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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ ª VARA

CÍVEL DA (OU DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL) COMARCA DE


XXXXXXXXX ESTADO DO XXXXXXXX.

(Ação revisional de contrato bancário de empréstimo consignado cujo objetivo


é reduzir o valor de mútuo, haja vista na Hipótese fática, ultrapassar a margem
consignável de 30% estabelecido em lei.)

FULANA DE TAL, nacionalidade, estado civil (união


estável [1]), profissão, inscrito no CPF sob nº 000.000.000-00, portador do RG
nº 000000 SSP/DF, endereço eletrônico nome@gmail.com, residente e
domiciliado à Rua..., filho de Fulano de Tal e Beltrana de Tal (exigência
TJDFT), por intermédio de seu advogado subscrito, com endereço profissional
à rua... E endereço eletrônico advogado@adv.com.br, vem respeitosamente
perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 319 e seguintes do Código de
Processo Civil – Lei 13.105/2015, ajuizar a presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE BANCÁRIO DE EMPRÉSTIMO


CONSIGNADO (DESCONTO EM FOLHA)

em face de BANCO ______________, pessoa jurídica _______________,


inscrita no CNPJ sob o nº _______________, sito na Rua __________, nº
_______, Centro, ____________, SP, CEP ___________, pelos fatos e
argumentos que passa a aduzir:

DOS FATOS

A autora é funcionária pública _________, laborando


no ___________________________ e, recebe seus vencimentos através do
banco réu, na agência ______, conta corrente _____________, no endereço
acima apontado.
Devido a problemas financeiros, contraiu em
meados do ano ___________, um financiamento na modalidade BB
Consignação em Folha, o qual se demonstra da juntada do incluso histórico de
empréstimos e informes de rendimentos.

Consoante seu informe de rendimentos do ano de


_________, a dívida total remontava à quantia de _____________, já
computados os juros e encargos contratuais.

Tal crédito se mostrou oneroso e a autora buscou o


réu com vistas a tentar uma negociação que tornasse possível o adimplemento
da dívida, mormente pelo fato de que por desempenhar cargo em comissão,
não poderia possuir apontamentos desabonadores junto aos cadastros de
proteção ao crédito.

Dessa feita, a negociação que teria o condão de


tornar a dívida exequível, acabou por crescer de maneira exponencial, sendo
que mesmo com o pagamento da quantia de _____________, o saldo residual
permaneceu em ________________.

Nesta toada, no ano de ______, a autora que já


havia pago _____________, ainda detinha um saldo devedor em aberto no
aporte de ________________.

A dívida, conforme se depreende da tabela anexa,


mesmo com os pagamentos vultosos de ________________________-, ao
término do ano de __________, remontava ______________, consoante
informe de rendimentos anexo.

A autora, que se viu refém de uma situação


completamente absurda, de enriquecimento imoral por parte do banco réu, foi
compelida pelo réu a proceder nova renegociação de sua dívida, a qual está
consubstanciada pelos contratos descritos no incluso Extrato de Empréstimos.
Os referidos contratos dos quais ora acostamos
cópias, numa atitude desumana e predatória do banco réu, atingiram a
exorbitante soma de 72,64% de seu único rendimento salarial, comprometendo
de forma inexorável seu sustento e de sua família.

Os descontos em folha de pagamento e débitos em


sua conta salário são ora demonstrados e oriundos das parcelas relativas a
______________ de empréstimo vigentes, contraídos, na tentativa de dar
cumprimento aos abusivos encargos que compõem o fornecimento dos
créditos, oferecidos de forma “facilitada” pelo réu.

As parcelas, que somam atualmente um total de


_____________ (______________) de desconto automático mensal (valor da
soma dos descontos de junho/2016), são oriundas dos empréstimos creditados
através dos contratos abaixo relacionados:

(RELACIONAR AQUI TODOS OS CONTRATOS, VALOR TOTAL, VALOR DE


PARCELAS, E PRAZO PARA SEU TÉRMINO.)

Portanto, a soma dos valores obtidos através dos


contratos de fornecimento de crédito corresponde a R$ ______________
(______________), os quais, diga-se de passagem, já contam com encargos e
juros cumulados decorrentes dos refinanciamento, somam-se agora um total de
R$ _______________ (__________________), dos quais R$
_______________ (_________________) já foram pagos, restando pendentes,
R$ _____________ (__________________).

