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EXMO (A). SR (A). DR (A).

JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE MURIAÉ –


MG

FULANA, brasileira, viúva, aposentada, inscrita no CPF/MF sob o n.º ... e no


RG sob o n.º ...., com filiação de ....,residente e domiciliada na ....., por suas bastante
procuradoras, por meio de instrumento de procuração em anexo, conforme disposto no
art.39, I do CPC, vem perante Vossa Excelência, respeitosamente, com fulcro nos art. 5º, X da
CF, e ainda na Lei 8.078/90, art. 43, § 1.º, o CDC, bem como o disposto no art.186 e 927,
ambos do CC/02, propor a presente
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
em face ao CICLANO, ENDEREÇO, pelos fatos e argumentos que passa a expor:

I – DO ESTATUTO DO IDOSO – DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO


Diante do disposto na Lei nº 10.741, de 1º de Outubro de 2003 – Estatuto
do Idoso – precisamente em seus artigos 69 a 71, em consonância com a cópia da Carteira de
Identidade do requerente, comprovando a data de nascimento em 19 de setembro de 1947,
anexada aos autos, vem a autora solicitar a Prioridade na tramitação do processo e
procedimentos judiciais, dentre outros, referida no artigo 71, parágrafo 1º do referido

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estatuto, provada e comprovada a idade da autora que se encontra atualmente com 66
(sessenta e seis) anos.

II - DOS FATOS
A Autora é funcionária pública aposentada e recebia seus proventos
através do Banco requerido. Em 1997, contraiu uma dívida no valor de aproximadamente
R$1.000,00 (hum mil reais) relativo a um empréstimo pessoal, com a instituição financeira
intitulada Fináustria Companhia de Crédito, Financiamento e Investimento, que foi
posteriormente adquirida em 2003 pelo Banco ITAUCRED Financiamentos S/A, motivo pelo
qual a cobrança hoje, depois de quase 16 anos é feita em nome da referida instituição
bancária.
Posteriormente, a autora enfrentou diversos problemas de saúde,
inclusive em sua visão, tendo que passar por várias cirurgias, situação que se arrastou por
muito tempo, ficando a requerente, após, cega do olho direito, conforme laudo médico em
anexo, que resultou em sua aposentadoria por invalidez, nos termos do art. 40, § 1º, da CF/88,
conforme publicação no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro de 02/10/2007 que também
se encontra acostado aos autos.

Transcorrido esse prazo, alguns meses após a realização das cirurgias, a


autora mesmo passando por dificuldades financeiras, pois ainda estava afastada de seu
trabalho, procurou a ré para tentar quitar a dívida, mas foi surpreendida com o fato do
montante estar em mais de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), valor esse exorbitante em
função do acréscimo de juros abusivos e correção monetária, tornando a dívida assim
impagável.
Preocupada em quitar o empréstimo, tendo em vista que a autora sempre
cumpriu com suas obrigações, a mesma sempre buscava solucionar a questão, mas, todavia a

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quitação da dívida se tornou impossível, pois aliado ao excesso do valor da quantia, sempre era
negado um novo empréstimo com o banco réu.
Passados mais de 16 anos, a Autora começou a receber cobranças
referentes a esse empréstimo, sendo que a primeira proposta de quitação de dívida
apresentada foi no valor de R$ 29.429,84 (vinte e nove mil, quatrocentos e vinte e nove reais e
oitenta e quatro centavos), e a segunda no valor de R$ 23.018,49 (vinte e três mil, dezoito reais
e quarenta e nove centavos), conforme documentos anexados.
Logo após, passados alguns meses, recebeu outra proposta de liquidação
de dívida à vista, cujo número constante do contrato é 901000959830804, de “Cessão
Financeira”, oferecendo à Autora um desconto exorbitante. O saldo devedor que era
anteriormente de R$23.018,49 (vinte e três mil reais, dezoito reais e quarenta e nove
centavos), de acordo com a última proposta, cairia para apenas R$920,74 (novecentos e vinte
reais e setenta e quatro centavos), com data de vencimento para o dia 13/09/2013, tendo a
Ré concedido assim, um abatimento de R$ 22.097,75 (vinte e dois mil, noventa e sete reais e
setenta e cinco reais), ou seja, aproximadamente 96% do valor cobrado anteriormente.
Cabe ressaltar que a Autora vinha recebendo inúmeras mensagens via
postal, sendo que nas datas de 19/08/2013 e 30/08/2013 recebeu inclusive mensagens via
celular, para que entrasse em contato com um Advogado de nome Dr. Azevedo, pelos
telefones 0800-888-1103 ou (11)3513-0606, para resolver tal situação, ou do contrário seu CPF
seria ajuizado.
Tal situação se arrastou por meses, deixando a requerente desorientada,
em virtude das incessantes cobranças com valores vultosos e todo o aborrecimento que tem
suportado, e desde então a mesma vive à base de remédio para atenuar o stress que tem sido
submetida, o que só fez piorar seu estado de saúde.
Apavorada e atormentada com o valor da dívida cobrada, procedeu a
ligação para o telefone que lhe fora disponibilizado, tendo ciência sobre o que se tratava, ou

