;
Data de Registro: 23/05/2019)
Nesse viés, insta ressaltar, que a lei não exige atestada miserabilidade do contestante, sendo suficiente a
“insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios", nos termos do
artigo 98 do CPC/15, conforme destaca o doutrinador Fredie Didier Júnior [1] a seguir:

Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem tampouco se fala em renda
familiar ou faturamento máximos. É possível que uma pessoa natural, mesmo com boa renda
mensal, seja merecedora do benefício, e que também seja aquele sujeito que é proprietário de
bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos mecanismos
de viabilização do acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o
sujeito tenha que comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer
de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o processo.

Na mesma linha de entendimento leciona Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz


Arenhart [2] que:

_________________
[1] DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60.
[2] MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil
comentado. 3a ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. e book. Art. 98.
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Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a parte seja pobre ou


necessitada para que possa beneficiar-se da gratuidade da justiça. Basta que não tenha
recursos suficientes para pagar as despesas e os honorários do processo. Mesmo que a
pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes bens não têm liquidez para adimplir com
essas despesas, há direito à gratuidade.

Por tais razões, o contestante roga pela concessão da gratuidade da justiça, conforme declarado nos autos
pelos comprovantes de hipossuficiência e rendimentos em anexo, preceituados no artigo 5º, LXXIV da Carta
Magna e da Lei 1.060/50, bem como nos moldes do artigo 98 e 99 do Código de Processo Civil.

III.II DOS BENS

No tocante aos bens, o regime vigente entre o casal é o da “Comunhão Parcial de Bens”, sendo assim
comunicam entre os cônjuges somente os bens adquiridos na constância do casamento de maneira onerosa.
Assim, quando aos bens móveis e imóveis adquiridos na vigência da sociedade conjugal, percebe-se que a
contestada deixou de expressar a forma de aquisição do seguinte imóvel citado na petição inicial, o
apartamento com área total de 200m2, localizado no 04 andar, n°12, do edifício Prime City, registrado
sob a matrícula n° 9876 na cidade de São Luiz do Maranhão, com frente virada para praia, sendo este de
propriedade exclusiva do contestante, fruto da sub-rogação de um bem particular recebido de doação por parte
da mãe do pleiteante da contestação em epígrafe.
Logo assim, não comunica-se a propriedade mencionada com a comunhão, sendo necessário reaver a questão
quanto a divisão do ben citado acima, conforme elencado no artigo 1.659, inciso II:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-
rogação dos bens particulares;

Segue em anexo todos os documentos necessários para comprovação das alienação que resultaram na
aquisição por parte do requerido.
Ademais, quanto aos outros demais bens trazidos na inicial, requer que ocorra a meação de 50% (cinquenta
por cento) das propriedades destes, conforme o disposto no Código Civil em seus artigos 1.658 e 1.660, inciso I,
vejamos:
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobreviveram
ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

Art. 1.660. Entram na comunhão:


I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em
nome de um dos cônjuges;
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Por outro lado, quanto aos bens móveis que guarnecem na residência do antigo casal, no qual os cônjuges,
já partilharam amigavelmente com o divórcio, não há o que se discutir na presente ação de contestação.

III.III DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO CONTESTANTE

Considerando que o contestante sempre buscou ajudar a menor dentro das suas condições financeiras,
dentre das despesas previstas no texto constitucional, em seu artigo 7º, inciso IV, como as “necessidades vitais
básicas” destinadas a atender despesas com família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene e transporte, esta parte procura na ação em epígrafe informar que seus rendimentos líquidos
não passam de 4 (quatro) salário mínimo mensal, isso quando consegue alcançar rendimentos positivos, tendo
em vista que atua como autônomo, após seu abandono das atividades empresariais devido o processo de falência
recorrido com a separação de fato sua com a segunda contestada.
Nesse contexto, a contestada não considerou os gastos da empresa com suas obrigações de falência, como
as dívidas e o pagamentos dos funcionários, no valor de R$ 22.000 (vinte e dois mil reais) demonstrando na
inicial como renda bruto, ou seja, sem descontos. À vista disso são infundadas estas alegações iniciais que
buscam elucidar o contestante como uma pessoa, no momento em que a ação está em curso, que "possui boas
condições de vida, bem como um histórico familiar de situação social favorecida”, desta forma, não
cabendo liquidar uma pensão alimentícia à primeira contestada no montante de R$ 7.700 (sete mil e setecentos
reais) mensais, correspondente aquela porcentagem trazida na douta decisão às fls. 24/27, sob pena de
comprometer o próprio sustento, haja vista que mesmo morando em propriedade pessoal, procura ajuda manter a
casa de seus pais idosos, que já não podem mais trabalhar, conciliando estes gastos com os gastos que tem com a
filha.
Ademais, o texto constitucional destaca que é dever do filho arcar com as despesas dos pais na medida em
que estes não consegue garantir o seu sustento, cabendo mencionar que a condição social e financeira dos pais
do contestante não deverão ser discutidas nesta ação, uma vez não demonstrada, concretamente, a
impossibilidade do contestante em prover o sustento de sua filha, não exsurge a obrigação direcionada aos avós,
sob pena de se promover o enriquecimento ilícito daquele que realmente ostenta o dever alimentar, os pais.
Nessa diapasão, observa-se o seguinte entendimento jurisprudencial abaixo apresentado:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR AVOENGA.
RESPONSABILIDADE COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIA DOS AVÓS. PRESSUPOSTOS.
1. A obrigação alimentar dos avós apresenta natureza complementar e subsidiária, somente se
configurando quando pai e mãe não dispuserem de meios para promover as necessidades básicas
dos filhos. 2. Necessidade de demonstração da impossibilidade de os dois genitores proverem os

em que não restou demonstrada a incapacidade da
alimentos de seus filhos. 3. Caso dos autos
genitora arcar com a subsistência dos filhos. 4. Inteligência do art. 1.696 do Código Civil. 5.
Doutrina e jurisprudência do STJ acerca do tema. 6. Recurso Especial desprovido." (STJ REsp
1.415.753 – MS. Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino - Publicação 27/11/2015)
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Por tais razões, levando em conta os artifícios sem provas utilizados para convencer o douto Juízo e a
mudança do quadro profissional, devidamente comprovado através dos documentos juntados, no âmbito do
binômio necessidade de quem recebe x capacidade contributiva de quem paga os alimentos, bem como o que foi
apresentado acima, o contestante não pode de forma alguma contribuir, na proporção vindicada pela genitora de
R$ 7.700 reais mensais, da mesma forma que se encontra impossibilitado em efetuar a quantia determinada pelo
nobre julgador quanto ao valor da pensão alimentícia fixada provisoriamente no montante de R$1.302,00 (mil
trezentos dois reais), o que desde já se impugna.

III.IV DA PRESTAÇÃO DOS ALIMENTOS

No que concerne à presente ação de alimentos, faz-se necessário e urgente o pedido de redução dos
alimentos provisórios arbitrados, devendo esta obrigação alimentar ser fixada conforme a capacidade
contributiva do alimentante, sem prejuízo do seu sustento, ao menos até o julgamento da ação originária,
oportunidade em que será apreciada de forma mais detalhada as reais possibilidades do alimentante.
Assim, é fato, que o contestante tem o dever de prestar alimentos ao alimentante, não sendo esse o foco da
presente narrativa, visto que sempre procurou custear as despesas externas da filha com o que ela sempre
solicitava, como atestam os documentos de gastos com escola, remédios e alimentos juntados nesta peça
processual, sendo incabível a demonstra ausência financeira trazida pela contestada na exordial.
À vista disso, tendo o nobre julgador estipulado os valores em decisão, baseando-se única e exclusivamente
na palavra da representante legal da menor, tendo o valor pretendido pela autora de R$ 7.700 mensais, lançado
de forma aleatória sem qualquer prova nos autos, a exemplo de uma ausente planilha de gastos gerais do menor,
percebe-se o quanto é essencial a cautela neste caso em andamento processual. Nesta circunstância, conforme
dispõe o artigo 1.695 do Código Civil, os alimentos devem ser prestados "quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento".
Dessa forma, nos termos do artigo 373, inciso I do CPC, é averiguado que não pode ser cumprida por parte
do contestante a obrigação alimentar provisória, além do que foge completamente da condição financeira do
requerido, pessoa dedicada e de moderados rendimentos, como restou comprovado, pelo que se impugna
veemente. Vejamos:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I- ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.

Em conformidade com o apresentado, ressalta saber que o sustento dos filhos é responsabilidade de ambos
os genitores, de modo a não deixar de prestar auxílio a qualquer de seus descendentes ou priorizar um em
detrimento dos demais, em igualdade de condições, consoante expressa o Novo Código de Processo Civil nos
seus dispositivos 1.566, inciso IV e 1703.

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A partir disso, pode-se trazer o entendimento apresentado para o caso em que a segunda contestada alega
dizer que a menor estuda em escola pública, não tendo convênio médico, todavia o valor destes custos escolares
e plano de saúde devem ser fixados em quantidade que o pai suporte, necessitando apenas do necessário a sua
subsistência, diferentemente daquilo que a contestado exige para esta despesa na exordial.
Com base nos fundamentos acima, é imprescindível o destaque do entendimento jurisprudencial do Tribunal
de Justiça de Minas Gerais:

APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - ALIMENTOS - PENSÃO - VALOR - FIXAÇÃO -


TRINÔMIO CAPACIDADE / NECESSIDADE /PROPORCIONALIDADE - OBRIGAÇÃO
FAMILIAR: AMBOS OS PAIS - 1. Os alimentos são fixados em proporção à necessidade do
alimentando e à possibilidade do alimentante, atentando-se para a condição econômico-
financeira das partes. 2. A obrigação de prestar alimento aos filhos menores deriva do
poder/dever familiar e incumbe a ambos os genitores, devendo cada qual contribuir na
medida de sua capacidade. (TJ/MG - AC XXXXX97463202003 MG - Órgão Julgador -
Câmaras Cíveis / 7ª CÂMARA CÍVEL - Publicação 14/02/2014 - Julgamento 11 de Fevereiro de
2014 - Relator Oliveira Firmo).

Contudo, procurando não comprometer o sustento da filha e dos pais, o contestante requer a fixação dos
alimentos definitivos do menor no valor de R$ 884 reais mensais, correspondente a 17% do salário mínimo
vigente, eis mencionado valor que se encontrar dentro das suas atuais condições financeiras e das necessidades
da criança, de modo a ser aceito em futura audiência de conciliação/mediação em concordância com o binômio
necessidade/possibilidade, conforme dispõe o artigo 1694 , § 1º do Código Civil de 2022, "in verbis":

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de
que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender
às necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos
da pessoa obrigada.

Por outro lado, quanto aos alimentos fixados provisoriamente no valor de R$ 1.302,00 reais, devidos a partir
da citação, requer a reconsideração por parte de Vossa Excelência, visto que é necessário para a fixação nos
pensionamento de alimentos, a juntada de planilha de gastos do menor, conforme o presente caso, o que não foi
feito, não podendo o contestante suportar com tal valor arbitrado, mas tão somente no valor que pode pagar
atualmente de R$ 884 reais em definitivo e em provisório.

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Cumpre ressaltar, que se mantido o encargo alimentar fixado provisoriamente na exordial, tornar-se-á
desproporcional em relação aos ganhos mensais do requerido, incertos mensalmente, haja vista ser autonômo
como foi declarado na decisão inicial, tendo ele outras despesas básicas prejudicadas. Dessa forma, Excelência,
o contestante sugere que os alimentos provisórios sejam fixados de R$ 884 reais, de modo que este valor seja
capaz de levar em consideração as reais circunstâncias financeiras da parte contestante e da segunda contestada.

III.V DA GUARDA

Conforme preceitua a segunda parte do §1º do artigo 1583, do Código Civil, a guarda compartilhada é a
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam no mesmo teto,
após o divórcio, concernente ao poder familiar dos filhos. Em outras palavras, é quando os pais respondem
simultaneamente sobre o filho menor, ou prioriza-se o engajamento de ambos os genitores no crescimento e
desenvolvimento dos filhos, que passarão a dividir a responsabilidade para a tomada de decisões, ainda que o
filho resida somente com um dos genitores, ou os dois possuem o mesmo poder familiar sobre ele.
No caso em tela, pleiteia-se pelo seja deferida a regularização da guarda da menor para a modalidade
COMPARTILHADA, como é trazida na decisão inicial, expedindo-se assim o respectivo termo, de modo a
entender pela parte contestante que este ato seja um mecanismo necessário para melhor a comunicação dela com
a contestada, que era uma pessoa totalmente difícil de se lidar, que apresenta atitudes dissimuladas e por vezes
agressivas, antes e por vezes, em alguns momentos após a separação de fato.

III.VI DA REGULAMENTAÇÃO DO DIREITO DE VISITAS

É direito fundamental da criança e do adolescente ter consigo a presença dos pais, o carinho, a companhia e
amizade e não se pode negar que é direito do contestado poder desfrutar da convivência com a menor, e de lhe
prestar visitas nos termos do art. 19 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Nesse sentido, com a separação do casal em tela, percebe-se que o contestante teve que se afastar do lar,
diante da atual situação, ficando a menor com a mãe como comumente se entende que esta é a melhor para
atender os interesses da criança. Contudo, Maria Berenice Dias (Manual de Direito das Família, 2011, p. 447)
esclarece o seguinte:

“A visitação não é somente um direito assegurado ao pai ou à mãe, é direito do próprio filho
de com eles conviver, o que reforça os vínculos paterno e materno-filial. (...) Consagrado o
princípio proteção integral, em vez de regulamentar as visitas, é necessário estabelecer
formas de convivência, pois não há proteção possível com exclusão do outro genitor.”
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De acordo com o acatado e o melhor interesse da menor, o contestante entende e requer que seja
regulamentada a visita da seguinte forma, como forma de não privar a menor da sua presença, contrário do que a
contestada sempre deixou claro na inicial quanto às visitas. Assim, espera que seja assegurado ao pai,
contestante, o direito de convivência não somente com visitas quinzenais aos fins de semana (noite de
sexta- feira até manhã da segunda-feira), mas também nos feriados e datas festiva, importantes para os
laços familiar, como Dia dos Pais, Natal, Ano Novo, Dia das Crianças e Aniversário da menor, bem como
nas férias escolares de janeiro e junho, de modo que a criança passe neste último caso os primeiros 15 dias
do mês com pai e demais 15 dias restante do mês com a mãe. Aplicando-se alternadamente, salvo disposição
contrária consensual entre os genitores.
Ademais, nos casos em que a mãe ou pais da menor queira ou precise se ausentar do Estado ou País, nos
períodos em que a criança estiver sob a permaneça da genitora, requer o contestante que a autorização venha de
ambos quanto aquelas ocasiões em que a filha poderá ficar com aquele que não iá se ausentar, a fim de que todo
ato quanto a visita da filha seja consensualmente decidido entre eles.
Com isso, entender-se-á que o direito de visitas abrange, além da possibilidade de ver e estar com a filha, o
direito de ter para si a presença de ambos os pais, não sendo possível entender apenas como traz a incial as
visitas semanais como o direito congruente de regulamentação de visitas.

III.VII DA MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA

Melhor analisando os autos, respeitado o entendimento despachado por Vossa Excelência, vislumbra-se que
não existe amparo para uma possível concessão de medida extremamente gravosa que seja capaz de restringir do
contestante mesmo que indiretamente as liberdades públicas e o afastamento do seu lar.
Nesse contexto, a comprovação dos fatos alegados pela contestada reside apenas e totalmente em documentos
por ela elaborados, como a peça inicial e o único boletim de ocorrência, registrado poucos dias antes da
separação de fato. Assim, quanto às supostas agressões verbais e físicas alegadas pela contestada no boletim de
ocorrência juntados na exordial, é necessário levar em conta que estes quando casados conviveram maritalmente
por 12 (doze) anos, e como em qualquer relação, é possível que esta relação familiar seja volúvel, por vezes
ocasionadas por desequilíbrios emocionais e vícios até então intratáveis, eivados de arrependimentos.
Contudo, quanto aos fatos alegados pela contestada, é cabível destacar excertos presente neste supracitado
B.O., que não condizem com qualquer realidade e sequer apresentam a necessária verossimilhança:
“Que o autor, seu marido, agrediu-a tanto de forma física quanto verbal, segundo a
comunicante, na data e horário mencionados, onde ambos entraram em uma espécie de
discussão movida pelo estado do autor (...) em meio à discussão, o autor a agrediu com tapas
e empurrões, seguidos de ofensas verbais,
xingando-a principalmente de merda e
vagabunda, dentre outros com adjetivos de baixo calão (...).”
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Nessa diapasão, percebe-se que estes fatos narrados frente à autoridade policial encontram-se em
contradição, tendo em vista os novos boletins de ocorrência e os exames clínicos evidenciadores da contestada
com distúrbio psicológico, ambos acostados nestes autos. Assim, é imprescindível que o contestante não fique
refém de uma insegurança jurídica tal que, a qualquer momento, possa, por mera declaração, retirá-lo de sua
casa, asilo inviolável, nos termos do artigo 22 da Lei nº. 11.340/2006. Vejamos:

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as
seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de
distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação.

