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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE

DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DA


CAPITAL DE SÃO PAULO/SP.

ANA LUIZA BASTOS POLEZEIN, brasileira,


divorciada, administradora de empresas, portadora da Carteira de
Identidade RG nº 26181473 - SSP/SP, inscrita no CPF/MF sob o nº.
165.443.938-00, residente e domiciliada na Rua Aleixo Leme dos
Reis, 127, Jardim Consórcio, São Paulo/SP, CEP 04436-100, por
sua advogada que esta subscreve, constituída conforme
instrumento particular de mandato anexo, com escritório na Rua
Aleixo Leme dos Reis, 133, Jardim Consórcio, São Paulo/SP, CEP
04436-100, onde recebe as intimações, vem, mui, respeitosamente,
a presença de Vossa Excelência, com supedâneo no artigo 14 do
Código de Defesa do Consumidor, art. 927, parágrafo único do
Código Civil e da Súmula 479 do STJ, propor a presente,

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AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES C/C INDENIZAÇÃO POR
DANO MATERIAL E DANO MORAL

Em face do Banco Bradesco S/A, instituição financeira


de direito privado, inscrita no CNPJ nº 60.746.948/0001-12, com
matriz na Núcleo Administrativo Cidade de Deus, S/Nº, Prédio Prata
– 4º andar, Vila Yara, Osasco/SP, CEP 06029-900 e Filial na Rua
dos Pinheiros, 1435 – Pinheiros, São Paulo/SP, CEP 05422-012
(agência 0085-0), pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

1 - DOS FATOS

A Autora mantém na instituição financeira ora ré, a conta


corrente nº 0213207-9, na agência 0085-0, há mais de 24 anos,
onde recebe seus salários todos os meses.

Ocorre, que no dia 25/04/2023, no final daquele dia, a


requerente como de costume, entrou em sua conta corrente para
ver seu extrato bancário e foi surpreendida com um débito no valor
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Todavia, assustada e sem fazer ideia do que se tratava,


entrou em contato com o Banco réu, através do fone fácil, serviço

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telefônico do Banco Bradesco, onde foi atendida por uma atendente
que não se recorda o nome, e que de imediato a atendente
cancelou o cartão que estava em seu poder e lhe informou que
além do débito de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), havia mais 3
tentativas de débitos sem sucesso, efetuados em horários
próximos, nos valores de R$ 11.000,00 (onze mil reais), R$
9.000,00 (nove mil reais) e R$ 2.000,00 (dois mil reais), que em
nenhum momento foram feitos ou autorizados pela Autora e estes
não foram finalizados por falta de limite e por falta de dinheiro,
deixando a conta corrente da Autora zerada e negativa conforme
demonstrado em seu extrato bancário. (doc. 1)

Mediante o ocorrido, a atendente orientou a requerente


a ir até sua agência e conversar com o gerente sobre o valor
retirado de sua conta de forma fraudulenta. Todavia, naquele
momento a Autora descobriu ter sido vítima de uma fraude, visto
que seu cartão fora clonado e que fora efetuado débitos sem seu
conhecimento e sem sua autorização.

A requerente no dia 27/04/2023, dois dias após o


ocorrido, foi a agência falar com o gerente de sua conta corrente, o
senhor Patrick Fernandes, que a orientou a fazer um boletim de
ocorrência na delegacia, e também que a Autora fizesse uma carta
de contestação de valores escrita de próprio punho, e, ainda a fez
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preencher outros formulários contestando o valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), debitado fraudulentamente de sua conta corrente.

No mesmo dia a pedido do gerente do banco, Senhor


Patrick Fernandes, a Autora, entregou o Boletim de Ocorrência nº
FN5346-1/2023, efetuado em 26/04/2023 na Delegacia Eletrônica 1,
e o cartão, que foi cancelado pela atendente e que estava em seu
poder.

Após atendidas todas as solicitações efetuadas pelo


gerente do banco, foi pedido que aguardasse 15 (quinze) dias, para
que o banco retornasse com uma resposta.