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seja, que a dívida era de fato referente ao empréstimo contraído no ano de 1997 e que a
Autora teria que saldá-la até a data de vencimento do boleto enviado, em 13/09/2013.
Não tendo condição para saldar a suposta dívida, a autora sem outra
alternativa, procurou a agência da ré, localizada nesta Comarca, para realizar um empréstimo
para adimplir com seu saldo devedor, mas foi surpreendida com a informação de que este não
poderia ser efetuado, em virtude da restrição cadastral interna em nome da requerente, em
função de uma dívida contraída no ano de 1997, cuja pretensão atualmente já está prescrita, o
que lhe causou grandes transtornos.
Porém as mensagens continuaram sendo enviadas e entrando em contato
desta vez com a Central de Atendimento do Banco ITAU, a requerente foi informada que seu
nome estava no banco de dados da instituição, ou seja, na lista negra do referido banco e que
a quitação da dívida era condição para o restabelecimento do seu relacionamento com a
instituição.
Diante do exposto, fica claro que a Autora foi vítima da chamada
“Restrição Cadastral Interna”, prática que comumente vem sendo utilizada de forma abusiva
pelos bancos e instituições financeiras impedindo o cliente de usufruir benefícios, tais como:
direito a financiamentos e concessões de créditos, mantendo seu nome no cadastro de
inadimplentes por período superior aquele previsto em lei, art. 206, § 5º, CC.
Ora Excelência, é importante salientar que na proposta de liquidação de
dívida enviada pelo banco réu, anexada aos autos, deixa claro que caso a autora pagasse,
mesmo que indevidamente, por tal dívida, o seu limite de crédito não seria reestabelecido, o
que só comprova a má-fé da instituição bancária.
Atualmente, as restrições internas bancárias afrontam claramente os
direitos do consumidor e até mesmo a Constituição Federal, pois mesmo que a dívida seja
paga parcialmente nos moldes impostos pela instituição financeira, esta ainda assim
restringe indefinitivamente o crédito ao consumidor, desrespeitando o princípio da

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dignidade da pessoa humana e a proibição de penas perpétuas, nos moldes do art. 5 º, XLVII,
“b”, da Carta Magna.
Diante das infrutíferas tentativas administrativas de resolver a lide, o
Banco Itaú, assim agindo, que ora figura como réu, descumpriu frontalmente o Código Civil, o
Estatuto do Idoso (lei 10741/03) e o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), não
deixando alternativa à requerente, senão a de ajuizar a presente ação.

III- DO DIREITO
O presente caso denota a existência de uma modalidade, atualmente
praticada pelos bancos e instituições financeiras e um tanto quanto ainda desconhecida da
maioria da população, que é a prática da “restrição cadastral interna”,utilizada por aqueles que
trabalham diretamente como fomentadores do crédito.
É mais do que natural que o credor queira saber da idoneidade de seus
clientes, só assim poderá minimizar os riscos de uma concessão mal feita. O problema surge,
entretanto, quando esse histórico negativo é utilizado como justificativa para a reprovação de
uma nova concessão de crédito, em período superior àquele em que o banco poderia manter o
nome do cliente registrado nos órgãos de proteção, de acordo com o art. 43, §1º, CDC.
Tal modalidade de restrição não oferece oportunidade de regularização ao
cliente, pois o seu nome ou CPF não ficam registrados nos órgãos de proteção ao crédito
(SPC/SERASA), por isso dificilmente o consumidor tomará conhecimento de sua existência,
uma vez que, se nunca voltar a se relacionar com aquela empresa, jamais poderá se defender e
buscar seus direitos.
Acerca dessa matéria, a Constituição da República Federativa do Brasil, foi
muito clara ao dispor, em seu Art. 5º, X, consagrando "in verbis":