Considerando que a autora percebe como líquido


(sem o desconto do consignado) o salário no valor de R$ ____________
(_________________), o valor da soma das parcelas dos contratos vigentes,
correspondente a R$ ______________ (______________________-) equivale
a 72,64% (setenta e dois vírgula sessenta e quatro por cento) de se único
rendimento.
A situação chegou ao limite, extrapolando o
razoável, ficando a autora ao total desamparo, razão porque recorre ao Poder
Judiciário, com vistas à obtenção da tutela jurisdicional.

DO DIREITO

I – DA TUTELA DE URGÊNCIA

A tutela de urgência ora pleiteada encontra guarida


na expressa dicção do artigo 300, do Novo CPC, que diz:

“ Art. 300. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.” (gn).

A situação narrada pela autora, bem como a


necessidade de adequação dos descontos em folha de pagamento e conta
corrente, limitando-os ao percentual de 30% (trinta por cento) é imperativa, sob
pena de perecimento da autora e sua família, que ora encontram-se privadas
do básico para o sustento.

Tal fato, é claro, justifica a limitação dos descontos,


o que é entendimento predominante na jurisprudência dos nossos Tribunais,
inclusive no Superior Tribunal de Justiça.

Com efeito, inegável que os descontos efetuados


podem comprometem a subsistência da autora, uma vez que consomem
parcela significativa do que recebe a título de salário, sendo razoável a sua
redução, conforme pleiteado.

Do contrário, haverá flagrante desrespeito aos


princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, bem como do artigo
7º, inciso X, da Carta Magna, que prevê a proteção salarial.
Este tem sido o entendimento jurisprudencial,
inclusive no E. Superior Tribunal de Justiça:

“Trata-se de recurso especial (...), fundamentado no


artigo 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição
Federal, manejado em face de acórdão proferido
pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Nas
razões do especial, alega a parte recorrente,
violação dos artigos 187 e 944 do CC, 535 e 649, IV,
do CPC, 6º, IV e V, 14, 51, I e IV, do CDC e à
Súmula 297/STJ e dissídio jurisprudencial.(...) Com
efeito, no que pertine ao desconto em folha, a
decisão proferida pelo Tribunal a quo, ao limitar em
30% (trinta por cento) os descontos decorrentes de
empréstimo bancário efetuados na conta-corrente do
ora recorrente, está em consonância com o
posicionamento firmado por este Egrégio Tribunal,
no sentido de não se admitir que a instituição
financeira se aproprie integralmente do salário do
cliente depositado em sua conta corrente, com o
objetivo de solver a dívida decorrente do contrato de
empréstimo, ainda que exista previsão contratual
para tanto. Isso porque, tais verbas, por terem nítido
caráter alimentar, não podem sofrer qualquer tipo de
constrição” (STJ, Resp 1.227.376-PR
(2010/0218179-1), 3ª-T., j. Em 7.2.2011, Rel. O Min.
VASCO DELLA GIUSTINA).

É, também, o entendimento do Egrégio TJSP:

“AÇÃO REVISIONAL Contrato de Financiamento -


Desconto em folha de pagamento - Pretensão de
reforma da sentença que limitou o desconto de
parcelas de empréstimo consignado em folha de
pagamento e por meio de débito em conta corrente
em importância equivalente a 30% do salário líquido
do autor - Descabimento - Hipótese em que a
amortização do mútuo bancário, com a retenção de
salário do apelado, atinge patamares que prejudicam
a própria subsistência do mutuário e de sua família,
o que não pode ser admitido - Total do desconto que
deve se limitar a trinta por cento do valor da
remuneração percebida pelo mutuário Recurso
Desprovido” (TJSP, Apel. Nº 0004190-
77.2009.8.26.0038, 13ª Câmara de Dir. Priv., v. U., j.
16.3.2011, Rel. A Desª. ANA DE LOURDES
COUTINHO SILVA).