Passados os 15 dias, o gerente do banco retornou


através de mensagens de áudios de WhatsApp, dizendo que o
banco não aceitou o pedido de contestação de valores e que não
iria devolver o dinheiro retirado fraudulentamente de sua conta
corrente, conforme segue os links dos áudios anexos:

https://1drv.ms/u/s!ApqMJsv9GJf0iYRKjlO_VcIZHrgg7w?e=Iw6IQ6

https://1drv.ms/u/s!ApqMJsv9GJf0iYRO_3AQPOeA3pwLLA?
e=FT6Mf9

https://1drv.ms/u/s!ApqMJsv9GJf0iYRNne7KmPZRAPSsOw?
e=MCkbMi
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Diante das negativas do Gerente do Banco, a
requerente entrou em contato com a ouvidoria do Banco, para mais
uma vez, tentar reaver o valor subtraído de sua conta corrente
fraudulentamente, e que também não obteve sucesso.

A Autora, após diversas tentativas junto a instituição


financeira, para tentar resolver o ocorrido extrajudicialmente, a fim
de evitar bater às portas do judiciário, não obteve êxito.

No entanto a única resposta da instituição financeira, foi


que não iria devolver o dinheiro, insinuando que a culpa foi da
Autora e que ela estava de posse do cartão e que não seria
possível outra pessoa a não ser ela mesma ter subtraído esse valor
de sua própria conta, fazendo a passar por vergonha e
constrangimento.

Excelência, sabemos que os bancos não têm a


segurança que deveriam ter, e que mesmo os clientes estando em
posse de seus cartões, as fraudes ocorrem em suas contas
correntes, não dá para aceitar essa desculpa.

Completa é a negligência da instituição financeira, que


após vários meses, nada o fez. Mesmo cumprindo com todas as
orientações da instituição financeira, após diversas idas ao banco
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para tentar solucionar a questão de forma administrativa, tudo, sem
sucesso.

Deste modo, a requerente cansou de esperar uma


solução, até a presente data, nenhuma solução efetiva foi proposta
pelo banco, não lhe restando uma alternativa, senão bater às portas
do judiciário, implorando por justiça!

É a síntese do necessário.

2 – DO DIREITO

2.1. DA APLICABILIDADE DO CDC

Como dito alhures, a presente ação está fundamentada,


dentre outros dispositivos legais aplicáveis à espécie, nas normas
do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90, todavia,
nunca é demais esclarecer quais os princípios norteadores desse
sistema legal.

Na maior parte das vezes, tanto as empresas como as


pessoas físicas, clientes das instituições financeiras, estão

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enquadradas na extensão conceitual de consumidor, prevista pelo
artigo 29 do Código de Defesa do Consumidor, diante da proteção
contratual conferida ao consumidor que firma contrato com as
instituições.

Ainda, segundo o preceituado pelo artigo 17 do Código


de Defesa do Consumidor, equiparam-se aos consumidores, todas
as vítimas de evento decorrente de fato do produto ou serviço.

Assim, resta demonstrada a existência de relação de


consumo entre a requerente (Autora) e a instituição financeira (ré),
devendo ser conferida àquela a proteção outorgada pelo Código de
Defesa do Consumido.

Desta forma, em se tratando de relação bancária de


consumo ou relação jurídica equiparada a consumo, qualquer
pessoa (física ou jurídica) exposta às práticas elencada pelo CDC
(artigo 30 a 54), será considerada consumidora, possuindo todas as
benesses trazidas pelo CDC, na defesa e promoção dos seus
direitos.

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Claramente dispõe o parágrafo segundo do artigo 3º, do
CDC, que na conceituação de serviços, para a tutela da Lei nº
8.078/90, entende-se por serviços:

“inclusive a atividade de natureza bancária,


financeira de crédito e securitária”.

Por outro lado, conforme já argumentado anteriormente,


do ponto de vista da conceituação de consumidores, não resta
dúvida que a Lei nº 8.078/90 é perfeitamente aplicável às
instituições financeiras.

Aliás, nesse sentido, decidiu recentemente o Superior


Tribunal de Justiça, editando a súmula 297, que afasta qualquer
dúvida quanto a aplicação do CDC às instituições financeiras,
vejamos:

“o Código de Defesa do Consumidor é aplicável


às Instituições Financeiras”.