Dessa forma, averiguar-se não existir nos autos qualquer indício material da suposta infração penal praticada,
no qual alega a contestada, e ainda mais, sequer consta nos autos exame de corpo de delito quanto as agressões
físicas, ou seja, não configurada mesmo que precariamente o binômio formador da justa causa (prova do fato +
indícios de autoria) para instauração da ação quanto a este fundamento, por arrastamento, insubsistente as
razões que dão azo a uma possível concessão do provimento cautelar de urgência (Medidas Protetivas).
Nesta senda, diante da carente documentação probatória, no que tange a prática de ofensa, agressões verbais
e físicas por parte do contestante, tem-se pela revogação da medida protetiva de urgência, conforme salienta o
entendimento jurisprudencial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL VIOLÊNCIA DOMÉSTICA AMEAÇA PROVAS


INSUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE - ABSOLVIÇÃO. LEI MARIA DA
PENHA. MEDIDA PROTETIVA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
DE SITUAÇÃO DE RISCO ATUAL OU IMINENTE. Necessária a absolvição do agente pela
prática do crime de ameaça no âmbito doméstico, quando a palavra da vítima e as demais provas e
circunstâncias que foram produzidas nos autos não são capazes de demonstrar a materialidade e a
autoria. O deferimento de medidas protetivas está condicionado à demonstração de sua efetiva
urgência, necessidade, preventiva, provisoriedade e instrumentalidade. Não havendo, no presente caso,
nenhum fato que indique risco à integridade física e/ou psicológica da vítima, não há que se falar em
imposição de medida protetiva.(TJ-MG APR: XXXXX60006375001 MG, Relator: Fernando Caldeira
Brant, Data de Julgamento: 07/11/2018. Data de Publicação: 14/11/2018)
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Portanto, fica evidente que a fundamentação do contestado está baseada em fatos narrados de forma
unilateral, não se podendo admitir que esta falácia seja sustentada por medida judicial, eis que vem gerando uma
série de prejuízos ao suplicante, trazendo a ele que seja mal visto no meio familiar e temeroso da notícia vir à
tona no bairro onde reside, haja vista ser vítima - no caso - de uma denúncia caluniosa praticada pela contestada.

IV. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência:

a) Preliminarmente, o acolhimento das preliminares de impugnação de incorreção do valor da causa e da justiça


gratuita, conforme pleiteado pela autora conforme o artigo 337, incisos III e XIII do Código de Processo Civil;
b) Caso assim não entenda Vossa Excelência, no mérito, seja julgado TOTALMENTE IMPROCEDENTE a
presente demanda em todos seus termos, para que ao final seja acatada a tese da presente defesa, a fim fixar a
obrigação alimentar no valor ofertado na presente contestação de R$ 884 reais mensais, que deverá ser
efetuado até o dia 10 de cada mês, com depósito em conta da titularidade da genitora da menor, Sra. Marta Silva
Santos;
c) A concessão dos benefícios de justiça gratuita ao contestante, com base nos artigos 98 e seguintes do Código
de Processo Civil;
d) Que seja deferida a GUARDA COMPARTILHADA, assim como é trazida na decisão inicial, com a
posterior expedição assim seu respectivo termo;
e) A regulamentação do direito de visitas, conforme o titular: DA REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS;
f) A imediata revogação da medida protetiva de urgência em desfavor do Contestante;
g) A improcedência dos pedido de condenação do contestante ao pagamento das custas e demais despesas
processuais, inclusive em honorários sucumbenciais;
h) A condenação em custas processuais e honorários advocatícios sucubenciais da parte autora, de acordo com o
artigo 85,§ 2º do Código de Processo Civil;
i) A intimação do Ilustre Ministério Público, para que acompanhe o presente feito:
j) A produção de todos os meios de provas em direito admitidos, notadamente o depoimento pessoal da
representante legal da primeira contestada, a oitiva de testemunhas (oportunamente a serem arroladas), a juntada
ulterior de documentos, com o pedido de informações e diligências, tudo desde logo rogado, reservando-se o
direito de usar os demais recursos probatórios para que se façam necessários ao esclarecimentos da ação.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Balsas/ MA, 18 de abril de 2023.


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Antônio Carlos Fernandes Coelho Júnior


OAB/MA 100.001

Emanuele Bibiane da Silva


OAB/MA 521-E

Rol de documentos:

1. Procuração;
2. Documentos Pessoais;
3. Comprovante de Endereço;
4. Comprovantes de Rendimentos do Contestante e da Contestada;
5. Declaração de Hipossuficiência do Contestante;
6. Documento comprobatório de falência empresarial do Contestante;
7. Comprovantes de gastos externos do Contestante com a menor;
8. Contrato de doação de Imóveis ao Contantestante;
9. Exames Clínicos da Contestada;
10. B.O com laudos periciais do Contestante.
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ANEXO 01
PROCURAÇÃO "AD JUDICIA"
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PROCURAÇÃO AD JUDICIA

OUTORGANTE(S): RODRIGO FAVO SANTOS, brasileiro, autônomo, casado, sem união estável,
portador da Carteira de Identidade nº 09.876.543-21, expedida pela SSP/MA, inscrito no Cadastro de
Pessoas Físicas (CPF) sob o nº 003.003.003-00, com telefone/WhatsApp (99) 98249-6963, residente e
domiciliado à Rua das Mangabeiras, nº 98, Bairro Centro, CEP: 65800-000, Balsas/MA.

OUTORGADO(S): Dr. ANTÔNIO CARLOS FERNANDES COELHO JÚNIOR, brasileiro, solteiro,


advogado, inscrito na OAB/MA sob o nº 100.001 e Dr(a). EMANUELE BIBIANE DA SILVA, brasileira,
solteira, advogada, inscrita na OAB/MA sob o nº 521-E, sócios no escritório FONSECA & SILVA
ADVOGADOS ASSOCIADOS, sociedade de advogados regularmente inscrita na OAB/MA sob o registro
n° 444, com escritório estabelecido na Praça Luís Rego, nº 22 - Centro, CEP: 65800-000, Balsas - MA,
Tel.(99) 93541-2245, email profissional fonsecaesilva@advocacia.com.br.

PODERES GERAIS: Por este instrumento particular de mandato, constituo meus procuradores os
patronos acima qualificados, concedendo(s)-lhe(s), poderes para o foro em geral com as cláusulas AD
JUDICIA ET EXTRA, podendo agir em qualquer juízo, instância ou Tribunal, bem como perante às
repartições públicas federais, estaduais e municipais, tendo poderes para propor contra quem de direito
as ações competentes e defender a outorgante nas demandas em que for réu, seguindo-as até final
decisão, interpondo os recursos legais.

PODERES ESPECÍFICOS: De igual modo, concedo aos advogados constituídos, poderes especiais para
receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito
sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, levantar e sacar alvarás, firmar compromisso e
assinar declaração de hipossuficiência econômica, bem como retirar autos de cartórios judiciais e de
repartições públicas, inclusive substabelecer, no todo ou em parte, com ou sem reserva de iguais
poderes, dando tudo por bom, firme e valioso, em conformidade com o artigo 105 do Código de Processo
Civil (CPC).

Balsas/MA, 23 de março de 2023.


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ANEXO 02
CARTEIRA DE IDENTIDADE - RODRIGO
FAVO SANTOS

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ANEXO 03
COMPROVANTE DE ENDEREÇO -
RODRIGO FAVO SANTOS

Rodrigo Favo Santos Instalação: 10830516

CPF: ***.003.00.*** BALSAS

R.UA DAS MANGABEIRAS, 98, CEP: 65800-00, CENTRO – BALSAS - MA

BALSAS
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ANEXO 04
COMPROVANTE DE RENDIMENTOS -
RODRIGO FAVO SANTOS

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ANEXO 04
COMPROVANTE DE RENDIMENTOS -
MARTA SILVA SANTOS

BALSAS
BALSAS FEVEREIRO

BALSAS
MARTA SILVA SANTOS
BALSAS
002.002.002-00 1234567899 SAÚDE
BALSAS BALSAS BALSAS
ENFERMEIRA
BALSAS

ATIVA

ATIVA
BALSAS
BALSAS

BALSAS
MARTA SILVA SANTOS
BALSAS
002.002.002-00 1234567899 SAÚDE
BALSAS BALSAS BALSAS
ENFERMEIRA
BALSAS

ATIVA

ATIVA
BALSAS
BALSAS ABRIL

BALSAS
MARTA SILVA SANTOS
BALSAS
002.002.002-00 1234567899 SAÚDE
BALSAS BALSAS BALSAS
ENFERMEIRA
BALSAS

ATIVA

ATIVA
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ANEXO 05
DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA
FINANCEIRA - RODRIGO FAVO
SANTOS

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DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA

Eu, RODRIGO FAVO SANTOS, brasileiro, autônomo, casado, sem união estável, portador da Carteira de
Identidade nº 09.876.543-21, expedida pela SSP/MA, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) sob
o nº 003.003.003-00, com telefone/WhatsApp (99) 98249-6963, residente e domiciliado à Rua das
Mangabeiras, nº 98, Bairro Centro, CEP: 65800-000, Balsas/MA, venho por meio desta, declarar que, por
motivo da minha condição financeira atual, não tenho como arcar com as custas e despesas processuais
necessárias para dar prosseguimento a ação em curso. Desta forma, DECLARO ser pobre nos termos da
lei, na acepção da palavra, por esta razão pleiteio por meio desta os BENEFÍCIOS DA GRATUIDADE DA
JUSTIÇA, previsto no inciso LXXIV, do art. 5.º da Constituição Federal c/c o CPC, em seu artigo 98.
Tendo em vista a atual incapacidade financeira que possuo para custear qualquer ação, solicito ainda,
que o BENEFÍCIO DE JUSTIÇA GRATUITA englobe todos os atos presentes neste processo, conforme
prevê o artigo 98 do CPC.
Esta declaração respeita a Lei nº 13.105/2015 e a Lei nº 7.115/83, sendo passível, inclusive, das
penalidades trazidas por ela, estando ciente, portanto, o declarante que em caso de falsidade, ficará
sujeita às sanções criminais, civis e administrativas previstas na própria legislação.

Balsas/MA, 23 de março de 2023.


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RODRIGO FAVO SANTOS

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ANEXO 06
CERTIDÃO DE FALÊNCIA E
CONCORDATA EMPRESARIAL DE
RODRIGO FAVO SANTOS

14/ 01 / 2021

14 / 01 / 2021, verifiquei que NADA CONSTAR em nome de:


NATUBA PRODUTOS DE PETRÓLEO EIRELI
CEP:65800-000, Balsas - MA. *************************************

BALSAS /MA, Segunda, 14 de janeiro de 2021.


01.526.517/0001-81

MATRIZ

NATUBA PRODUTOS DE PETRÓLEO EIRELI

PC RODRIGO FAVO

65800-000 BALSAS MA

(99) 3541 - 0000

BAIXADA / DESATIVADA POR FALÊNCIA JUDICIAL


12 /09/2019
a 31 /12/2020 dia 31 /12/2020

NATUBA PRODUTOS DE PETRÓLEO EIRELI

Avenida Barreto Dantas 01

65.800-000

BALSAS / MA

BALSAS /MA, 31 de dezembro de 2020.

MA
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ANEXO 07
COMPROVANTE DE GASTOS
EXTERNOS DE RODRIGO FAVO
SANTOS COM ROMENA FAVO SANTOS

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ANEXO 08
COMPROVANTE DE DOAÇÃO DE
IMÓVEL À RODRIGO FAVO SANTOS

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ANEXO 09
EXAMES CLÍNICOS DA MARTA SILVA
SANTOS

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ANEXO 10
B.O COM LAUDOS PERICIAIS DA
MARTA SILVA SANTOS

1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL


DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


Instituto de Criminalística
LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

Nº: 02/2022

Solicitação/Ofício Sol.: 11636/2022 de 07/06/2022

Órgão Solicitante: 1ª DML – TEÓFILO OTONI

Órgão Destino: DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS – MA

Ocorrência Polícia Civil: 0002/2022 - 100302

Protocolo: 98123/2022

Ao (s) 07 dia(s) de Junho de Dois Mil e Vinte e Dois


(2022) , na cidade de Balsas/MA, a fi m de ate nder a
requisição do doutor(a) Bel. Rosa Margarida, os infra-assinados,
Evandro Oliveira e Cedrico Lloris, Peritos Criminais, foram
designados pelo Perito-chefe Maurício Lacerda, Diretor do
Institu to de Criminalística de Balsas/MA para proceder a
exame de Corpo de Delito no local do fato criminoso, na casa
nº 098, localizada na Rua das Mangabeiras, Centro de Balsas,
descrevendo o que encontrou e respondendo aos seguintes quesitos:
- PRIMEIRO, se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do
periciado; - SEGUNDO, qual o instrumento ou meio que produziu a
ofensa; - TERCEIRO, se foi produzida por meio de veneno, fogo,
explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel
(resposta especificada); - QUARTO, se resultou incapacidade para
as ocupações habituais por mais de trinta dias; - QUINTO, se
resultou perigo de vida; - SEXTO, se resultou debilidade permanente
ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função (resposta
especificada); - SÉTIMO, se resultou incapacidade permanente para
o trabalho, ou enfermidade incurável ou deformidade permanente
(resposta especificada); - Em consequência, passou o perito a fazer o
exame requisitado e as investigações que julgou necessárias,
concluídas as quais, declarou o seguinte: HISTÓRICO: O periciado
comparece para realizar o exame de corpo de delito referindo ter
sido agredido, no dia anterior, por sua esposa que a teriam
1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL
DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


Instituto de Criminalística
LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

imobilizado e realizado uma inscrição em sua “barriga”. Nega


haverem restado outras marcas ou qualquer outra lesão. Reitera
haver apenas uma lesão, a qual, segundo ela, teria o aspecto de uma
“suástica” e que teria vindo a este local, ao Departamento de
Medicina Legal, para realizar o exame, segundo ela nos informou,
orientada pelos policiais que a atenderam, para poder mostrar a
inscrição, o que lhe permitiria ingressar com queixa.

1. Descrição: Na ectoscopia das partes corporais desnudas – a saber, a


cabeça, os antebraços e as mãos – foram observadas escoriações,
equimoses, aumentos de volume ou qualquer outra lesão digna de nota
(Fotografia 1). O periciado, mais de uma vez, reiterou que não lhe restaram
outras lesões, pois ele não teria, de forma alguma, reagido ao ataque e que,
ao ser imobilizada pela agressora, o qual lhe teria segurado apenas pelos
braços, como ele estaria usando uma roupa com mangas muito macias, estas
lhe teriam protegido. Mais de uma vez, afirmou não ter havido luta corporal
entre ele e a agressora, apenas a imobilização pelos braços, ao que ele teria
ficado, de pronto, paralisado. Solicitamos ao periciado que mostrasse a
lesão que havia restado. O periciado ergueu, então, a camisa, deixando à
mostra apenas a região lateral esquerda do tronco, evidenciando, na região
de transição toracoabdominal, uma figura formada por escoriações lineares,
inscrita sobre uma região que pode ser aproximada por um losango
equilátero (um quadrado, de fato) cujo lado mede aproximadamente 10
centímetros (Fotografia 2)
1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL
DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


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LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

Fotografia 1 – Imagem da periciada no momento do exame de corpo de delito.