“APELAÇÃO Autora Ação de Obrigação de não


fazer c. C. Reparação moral - Mútuo bancário -
Desconto automático da conta corrente em que o
Apelante recebe seus vencimentos – Cláusula
autorizadora - Desconto da totalidade dos
vencimentos – Abusividade da conduta - Ato ilícito
Descontos não podem exceder a 30% (trinta por
cento) do valor líquido do salário recebido - Analogia
à Lei 10.820/03, que regula o empréstimo
consignado em folha de pagamento - Limitação dos
descontos e imposição de multa por
descumprimento (art. 461, §§ 4º e 5º, CPC)- Dano
moral configurado - Sentença reformada. Recurso
parcialmente provido.” (TJSP, Apel. nº
990.10.556599-9, 37ª Câmara de Direito Privado, v.
U., j. 17.3.2011, Rel. O Des. Tasso Duarte de Melo).

Imperioso observar que a Lei nº 10.820/2003, em


seu artigo 2º, inciso I, estabelece uma limitação para os descontos
consignados em um percentual máximo de 30% (trinta por cento) sobre o total
da remuneração líquida dos empregados regidos pela CLT, pois descontos
superiores a tal margem comprometeriam a sobrevivência do tomador dos
empréstimos.

Logo, reputa-se razoável o pedido da concessão da


tutela de urgência para que tais descontos não excedam a 30% dos
vencimentos líquidos da devedora.

II – DA NECESSIDADE DA REVISÃO /
ADEQUAÇÃO DOS CONTRATOS

Por decorrência lógica, e em homenagem aos


princípios constitucionais acima elencados, há de ser procedida a revisão dos
contratos em apreço, de modo a limitar os descontos na forma prevista em lei.
Concernente à limitação de 30% dos rendimentos
líquidos, já se manifestou o E. Tribunal de Justiça de São Paulo, senão
vejamos:

“CONTRATO BANCÁRIO. Empréstimos. Desconto


em conta corrente-salário. Apropriação do numerário
existente na conta do cliente para pagamento das
parcelas. Inadmissibilidade. Limitação a 30% dos
rendimentos líquidos. Recurso parcialmente
provido. Os descontos de empréstimos na folha
de pagamento são limitados ao percentual de
30% (trinta por cento) em razão da natureza
alimentar dos vencimentos e do princípio da
razoabilidade. (TJ-SP - APL:
00055209320118260344 SP 0005520-
93.2011.8.26.0344, Relator: Gilberto dos Santos,
Data de Julgamento: 24/04/2015, 11ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 24/04/2015).”
[g. N.].

“APELAÇÃO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


– CONTRATO DE EMPRÉSTIMOS – LIMITAÇÃO
DOS DESCONTOS NA FOLHA DE PAGAMENTO
DO APELANTE E NA SUA CONTA CORRENTE EM
QUE RECEBE SEU SALÁRIO EM 30% (TRINTA
POR CENTO) DE SEUS VENCIMENTOS. Os
descontos em valores superiores a 30% dos
vencimentos do Apelado mostram-se
excessivos, visto o caráter alimentar da verba
recebida. Ademais, embora o Apelado tenha
anuído com consignação das parcelas em
valores superiores a 30% de sua verba salarial,
deve ser observada a limitação do percentual
prevista na Lei Federal nº 10.820/2003.
Precedentes do STJ e desta Câmara. Também
não há que se falar na aplicação do Decreto
Estadual nº 51.314/2006, a fim de justificar a
possibilidade de limitação dos descontos no
percentual de 50% (cinquenta por cento) dos
vencimentos do Apelado, isto porque, é de se balizar
a questão pelo Princípio da Razoabilidade com base
na Lei Federal nº 10.820/2003, sendo certo que o
desconto de valor excessivo fere a Dignidade da
Pessoa Humana. – RECURSO IMPROVIDO NESTE
PONTO. [...]. (TJ-SP - APL:
10104036520158260008 SP 1010403-
65.2015.8.26.0008, Relator: Eduardo Siqueira, Data
de Julgamento: 16/12/2015, 38ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 17/12/2015).” [g. N.].

Na mesma esteira, têm-se o entendimento esposado


pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, posto que, em atenção aos
Princípios da Razoabilidade e da Dignidade da Pessoa Humana, fixou o
entendimento de que os descontos de valores realizados de forma consignada
em folha de pagamento de salário, aposentadoria e pensão ou diretamente na
conta bancária em que o indivíduo recebe seus proventos ou benefícios
previdenciários devem ser limitados em 30% (trinta por cento), por força do
caráter alimentar que envolve a verba em questão.