Assim, conclui-se que entre as partes (cliente e


Instituição Financeira), existe relação de consumo, razão pela qual
devem incidir sobre a questão, as normas de Proteção e Defesa do
Consumidor.
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2.2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Feito os esclarecimentos acima, visto a aplicabilidade


das Normas do Código de Defesa do Consumidor ao presente caso,
de toda sorte inclui-se também a aplicação do art. 6º, inciso VIII, do
CDC, que dispõe:

“Art. 6º. São direitos básico do consumidor:


VIII – a facilitação da defesa de seus direitos,
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
VEROSSÍMIL a alegação OU quando for ele
HIPOSSUFICIENTE, segundo as regras ordinárias
de experiências.”

Aqui é lógico que não se está falando em


hipossuficiência no sentido financeiro, mas sim no sentido de
produção de provas, em relação aos softwares, hardwares e demais
terminologias de segurança que toda instituição financeira vincula à
prestação final de seus serviços, e, coloca à disposição no

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mercado, possuindo ainda o prestígio e a aparência de
confiabilidade em relação ao consumidor.

No caso apresentado, é latente a hipossuficiência


intelectual, tecnológica da Autora.

É certo que a requerida (ré) é quem detém todas as


provas e os meios possíveis para demonstrar que não houve
qualquer falha de sua parte no evento noticiado, assim, é seu dever
provar os fatos modificativos, extintivos e impeditivos do direito da
Autora.

Com relação ao caráter de verossimilhança, este está


ainda mais latente, basta atentar para os fatos acima narrados e
aos contornos envolvendo o extrato e o prejuízo deixado na conta
corrente da Autora que inclusive, está prejudicando sua vida,
deixando de cumprir com vários pagamentos e ter seu nome
incluído nos órgãos de proteção de crédito.

Diante desses fatos, é certo que a Autora deve estar


protegida quanto ao ônus da prova, requerendo sua inversão desde
já. Não é outro o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que
em caso parecido ao que ora se apresenta, já se pronunciou:

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“Direito Processual civil, Ação de indenização.
Saques sucessivos em conta corrente. Negativa de
autoria do correntista. Inversão do ônus da prova. –
É plenamente viável a inversão do ônus da prova
(art. 333, II, do CDC) na ocorrência de saques
indevidos de contas-correntes, compelindo ao
banco (réu da ação de indenização) o ônus de
provar os fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito do autor. – Incumbe ao
Banco demonstrar, por meios idôneos, a existência
ou impossibilidade de fraude, tendo em vista a
notoriedade do reconhecimento da possibilidade de
violação do sistema eletrônico de saque por meio de
cartão bancário e/ou senha. – Se foi o cliente que
retirou o dinheiro, compete ao banco estar munido
de instrumentos tecnológicos seguros para provar
de forma inegável tal ocorrência.” (Recurso
Especial n. 727.843 – SP (2005/XXXXX-7, Relatora
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma Cível).

E ainda, Maria Helena Diniz, na obra Curso de Direito


Civil Brasileiro, 7º volume, 19º, Editora Saraiva, pág. 361/362,
reforça a tese de inversão do ônus da prova no presente caso
quando assevera:

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“Podemos afirmar, baseados na lição de Arnaldo
Wald, que nas relações entre banco e seus clientes,
há forte tendência de se reconhecer um regime
próprio de responsabilidade civil do banqueiro
fundada: a) na ideia de risco profissional (RF,
89:714), ante a necessidade de se tratar o banqueiro
de modo mais rígido e severo, apreciando-se com
maior rigor o seu comportamento e sua eventual
culpa, não só por ter conhecimento
especializados ou técnicos bem maiores do que
os do cliente, que, geralmente, é um leigo,
desconhecendo, portanto, os ‘mecanismo
bancários’, mas também pela circunstância de usar
recursos financeiros alheios e pelo poder
econômico do banco, que lhe possibilita impor sua
vontade a outrem ...deveras o Supremo Tribunal
Federal tem reconhecido que os
estabelecimentos bancários devem suportar os
risco profissionais inerentes à sua atividade;
assim sendo, o banqueiro responderá pelos
prejuízos que causar, em razão do risco
assumido profissionalmente (súmula 28), só se
isentando de tal responsabilidade se provar
culpa grave do cliente, força maior ou caso
fortuito...”
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Assim, alinhado a doutrina e jurisprudência dominante
quanto ao tema invocado, desde já requer aplicação do ônus da
prova no presente caso, devendo o banco (réu) ser compelido de
início a provar os fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do
direito da Autora, sob pena de ser condenado ao pagamento da
indenização pleiteada.