1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL
DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


Instituto de Criminalística
LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

Fotografia 2 – Imagem da inscrição que motivou o encaminhamento ao exame de


corpo de delito.

Essa inscrição é formada por escoriações, isto é, por lesões


produzidas por um instrumento cortante e perfurante com ação
contundente, o qual provocou abrasão das camadas superficiais da pele,
levando ao destacamento das células epidérmicas e ao rompimento de
pequenos vasos capilares sanguíneos presentes na derme superficial,
provocando extravasamento de gotículas de sangue, como sói acontecer em
lesões superficiais. É digno de nota que as escoriações já evidenciavam, no
momento do exame, sinais incipientes de reepitelização, a qual começa,
tipicamente, entre 24 e 48 horas após a lesão, podendo esse intervalo de
tempo variar um pouco, conforme a região do corpo em que são observadas
as lesões (FRANÇA, 2017; HÉRCULES, 2014). A figura que motivou o
presente exame localiza-se na região anterolateral esquerda do tronco e
consiste em uma série de escoriações lineares, formando uma cruz a qual
apresenta morfologia peculiar, com elementos que lembra, em parte, tanto
uma cruz potenteia quanto uma cruz gamada (HERDER LEXIKON, 1998),
cujas hastes estão dispostas de forma ortogonal entre si e são formadas
1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL
DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


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LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

por múltiplos traços de escoriação cada uma delas, os maiores desses


traços, aqui tomados como referência, medindo 102 mm. Ademais, a cruz é
formada por hastes que se direcionam de forma inclinada em relação ao eixo
craniocaudal, de modo que essas hastes estão inclinadas em angulação
próxima de 45 graus com esse eixo de referência. Nas extremidades das
hastes que formam o entrecruzamento, ao centro da figura, localizam-se
múltiplos traços que se orientam, em relação às hastes, de acordo com
ângulos próximos do ângulo reto, à moda de serifas. Observação: estamos
aqui utilizando, para fins meramente descritivos, o vocábulo “serifa”, o qual
denota os traços que acompanham certos tipos de letras que apresentam
pequenas barras transversas às suas hastes, como é o caso, por exemplo, da
letra “I” maiúscula do tipo “Times New Roman” (Fotografia 3).

Fotografia 3 – Imagem da inscrição que motivou o encaminhamento ao


exame de corpo de delito, obtida com maior detalhamento, por aproximação.

Cada uma das hastes e das serifas das hastes é formada por
múltiplos traçados de escoriação, variando em número para cada região,
geralmente entre 2 e 5 traçados, sempre lineares e de aspecto
1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL
DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


Instituto de Criminalística
LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

marcadamente contínuo, os quais variam pouco de tonalidade, uns poucos


mais fracamente marcados sobre a pele, a maioria, por sua vez, um pouco
mais escuros, denotando extravasamento capilar e a presença de uma
pequena crosta sero-hemática recobrindo a lesão. Podem ser identificados,
pelo menos, vinte (20) traçados de escoriações, os quais são compatíveis
com momentos gráficos distintos. Cada um desses momentos gráficos
distintos corresponde a um movimento próprio do punho escritor, em que o
agente produtor dos grafismos o faz sem afastar o instrumento produtor
do suporte que recebe o grafismo (DEL PICCHIA e cols., 2005). Nesse
sentido, cada momento gráfico pode ser distinguido do movimento que
originou outro momento de traçado, na hipótese de haver sido utilizado um
instrumento de ponta única (Imagem 1).

Imagem 1 – Individualização dos momentos gráficos próprios nos traçados


presentes no hipocôndrio esquerdo.
1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL
DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


Instituto de Criminalística
LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

Os traçados de escoriação são, de toda forma, majoritariamente


superficiais, não transpassando totalmente a pele. Embora seja possível
visualizar alguns traçados marcados um pouco mais sutilmente, o que chama
a atenção é a grande uniformidade dos traçados de escoriação produzidos,
os quais adentram a epiderme de forma similarmente superficial. Também é
particularmente digno de nota que os traçados estão relacionados entre si
por marcado grau de paralelismo ou de ortogonalidade. Além disso, os traços
de escoriação que apresentam desvio significativo, sem inflexão durante a
sua produção, isto é, aqueles que se curvam significativamente em algum
momento, são o traçado mais fino que se observa na haste principal que está
alinhada de cima para baixo e da direita para a esquerda (indicado pelo
índice “16” na Imagem 1) e o traço mais externo da serifa da haste
transversa (indicado pelo índice “6” na Imagem 1), serifa esta que, por
construção, tende a ser paralela à haste descrita imediatamente antes e
está localizada na porção caudal direita da figura em tela. Nestes dois
elementos, observa-se um encurvamento dos traçados, o qual se localiza
junto a uma região de inflexão natural da superfície curva da pele, onde
começa a se pronunciar o panículo adiposo da cintura abdominal. Mesmo
nessas regiões onde a superfície cutânea muda de direção, se observa
apenas uma mudança muito pequena na profundidade dos traços, o que indica
que eles teriam sido produzidos de forma bastante cuidadosa. Observa-se
um único ponto em que o traçado parece mudar de direção, o qual está
indicado pelos índices “2a" e “2b” na Imagem 1, não podendo se afirmar,
nesse ponto em particular, se ocorre a soma de dois momentos gráficos, isto
é, se são um ou dois momentos, na forma de um retoque gráfico ou se teria
havido mudança da direção sobre a qual se produzia o traçado; ainda assim,
mesmo nessa região, não há aprofundamento das lesões, denotando zelo na
sua produção. Ao solicitarmos que o periciado mostrasse a região
contralateral do tronco para fins de comparação com a área inicialmente
examinada, foi possível observar, parcialmente, que ali havia outro elemento
de escoriação linear, o qual acabou por revelar-se em outra figura
(Fotografia 4).
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Fotografia 4 – Uma segunda inscrição, evidenciada durante o exame de


corpo de delito.

O periciado mencionou não haver percebido a presença dessa lesão, antes


deste exame de corpo de delito. Deparamos, então, com uma figura formada por
dois traços relativamente retilíneos, embora menos retilíneos do que os da região
contralateral, formando uma cruz. Considerando-se o periciado em pé, e vista de
frente, a haste maior está dirigido verticalmente e mede 90 mm e a haste menor,
situando-se ortogonalmente à outra, dirige-se horizontalmente e mede 60 mm. Os
traçados de escoriação presentes nessa região do tronco são mais simples e são,
também, superficiais e contínuos, não atravessando – reiteramos – inteiramente a
pele. A haste vertical apresenta-se composta na sua região inferior (caudal) por
dois traçados, que se afastam de forma quase paralela. Podem ser identificados,
portanto, neste grafismo, pelo menos, três traçados de escoriações, os quais são
compatíveis com momentos gráficos distintos, considerando-se o uso de um
instrumento de ponta única (Fotografia 5).
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Fotografia 5 – Imagem da segunda inscrição, evidenciada durante o exame


de corpo de delito, obtida com maior detalhamento, por aproximação.

Na região situada no quadrante superior lateral da figura observa-se


uma pequena mancha equimótica violácea, aproximadamente circular com
cerca de 10 mm de diâmetro, de aspecto similar as que poderiam ser
produzidas por digitopressão (ver região circulada na Imagem 2). Após a
evidenciação da segunda lesão, a que tem formato de cruz, na região
anterolateral direita do tronco, a periciada consentiu em realizar as
fotografias das lesões identificadas, mas não consentiu em prosseguir com o
exame visual de outras regiões corporais.

2. Discussão: A não ausência de outras lesões observáveis nas partes


corporais em que o periciado não foi deixada sem examinar, a saber, a face,
os antebraços, a superfície das mãos e dedos e a superfície da parede
anterior do abdômen, exceto as múltiplas escoriações lineares e superficiais
e uma pequena mancha equimótica, fracamente marcada, descritas
anteriormente, é indicativa de que, se houve algum embate corporal entre o
periciado e a agressora, esta teria empregado meios adicionais que fossem
efetivos em produzir outras lesões. As escoriações lineares, como as que
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são aqui observadas, são usualmente produzidas por um instrumento que


tenha uma ponta, isto é, um vértice, que possa funcionar como uma
estrutura que possa promover o destacamento de células da pele,
provocando uma lesão que é apenas superficial. O instrumento, neste
contexto, funciona de forma contundente, causando abrasão e não um
ferimento inciso, o qual, por sua vez, teria os bordos afastados entre si, o
que não é o caso em nenhum dos traçados observados. As lesões abrasivas
aqui evidenciadas poderiam ser produzidas pela aplicação de uma força (e,
portanto, de uma pressão), através, potencialmente, do emprego de diversos
objetos.
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Imagem 2 – Individualização dos traçados dos grafismos presentes na


região anterolateral direita do tronco (na transição entre o hipocôndrio e o flanco).

A guisa de esclarecimento, exemplificamos a seguir alguns destes


possíveis objetos, na forma de uma lista, a qual – ressaltamos – não tem a
intenção de ser exaustivamente abrangente. Isto é, não é possível limitar os
objetos passíveis de serem utilizados na produção das lesões aqui descritas
apenas aos que são aqui elencados. Nesse sentido, entre os possíveis
instrumentos empregados poderíamos considerar, sempre a título de
ilustração: arames, lâminas metálica (como a de um canivete, ou mesmo a de
uma faca, desde que usadas através da sua ponta ou aresta e, menos
provavelmente, através do gume propriamente dito), grampos de cabelo ou
outras bijuterias ou joias, pregos, superfícies vítreas não polidas, pedaços
de latas, agulhas ou outras hastes (que poderiam ser, por sua vez, de uma
gama variada de materiais, desde que suficientemente rígidas e delgadas, ao
menos em uma das suas extremidades, para que se pudesse produzir
escoriações lineares como as que foram observadas no periciado). No
entanto, para que a força empregada ao se produzirem as lesões não
provocasse dano desmedido e acabasse por atravessar integralmente a pele,
o que acabaria por provocar um corte, isto é, um ferimento inciso, é
condição necessária que o agente produtor dessas lesões tenha tido
bastante habilidade e cuidado ao executar os movimentos que originaram as
inscrições relatadas, bem como que ele tenha tido tempo adequado para
produzir as lesões e, idealmente, um ambiente propício. Como se trata de
lesões (do tipo escoriação), em sua maioria, formando traçados retilíneos,
regulares e marcadamente contínuos, compondo-se, entre si, através de
paralelismo ou de ortogonalidade muito significativos, os quais foram
necessários para produzir as lesões evidenciadas, principalmente, na forma
da figura relativamente complexa que é a da cruz situada na região
anterolateral esquerda do tronco e, ademais, por não haver aprofundamento
da lesão, de forma a não transpassar a pele em sua totalidade, conclui-se
que a figura produzida poderia ser mais facilmente produzida com o
consentimento ou com a colaboração da própria periciada, ou,
alternativamente, ao menos, com marcada incapacidade dela em reagir,
ainda que involuntariamente, aos estímulos que seriam esperados diante de
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uma agressão. Dificilmente poderiam as lesões evidenciadas serem, em sua


ampla maioria, tão retilíneas, contínuas, aproximadas e pouparem as
camadas mais profundas da pele, se a vítima tivesse preservada a sua
capacidade de reação ante uma agressão, seja por medo, por susto, por
reflexo, ou mesmo por cócegas ou por qualquer outra situação que tivesse
provocado o seu movimento corporal em relação ao instrumento produtor
das lesões. Mesmo a movimentação do tronco, e, portanto, da superfície da
pele na região, acompanhando os movimentos ventilatórios poderia vir a
prejudicar o resultado observado nas figuras produzidas, se não houver
cuidado especial nesse sentido. Verificam-se, pelo menos, 23 (vinte e três)
momentos gráficos distintos, isto é, o punho escritor que produziu as lesões
em tela executou pelo menos 23 (vinte e três) gestos gráficos distintos
para produzir os grafismos que foram possíveis de evidenciar no exame de
corpo de delito. Vinte (20) momentos para a figura localizada à esquerda no
tronco, e três (3) momentos para a figura localizada à direita. Esses
grafismos ocorrem na forma de escoriações lineares, as quais, em linguagem
mais coloquial e menos técnica, correspondem a “arranhões”. Esse número
pode variar, se considerarmos alguns dermatografismos já em resolução, os
quais aparecem como linhas finas de tonalidade rósea, desprovidas da crosta
hemática. Como alguns traçados já estavam em fase de reepitelização, isto
é, desvanecendo, como é o caso dos traçados indicados por “4” e “5” na
Imagem 1, é possível que o número de gestos gráficos tenha sido ainda
maior e não tenha restado, no momento do exame, lesão observável para
algum gesto adicional, dado o hiato de tempo entre a ocorrência da sua
produção e o momento do exame. Além disso, é digno de nota que eventuais
lesões que fossem, por natureza, mais superficiais, tenderiam a desaparecer
primeiro. Quanto ao tempo que seria necessário para produzir o conjunto
desses grafismos, não há como determiná-lo com exatidão, haja vista que
esse tempo dependeria a priori de diversos fatores. Nesse sentido,
poderíamos elencar, para citar alguns: a habilidade do punho executor dos
grafismos (isto é, a destreza do indivíduo que os produziu); a natureza do
objeto utilizado como instrumento para a execução dos grafismos
(características como o seu fio ou gume, o peso, o tamanho e a sua
flexibilidade, entre outras); e a natureza do ambiente em que as lesões
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foram produzidas (se a vítima estava em decúbito, sentada, ou em pé, se o


ambiente era bem iluminado ou não, se era um ambiente sossegado ou
tumultuado, se a vítima estava em condições de reagir ou não). Todos esses
fatores são capazes de influenciar de modo importante o processo de
produção de lesões como as que aqui são analisadas. Fatores esses que não
são plenamente possíveis de serem conhecidos através do exame de corpo
de delito realizado na periciada, por si só, apenas. É digno de nota, deve-se
admitir, no entanto, como um ponto de partida, que deva existir uma relação
de compromisso entre o tempo em que as lesões em questão levariam para
serem produzidas e a qualidade do grafismo produzido. Em outras palavras,
pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de
modo a não causarem dano às camadas profundas da pele, provocando
alterações que são apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se
lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste
exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma
tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso
em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos.
Adicionalmente, é digno de nota, as lesões evidenciadas situam-se em
regiões da superfície corporal que seriam facilmente acessíveis às mãos da
própria periciada. Chama a atenção o fato de que, se pensarmos na hipótese
de serem as lesões autoinfligidas e o agente, no caso, fosse destro, seria
mais confortável para ele produzir lesões em áreas mais caudais no tronco à
direita e um pouco mais cefálicas na esquerda, o que reproduz o caso em
tela. Em outras palavras, sendo destro e mantendo o braço menos fletido,
de forma a produzir as lesões com o menor esforço possível, se produziriam
lesões em território mais próximo ao flanco na região anterolateral direita
e mais próximo ao hipocôndrio em região anterolateral esquerda. Nesse
sentido, gostaríamos de mencionar que há um trabalho, publicado por
autores ligados ao Instituto de Medicina Legal de Freiburg na Alemanha, no
qual são relatados dois casos de lesões autoinfligidas em que adolescentes
marcaram na própria pele símbolos associados à Alemanha nazista
(FALLER-MARQUARDT e POLLAK, 2005). Esses autores preconizam que as
características morfológicas típicas das lesões autoinflingidas são:
localização em partes facilmente acessíveis do corpo, multiplicidade de
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lesões singulares, com curso linear ou levemente recurvado, lesões não


penetrantes e de profundidade similar, arranjadas em grupo e sobre uma
área definida, ausência de lesões de defesa e de dano às vestimentas. A
única dessas características que não pôde ser avaliada no trabalho que ora
relatamos foi a integridade das vestes, uma vez que a vítima compareceu em
dia diferente do que ocorreu a produção das lesões, usando, supostamente,
outras vestes. Todas as outras características citadas por
Faller-Marquardt e Pollak, da Universidade de Friburgo, são também
verificadas no presente caso, a exemplo dos casos que eles relataram. É
digno de nota, o trabalho desses autores, em sua parte final, aborda uma
discussão sobre as razões pelas quais os autoperpetradores de lesões de
pele costumam provocar dano em si próprios, usando grafismos com
temática nazista (FALLERMARQUARDT e POLLAK, 2005). Lesões
espelhadas, isto é, em imagem especular, também têm sido registradas em
situações de autoprovocação (WINSKOG, 2011). No caso em tela, a imagem
espelhada lembraria a de uma suástica, como a que a Alemanha utilizou
durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, isoladamente, essas
considerações não permitem, por si só, concluir em definitivo na direção de
que as lesões em análise tenham essa natureza. Também é preciso
considerar que, como se trata de traçados simples, majoritariamente linhas
retas, não há neles elementos personalísticos que pudessem individualizar o
traçado, permitindo, como elemento de convicção, a identificação inequívoca
da autoria do grafismo, isto é, do punho escritor que as produziu (DEL
PICCHIA e cols., 2005). Nesse sentido, embora não seja possível afirmar
categoricamente que a lesão seja autoinfligida, pode-se concluir, com
convicção, que a possibilidade de uma agressão que tenha acontecido sem
que tenha havido alguma forma de colaboração da parte da vítima ou sem
que tenha havido marcada incapacidade de reação da parte dela é
muitíssimo diminuta. A ausência de lesões de defesa
(FALLER-MARQUARDT e POLLAK, 2005; POLLAK e SAUKKO, 2000), como
cortes ou contusões, particularmente nas mãos e nos antebraços também
corroboram a tese de que não teria havido reação da parte da periciada. O
fato de as escoriações estarem já em processo de reepitelização permite
esperar que o processo de cicatrização, uma vez em curso, seja efetivo e
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que não restem cicatrizes relacionadas a este evento. Por outro lado, como
se trata de uma lesão já em processo de recuperação (cicatrização), alguns
aspectos do exame pericial restam prejudicados, dado o hiato de tempo
entre a produção da lesão e o comparecimento ao exame de corpo de delito.
A mesma consideração, no entanto, ressaltamos, não se aplica às possíveis
equimoses, as quais uma vez que tivessem sido produzidas, permaneceriam
mais tempo evidentes ao exame, por, pelo menos, mais alguns dias. Ademais,
o não consentimento da periciada em prosseguir com o exame de corpo de
delito, na busca de outras possíveis evidências, as quais pudessem
eventualmente estar presentes em outras regiões corporais, se constitui em
um potencial limitador para o presente estudo pericial.