Neste sentido, destaco os seguintes julgados:

“BANCO. Cobrança. Apropriação de depósitos do


devedor. O banco não pode apropriar-se da
integralidade dos depósitos feitos a título de
salários, na conta do seu cliente, para cobrar-se
de débito decorrente de contrato bancário, ainda
que para isso haja cláusula permissiva no
contrato de adesão. Recurso conhecido e provido.”
(STJ REsp. 492.777-RS, Rel. Ministro RUY
ROSADO DE AGUIAR, J. 05/06/2003, DJ de
01.09.2003, p. 298).” [g. N.].

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.


DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO.
LIMITE DE 30% (TRINTA POR CENTO) DOS
VENCIMENTOS. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. Os descontos na folha de
pagamento de servidor público devem ser
limitados a 30% (trinta por cento) de sua
remuneração, em função do princípio da
razoabilidade e do caráter alimentar dos
vencimentos. Precedentes. 2. Agravo Regimental
do BANCO SANTANDER desprovido. (STJ; AgRg
no REsp 979.442/MS, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 09/06/2015, DJe 19/06/2015).” [g. N.].

“AGRAVO REGIMENTAL NO ARESP.


EMPRÉSTIMO BANCÁRIO. DESCONTO EM
CONTA CORRENTE DE PERCENTUAL LIMITADO
A 30% DOS VENCIMENTOS DO CORRENTISTA.
POSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência desta Casa
consolidou-se em admitir que os descontos de
empréstimos em conta corrente devem ser
limitados a 30% da remuneração, tendo em vista
o caráter alimentar dos vencimentos.
Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STJ; AgRg no AREsp 314.901/SP, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 24/06/2015).”
[g. N.]

Não menos importante, consoante se extrai de


trecho consignado no julgado da Apelação nº 0005520-93.2011.8.26.0344,
prolatado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, o cliente não pode sujeitar-se
à um regime de escravidão, haja vista a natureza social do contrato:

“O simples fato de a cliente ter firmado o contrato e


autorizado os débitos não pode bastar para tornar a
situação imutável. Já é tempo de ser entendido que
a expressão “pacta sunt servanda” não mais tem o
significado que se lhe emprestam os Bancos, pois o
contrato não mais serve à escravidão, porém à
libertação da pessoa humana. Como dispõem a
Constituição Federal e o Código Civil, o contrato só
se justifica “em razão e nos limites da função social”,
donde o princípio da força obrigatória jamais pode
superar o da justiça contratual.

Afinal, no mundo atual qualquer contrato tem


importância para toda a sociedade, donde o que prepondera já não é o
relacionamento entre as partes contratantes, mas os reflexos do negócio
jurídico no meio social. Portanto, acima de tudo devem imperar a dignidade
humana, o solidarismo e a função social do contrato.” [g. N.].

Logo, sendo os descontos das prestações de


contratos bancários em folha e débito em conta corrente, é nítida sua forma
privilegiada de cobrança e, ainda que haja no contrato cláusula que autorize a
instituição debitar automaticamente as prestações na conta corrente, tal
cobrança deve sofrer revisão assim que o devedor se insurge contra ela.
De fato, embora seja válida a cláusula que autoriza o
desconto em folha de pagamento e, por conseguinte, na conta corrente onde
creditados os salários, o certo é que ao devedor é preciso garantir condições
para sobrevivência. A jurisprudência tem sido bastante firme em tal sentido:

“A jurisprudência desta Corte tem se firmado no


sentido de que os empréstimos com desconto
em folha de pagamento (consignação
facultativa/voluntária) devem limitar-se a 30%
(trinta por cento) dos vencimentos do
trabalhador, ante a natureza alimentar do salário
e do princípio da razoabilidade.” (STJ - AgRg no
REsp 1455715 / SC, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, J. 11/11/2014, DJe 21/11/2014)

“É válida a cláusula que autoriza o desconto em


folha de pagamento da prestação de empréstimo
contratado, desde que não ultrapasse o limite de
30% do salário bruto do devedor, excluídos os
valores relativos ao imposto de renda e fundo
previdenciário.” (STJ - AgRg no RMS 30821 / RS,
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, J. 17/12/2013, DJe
04/02/2014).” [g. N.].