2.3. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Destarte, todo aquele que concorre ou der causa para o


evento danoso seja de forma comissiva ou omissiva, responde
pelos prejuízos suportados pela outra parte, que devem ser
mensurados pela conjugação dos artigos 186 e 927 do Código Civil
de 2002.

A corrente civilista da patrimonialidade visa embasar a


reparação dos danos fazendo com que todo o complexo de bens do
responsável responda para que o status quo ante do prejudicado
seja restaurado.

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No presente caso, a Autora intenta a condenação da
Instituição Financeira para que esta, sob o manto da
responsabilidade objetiva, seja compelida a reparar o prejuízo que
deu causa.

Isso porque, como cediço, a atividade-fim prestada pela


instituição é a administração de contas e ativos financeiros, tanto de
pessoas físicas como pessoas jurídicas, acontece que como já
explanado na matéria fática, foram feitas várias movimentações
não autorizadas na conta da requerente, nos valores de R$
11.000,00 (onze mil reais), R$ 9.000,00 (nove mil reais) e R$
2.000,00 (dois mil reais), e isso deu azo ao saldo negativo e um
prejuízo efetivo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

A instituição financeira deve reparar a requerente


independente da análise da culpa, porque a administração de ativos
financeiros de grande quantidade que podem muito bem afetar o
funcionamento de toda uma empresa organizada para produção de
bens e serviços, faz presumir que se trata de atividade que requer
segurança nos níveis mais elevados, seja fisicamente ou
digitalmente.

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Posto isto, aclaremos outro ponto ligado a segurança e a
prestação de serviços, observe que depois da revolução digital, a
maioria das transações financeiras passaram a ser monitoradas e
realizadas pela internet, ou através de internet banking, sistema
este que é oferecido exclusivamente pelas instituições financeiras, e
deve por vias de regra, trespassar a segurança e confiabilidade
para seus clientes/consumidores.

Todavia, existindo falha capaz de gerar e macular a


prestação de serviços-fim, causando prejuízo, estaremos diante de
situação, que autoriza o pleito com fundamento na lei civil e no
código consumerista, que é o caso da presente ação.

A responsabilidade objetiva está evidenciada, a uma


pelo dano comprovado pelo extrato em anexo (doc. 2), a duas pelo
nexo de causalidade entre conduta e dano, logo, deve a instituição
financeira responder objetivamente, devendo ser condenada a
pagar a Autora, independentemente da análise de culpa ou dolo,
pois trata-se de atividade com alea ou risco que acarreta a imediata
reparação, sem a necessidade de discutir culpa.

Assim diz a Súmula 479 do STJ:

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“As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias.
(Súmula 479. SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
27/06/2012. Dje 01082012)”

Portanto, neste tópico, pede que a instituição financeira


seja condenada a pagar a Autora, a quantia efetiva do prejuízo que
comissivamente sob a ótica da responsabilidade objetiva, levando
em consideração o ramo de atividade, pois como restará provado
pela inversão do ônus da prova, a Autora não solicitou ou autorizou
qualquer movimentação bancária no dia do evento danoso.

2.4. DA POSSIBILIDADE DE PHISING

Por cautela, não entendendo Vossa Excelência a


aplicabilidade de ação comissiva da instituição financeira, ou
advindo esta aos autos, pleitear sua irresponsabilidade imputando o
dano e a ação a terceiros, esta há de ser responsabilizada pela
omissão do dever de cuidado que deveria empenhar na prestação
ou fornecimento de serviço-fim, uma vez que é dever primeiro de
qualquer instituição financeira ao colocar no mercado serviço de
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internet banking, propiciar ambiente digital neutro, seguro e
confiável na rede mundial de computadores, para que seis
clientes/consumidores possam usufruir dos serviços de forma plena
e segura, o que não aconteceu.