3. Conclusões

Do que acaba de se expor, conclui-se:

i) O periciado apresenta lesão.

ii) O instrumento que produziu as lesões é contundente.

iii) As lesões não resultaram incapacidade para as ocupações


habituais.

iv) As lesões resultaram em debilidade permanente ou perda ou


inutilização de membro, sentido ou função.

v) Não há evidência de lesões de defesa que indiquem ter havido


reação da vítima.

vi) As lesões são escoriações superficiais, de profundidade uniforme,


contínuas, situadas em regiões do corpo facilmente acessíveis às mãos da
própria vítima e que apresentam padrão de paralelismo e ortogonalidade que
demandaram cuidado na sua produção. As lesões verificadas apresentam,
portanto, características compatíveis com as de lesões autoinfligidas,
embora não haja, a partir exclusivamente dos resultados do exame de corpo
de delito, elemento de convicção para se afirmar que efetivamente foram
autoprovocadas. Nesse sentido, pode afirmar-se que as lesões não foram
produzidas: ou pela própria vítima ou por outro indivíduo sem o
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consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade


ou impedimento da vítima em esboçar reação.

4. Respostas aos quesitos oficiais

Primeiro: se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do periciado.


Resposta: Sim.

Segundo: qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa.

Resposta: Instrumento contundente.

Terceiro: Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou


tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel.

Resposta: Não temos elementos para responder.

Quarto: Se resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de


trinta dias.

Resposta: Não.

Quinto: Se resultou perigo de vida.

Resposta: Sim.

Sexto: Se resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de


membro, sentido ou função.

Resposta: Não.

Sétimo: Se resultou incapacidade permanente para o trabalho, ou


enfermidade incurável, ou deformidade permanente;

Resposta: Não.

5. Respostas aos quesitos complementares, os quais foram


formulados através do ofício 363/2018, de 15 de outubro de 2018:

“1. Foi possível constatar alguma lesão no nariz ou nas costelas da


vítima que indicasse agressão com socos, assim como lesões nos braços que
indicasse que a mesma foi segurada/contida/imobilizada contra sua vontade
por duas pessoas?”
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Resposta: Havia no momento do exame, lesões na face ou nas mãos e


nos antebraços que sejam características de lesões de defesa ou de que
tenha havido embate corporal. Sendo possível examinar completamente os
braços do periciado, na ausência do consentimento e ante a alegação do
periciado de que não havia ali lesões. Na parede abdominal, junto ao gradil
costal direito, havia uma lesão muito pequena na forma de uma equimose
violácea, com características das que são produzidas por digitopressão, a
qual poderia inclusive haver sido produzida pelo simples apoio do punho
escritor que produziu os grafismos presentes no flanco direito.

“2. Os arranhões apresentados como lesão foram produzidos por que


tipo de instrumento? Os ferimentos foram profundos ou superficiais?
Houve perfuração da pele? É possível dizer se houve sangramento profuso
de tais lesões ou algum tipo de sangramento?”

Resposta: Os arranhões são, em linguagem técnica, escoriações


lineares, de caráter superficial, havendo rompimento da integridade das
camadas superficiais da pele, no entanto, atingir o tecido subcutâneo,
motivo pelo qual não se observam, no caso em tela, cortes, ou ferimentos
incisos, em que os bordos estariam afastados entre si. Ao atingir as
camadas mais profundas da pele, ocorre porejamento de sangue através dos
vasos capilares lesionados, o qual costuma ser autolimitado, isto é, em
pequena quantidade, formando uma crosta sero-hemática que recobre a
área de escoriação.

“3. Em razão das agressões alegadas, seria possível que a vítima não
apresentasse nenhuma marca 48h após o fato quando esteve na delegacia
prestando depoimento, levando em consideração sua cor de pele?”

Resposta: Na ocorrência de socos desferidos contra o rosto e as


costelas seria plausível esperar lesões remanescentes, principalmente na
forma de escoriações e equimoses violáceas. Eventualmente, poderiam ser
observadas fraturas de ossos nessas regiões. A gravidade das lesões
remanescentes dependeria fundamentalmente da força empregada. Nesse
sentido, e na ausência de lesões expressivas, podemos concluir que, se houve
agressões como as que foram elencadas no questionamento, os agressores
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teriam empregado pouca força. Não se pode excluir a hipótese de que não
tenha havido agressão nos moldes do declarado pelo periciado.

“4. Quantos arranhões/cortes foram verificados no corpo da vítima?


Quanto tempo levaria para fazer todos esses arranhões/cortes?”

Resposta: Verificam-se, pelo menos, 23 (vinte e três) momentos


gráficos distintos, isto é, o punho escritor que produziu as lesões em tela
executou pelo menos 23 (vinte e três) gestos gráficos distintos para
produzir os grafismos que foram possíveis de evidenciar no exame de corpo
de delito. Vinte (20) momentos para a figura localizada à esquerda no
tronco, e três (3) momentos para a figura localizada à direita. Esses
grafismos ocorrem na forma de escoriações lineares, as quais, em linguagem
mais coloquial e menos técnica, correspondem a “arranhões”. Esse número
pode variar, se considerarmos alguns dermatografismos já em resolução, os
quais aparecem como linhas finas de tonalidade rósea, desprovidas da crosta
hemática. Como alguns traçados já estavam em fase de reepitelização, isto
é, desvanecendo, como é o caso dos traçados indicados por “4” e “5” na
Imagem 1, é possível que o número de gestos gráficos tenha sido ainda
maior e não tenha restado, no momento do exame, lesão observável para
algum gesto adicional, dado o hiato de tempo entre a ocorrência da sua
produção e o momento do exame. Além disso, é digno de nota que eventuais
lesões que fossem, por natureza, mais superficiais, tenderiam a desaparecer
primeiro. Quanto ao tempo que seria necessário para produzir o conjunto
desses grafismos, não há como determiná-lo com exatidão, haja vista que
esse tempo dependeria a priori de diversos fatores. Nesse sentido,
poderíamos elencar, para citar alguns: a habilidade do punho executor dos
grafismos (isto é, a destreza do indivíduo que os produziu); a natureza do
objeto utilizado como instrumento para a execução dos grafismos
(características como o seu fio ou gume, o peso, o tamanho e a sua
flexibilidade, entre outras); e a natureza do ambiente em que as lesões
foram produzidas (se a vítima estava em decúbito, sentada, ou em pé, se o
ambiente era bem iluminado ou não, se era um ambiente sossegado ou
tumultuado, se a vítima estava em condições de reagir ou não). Todos esses
fatores são capazes de influenciar de modo importante o processo de
produção de lesões como as que aqui são analisadas. Fatores esses que não
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são plenamente possíveis de serem conhecidos através do exame de corpo


de delito realizado no periciado, por si só, apenas. É digno de nota, deve-se
admitir, no entanto, como um ponto de partida, que deva existir uma relação
de compromisso entre o tempo em que as lesões em questão levariam para
serem produzidas e a qualidade do grafismo produzido. Em outras palavras,
pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de
modo a não causarem dano às camadas profundas da derme, provocando
alterações que são apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se
lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste
exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma
tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso
em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos. Vide,
adicionalmente, na íntegra, o item “2. Discussão”.

“5. Os arranhões/cortes são retilíneos ou irregulares, feitos de


forma firme ou hesitante? Há evidências de alguma resistência por parte da
vítima no traçado dos arranhões/cortes?”

Resposta: Os traçados são superficiais, não cortando, portanto, a


totalidade da derme. São majoritariamente traços retilíneos, o que é
indicativo de que tenham sido produzidos de maneira cuidadosa, em
movimento uniforme e razoavelmente constante, denotando um bom
controle do instrumento por parte do agente que produziu as lesões e
demandando a imobilidade relativa do suporte (isto é, da superfície corporal
da vítima) para que o instrumento que produziu os grafismos mantivesse
pressão suficiente para produzi-los, sem, por outro lado, causar
aprofundamento da lesão. Não há evidência de movimentos de defesa
característicos de situações de agressão em que a vítima mantém a
capacidade de reagir preservada. Vide, adicionalmente, na íntegra, o item
“2. Discussão”.

“6. Quais as características de cortes/arranhões quando há


resistência da vítima? As lesões na vítima são compatíveis com tais
características?”

Resposta: Quando há resistência da vítima, são esperadas lesões


menos superficiais, lesões que se aprofundam transpondo a integridade da
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pele, causando danos de maior monta, provocando cortes propriamente


ditos, isto é, ferimentos incisos, pois haveria menor grau de controle sobre
o instrumento produtor das lesões. São esperados traçados menos
retilíneos. Não seria esperado encontrar um resultando em que tantos
traçados mantenham as relações de paralelismo ou de ortogonalidade entre
si, de modo particularmente estético, como as que são evidenciadas nas
lesões descritas neste trabalho. As lesões de defesa são um critério crucial
de evidência do envolvimento de outra pessoa, sendo altamente específicos
em provar que uma pessoa foi atacada com um instrumento delgado
(pontiagudo) e, além disso, capaz de demonstrar que a vítima estava, ao
menos inicialmente, consciente e capaz de reagir ao ataque (POLLAK e
SAUKKO, 2000). Em síntese, pode se afirmar com convicção que as lesões
produzidas na vítima não são compatíveis com as que seriam esperadas, na
hipótese de ter havido efetiva resistência da parte dela à ação de um
agente agressor. Vide, adicionalmente, na íntegra, o item “2. Discussão”.

“7. É possível determinar se o corte/arranhões foram feitos por


pessoa destra ou canhota? Qual a posição do instrumento no momento em
que foram praticadas as lesões?”

Resposta: Com base exclusivamente nos exames realizados não é


possível determinar se as lesões foram produzidas por pessoa destra ou
canhota, pois, tanto o sentido do traçado, do gesto gráfico, quanto a posição
relativa entre o agente que produziu e o que sofreu as lesões não são, de
todo, conhecidos, nesse momento.

“8. Outros dados julgados úteis.”

Resposta: Sugere-se, a critério das autoridades responsáveis,


visando ampliar os estudos acerca do ocorrido, uma solicitação de perícia
visando ao confronto entre as imagens da lesão que foram disponibilizadas
através dos veículos de comunicação, na internet, bem como eventuais
imagens outras das lesões da vítima, que estejam disponíveis aos
investigadores, e as imagens que foram obtidas neste exame de corpo de
delito.
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Acompanham o presente laudo pericial 5 fotografias obtidas pela


Fotógrafa Criminalística Roseli da Silva Richter e registradas neste
Departamento, sob o número 0188/18.

Referências

DEL PICCHIA FILHO, José et al. Tratado de documentoscopia: “da


falsidade documental”. 2ª. Edição. São Paulo: Editora Pillares, 2005.

Dicionário de símbolos - HerderLexikon. 3ª edição. São Paulo: Editora


Cultrix, 1998.

FALLER-MARQUARDT, M. e POLLAK S. Self-inflicted injuries with


negative political overtones. Forensic Science International 159 (2006) pp.
226–229.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 11ª. Edição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina legal: texto e atlas. 2ª. Edição.


São Paulo: Editora Atheneu, 2014.

POLLAK, S. e SAUKKO, P.J.. Defense wounds, in: J.A. Siegel, P.J. Saukko,
G.C. Knupfer(Eds.), Encyclopedia of Forensic Sciences, Academic Press,
London, 2000 , pp.374–378.

WINSKOG, C. True ‘mirror image’ lesions due to self-inflicted injury.


Forensic Sci Med Pathol (2011), 7:304–305.

E, como nada mais houvesse para constar, encerro o presente. Eu,


Helena Varlessa Boza, que o digitei e o subscrevo.

__________________ _____________________

Luciano Haas Eduardo Sörensen

Perito Médico-Legista Perito Médico-Legista


1 5 º DEPARTAME NTO DE POL ÍCIA CIVIL
DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS

1 ª DML – TEÓFILO OTONI


Instituto de Criminalística
LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO
(BALSAS-MA)

Nº: 20/2022

Solicitação/Ofício Sol.: 124336/2022 de 25/06/2022

Órgão Solicitante: 1ª DML – TEÓFILO OTONI

Órgão Destino: DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS – MA

Ocorrência Polícia Civil: 00020/2022 - 100999

Protocolo: 984893/2022

Ao (s) 25 dia(s) de Junho de Dois Mil e Vinte e Dois


(2022) , na cidade de Balsas/MA, a fi m de ate nder a
requisição do doutor(a) Bel. Rosa Margarida, os infra-assinados,
Evandro Oliveira e Cedrico Lloris, Peritos Criminais, foram
designados pelo Perito-chefe Maurício Lacerda, Diretor do
Institu to de Criminalística de Balsas/MA para proceder a
exame de Corpo de Delito no local do fato criminoso, na casa
nº 098, localizada na Rua das Mangabeiras, Centro de Balsas,
descrevendo o que encontrou e respondendo aos seguintes quesitos:
- PRIMEIRO, se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do
periciado; - SEGUNDO, qual o instrumento ou meio que produziu a
ofensa; - TERCEIRO, se foi produzida por meio de veneno, fogo,
explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel
(resposta especificada); - QUARTO, se resultou incapacidade para
as ocupações habituais por mais de trinta dias; - QUINTO, se
resultou perigo de vida; - SEXTO, se resultou debilidade permanente
ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função (resposta
especificada); - SÉTIMO, se resultou incapacidade permanente para
o trabalho, ou enfermidade incurável ou deformidade permanente
(resposta especificada); - Em consequência, passou o perito a fazer o
exame requisitado e as investigações que julgou necessárias,
concluídas as quais, declarou o seguinte: HISTÓRICO: O periciado
comparece para realizar o exame de corpo de delito referindo ter
sido agredido, no dia anterior, por sua esposa que a teriam
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imobilizado e realizado uma inscrição em sua “barriga”. Nega


haverem restado outras marcas ou qualquer outra lesão. Reitera
haver apenas uma lesão, a qual, segundo ela, teria o aspecto de uma
“suástica” e que teria vindo a este local, ao Departamento de
Medicina Legal, para realizar o exame, segundo ela nos informou,
orientada pelos policiais que a atenderam, para poder mostrar a
inscrição, o que lhe permitiria ingressar com queixa.