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"X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação."
Quando há uma restrição de crédito de um cliente, por parte de uma
instituição financeira, sob a alegação de que o comportamento de crédito deste não foi
satisfatório,ainda que quitadas as suas dívidas, tem-se clara infringência do artigo ora
mencionado, cabendo ao consumidor procurar fazer valer as leis que regem o assunto,
sobretudo a Constituição Federal e o Código de Defesa do Consumidor.
O Código Consumerista, por sua vez, disciplina a matéria referente ao
prazo de permanência dos dados do consumidor inseridos nos órgãos de proteção ao crédito,
e assim o fez em seu artigo 43, §1º, do CDC, como se vê abaixo:
“§1º Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros,
verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter
informações negativas referentes a período superior a cinco anos...”
Percebe-se que a lei trata de forma geral todos os possíveis cadastros,
aglutinando inclusive, aqueles chamados de “restrição interna”, estendendo para tanto, o
prazo que têm as instituições financeiras em manter o nome dos clientes em bancos
restritivos, sendo o mesmo de cinco anos. Após esse período, qualquer negativa de acesso ao
crédito sob esse fundamento, constitui ofensa aos princípios basilares da Constituição da
República e ao Código de Defesa do Consumidor.
No caso em análise, é evidente que há a efetiva obrigação de reparar o
dano moral suportado pela Autora, vez que, essa vem passando por constrangimentos e
aborrecimentos junto ao Banco réu, ora credor principalmente no que tange à concessão de
crédito e ou financiamentos, oportunidades essas que foram negadas.
Vale ressaltar que atualmente a Autora sequer consegue realizar consulta
de crédito nos terminais eletrônicos do banco, aparecendo sempre a mesma mensagem na
tela, de que a mesma deve procurar a gerência para regularização da conta.

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A ratificar essa argumentação, adveio a decisão da Terceira Turma do
Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), que segue na íntegra em anexo, em Ação
Civil Pública impetrada pelo Ministério Público Federal, processo de nº 2006.81.00.019124-1
(AC 454533 CE), que em síntese elenca:
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIREITO DO
CONSUMIDOR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
UTILIZAÇÃO, NA ANÁLISE DE RISCO PARA A CONCESSÃO DE CRÉDITO, DE
INFORMAÇÕES NEGATIVAS DE CONSUMIDORES EXISTENTES HÁ MAIS DE
CINCO ANOS. IMPOSSIBILIDADE.VEDAÇÃO PREVISTA NO ART. 43, § 1º,
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INEXISTÊNCIA DE
OMISSÕES/CONTRADIÇÕES. REEXAME DA CAUSA. PREQUESTIONAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE.1. No tocante ao marco temporal a partir do qual se
iniciará a contagem do prazo de cinco anos referido no § 1º do art. 43 do
Código de Defesa do Consumidor -CDC, embora não tenha sido
expressamente consignado no aresto, deduz-se do próprio teor do julgado,
e como consequência lógica, que é a partir do requerimento de
empréstimo formulado por cada cliente, quando será feita a análise do
risco para a concessão do crédito, pela instituição bancária,
independentemente de a dívida estar ou não prescrita.2. Isto porque,
conforme destacado no aresto, permitir que as instituições financeiras se
pautem em informações negativas sobre a capacidade financeira dos
Consumidores, sem restringir a análise desses dados a um dado marco
temporal, afrontaria o princípio da razoabilidade, porquanto a anotação
de inadimplência de um cliente poderia prejudicá-lo por toda a
existência, revelando-se mais consentâneo com o princípio da
proporcionalidade, adotar-se o limite de cinco anos fixado no Código de
Defesa do Consumidor -CDC.3. O fato de a CEF dever abster-se de incluir