Considerando o tamanho e poder econômico que os


bancos possuem em solo pátrio, é plausível aceitar que estes
tenham ou desenvolvam atividades de segurança para que estes
terceiros não alcancem o consumidor, sujando o nome da própria
instituição, o que fere a relação contratual entre o banco e o cliente.

O banco poderia muito bem ter ou subcontratar


terceirizados especializados para vigilância e prevenção de
possíveis ataques de phising.

O phising é assim conceituado:

A palavra phising, uma corruptela do verbo inglês


sishing (pescar, em português), é utilizada para
designar alguns tipos de condutas fraudulentas que
são cometidas na rede. São muito comuns as
mensagens eletrônicas (e-mails) onde são feiras
propagandas de pechinchas comerciais, são
solicitadas renovações de cadastro, são feitos
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convites para visitação a sites pornográficos, são
ofertadas gratuitamente soluções técnicas para
vírus, entre outras. Não sabe a pessoa que recebe
tais tipos de e-mail que as mensagens são faltas,
enviadas por alguém disposto a aplicar um golpe.

Não diferente, sob este enfoque o banco é duplamente


responsável, seja pela responsabilidade objetiva, regida pelo
Código Civil, ou seja, pela responsabilidade contratual regida pelo
Código de Defesa do Consumidor, no artigo 14.

Como dito em linhas acima, estando a presente relação


amparada pelas normas do CDC, eventuais defeitos dos serviços
prestados pela instituição financeira que venham a causar prejuízos
a seus clientes/consumidores (no caso a Autora), devem ser
reparados pelo fornecedor, independentemente da existência de
culpa.
Não agiu zelosamente o banco, quando permitiu que
seu sistema de segurança fosse violado de tal forma ou
acontecesse falha interna que causou ação comissiva que fizesse
com que gerasse prejuízo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a Autora,
não se pode admitir. Dessa forma não há como deixar de
responsabilizar o banco pelo prejuízo.
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Mais uma vez socorremos à festejada Autora Maria
Helena Diniz, na obra Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º volume,
19º, Editora Saraiva, pág. 359, discorre acerca da responsabilidade
civil das instituições bancárias, vejamos alguns ensinamentos:

“Para poder atingir suja finalidade, o banco realiza,


várias operações dinamizando o seu crédito,
tornando-se ora devedor da pessoa com quem
transaciona, ora credor. Assim, se recolher capital,
passará a ser devedor dos clientes, realizando então
operação passiva. Na operação passiva o banco
ficará sendo, ao receber de seu cliente
numerário, pelo qual se responsabilizará, seu
devedor, pois, embora adquira propriedade
desse numerário, por ser fungível, será obrigado
a restituir outro do mesmo valor, qualidade e
quantidade”

E segue, na pág. 360:

“Todas essas operações bancárias, poderão ser


consideradas como contratos, por haver acordo

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entre as partes, criando obrigações”. Os
entendimentos dos especialistas e dos Tribunais
continua no sentido de reconhecer a
responsabilidade do banco, tanto por incidência de
culpa quanto com base no risco profissional
assumido pelo estabelecimento bancário, e sua
atividade altamente lucrativa” (pág.365, obra citada).

Assim, resta que a doutrina e jurisprudência são


uníssonas em afirmar a responsabilidade do banco pela vigilância
na qualidade dos serviços prestados, sendo seu dever indenizar a
Autora pelo prejuízo monetário suportado.

Ademais, os estabelecimentos bancários precisam


assumir a responsabilidade de seus atos, e não deixar como
sempre deixaram, as falhas por conta dos “lapsos de seus
funcionários ou de seus sistemas robóticos”, pois jamais se perdoou
idêntica falha por parte de seus clientes. Dentro desta mesma
temática, lecionou o magistrado paulista Sergio Carlos Covello:

“A tendencia do direito na maioria dos povos cultos é


apreciar com rigor a responsabilidade dos
estabelecimentos bancários por serem empresas
especializadas na pretensão de serviços
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remunerados”. (in Responsabilidade Civil – doutrina
e Jurisprudência. Saraiva, 1998, 2ª edição, p.265)

2.5. DO DANO MORAL

Como cediço, para configuração de dano moral, é


necessário comprovar que houve afetação na honra objetiva a
ponto de abalar a imagem.