1. Descrição: Na ectoscopia das partes corporais desnudas – a saber, a


cabeça, os antebraços e as mãos – foram observadas escoriações,
equimoses, aumentos de volume ou qualquer outra lesão digna de nota
(Fotografia 1). O periciado, mais de uma vez, reiterou que não lhe restaram
outras lesões, pois ele não teria, de forma alguma, reagido ao ataque e que,
ao ser imobilizada pela agressora, o qual lhe teria segurado apenas pelos
braços, como ele estaria usando uma roupa com mangas muito macias, estas
lhe teriam protegido. Mais de uma vez, afirmou não ter havido luta corporal
entre ele e a agressora, apenas a imobilização pelos braços, ao que ele teria
ficado, de pronto, paralisado. Solicitamos ao periciado que mostrasse a
lesão que havia restado. O periciado ergueu, então, a camisa, deixando à
mostra apenas a região lateral esquerda do tronco, evidenciando, na região
de transição toracoabdominal, uma figura formada por escoriações lineares,
inscrita sobre uma região que pode ser aproximada por um losango
equilátero (um quadrado, de fato) cujo lado mede aproximadamente 10
centímetros (Fotografia 2)
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Fotografia 1 – Imagem da periciada no momento do exame de corpo de delito.


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Fotografia 2 – Imagem da inscrição que motivou o encaminhamento ao exame de


corpo de delito.

Essa inscrição é formada por escoriações, isto é, por lesões


produzidas por um instrumento cortante e perfurante com ação
contundente, o qual provocou abrasão das camadas superficiais da pele,
levando ao destacamento das células epidérmicas e ao rompimento de
pequenos vasos capilares sanguíneos presentes na derme superficial,
provocando extravasamento de gotículas de sangue, como sói acontecer em
lesões superficiais. É digno de nota que as escoriações já evidenciavam, no
momento do exame, sinais incipientes de reepitelização, a qual começa,
tipicamente, entre 24 e 48 horas após a lesão, podendo esse intervalo de
tempo variar um pouco, conforme a região do corpo em que são observadas
as lesões (FRANÇA, 2017; HÉRCULES, 2014). A figura que motivou o
presente exame localiza-se na região anterolateral esquerda do tronco e
consiste em uma série de escoriações lineares, formando uma cruz a qual
apresenta morfologia peculiar, com elementos que lembra, em parte, tanto
uma cruz potenteia quanto uma cruz gamada (HERDER LEXIKON, 1998),
cujas hastes estão dispostas de forma ortogonal entre si e são formadas
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por múltiplos traços de escoriação cada uma delas, os maiores desses


traços, aqui tomados como referência, medindo 102 mm. Ademais, a cruz é
formada por hastes que se direcionam de forma inclinada em relação ao eixo
craniocaudal, de modo que essas hastes estão inclinadas em angulação
próxima de 45 graus com esse eixo de referência. Nas extremidades das
hastes que formam o entrecruzamento, ao centro da figura, localizam-se
múltiplos traços que se orientam, em relação às hastes, de acordo com
ângulos próximos do ângulo reto, à moda de serifas. Observação: estamos
aqui utilizando, para fins meramente descritivos, o vocábulo “serifa”, o qual
denota os traços que acompanham certos tipos de letras que apresentam
pequenas barras transversas às suas hastes, como é o caso, por exemplo, da
letra “I” maiúscula do tipo “Times New Roman” (Fotografia 3).

Fotografia 3 – Imagem da inscrição que motivou o encaminhamento ao


exame de corpo de delito, obtida com maior detalhamento, por aproximação.

Cada uma das hastes e das serifas das hastes é formada por
múltiplos traçados de escoriação, variando em número para cada região,
geralmente entre 2 e 5 traçados, sempre lineares e de aspecto
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marcadamente contínuo, os quais variam pouco de tonalidade, uns poucos


mais fracamente marcados sobre a pele, a maioria, por sua vez, um pouco
mais escuros, denotando extravasamento capilar e a presença de uma
pequena crosta sero-hemática recobrindo a lesão. Podem ser identificados,
pelo menos, vinte (20) traçados de escoriações, os quais são compatíveis
com momentos gráficos distintos. Cada um desses momentos gráficos
distintos corresponde a um movimento próprio do punho escritor, em que o
agente produtor dos grafismos o faz sem afastar o instrumento produtor
do suporte que recebe o grafismo (DEL PICCHIA e cols., 2005). Nesse
sentido, cada momento gráfico pode ser distinguido do movimento que
originou outro momento de traçado, na hipótese de haver sido utilizado um
instrumento de ponta única (Imagem 1).

Imagem 1 – Individualização dos momentos gráficos próprios nos traçados


presentes no hipocôndrio esquerdo.
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Os traçados de escoriação são, de toda forma, majoritariamente


superficiais, não transpassando totalmente a pele. Embora seja possível
visualizar alguns traçados marcados um pouco mais sutilmente, o que chama
a atenção é a grande uniformidade dos traçados de escoriação produzidos,
os quais adentram a epiderme de forma similarmente superficial. Também é
particularmente digno de nota que os traçados estão relacionados entre si
por marcado grau de paralelismo ou de ortogonalidade. Além disso, os traços
de escoriação que apresentam desvio significativo, sem inflexão durante a
sua produção, isto é, aqueles que se curvam significativamente em algum
momento, são o traçado mais fino que se observa na haste principal que está
alinhada de cima para baixo e da direita para a esquerda (indicado pelo
índice “16” na Imagem 1) e o traço mais externo da serifa da haste
transversa (indicado pelo índice “6” na Imagem 1), serifa esta que, por
construção, tende a ser paralela à haste descrita imediatamente antes e
está localizada na porção caudal direita da figura em tela. Nestes dois
elementos, observa-se um encurvamento dos traçados, o qual se localiza
junto a uma região de inflexão natural da superfície curva da pele, onde
começa a se pronunciar o panículo adiposo da cintura abdominal. Mesmo
nessas regiões onde a superfície cutânea muda de direção, se observa
apenas uma mudança muito pequena na profundidade dos traços, o que indica
que eles teriam sido produzidos de forma bastante cuidadosa. Observa-se
um único ponto em que o traçado parece mudar de direção, o qual está
indicado pelos índices “2a" e “2b” na Imagem 1, não podendo se afirmar,
nesse ponto em particular, se ocorre a soma de dois momentos gráficos, isto
é, se são um ou dois momentos, na forma de um retoque gráfico ou se teria
havido mudança da direção sobre a qual se produzia o traçado; ainda assim,
mesmo nessa região, não há aprofundamento das lesões, denotando zelo na
sua produção. Ao solicitarmos que o periciado mostrasse a região
contralateral do tronco para fins de comparação com a área inicialmente
examinada, foi possível observar, parcialmente, que ali havia outro elemento
de escoriação linear, o qual acabou por revelar-se em outra figura
(Fotografia 4).
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Fotografia 4 – Uma segunda inscrição, evidenciada durante o exame de


corpo de delito.

O periciado mencionou não haver percebido a presença dessa lesão, antes


deste exame de corpo de delito. Deparamos, então, com uma figura formada por
dois traços relativamente retilíneos, embora menos retilíneos do que os da região
contralateral, formando uma cruz. Considerando-se o periciado em pé, e vista de
frente, a haste maior está dirigido verticalmente e mede 90 mm e a haste menor,
situando-se ortogonalmente à outra, dirige-se horizontalmente e mede 60 mm. Os
traçados de escoriação presentes nessa região do tronco são mais simples e são,
também, superficiais e contínuos, não atravessando – reiteramos – inteiramente a
pele. A haste vertical apresenta-se composta na sua região inferior (caudal) por
dois traçados, que se afastam de forma quase paralela. Podem ser identificados,
portanto, neste grafismo, pelo menos, três traçados de escoriações, os quais são
compatíveis com momentos gráficos distintos, considerando-se o uso de um
instrumento de ponta única (Fotografia 5).
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Fotografia 5 – Imagem da segunda inscrição, evidenciada durante o exame


de corpo de delito, obtida com maior detalhamento, por aproximação.

Na região situada no quadrante superior lateral da figura observa-se


uma pequena mancha equimótica violácea, aproximadamente circular com
cerca de 10 mm de diâmetro, de aspecto similar as que poderiam ser
produzidas por digitopressão (ver região circulada na Imagem 2). Após a
evidenciação da segunda lesão, a que tem formato de cruz, na região
anterolateral direita do tronco, a periciada consentiu em realizar as
fotografias das lesões identificadas, mas não consentiu em prosseguir com o
exame visual de outras regiões corporais.

2. Discussão: A não ausência de outras lesões observáveis nas partes


corporais em que o periciado não foi deixada sem examinar, a saber, a face,
os antebraços, a superfície das mãos e dedos e a superfície da parede
anterior do abdômen, exceto as múltiplas escoriações lineares e superficiais
e uma pequena mancha equimótica, fracamente marcada, descritas
anteriormente, é indicativa de que, se houve algum embate corporal entre o
periciado e a agressora, esta teria empregado meios adicionais que fossem
efetivos em produzir outras lesões. As escoriações lineares, como as que
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são aqui observadas, são usualmente produzidas por um instrumento que


tenha uma ponta, isto é, um vértice, que possa funcionar como uma
estrutura que possa promover o destacamento de células da pele,
provocando uma lesão que é apenas superficial. O instrumento, neste
contexto, funciona de forma contundente, causando abrasão e não um
ferimento inciso, o qual, por sua vez, teria os bordos afastados entre si, o
que não é o caso em nenhum dos traçados observados. As lesões abrasivas
aqui evidenciadas poderiam ser produzidas pela aplicação de uma força (e,
portanto, de uma pressão), através, potencialmente, do emprego de diversos
objetos.
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Imagem 2 – Individualização dos traçados dos grafismos presentes na


região anterolateral direita do tronco (na transição entre o hipocôndrio e o flanco).

A guisa de esclarecimento, exemplificamos a seguir alguns destes


possíveis objetos, na forma de uma lista, a qual – ressaltamos – não tem a
intenção de ser exaustivamente abrangente. Isto é, não é possível limitar os
objetos passíveis de serem utilizados na produção das lesões aqui descritas
apenas aos que são aqui elencados. Nesse sentido, entre os possíveis
instrumentos empregados poderíamos considerar, sempre a título de
ilustração: arames, lâminas metálica (como a de um canivete, ou mesmo a de
uma faca, desde que usadas através da sua ponta ou aresta e, menos
provavelmente, através do gume propriamente dito), grampos de cabelo ou
outras bijuterias ou joias, pregos, superfícies vítreas não polidas, pedaços
de latas, agulhas ou outras hastes (que poderiam ser, por sua vez, de uma
gama variada de materiais, desde que suficientemente rígidas e delgadas, ao
menos em uma das suas extremidades, para que se pudesse produzir
escoriações lineares como as que foram observadas no periciado). No
entanto, para que a força empregada ao se produzirem as lesões não
provocasse dano desmedido e acabasse por atravessar integralmente a pele,
o que acabaria por provocar um corte, isto é, um ferimento inciso, é
condição necessária que o agente produtor dessas lesões tenha tido
bastante habilidade e cuidado ao executar os movimentos que originaram as
inscrições relatadas, bem como que ele tenha tido tempo adequado para
produzir as lesões e, idealmente, um ambiente propício. Como se trata de
lesões (do tipo escoriação), em sua maioria, formando traçados retilíneos,
regulares e marcadamente contínuos, compondo-se, entre si, através de
paralelismo ou de ortogonalidade muito significativos, os quais foram
necessários para produzir as lesões evidenciadas, principalmente, na forma
da figura relativamente complexa que é a da cruz situada na região
anterolateral esquerda do tronco e, ademais, por não haver aprofundamento
da lesão, de forma a não transpassar a pele em sua totalidade, conclui-se
que a figura produzida poderia ser mais facilmente produzida com o
consentimento ou com a colaboração da própria periciada, ou,
alternativamente, ao menos, com marcada incapacidade dela em reagir,
ainda que involuntariamente, aos estímulos que seriam esperados diante de
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uma agressão. Dificilmente poderiam as lesões evidenciadas serem, em sua


ampla maioria, tão retilíneas, contínuas, aproximadas e pouparem as
camadas mais profundas da pele, se a vítima tivesse preservada a sua
capacidade de reação ante uma agressão, seja por medo, por susto, por
reflexo, ou mesmo por cócegas ou por qualquer outra situação que tivesse
provocado o seu movimento corporal em relação ao instrumento produtor
das lesões. Mesmo a movimentação do tronco, e, portanto, da superfície da
pele na região, acompanhando os movimentos ventilatórios poderia vir a
prejudicar o resultado observado nas figuras produzidas, se não houver
cuidado especial nesse sentido. Verificam-se, pelo menos, 23 (vinte e três)
momentos gráficos distintos, isto é, o punho escritor que produziu as lesões
em tela executou pelo menos 23 (vinte e três) gestos gráficos distintos
para produzir os grafismos que foram possíveis de evidenciar no exame de
corpo de delito. Vinte (20) momentos para a figura localizada à esquerda no
tronco, e três (3) momentos para a figura localizada à direita. Esses
grafismos ocorrem na forma de escoriações lineares, as quais, em linguagem
mais coloquial e menos técnica, correspondem a “arranhões”. Esse número
pode variar, se considerarmos alguns dermatografismos já em resolução, os
quais aparecem como linhas finas de tonalidade rósea, desprovidas da crosta
hemática. Como alguns traçados já estavam em fase de reepitelização, isto
é, desvanecendo, como é o caso dos traçados indicados por “4” e “5” na
Imagem 1, é possível que o número de gestos gráficos tenha sido ainda
maior e não tenha restado, no momento do exame, lesão observável para
algum gesto adicional, dado o hiato de tempo entre a ocorrência da sua
produção e o momento do exame. Além disso, é digno de nota que eventuais
lesões que fossem, por natureza, mais superficiais, tenderiam a desaparecer
primeiro. Quanto ao tempo que seria necessário para produzir o conjunto
desses grafismos, não há como determiná-lo com exatidão, haja vista que
esse tempo dependeria a priori de diversos fatores. Nesse sentido,
poderíamos elencar, para citar alguns: a habilidade do punho executor dos
grafismos (isto é, a destreza do indivíduo que os produziu); a natureza do
objeto utilizado como instrumento para a execução dos grafismos
(características como o seu fio ou gume, o peso, o tamanho e a sua
flexibilidade, entre outras); e a natureza do ambiente em que as lesões
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foram produzidas (se a vítima estava em decúbito, sentada, ou em pé, se o


ambiente era bem iluminado ou não, se era um ambiente sossegado ou
tumultuado, se a vítima estava em condições de reagir ou não). Todos esses
fatores são capazes de influenciar de modo importante o processo de
produção de lesões como as que aqui são analisadas. Fatores esses que não
são plenamente possíveis de serem conhecidos através do exame de corpo
de delito realizado na periciada, por si só, apenas. É digno de nota, deve-se
admitir, no entanto, como um ponto de partida, que deva existir uma relação
de compromisso entre o tempo em que as lesões em questão levariam para
serem produzidas e a qualidade do grafismo produzido. Em outras palavras,
pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de
modo a não causarem dano às camadas profundas da pele, provocando
alterações que são apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se
lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste
exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma
tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso
em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos.
Adicionalmente, é digno de nota, as lesões evidenciadas situam-se em
regiões da superfície corporal que seriam facilmente acessíveis às mãos da
própria periciada. Chama a atenção o fato de que, se pensarmos na hipótese
de serem as lesões autoinfligidas e o agente, no caso, fosse destro, seria
mais confortável para ele produzir lesões em áreas mais caudais no tronco à
direita e um pouco mais cefálicas na esquerda, o que reproduz o caso em
tela. Em outras palavras, sendo destro e mantendo o braço menos fletido,
de forma a produzir as lesões com o menor esforço possível, se produziriam
lesões em território mais próximo ao flanco na região anterolateral direita
e mais próximo ao hipocôndrio em região anterolateral esquerda. Nesse
sentido, gostaríamos de mencionar que há um trabalho, publicado por
autores ligados ao Instituto de Medicina Legal de Freiburg na Alemanha, no
qual são relatados dois casos de lesões autoinfligidas em que adolescentes
marcaram na própria pele símbolos associados à Alemanha nazista
(FALLER-MARQUARDT e POLLAK, 2005). Esses autores preconizam que as
características morfológicas típicas das lesões autoinflingidas são:
localização em partes facilmente acessíveis do corpo, multiplicidade de
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lesões singulares, com curso linear ou levemente recurvado, lesões não