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nessa análise, informações negativas sobre o cliente, inseridas há mais de
5 (cinco) anos nos seus sistemas internos, não obsta que a mesma efetue a
cobrança, pela vias pertinentes, das dívidas não prescritas.4. Toante à
asserção de que o aresto teria deixado de abordar as consequências no
tocante ao direito da Caixa de atuar em igualdade de condições de
concorrência com as demais instituições financeiras presentes no
mercado, consoante a previsão posta nos artigos 170 e 173 da Carta
Magna vigente, bem como que teria sido contraditório em relação ao
disposto no art. 39, IX do Código de Defesa do Consumidor -CDC, e
restringido a autonomia privada da instituição bancária, e sua liberdade de
contratar inserta no art. 421 do Código Civil de 2002, impondo-lhe uma
pactuação que não lhe interessaria e que lhe seria prejudicial, igualmente
não merece êxito.5. Não há vício no Acórdão, que está que está
devidamente fundamentado, não importando em omissão/contradição o
não acolhimento da tese esposada pela Parte.6. O juiz ou o Tribunal não
está obrigado a examinar todos os argumentos jurídicos trazidos pelas
partes, ou a invocação desta ou daquela regra ou princípio jurídico,
podendo deixar de analisar alguns quando a apreciação dos demais render
ensejo à formação do convencimento do julgador; situação em que deve
ser prestigiado o princípio Jura NovitCuria -o Juiz conhece o Direito.7.
Pretensão de que a matéria seja reexaminada, o que não é admitido nas
vias exíguas dos Embargos de Declaração, mas, apenas, por meio dos
'recursos extremos', o Especial e/ou o Extraordinário.8. Os Embargos de
Declaração são cabíveis, apenas, das decisões onde houver obscuridade ou
contradição no acórdão, ou omissão de algum ponto sobre o qual deveria
o Órgão julgador pronunciar-se; quando isso não se configura, não há
como acolher-se o recurso, nem mesmo para fins de prequestionamento.

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Embargos de Declaração improvidos. ACÓRDÃOVistos, relatados e
discutidos os presentes autos, em que são partes as acima
identificadas.Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, por unanimidade, negar provimento aos Embargos de Declaração,
nos termos do relatório, voto do Desembargador Relator e notas
taquigráficas constantes nos autos, que passam a integrar o presente
julgado.Recife (PE), 25 de outubro de 2012 (data do
julgamento).Desembargador Federal Geraldo ApolianoRelator.
Ora Excelência, o caso em tela é de tanta relevância e tamanha afronta aos
princípios constitucionais e consumeristas, que até o Ministério Público Federal propôs Ação
Civil Pública em face da Caixa Econômica Federal, fazendo jus às suas prerrogativas, nos
termos do art. 129, III, CF:
Art. 129, CF – São funções instituições do Ministério Público:
III - Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos.
O acórdão determinou “que qualquer informação negativa de correntistas
inseridas em cadastro ou banco de dados interno antes desse prazo não pode ser usada na
concessão de empréstimos e financiamentos.”
A decisão ora relacionada é válida para todo o Brasil e tem como base o
Código de Defesa do Consumidor. O Ministério Público Federal alega nos autos mencionados
que essa norma tem como objetivo impedir que o consumidor fosse eternamente punido por
fatos antigos, o que configura pena de caráter perpétuo, proibida pela Constituição Federal.
Por sua vez, o TRF-5 defende que: “a decisão não prejudica os riscos de negócio da Caixa,
porque a instituição pode continuar a avaliar o perfil, a renda e o endividamento do cliente,
desde que não sejam considerados dados de mais de cinco anos”.

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Não resta a menor dúvida de que essa decisão servirá como fundamento
para outras ações que versem sobre a restrição cadastral interna, abrindo precedentes para
que outras instituições de créditos se abstenham da utilização desse mecanismo covarde e
rancoroso em face de seus clientes.
A punição nesses casos deve ser objetiva atendendo aos princípios da
legalidade e obedecendo aqueles emanados da Constituição Federal. Entender que o banco
pode indefinidamente restringir o crédito ao consumidor é afrontar o artigo 5º, XLVII, b, que
proíbe a pena de caráter perpétuo.
No que tange ao dano moral, previu a legislação pátria o presente
procedimento legal específico para buscar o ressarcimento aos lesados (in casu a Autora)
indenizando-a a título de dano moral.
Aliado à legislação ordinária (novo Código Civil, artigos 186 e 927), o dano
moral ganhou foro de constitucionalidade:
"...é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem". (art.5º, x da cf/88).
O ordenamento jurídico brasileiro reconhece a responsabilidade objetiva,
a qual existe sem depender da culpa do agente. Basta o nexo causal entre a ação ou omissão
do agente e o dano causado. Essa responsabilidade objetiva sempre deve constar do texto da
lei, constitucional ou infraconstitucional.
A responsabilidade objetiva sustenta a obrigação de ressarcir o dano,
independentemente da comprovação da culpa. Assim, estando presentes os requisitos que
legitimam a propositura da ação, têm-se a necessidade do dever de indenizar.
Nas palavras de Sílvio Rodrigues, citando o conceito de dano moral na
definição de Wilson Mello de Silva, percebe-se que é o conjunto de “lesões sofridas pelo
sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se por
patrimônio ideal, em contraposição a patrimônio material, o conjunto de tudo aquilo que não
seja suscetível de valor econômico”.