Dito isto, oportuno lembrar Excelência, que a Autora


experimentou prejuízo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), e sendo
pessoa simples, assalariada, fez com que as obrigações perante os
credores ficassem abaladas, isso porque a Autora teve que deixar
de comprar alimentos básicos para poder pagar eventuais contas
como água, luz, gás de cozinha e até mesmo reduzir seus
alimentos.

De igual modo, houve desequilíbrio econômico-


financeiro da Autora, o que acarretou a interferência direta em seu
patrimônio, o que não se admite.

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Interferência esta que per si, é argumento mais que
satisfatório para configuração de dano moral, pois o prestador de
serviço de internet banking, não providenciou a neutralidade do
sistema de internet, de modo que, todas as tentativas de “phising”
ou cyber-ataque, erros ou falhas que a Autora sequer sabe precisar,
existissem.

Aliado ao exposto, sabe-se que a instituição financeira


detém os dados cadastrais da Autora, como número de telefone
pessoal, endereço, número da conta corrente etc. Indaga-se
Excelência, como é que terceiros teriam informações tão
privilegiadas (em caso de phising)?

Apenas cabe a explicação de falha nos sistemas de


banco de dados da instituição financeira o que faz com que dados
sigilosos de seus clientes fiquem vulneráveis ao léu de terceiros,
mas que não eximem ou ilidem a culpa da instituição financeira (ré)
pelo prejuízo causado, pois só fora causado pela inobservância no
dever de cuidado em relação aos sistemas de proteção de banco de
dados.

Doutro modo, se no decorrer da ação restar


demonstrado que inexistiu a tentativa de “phising”, da mesma forma
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deve responder a instituição financeira pelos danos materiais e
efetivos que causou à Autora, além de danos morais.

A respeito:

“APELAÇÃO CÍVEL. DIRETO DO CONSUMIDOR. AÇÃO


DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
TRANSFERENCIA INDEVIDA DE VALORES DE CONTA
BANCÁRIA. FRAUDE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RÉ.
Pedido de improcedência da ação. Não acolhimento.
Transferência não reconhecida pela cliente. Cabe ao banco
a prova da regularidade da transação. Prova que não veio
aos autos. Necessidade de restituição do valor
subtraído da conta corrente da autora. Aplicação do art.
927, parágrafo único, do CC e da Súmula 479 do STJ.
Dano moral configurado. Valor indenizatório cominado em
R$ 10.000,00 (dez mil reais), com a observância dos
critérios da razoabilidade e proporcionalidade. Precedente
desta Corte de Justiça. Sentença mantida.” (RECURSO
DESPROVIDO. TJ-RJ – APELAÇÃO: APL
xxxxx.2017.819.0058)

Segue:

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“APELAÇÃO CÍVEL. RETIRADA DE VALOR DA CONTA
BANCÁRIA DO AUTOR RELATIVO A SAQUE NÃO
RECONHECIDO POR ELE. FALHA NO SERVIÇO
PRESTADO PELA RÉ. SENTENÇA QUE ACOLHEU OS
PEDIDOS AUTORAIS, DETERMINANDO A DEVOLUÇÃO
SIMPLES DO VALOR RECLAMADO (R$ 400,00) E
ARBITRANDO P REPARO AO DANO MORAL EM R$
4.000,00. APELAÇÃO DA RÉ PELA REFORMA TOTAL
DO JULGADO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.” (TJ-RJ –
APELAÇÃO: APL – XXXXX.2008.819.0202. RIO DE
JANEIRO- MADUREIRA REGIONAL 1 VARA CIVEL)

Segue:

“RESPONSABILIDADE CIVIL. Configurado o defeito do


serviço e ato ilícito do banco réu, consistente nos saques
indevidos na conta bancária do autor, e não configurada
nenhuma excludente de responsabilidade, de rigor, o
reconhecimento da responsabilidade e a condenação do
banco réu na obrigação de indenizar o autor pelos danos
decorrentes do ilícito em questão. DANOS MORAIS. A
retirada de valores da conta bancária do autor via
operações indevidas, por culpa do banco, com o
esvaziamento da conta, bem como os transtornos
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causados para reaver tal quantia, constituem, por si só,
fatos ensejadores de dano moral. Condenação ao
pagamento de indenização por danos morais, na quantia
de R$ 13.560,00, com incidência de correção monetária a
partir da data deste julgamento. JUROS DE MORA. Juros
simples – incidência na taca de 12% ao ano (CC/2002, art.
406, c.c. CTN, art. 161, § 1º), a partir da citação (CPC, art.
219), por envolver responsabilidade contratual, o caso dos
autos. Recurso provido.” (TJ-SP – Apelação; APL xxxxx-
2008.8.26.0004 SP xxxxx-21.2008.8.26.0004)

Por todo o exposto, em correspondência ao dano moral


tratado neste tópico, pede para que a instituição financeira seja
condenada a pagar a quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a
título de danos morais, que corresponde a três vezes o valor do
prejuízo, primeiro porque abalou de forma eficaz a imagem da
Autora, fazendo com que ela não dispusesse de valores para seu
sustento e de sua família, e segundo, pela quebra de dever de
cuidado que todo prestador de serviço deve fornecer quando coloca
no mercado, serviços sem a mínima segurança, e bem como por
expor mediante falha ou não os dados sigilosos da Autora.

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Vale ressaltar também neste ponto que a imposição de
uma indenização não causa apenas um repensar do Banco, ora
requerido, frente a suas atitudes e descasos, como também é um
meio de punição para ele, a fim de que não volte a ocorrer tal
situação prejudicando assim outros consumidores. Levando-se em
conta estes critérios, tem-se que o valor de R$ 15.000,00 (quinze
mil reais), afigura-se razoável e condizente com a situação trazida
aos autos que agora são apreciados, atendendo ao desejado
equilíbrio entre a obrigação de pagar e o direito de receber,
mostrando-se como valor razoável e suficiente a indenizar os danos
morais.

Portanto, cabível a indenização por danos morais, que


deve representar para a vítima, uma satisfação capaz de amenizar
de alguma forma o abalo emocional sofrido, e de infligir ao
causador, sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma
vez que fica evidenciado, completo descaso aos transtornos
causados.

3. DOS PEDIDOS

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Diante de todo o exposto requer:

a) A citação da instituição financeira via AR para comparecer


à audiência de conciliação a ser designada, sendo que a
Autora já manifesta interesse, sob pena de lhe serem
aplicados os efeitos da revelia e julgamento antecipado do
mérito da causa e serem reputados verdadeiros a matéria
de fato contida na inicial;

b) A inversão do ônus da prova em desfavor do réu, por estar


intimamente à questão de mérito da causa;

c) No mérito, requer ao final, seja julgado TOTALMENTE


PROCEDENTE o pedido de condenação da presente ação
de reparação de danos materiais, a fim de condenar a
instituição financeira a devolver a Autora o valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a título de reparação, valor este
subtraído indevidamente da conta da Autora no dia
25/04/2023, que deverá ser corrigido desde o desembolso,
até a data da sentença condenatória, pelo IGP-M (FGV) e
juros de mora de 1%;

d) Requer também, a condenação da instituição financeira ao


pagamento da quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais),
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a título de danos morais em favor da autora, para que se
possa impor o dúplice sentido da pena, ou seja, o caráter
PUNITIVO e COMPENSATÓRIO;

e) Requer ainda, Condenação da instituição financeira (ré), ao


pagamento de honorários advocatícios, custas e despesas
processuais decorrentes da sucumbência na ordem de
20%, nos termos do art. 85 do CPC;

f) Protesta provar o alegado, se necessário, por todo os tipos


de provas admitidas em direito, sem exceção de nenhuma
espécie, especialmente pelo depoimento pessoal do
representante legal do requerido, oitiva de testemunhas,
perícias e outras que se fizerem necessárias;

g) Requer que todas as publicações sejam feitas em nome de


sua advogada, que a esta subscreve, sob pena de
nulidade.

Dá-se a causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),


para efeitos fiscais.

Termos em que,
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Pede e espera deferimento.

São Paulo, 02 de agosto de 2023.

Maria Roseneide da Silva

OAB/SP 437659

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