penetrantes e de profundidade similar, arranjadas em grupo e sobre uma
área definida, ausência de lesões de defesa e de dano às vestimentas. A
única dessas características que não pôde ser avaliada no trabalho que ora
relatamos foi a integridade das vestes, uma vez que a vítima compareceu em
dia diferente do que ocorreu a produção das lesões, usando, supostamente,
outras vestes. Todas as outras características citadas por
Faller-Marquardt e Pollak, da Universidade de Friburgo, são também
verificadas no presente caso, a exemplo dos casos que eles relataram. É
digno de nota, o trabalho desses autores, em sua parte final, aborda uma
discussão sobre as razões pelas quais os autoperpetradores de lesões de
pele costumam provocar dano em si próprios, usando grafismos com
temática nazista (FALLERMARQUARDT e POLLAK, 2005). Lesões
espelhadas, isto é, em imagem especular, também têm sido registradas em
situações de autoprovocação (WINSKOG, 2011). No caso em tela, a imagem
espelhada lembraria a de uma suástica, como a que a Alemanha utilizou
durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, isoladamente, essas
considerações não permitem, por si só, concluir em definitivo na direção de
que as lesões em análise tenham essa natureza. Também é preciso
considerar que, como se trata de traçados simples, majoritariamente linhas
retas, não há neles elementos personalísticos que pudessem individualizar o
traçado, permitindo, como elemento de convicção, a identificação inequívoca
da autoria do grafismo, isto é, do punho escritor que as produziu (DEL
PICCHIA e cols., 2005). Nesse sentido, embora não seja possível afirmar
categoricamente que a lesão seja autoinfligida, pode-se concluir, com
convicção, que a possibilidade de uma agressão que tenha acontecido sem
que tenha havido alguma forma de colaboração da parte da vítima ou sem
que tenha havido marcada incapacidade de reação da parte dela é
muitíssimo diminuta. A ausência de lesões de defesa
(FALLER-MARQUARDT e POLLAK, 2005; POLLAK e SAUKKO, 2000), como
cortes ou contusões, particularmente nas mãos e nos antebraços também
corroboram a tese de que não teria havido reação da parte da periciada. O
fato de as escoriações estarem já em processo de reepitelização permite
esperar que o processo de cicatrização, uma vez em curso, seja efetivo e
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que não restem cicatrizes relacionadas a este evento. Por outro lado, como
se trata de uma lesão já em processo de recuperação (cicatrização), alguns
aspectos do exame pericial restam prejudicados, dado o hiato de tempo
entre a produção da lesão e o comparecimento ao exame de corpo de delito.
A mesma consideração, no entanto, ressaltamos, não se aplica às possíveis
equimoses, as quais uma vez que tivessem sido produzidas, permaneceriam
mais tempo evidentes ao exame, por, pelo menos, mais alguns dias. Ademais,
o não consentimento da periciada em prosseguir com o exame de corpo de
delito, na busca de outras possíveis evidências, as quais pudessem
eventualmente estar presentes em outras regiões corporais, se constitui em
um potencial limitador para o presente estudo pericial.

3. Conclusões

Do que acaba de se expor, conclui-se:

i) O periciado apresenta lesão.

ii) O instrumento que produziu as lesões é contundente.

iii) As lesões não resultaram incapacidade para as ocupações


habituais.

iv) As lesões resultaram em debilidade permanente ou perda ou


inutilização de membro, sentido ou função.

v) Não há evidência de lesões de defesa que indiquem ter havido


reação da vítima.

vi) As lesões são escoriações superficiais, de profundidade uniforme,


contínuas, situadas em regiões do corpo facilmente acessíveis às mãos da
própria vítima e que apresentam padrão de paralelismo e ortogonalidade que
demandaram cuidado na sua produção. As lesões verificadas apresentam,
portanto, características compatíveis com as de lesões autoinfligidas,
embora não haja, a partir exclusivamente dos resultados do exame de corpo
de delito, elemento de convicção para se afirmar que efetivamente foram
autoprovocadas. Nesse sentido, pode afirmar-se que as lesões não foram
produzidas: ou pela própria vítima ou por outro indivíduo sem o
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consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade


ou impedimento da vítima em esboçar reação.

4. Respostas aos quesitos oficiais

Primeiro: se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do periciado.


Resposta: Sim.

Segundo: qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa.

Resposta: Instrumento contundente.

Terceiro: Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou


tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel.

Resposta: Não temos elementos para responder.

Quarto: Se resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de


trinta dias.

Resposta: Não.

Quinto: Se resultou perigo de vida.

Resposta: Sim.

Sexto: Se resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de


membro, sentido ou função.

Resposta: Não.

Sétimo: Se resultou incapacidade permanente para o trabalho, ou


enfermidade incurável, ou deformidade permanente;

Resposta: Não.

5. Respostas aos quesitos complementares, os quais foram


formulados através do ofício 363/2018, de 15 de outubro de 2018:

“1. Foi possível constatar alguma lesão no nariz ou nas costelas da


vítima que indicasse agressão com socos, assim como lesões nos braços que
indicasse que a mesma foi segurada/contida/imobilizada contra sua vontade
por duas pessoas?”
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Resposta: Havia no momento do exame, lesões na face ou nas mãos e


nos antebraços que sejam características de lesões de defesa ou de que
tenha havido embate corporal. Sendo possível examinar completamente os
braços do periciado, na ausência do consentimento e ante a alegação do
periciado de que não havia ali lesões. Na parede abdominal, junto ao gradil
costal direito, havia uma lesão muito pequena na forma de uma equimose
violácea, com características das que são produzidas por digitopressão, a
qual poderia inclusive haver sido produzida pelo simples apoio do punho
escritor que produziu os grafismos presentes no flanco direito.

“2. Os arranhões apresentados como lesão foram produzidos por que


tipo de instrumento? Os ferimentos foram profundos ou superficiais?
Houve perfuração da pele? É possível dizer se houve sangramento profuso
de tais lesões ou algum tipo de sangramento?”

Resposta: Os arranhões são, em linguagem técnica, escoriações


lineares, de caráter superficial, havendo rompimento da integridade das
camadas superficiais da pele, no entanto, atingir o tecido subcutâneo,
motivo pelo qual não se observam, no caso em tela, cortes, ou ferimentos
incisos, em que os bordos estariam afastados entre si. Ao atingir as
camadas mais profundas da pele, ocorre porejamento de sangue através dos
vasos capilares lesionados, o qual costuma ser autolimitado, isto é, em
pequena quantidade, formando uma crosta sero-hemática que recobre a
área de escoriação.

“3. Em razão das agressões alegadas, seria possível que a vítima não
apresentasse nenhuma marca 48h após o fato quando esteve na delegacia
prestando depoimento, levando em consideração sua cor de pele?”

Resposta: Na ocorrência de socos desferidos contra o rosto e as


costelas seria plausível esperar lesões remanescentes, principalmente na
forma de escoriações e equimoses violáceas. Eventualmente, poderiam ser
observadas fraturas de ossos nessas regiões. A gravidade das lesões
remanescentes dependeria fundamentalmente da força empregada. Nesse
sentido, e na ausência de lesões expressivas, podemos concluir que, se houve
agressões como as que foram elencadas no questionamento, os agressores
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teriam empregado pouca força. Não se pode excluir a hipótese de que não
tenha havido agressão nos moldes do declarado pelo periciado.

“4. Quantos arranhões/cortes foram verificados no corpo da vítima?


Quanto tempo levaria para fazer todos esses arranhões/cortes?”

Resposta: Verificam-se, pelo menos, 23 (vinte e três) momentos


gráficos distintos, isto é, o punho escritor que produziu as lesões em tela
executou pelo menos 23 (vinte e três) gestos gráficos distintos para
produzir os grafismos que foram possíveis de evidenciar no exame de corpo
de delito. Vinte (20) momentos para a figura localizada à esquerda no
tronco, e três (3) momentos para a figura localizada à direita. Esses
grafismos ocorrem na forma de escoriações lineares, as quais, em linguagem
mais coloquial e menos técnica, correspondem a “arranhões”. Esse número
pode variar, se considerarmos alguns dermatografismos já em resolução, os
quais aparecem como linhas finas de tonalidade rósea, desprovidas da crosta
hemática. Como alguns traçados já estavam em fase de reepitelização, isto
é, desvanecendo, como é o caso dos traçados indicados por “4” e “5” na
Imagem 1, é possível que o número de gestos gráficos tenha sido ainda
maior e não tenha restado, no momento do exame, lesão observável para
algum gesto adicional, dado o hiato de tempo entre a ocorrência da sua
produção e o momento do exame. Além disso, é digno de nota que eventuais
lesões que fossem, por natureza, mais superficiais, tenderiam a desaparecer
primeiro. Quanto ao tempo que seria necessário para produzir o conjunto
desses grafismos, não há como determiná-lo com exatidão, haja vista que
esse tempo dependeria a priori de diversos fatores. Nesse sentido,
poderíamos elencar, para citar alguns: a habilidade do punho executor dos
grafismos (isto é, a destreza do indivíduo que os produziu); a natureza do
objeto utilizado como instrumento para a execução dos grafismos
(características como o seu fio ou gume, o peso, o tamanho e a sua
flexibilidade, entre outras); e a natureza do ambiente em que as lesões
foram produzidas (se a vítima estava em decúbito, sentada, ou em pé, se o
ambiente era bem iluminado ou não, se era um ambiente sossegado ou
tumultuado, se a vítima estava em condições de reagir ou não). Todos esses
fatores são capazes de influenciar de modo importante o processo de
produção de lesões como as que aqui são analisadas. Fatores esses que não
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são plenamente possíveis de serem conhecidos através do exame de corpo


de delito realizado no periciado, por si só, apenas. É digno de nota, deve-se
admitir, no entanto, como um ponto de partida, que deva existir uma relação
de compromisso entre o tempo em que as lesões em questão levariam para
serem produzidas e a qualidade do grafismo produzido. Em outras palavras,
pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de
modo a não causarem dano às camadas profundas da derme, provocando
alterações que são apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se
lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste
exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma
tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso
em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos. Vide,
adicionalmente, na íntegra, o item “2. Discussão”.

“5. Os arranhões/cortes são retilíneos ou irregulares, feitos de


forma firme ou hesitante? Há evidências de alguma resistência por parte da
vítima no traçado dos arranhões/cortes?”

Resposta: Os traçados são superficiais, não cortando, portanto, a


totalidade da derme. São majoritariamente traços retilíneos, o que é
indicativo de que tenham sido produzidos de maneira cuidadosa, em
movimento uniforme e razoavelmente constante, denotando um bom
controle do instrumento por parte do agente que produziu as lesões e
demandando a imobilidade relativa do suporte (isto é, da superfície corporal
da vítima) para que o instrumento que produziu os grafismos mantivesse
pressão suficiente para produzi-los, sem, por outro lado, causar
aprofundamento da lesão. Não há evidência de movimentos de defesa
característicos de situações de agressão em que a vítima mantém a
capacidade de reagir preservada. Vide, adicionalmente, na íntegra, o item
“2. Discussão”.

“6. Quais as características de cortes/arranhões quando há


resistência da vítima? As lesões na vítima são compatíveis com tais
características?”

Resposta: Quando há resistência da vítima, são esperadas lesões


menos superficiais, lesões que se aprofundam transpondo a integridade da
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pele, causando danos de maior monta, provocando cortes propriamente


ditos, isto é, ferimentos incisos, pois haveria menor grau de controle sobre
o instrumento produtor das lesões. São esperados traçados menos
retilíneos. Não seria esperado encontrar um resultando em que tantos
traçados mantenham as relações de paralelismo ou de ortogonalidade entre
si, de modo particularmente estético, como as que são evidenciadas nas
lesões descritas neste trabalho. As lesões de defesa são um critério crucial
de evidência do envolvimento de outra pessoa, sendo altamente específicos
em provar que uma pessoa foi atacada com um instrumento delgado
(pontiagudo) e, além disso, capaz de demonstrar que a vítima estava, ao
menos inicialmente, consciente e capaz de reagir ao ataque (POLLAK e
SAUKKO, 2000). Em síntese, pode se afirmar com convicção que as lesões
produzidas na vítima não são compatíveis com as que seriam esperadas, na
hipótese de ter havido efetiva resistência da parte dela à ação de um
agente agressor. Vide, adicionalmente, na íntegra, o item “2. Discussão”.

“7. É possível determinar se o corte/arranhões foram feitos por


pessoa destra ou canhota? Qual a posição do instrumento no momento em
que foram praticadas as lesões?”

Resposta: Com base exclusivamente nos exames realizados não é


possível determinar se as lesões foram produzidas por pessoa destra ou
canhota, pois, tanto o sentido do traçado, do gesto gráfico, quanto a posição
relativa entre o agente que produziu e o que sofreu as lesões não são, de
todo, conhecidos, nesse momento.

“8. Outros dados julgados úteis.”

Resposta: Sugere-se, a critério das autoridades responsáveis,


visando ampliar os estudos acerca do ocorrido, uma solicitação de perícia
visando ao confronto entre as imagens da lesão que foram disponibilizadas
através dos veículos de comunicação, na internet, bem como eventuais
imagens outras das lesões da vítima, que estejam disponíveis aos
investigadores, e as imagens que foram obtidas neste exame de corpo de
delito.
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Acompanham o presente laudo pericial 5 fotografias obtidas pela


Fotógrafa Criminalística Roseli da Silva Richter e registradas neste
Departamento, sob o número 0188/18.

Referências

DEL PICCHIA FILHO, José et al. Tratado de documentoscopia: “da


falsidade documental”. 2ª. Edição. São Paulo: Editora Pillares, 2005.

Dicionário de símbolos - HerderLexikon. 3ª edição. São Paulo: Editora


Cultrix, 1998.

FALLER-MARQUARDT, M. e POLLAK S. Self-inflicted injuries with


negative political overtones. Forensic Science International 159 (2006) pp.
226–229.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 11ª. Edição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina legal: texto e atlas. 2ª. Edição.


São Paulo: Editora Atheneu, 2014.

POLLAK, S. e SAUKKO, P.J.. Defense wounds, in: J.A. Siegel, P.J. Saukko,
G.C. Knupfer(Eds.), Encyclopedia of Forensic Sciences, Academic Press,
London, 2000 , pp.374–378.

WINSKOG, C. True ‘mirror image’ lesions due to self-inflicted injury.


Forensic Sci Med Pathol (2011), 7:304–305.

E, como nada mais houvesse para constar, encerro o presente. Eu,


Helena Varlessa Boza, que o digitei e o subscrevo.