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Além disso, com advento da Lei 10405/02, novo Código Civil, o dano moral
foi finalmente consagrado em uma legislação infraconstitucional, no momento em que os
legisladores introduziram de forma expressa e cogente a viabilidade da reparação de atos
ilícitos que ocasionem dano moral, como podemos extrair do texto de seu art. 186:
“Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Os doutrinadores Luiz Antônio Rizzato Nunes e Mirella D’Angelo Caldeira
conceituam dano, in verbis:
“... o dano moral é aquele que afeta a paz interior de uma pessoa,
atingindo-lhe o sentimento, o decoro, o ego, a honra, enfim, tudo o que
não tem valor econômico, mas que lhe causa dor e sofrimento. É, pois, a
dor física e/ou psicológica sentida pelo indivíduo” (in, O dano moral e sua
interpretação jurisprudencial. São Paulo: Saraiva, 1999).
Portanto, enraizada no sistema normativo pátrio e na própria Carta Política
do País, a indenização por dano moral tem-se por certo ser indenizável qualquer “lesão injusta
a componentes do complexo de valores protegidos pelo Direito”, conforme prelecionado por
Carlos Alberto Bittar, in Reparação Civil por danos morais. 3ª ed. Ed. RT. P. 18, considerando-se
a necessidade natural da vida em sociedade, de forma a conferir guarida ao desenvolvimento
pleno e normal de todos os aspectos de cada ente personalizado.
Lado outro, o silogismo da reparabilidade do dano moral tem como
premissa básica a noção de dignidade humana e a clara delineação dos direitos da
personalidade, conforme assegurados pela Constituição Federal.

IV - DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA


A lei nº 1.060/50 é bastante clara ao afirmar em seu artigo 4º que:

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“A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na
própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família”.
De fato, não importa se a autora possui patrimônio, rendimentos, se
constitui advogado particular ou se está em absoluta miséria, para que seja beneficiário da
Justiça gratuita. Mister se faz, que no momento, não possua condições de arcar com as custas
e os honorários, sem prejuízo próprio ou de sua família.
Assim sendo, pode e requer que se digne V. Exa. a conceder as benesses
da Justiça Gratuita in casu, no sentido de dispensar o pagamento de quaisquer custas e
emolumentos no curso do procedimento, consoante os ditames da Lei nº 1.060/50 e o artigo
5º, da Carta Magna brasileira.

V - DOS PEDIDOS
Face ao exposto, requer à Vossa Excelência, o que segue:
a) A citação da instituição financeira requerida no endereço constante no preâmbulo via
CORREIO conforme estabelece o art. 221, inciso I do CPC, para que apresente a defesa
que tiver sob pena de revelia e confissão;
b) A inversão do ônus probante, conforme lhe é assegurado pelo diploma legal aplicável à
espécie, qual seja, Lei 8.078/90, em seu art. 6º, VIII, Código de Defesa do Consumidor;
c) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos da declaração anexada nos
autos;
d) Após os procedimentos de estilo, seja julgada procedente a presente ação em todos os
seus termos, para condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais no
valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) acrescidos de juros e correção monetária tudo
devidamente corrigido até a data do efetivo pagamento ou em outro valor a ser
arbitrado por Vossa Excelência, desde que, DATA MÁXIMA VENIA, leve-se em

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consideração o caráter punitivo e pedagógico da indenização, bem como as condições
financeiras da empresa ré;
e) Que seja assegurada prioridade na tramitação da presente ação, conforme preconizado
no artigo 71 da lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso);

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito,


especialmente depoimento pessoal do representante legal do requerido, sob pena de
confissão, prova documental, testemunhal que serão oportunamente arroladas e demais
meios que se fizerem necessários.

Dá-se a presente causa o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data.

Advogado
OAB

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