__________________ _____________________

Luciano Haas Eduardo Sörensen

Perito Médico-Legista Perito Médico-Legista


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Nº:125/2022

Solicitação/Ofício Sol.: 24336/2022 de 19/08/2022

Órgão Solicitante: 1ª DML – TEÓFILO OTONI

Órgão Destino: DELEGACIA ESPECIAL DA MULHER DE BALSAS – MA

Ocorrência Polícia Civil: 000125/2022 - 915499

Protocolo: 8234893/2022

Ao (s) 19 dia(s) de Agosto de Dois Mil e Vinte e Dois


(2022) , na cidade de Balsas/MA, a fi m de ate nder a
requisição do doutor(a) Bel. Rosa Margarida, os infra-assinados,
Evandro Oliveira e Cedrico Lloris, Peritos Criminais, foram
designados pelo Perito-chefe Maurício Lacerda, Diretor do
Institu to de Criminalística de Balsas/MA para proceder a
exame de Corpo de Delito no local do fato criminoso, na casa
nº 098, localizada na Rua das Mangabeiras, Centro de Balsas,
descrevendo o que encontrou e respondendo aos seguintes quesitos:
- PRIMEIRO, se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do
periciado; - SEGUNDO, qual o instrumento ou meio que produziu a
ofensa; - TERCEIRO, se foi produzida por meio de veneno, fogo,
explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel
(resposta especificada); - QUARTO, se resultou incapacidade para
as ocupações habituais por mais de trinta dias; - QUINTO, se
resultou perigo de vida; - SEXTO, se resultou debilidade permanente
ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função (resposta
especificada); - SÉTIMO, se resultou incapacidade permanente para
o trabalho, ou enfermidade incurável ou deformidade permanente
(resposta especificada); - Em consequência, passou o perito a fazer o
exame requisitado e as investigações que julgou necessárias,
concluídas as quais, declarou o seguinte: HISTÓRICO: O periciado
comparece para realizar o exame de corpo de delito referindo ter
sido agredido, no dia anterior, por sua esposa que a teriam
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imobilizado e realizado uma inscrição em sua “barriga”. Nega


haverem restado outras marcas ou qualquer outra lesão. Reitera
haver apenas uma lesão, a qual, segundo ela, teria o aspecto de uma
“suástica” e que teria vindo a este local, ao Departamento de
Medicina Legal, para realizar o exame, segundo ela nos informou,
orientada pelos policiais que a atenderam, para poder mostrar a
inscrição, o que lhe permitiria ingressar com queixa.

1. Descrição: Na ectoscopia das partes corporais desnudas – a saber, a


cabeça, os antebraços e as mãos – foram observadas escoriações,
equimoses, aumentos de volume ou qualquer outra lesão digna de nota
(Fotografia 1). O periciado, mais de uma vez, reiterou que não lhe restaram
outras lesões, pois ele não teria, de forma alguma, reagido ao ataque e que,
ao ser imobilizada pela agressora, o qual lhe teria segurado apenas pelos
braços, como ele estaria usando uma roupa com mangas muito macias, estas
lhe teriam protegido. Mais de uma vez, afirmou não ter havido luta corporal
entre ele e a agressora, apenas a imobilização pelos braços, ao que ele teria
ficado, de pronto, paralisado. Solicitamos ao periciado que mostrasse a
lesão que havia restado. O periciado ergueu, então, a camisa, deixando à
mostra apenas a região lateral esquerda do tronco, evidenciando, na região
de transição toracoabdominal, uma figura formada por escoriações lineares,
inscrita sobre uma região que pode ser aproximada por um losango
equilátero (um quadrado, de fato) cujo lado mede aproximadamente 10
centímetros (Fotografia 2)
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Fotografia 1 – Imagem da periciada no momento do exame de corpo de delito.


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Fotografia 2 – Imagem da inscrição que motivou o encaminhamento ao exame de


corpo de delito.

Essa inscrição é formada por escoriações, isto é, por lesões


produzidas por um instrumento cortante e perfurante com ação
contundente, o qual provocou abrasão das camadas superficiais da pele,
levando ao destacamento das células epidérmicas e ao rompimento de
pequenos vasos capilares sanguíneos presentes na derme superficial,
provocando extravasamento de gotículas de sangue, como sói acontecer em
lesões superficiais. É digno de nota que as escoriações já evidenciavam, no
momento do exame, sinais incipientes de reepitelização, a qual começa,
tipicamente, entre 24 e 48 horas após a lesão, podendo esse intervalo de
tempo variar um pouco, conforme a região do corpo em que são observadas
as lesões (FRANÇA, 2017; HÉRCULES, 2014). A figura que motivou o
presente exame localiza-se na região anterolateral esquerda do tronco e
consiste em uma série de escoriações lineares, formando uma cruz a qual
apresenta morfologia peculiar, com elementos que lembra, em parte, tanto
uma cruz potenteia quanto uma cruz gamada (HERDER LEXIKON, 1998),
cujas hastes estão dispostas de forma ortogonal entre si e são formadas
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por múltiplos traços de escoriação cada uma delas, os maiores desses


traços, aqui tomados como referência, medindo 102 mm. Ademais, a cruz é
formada por hastes que se direcionam de forma inclinada em relação ao eixo
craniocaudal, de modo que essas hastes estão inclinadas em angulação
próxima de 45 graus com esse eixo de referência. Nas extremidades das
hastes que formam o entrecruzamento, ao centro da figura, localizam-se
múltiplos traços que se orientam, em relação às hastes, de acordo com
ângulos próximos do ângulo reto, à moda de serifas. Observação: estamos
aqui utilizando, para fins meramente descritivos, o vocábulo “serifa”, o qual
denota os traços que acompanham certos tipos de letras que apresentam
pequenas barras transversas às suas hastes, como é o caso, por exemplo, da
letra “I” maiúscula do tipo “Times New Roman” (Fotografia 3).

Fotografia 3 – Imagem da inscrição que motivou o encaminhamento ao


exame de corpo de delito, obtida com maior detalhamento, por aproximação.

Cada uma das hastes e das serifas das hastes é formada por
múltiplos traçados de escoriação, variando em número para cada região,
geralmente entre 2 e 5 traçados, sempre lineares e de aspecto
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marcadamente contínuo, os quais variam pouco de tonalidade, uns poucos


mais fracamente marcados sobre a pele, a maioria, por sua vez, um pouco
mais escuros, denotando extravasamento capilar e a presença de uma
pequena crosta sero-hemática recobrindo a lesão. Podem ser identificados,
pelo menos, vinte (20) traçados de escoriações, os quais são compatíveis
com momentos gráficos distintos. Cada um desses momentos gráficos
distintos corresponde a um movimento próprio do punho escritor, em que o
agente produtor dos grafismos o faz sem afastar o instrumento produtor
do suporte que recebe o grafismo (DEL PICCHIA e cols., 2005). Nesse
sentido, cada momento gráfico pode ser distinguido do movimento que
originou outro momento de traçado, na hipótese de haver sido utilizado um
instrumento de ponta única (Imagem 1).

Imagem 1 – Individualização dos momentos gráficos próprios nos traçados


presentes no hipocôndrio esquerdo.
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Os traçados de escoriação são, de toda forma, majoritariamente


superficiais, não transpassando totalmente a pele. Embora seja possível
visualizar alguns traçados marcados um pouco mais sutilmente, o que chama
a atenção é a grande uniformidade dos traçados de escoriação produzidos,
os quais adentram a epiderme de forma similarmente superficial. Também é
particularmente digno de nota que os traçados estão relacionados entre si
por marcado grau de paralelismo ou de ortogonalidade. Além disso, os traços
de escoriação que apresentam desvio significativo, sem inflexão durante a
sua produção, isto é, aqueles que se curvam significativamente em algum
momento, são o traçado mais fino que se observa na haste principal que está
alinhada de cima para baixo e da direita para a esquerda (indicado pelo
índice “16” na Imagem 1) e o traço mais externo da serifa da haste
transversa (indicado pelo índice “6” na Imagem 1), serifa esta que, por
construção, tende a ser paralela à haste descrita imediatamente antes e
está localizada na porção caudal direita da figura em tela. Nestes dois
elementos, observa-se um encurvamento dos traçados, o qual se localiza
junto a uma região de inflexão natural da superfície curva da pele, onde
começa a se pronunciar o panículo adiposo da cintura abdominal. Mesmo
nessas regiões onde a superfície cutânea muda de direção, se observa
apenas uma mudança muito pequena na profundidade dos traços, o que indica
que eles teriam sido produzidos de forma bastante cuidadosa. Observa-se
um único ponto em que o traçado parece mudar de direção, o qual está
indicado pelos índices “2a" e “2b” na Imagem 1, não podendo se afirmar,
nesse ponto em particular, se ocorre a soma de dois momentos gráficos, isto
é, se são um ou dois momentos, na forma de um retoque gráfico ou se teria
havido mudança da direção sobre a qual se produzia o traçado; ainda assim,
mesmo nessa região, não há aprofundamento das lesões, denotando zelo na
sua produção. Ao solicitarmos que o periciado mostrasse a região
contralateral do tronco para fins de comparação com a área inicialmente
examinada, foi possível observar, parcialmente, que ali havia outro elemento
de escoriação linear, o qual acabou por revelar-se em outra figura
(Fotografia 4).
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Fotografia 4 – Uma segunda inscrição, evidenciada durante o exame de


corpo de delito.

O periciado mencionou não haver percebido a presença dessa lesão, antes


deste exame de corpo de delito. Deparamos, então, com uma figura formada por
dois traços relativamente retilíneos, embora menos retilíneos do que os da região
contralateral, formando uma cruz. Considerando-se o periciado em pé, e vista de
frente, a haste maior está dirigido verticalmente e mede 90 mm e a haste menor,
situando-se ortogonalmente à outra, dirige-se horizontalmente e mede 60 mm. Os
traçados de escoriação presentes nessa região do tronco são mais simples e são,
também, superficiais e contínuos, não atravessando – reiteramos – inteiramente a
pele. A haste vertical apresenta-se composta na sua região inferior (caudal) por
dois traçados, que se afastam de forma quase paralela. Podem ser identificados,
portanto, neste grafismo, pelo menos, três traçados de escoriações, os quais são
compatíveis com momentos gráficos distintos, considerando-se o uso de um
instrumento de ponta única (Fotografia 5).
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Fotografia 5 – Imagem da segunda inscrição, evidenciada durante o exame


de corpo de delito, obtida com maior detalhamento, por aproximação.

Na região situada no quadrante superior lateral da figura observa-se


uma pequena mancha equimótica violácea, aproximadamente circular com
cerca de 10 mm de diâmetro, de aspecto similar as que poderiam ser
produzidas por digitopressão (ver região circulada na Imagem 2). Após a
evidenciação da segunda lesão, a que tem formato de cruz, na região
anterolateral direita do tronco, a periciada consentiu em realizar as
fotografias das lesões identificadas, mas não consentiu em prosseguir com o
exame visual de outras regiões corporais.

2. Discussão: A não ausência de outras lesões observáveis nas partes


corporais em que o periciado não foi deixada sem examinar, a saber, a face,
os antebraços, a superfície das mãos e dedos e a superfície da parede
anterior do abdômen, exceto as múltiplas escoriações lineares e superficiais
e uma pequena mancha equimótica, fracamente marcada, descritas
anteriormente, é indicativa de que, se houve algum embate corporal entre o
periciado e a agressora, esta teria empregado meios adicionais que fossem
efetivos em produzir outras lesões. As escoriações lineares, como as que
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são aqui observadas, são usualmente produzidas por um instrumento que


tenha uma ponta, isto é, um vértice, que possa funcionar como uma
estrutura que possa promover o destacamento de células da pele,
provocando uma lesão que é apenas superficial. O instrumento, neste
contexto, funciona de forma contundente, causando abrasão e não um
ferimento inciso, o qual, por sua vez, teria os bordos afastados entre si, o
que não é o caso em nenhum dos traçados observados. As lesões abrasivas
aqui evidenciadas poderiam ser produzidas pela aplicação de uma força (e,
portanto, de uma pressão), através, potencialmente, do emprego de diversos
objetos.
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Imagem 2 – Individualização dos traçados dos grafismos presentes na


região anterolateral direita do tronco (na transição entre o hipocôndrio e o flanco).

A guisa de esclarecimento, exemplificamos a seguir alguns destes


possíveis objetos, na forma de uma lista, a qual – ressaltamos – não tem a
intenção de ser exaustivamente abrangente. Isto é, não é possível limitar os
objetos passíveis de serem utilizados na produção das lesões aqui descritas
apenas aos que são aqui elencados. Nesse sentido, entre os possíveis
instrumentos empregados poderíamos considerar, sempre a título de
ilustração: arames, lâminas metálica (como a de um canivete, ou mesmo a de
uma faca, desde que usadas através da sua ponta ou aresta e, menos
provavelmente, através do gume propriamente dito), grampos de cabelo ou
outras bijuterias ou joias, pregos, superfícies vítreas não polidas, pedaços
de latas, agulhas ou outras hastes (que poderiam ser, por sua vez, de uma
gama variada de materiais, desde que suficientemente rígidas e delgadas, ao
menos em uma das suas extremidades, para que se pudesse produzir
escoriações lineares como as que foram observadas no periciado). No
entanto, para que a força empregada ao se produzirem as lesões não
provocasse dano desmedido e acabasse por atravessar integralmente a pele,
o que acabaria por provocar um corte, isto é, um ferimento inciso, é
condição necessária que o agente produtor dessas lesões tenha tido
bastante habilidade e cuidado ao executar os movimentos que originaram as
inscrições relatadas, bem como que ele tenha tido tempo adequado para
produzir as lesões e, idealmente, um ambiente propício. Como se trata de
lesões (do tipo escoriação), em sua maioria, formando traçados retilíneos,
regulares e marcadamente contínuos, compondo-se, entre si, através de
paralelismo ou de ortogonalidade muito significativos, os quais foram
necessários para produzir as lesões evidenciadas, principalmente, na forma
da figura relativamente complexa que é a da cruz situada na região
anterolateral esquerda do tronco e, ademais, por não haver aprofundamento
da lesão, de forma a não transpassar a pele em sua totalidade, conclui-se
que a figura produzida poderia ser mais facilmente produzida com o
consentimento ou com a colaboração da própria periciada, ou,
alternativamente, ao menos, com marcada incapacidade dela em reagir,
ainda que involuntariamente, aos estímulos que seriam esperados diante de
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uma agressão. Dificilmente poderiam as lesões evidenciadas serem, em sua


ampla maioria, tão retilíneas, contínuas, aproximadas e pouparem as
camadas mais profundas da pele, se a vítima tivesse preservada a sua
capacidade de reação ante uma agressão, seja por medo, por susto, por
reflexo, ou mesmo por cócegas ou por qualquer outra situação que tivesse
provocado o seu movimento corporal em relação ao instrumento produtor
das lesões. Mesmo a movimentação do tronco, e, portanto, da superfície da
pele na região, acompanhando os movimentos ventilatórios poderia vir a
prejudicar o resultado observado nas figuras produzidas, se não houver
cuidado especial nesse sentido. Verificam-se, pelo menos, 23 (vinte e três)
momentos gráficos distintos, isto é, o punho escritor que produziu as lesões
em tela executou pelo menos 23 (vinte e três) gestos gráficos distintos
para produzir os grafismos que foram possíveis de evidenciar no exame de
corpo de delito. Vinte (20) momentos para a figura localizada à esquerda no
tronco, e três (3) momentos para a figura localizada à direita. Esses
grafismos ocorrem na forma de escoriações lineares, as quais, em linguagem
mais coloquial e menos técnica, correspondem a “arranhões”. Esse número
pode variar, se considerarmos alguns dermatografismos já em resolução, os
quais aparecem como linhas finas de tonalidade rósea, desprovidas da crosta
hemática. Como alguns traçados já estavam em fase de reepitelização, isto
é, desvanecendo, como é o caso dos traçados indicados por “4” e “5” na
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maior e não tenha restado, no momento do exame, lesão observável para
algum gesto adicional, dado o hiato de tempo entre a ocorrência da sua
produção e o momento do exame. Além disso, é digno de nota que eventuais
lesões que fossem, por natureza, mais superficiais, tenderiam a desaparecer
primeiro. Quanto ao tempo que seria necessário para produzir o conjunto
desses grafismos, não há como determiná-lo com exatidão, haja vista que
esse tempo dependeria a priori de diversos fatores. Nesse sentido,
poderíamos elencar, para citar alguns: a habilidade do punho executor dos
grafismos (isto é, a destreza do indivíduo que os produziu); a natureza do
objeto utilizado como instrumento para a execução dos grafismos
(características como o seu fio ou gume, o peso, o tamanho e a sua
flexibilidade, entre outras); e a natureza do ambiente em que as lesões
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foram produzidas (se a vítima estava em decúbito, sentada, ou em pé, se o


ambiente era bem iluminado ou não, se era um ambiente sossegado ou
tumultuado, se a vítima estava em condições de reagir ou não). Todos esses
fatores são capazes de influenciar de modo importante o processo de
produção de lesões como as que aqui são analisadas. Fatores esses que não
são plenamente possíveis de serem conhecidos através do exame de corpo
de delito realizado na periciada, por si só, apenas. É digno de nota, deve-se
admitir, no entanto, como um ponto de partida, que deva existir uma relação
de compromisso entre o tempo em que as lesões em questão levariam para
serem produzidas e a qualidade do grafismo produzido. Em outras palavras,
pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de
modo a não causarem dano às camadas profundas da pele, provocando
alterações que são apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se
lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste
exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma
tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso
em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos.
Adicionalmente, é digno de nota, as lesões evidenciadas situam-se em
regiões da superfície corporal que seriam facilmente acessíveis às mãos da
própria periciada. Chama a atenção o fato de que, se pensarmos na hipótese
de serem as lesões autoinfligidas e o agente, no caso, fosse destro, seria
mais confortável para ele produzir lesões em áreas mais caudais no tronco à
direita e um pouco mais cefálicas na esquerda, o que reproduz o caso em
tela. Em outras palavras, sendo destro e mantendo o braço menos fletido,
de forma a produzir as lesões com o menor esforço possível, se produziriam
lesões em território mais próximo ao flanco na região anterolateral direita
e mais próximo ao hipocôndrio em região anterolateral esquerda. Nesse
sentido, gostaríamos de mencionar que há um trabalho, publicado por
autores ligados ao Instituto de Medicina Legal de Freiburg na Alemanha, no
qual são relatados dois casos de lesões autoinfligidas em que adolescentes
marcaram na própria pele símbolos associados à Alemanha nazista
(FALLER-MARQUARDT e POLLAK, 2005). Esses autores preconizam que as
características morfológicas típicas das lesões autoinflingidas são:
localização em partes facilmente acessíveis do corpo, multiplicidade de
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lesões singulares, com curso linear ou levemente recurvado, lesões não


penetrantes e de profundidade similar, arranjadas em grupo e sobre uma
área definida, ausência de lesões de defesa e de dano às vestimentas. A
única dessas características que não pôde ser avaliada no trabalho que ora
relatamos foi a integridade das vestes, uma vez que a vítima compareceu em
dia diferente do que ocorreu a produção das lesões, usando, supostamente,
outras vestes. Todas as outras características citadas por
Faller-Marquardt e Pollak, da Universidade de Friburgo, são também
verificadas no presente caso, a exemplo dos casos que eles relataram. É
digno de nota, o trabalho desses autores, em sua parte final, aborda uma
discussão sobre as razões pelas quais os autoperpetradores de lesões de
pele costumam provocar dano em si próprios, usando grafismos com
temática nazista (FALLERMARQUARDT e POLLAK, 2005). Lesões
espelhadas, isto é, em imagem especular, também têm sido registradas em
situações de autoprovocação (WINSKOG, 2011). No caso em tela, a imagem
espelhada lembraria a de uma suástica, como a que a Alemanha utilizou
durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, isoladamente, essas
considerações não permitem, por si só, concluir em definitivo na direção de
que as lesões em análise tenham essa natureza. Também é preciso
considerar que, como se trata de traçados simples, majoritariamente linhas
retas, não há neles elementos personalísticos que pudessem individualizar o
traçado, permitindo, como elemento de convicção, a identificação inequívoca
da autoria do grafismo, isto é, do punho escritor que as produziu (DEL
PICCHIA e cols., 2005). Nesse sentido, embora não seja possível afirmar
categoricamente que a lesão seja autoinfligida, pode-se concluir, com
convicção, que a possibilidade de uma agressão que tenha acontecido sem
que tenha havido alguma forma de colaboração da parte da vítima ou sem
que tenha havido marcada incapacidade de reação da parte dela é
muitíssimo diminuta. A ausência de lesões de defesa
(FALLER-MARQUARDT e POLLAK, 2005; POLLAK e SAUKKO, 2000), como
cortes ou contusões, particularmente nas mãos e nos antebraços também
corroboram a tese de que não teria havido reação da parte da periciada. O
fato de as escoriações estarem já em processo de reepitelização permite
esperar que o processo de cicatrização, uma vez em curso, seja efetivo e
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que não restem cicatrizes relacionadas a este evento. Por outro lado, como
se trata de uma lesão já em processo de recuperação (cicatrização), alguns
aspectos do exame pericial restam prejudicados, dado o hiato de tempo
entre a produção da lesão e o comparecimento ao exame de corpo de delito.
A mesma consideração, no entanto, ressaltamos, não se aplica às possíveis
equimoses, as quais uma vez que tivessem sido produzidas, permaneceriam
mais tempo evidentes ao exame, por, pelo menos, mais alguns dias. Ademais,
o não consentimento da periciada em prosseguir com o exame de corpo de
delito, na busca de outras possíveis evidências, as quais pudessem
eventualmente estar presentes em outras regiões corporais, se constitui em
um potencial limitador para o presente estudo pericial.

3. Conclusões

Do que acaba de se expor, conclui-se:

i) O periciado apresenta lesão.

ii) O instrumento que produziu as lesões é contundente.

iii) As lesões não resultaram incapacidade para as ocupações


habituais.

iv) As lesões resultaram em debilidade permanente ou perda ou


inutilização de membro, sentido ou função.

v) Não há evidência de lesões de defesa que indiquem ter havido


reação da vítima.

vi) As lesões são escoriações superficiais, de profundidade uniforme,


contínuas, situadas em regiões do corpo facilmente acessíveis às mãos da
própria vítima e que apresentam padrão de paralelismo e ortogonalidade que
demandaram cuidado na sua produção. As lesões verificadas apresentam,
portanto, características compatíveis com as de lesões autoinfligidas,
embora não haja, a partir exclusivamente dos resultados do exame de corpo
de delito, elemento de convicção para se afirmar que efetivamente foram
autoprovocadas. Nesse sentido, pode afirmar-se que as lesões não foram
produzidas: ou pela própria vítima ou por outro indivíduo sem o
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consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade


ou impedimento da vítima em esboçar reação.

4. Respostas aos quesitos oficiais

Primeiro: se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do periciado.


Resposta: Sim.

Segundo: qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa.

Resposta: Instrumento contundente.

Terceiro: Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou


tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel.

Resposta: Não temos elementos para responder.

Quarto: Se resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de


trinta dias.

Resposta: Não.

Quinto: Se resultou perigo de vida.

Resposta: Sim.

Sexto: Se resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de


membro, sentido ou função.

Resposta: Não.

Sétimo: Se resultou incapacidade permanente para o trabalho, ou


enfermidade incurável, ou deformidade permanente;

Resposta: Não.

5. Respostas aos quesitos complementares, os quais foram


formulados através do ofício 363/2018, de 15 de outubro de 2018:

“1. Foi possível constatar alguma lesão no nariz ou nas costelas da


vítima que indicasse agressão com socos, assim como lesões nos braços que
indicasse que a mesma foi segurada/contida/imobilizada contra sua vontade
por duas pessoas?”
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Resposta: Havia no momento do exame, lesões na face ou nas mãos e


nos antebraços que sejam características de lesões de defesa ou de que
tenha havido embate corporal. Sendo possível examinar completamente os
braços do periciado, na ausência do consentimento e ante a alegação do
periciado de que não havia ali lesões. Na parede abdominal, junto ao gradil
costal direito, havia uma lesão muito pequena na forma de uma equimose
violácea, com características das que são produzidas por digitopressão, a
qual poderia inclusive haver sido produzida pelo simples apoio do punho
escritor que produziu os grafismos presentes no flanco direito.

“2. Os arranhões apresentados como lesão foram produzidos por que


tipo de instrumento? Os ferimentos foram profundos ou superficiais?
Houve perfuração da pele? É possível dizer se houve sangramento profuso
de tais lesões ou algum tipo de sangramento?”

Resposta: Os arranhões são, em linguagem técnica, escoriações


lineares, de caráter superficial, havendo rompimento da integridade das
camadas superficiais da pele, no entanto, atingir o tecido subcutâneo,
motivo pelo qual não se observam, no caso em tela, cortes, ou ferimentos
incisos, em que os bordos estariam afastados entre si. Ao atingir as
camadas mais profundas da pele, ocorre porejamento de sangue através dos
vasos capilares lesionados, o qual costuma ser autolimitado, isto é, em
pequena quantidade, formando uma crosta sero-hemática que recobre a
área de escoriação.

“3. Em razão das agressões alegadas, seria possível que a vítima não
apresentasse nenhuma marca 48h após o fato quando esteve na delegacia
prestando depoimento, levando em consideração sua cor de pele?”

Resposta: Na ocorrência de socos desferidos contra o rosto e as


costelas seria plausível esperar lesões remanescentes, principalmente na
forma de escoriações e equimoses violáceas. Eventualmente, poderiam ser
observadas fraturas de ossos nessas regiões. A gravidade das lesões
remanescentes dependeria fundamentalmente da força empregada. Nesse
sentido, e na ausência de lesões expressivas, podemos concluir que, se houve
agressões como as que foram elencadas no questionamento, os agressores
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teriam empregado pouca força. Não se pode excluir a hipótese de que não
tenha havido agressão nos moldes do declarado pelo periciado.

“4. Quantos arranhões/cortes foram verificados no corpo da vítima?


Quanto tempo levaria para fazer todos esses arranhões/cortes?”

Resposta: Verificam-se, pelo menos, 23 (vinte e três) momentos


gráficos distintos, isto é, o punho escritor que produziu as lesões em tela
executou pelo menos 23 (vinte e três) gestos gráficos distintos para
produzir os grafismos que foram possíveis de evidenciar no exame de corpo
de delito. Vinte (20) momentos para a figura localizada à esquerda no
tronco, e três (3) momentos para a figura localizada à direita. Esses
grafismos ocorrem na forma de escoriações lineares, as quais, em linguagem
mais coloquial e menos técnica, correspondem a “arranhões”. Esse número
pode variar, se considerarmos alguns dermatografismos já em resolução, os
quais aparecem como linhas finas de tonalidade rósea, desprovidas da crosta
hemática. Como alguns traçados já estavam em fase de reepitelização, isto
é, desvanecendo, como é o caso dos traçados indicados por “4” e “5” na
Imagem 1, é possível que o número de gestos gráficos tenha sido ainda
maior e não tenha restado, no momento do exame, lesão observável para
algum gesto adicional, dado o hiato de tempo entre a ocorrência da sua
produção e o momento do exame. Além disso, é digno de nota que eventuais
lesões que fossem, por natureza, mais superficiais, tenderiam a desaparecer
primeiro. Quanto ao tempo que seria necessário para produzir o conjunto
desses grafismos, não há como determiná-lo com exatidão, haja vista que
esse tempo dependeria a priori de diversos fatores. Nesse sentido,
poderíamos elencar, para citar alguns: a habilidade do punho executor dos
grafismos (isto é, a destreza do indivíduo que os produziu); a natureza do
objeto utilizado como instrumento para a execução dos grafismos
(características como o seu fio ou gume, o peso, o tamanho e a sua
flexibilidade, entre outras); e a natureza do ambiente em que as lesões
foram produzidas (se a vítima estava em decúbito, sentada, ou em pé, se o
ambiente era bem iluminado ou não, se era um ambiente sossegado ou
tumultuado, se a vítima estava em condições de reagir ou não). Todos esses
fatores são capazes de influenciar de modo importante o processo de
produção de lesões como as que aqui são analisadas. Fatores esses que não
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são plenamente possíveis de serem conhecidos através do exame de corpo


de delito realizado no periciado, por si só, apenas. É digno de nota, deve-se
admitir, no entanto, como um ponto de partida, que deva existir uma relação
de compromisso entre o tempo em que as lesões em questão levariam para
serem produzidas e a qualidade do grafismo produzido. Em outras palavras,
pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de
modo a não causarem dano às camadas profundas da derme, provocando
alterações que são apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se
lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste
exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma
tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso
em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos. Vide,
adicionalmente, na íntegra, o item “2. Discussão”.

“5. Os arranhões/cortes são retilíneos ou irregulares, feitos de


forma firme ou hesitante? Há evidências de alguma resistência por parte da
vítima no traçado dos arranhões/cortes?”

Resposta: Os traçados são superficiais, não cortando, portanto, a


totalidade da derme. São majoritariamente traços retilíneos, o que é
indicativo de que tenham sido produzidos de maneira cuidadosa, em
movimento uniforme e razoavelmente constante, denotando um bom
controle do instrumento por parte do agente que produziu as lesões e
demandando a imobilidade relativa do suporte (isto é, da superfície corporal
da vítima) para que o instrumento que produziu os grafismos mantivesse
pressão suficiente para produzi-los, sem, por outro lado, causar
aprofundamento da lesão. Não há evidência de movimentos de defesa
característicos de situações de agressão em que a vítima mantém a
capacidade de reagir preservada. Vide, adicionalmente, na íntegra, o item
“2. Discussão”.

“6. Quais as características de cortes/arranhões quando há


resistência da vítima? As lesões na vítima são compatíveis com tais
características?”

Resposta: Quando há resistência da vítima, são esperadas lesões


menos superficiais, lesões que se aprofundam transpondo a integridade da
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pele, causando danos de maior monta, provocando cortes propriamente


ditos, isto é, ferimentos incisos, pois haveria menor grau de controle sobre
o instrumento produtor das lesões. São esperados traçados menos
retilíneos. Não seria esperado encontrar um resultando em que tantos
traçados mantenham as relações de paralelismo ou de ortogonalidade entre
si, de modo particularmente estético, como as que são evidenciadas nas
lesões descritas neste trabalho. As lesões de defesa são um critério crucial
de evidência do envolvimento de outra pessoa, sendo altamente específicos
em provar que uma pessoa foi atacada com um instrumento delgado
(pontiagudo) e, além disso, capaz de demonstrar que a vítima estava, ao
menos inicialmente, consciente e capaz de reagir ao ataque (POLLAK e
SAUKKO, 2000). Em síntese, pode se afirmar com convicção que as lesões
produzidas na vítima não são compatíveis com as que seriam esperadas, na
hipótese de ter havido efetiva resistência da parte dela à ação de um
agente agressor. Vide, adicionalmente, na íntegra, o item “2. Discussão”.

“7. É possível determinar se o corte/arranhões foram feitos por


pessoa destra ou canhota? Qual a posição do instrumento no momento em
que foram praticadas as lesões?”

Resposta: Com base exclusivamente nos exames realizados não é


possível determinar se as lesões foram produzidas por pessoa destra ou
canhota, pois, tanto o sentido do traçado, do gesto gráfico, quanto a posição
relativa entre o agente que produziu e o que sofreu as lesões não são, de
todo, conhecidos, nesse momento.

“8. Outros dados julgados úteis.”

Resposta: Sugere-se, a critério das autoridades responsáveis,


visando ampliar os estudos acerca do ocorrido, uma solicitação de perícia
visando ao confronto entre as imagens da lesão que foram disponibilizadas
através dos veículos de comunicação, na internet, bem como eventuais
imagens outras das lesões da vítima, que estejam disponíveis aos
investigadores, e as imagens que foram obtidas neste exame de corpo de
delito.
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Acompanham o presente laudo pericial 5 fotografias obtidas pela


Fotógrafa Criminalística Roseli da Silva Richter e registradas neste
Departamento, sob o número 0188/18.

Referências

DEL PICCHIA FILHO, José et al. Tratado de documentoscopia: “da


falsidade documental”. 2ª. Edição. São Paulo: Editora Pillares, 2005.

Dicionário de símbolos - HerderLexikon. 3ª edição. São Paulo: Editora


Cultrix, 1998.

FALLER-MARQUARDT, M. e POLLAK S. Self-inflicted injuries with


negative political overtones. Forensic Science International 159 (2006) pp.
226–229.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 11ª. Edição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina legal: texto e atlas. 2ª. Edição.


São Paulo: Editora Atheneu, 2014.

POLLAK, S. e SAUKKO, P.J.. Defense wounds, in: J.A. Siegel, P.J. Saukko,
G.C. Knupfer(Eds.), Encyclopedia of Forensic Sciences, Academic Press,
London, 2000 , pp.374–378.

WINSKOG, C. True ‘mirror image’ lesions due to self-inflicted injury.


Forensic Sci Med Pathol (2011), 7:304–305.

E, como nada mais houvesse para constar, encerro o presente. Eu,


Helena Varlessa Boza, que o digitei e o subscrevo.

__________________ _____________________

Luciano Haas Eduardo Sörensen

Perito Médico-Legista Perito Médico-Legista


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