Por conseguinte, os descontos em valores


superiores a 30% dos vencimentos da autora mostram-se excessivos, visto o
caráter alimentar da verba recebida e devem ser limitados. Ademais, embora a
Autora tenha anuído com consignação das parcelas em valores superiores a
30% de sua verba salarial, deve ser observada limitação prevista na Lei
Federal nº 10.820/2003.

Nesse viés, destaco os seguintes julgados da 38º


Câmara de Direito Privado do TJSP:

“AÇÃO REVISIONAL C. C. REPARAÇÃO POR


DANOS MORAIS. CONTRATOS DE
EMPRÉSTIMOS. SERVIDORA PÚBLICA
ESTADUAL APOSENTADA. Vários contratos que
estabelecem descontos das prestações em
conta corrente na qual a autora recebe seus
proventos de aposentadoria. Legitimidade dos
descontos, porém limitados a 30% dos
vencimentos líquidos. Percentual que garante a
dignidade e a subsistência da devedora.
Inteligência ao art. 2º, inciso I, da Lei nº
10.820/03. Honorários Advocatícios que não
comportam redução. Sentença mantida. Recurso
não provido. (TJSP, Apelação nº 1004571-
21.2014.8.26.0482, 38ª Câmara de Direito Privado,
Rel. Des. FERNANDO SASTRE REDONDO, J.
26/11/2014). [g. N.].

Empréstimo mediante débito das parcelas em conta


corrente destinada ao recebimento de vencimentos. Limite de desconto
mensal de 30% da remuneração disponível Obediência à Lei 10.820/03,
art. 1.º, § 1.º e § 2.º e art. 6.º, § 5.º, regulamentada pelo Decreto 4.840/03,
art. 3.º, I Ônus exclusivo da instituição financeira pela verificação e a
fiscalização da preexistência de outras operações de natureza idêntica,
porventura impedientes da renovação ou da concessão de novos
financiamentos. Limitação legítima perante o direito positivo devido à
natureza alimentar da verba, indispensável à sobrevivência digna. Recurso
não provido. (TJSP, Apelação nº 1008760-19.2014.8.26.0037, 38ª Câmara de
Direito Privado, Rel. Juiz CÉSAR PEIXOTO, J. 11/03/2015).” [g. N.].

Assim, conforme restou demonstrado nos


documentos acostados, atualmente o Banco réu retém 72,64% (ver sobre o
percentual do seu caso) do total dos vencimentos da autora, o que inviabiliza o
mínimo necessário à sua sobrevivência e de sua família.

Não se pode olvidar que as instituições financeiras,


cuja finalidade principal é a obtenção de lucro, concedem sucessivos
empréstimos, não se acautelando quanto à capacidade de pagamento do
consumidor, colocando-o em desvantagem exagerada, ou seja, incompatíveis
com a boa-fé e equidade.

Nessa hipótese, a limitação dos descontos a 30%


(trinta por cento) do salário encontra amparo na Jurisprudência vigente,
conforme inúmeros julgados aqui avocados, bem assim, na Lei Federal nº
10.820/2003.
Destarte, ainda que a autora tenha celebrado os
contratos com o Banco réu no afã de socorrer-se, é certo que as instituições
financeiras possuem a obrigação de verificar a capacidade de endividamento
de seus clientes antes de autorizar empréstimos, sobretudo com descontos
automáticos em conta corrente ou na própria folha de pagamento.

Assim, deve ser rechaçada de plano a conduta das


instituições financeiras de se apropriarem de considerável parte dos recursos
da remuneração de seus consumidores para se reembolsarem dos
empréstimos concedidos, sem que se faça um rigoroso controle sobre a saúde
financeira de seus clientes. O consumidor, parte hipossuficiente na relação tem
que ser preservado de descontos que comprometam a proteção
constitucionalmente assegurada ao seu salário, bem como sua própria
sobrevivência, em violação ao princípio da dignidade da pessoa humana.

Ademais, não se controverte que o Banco réu tem


pleno conhecimento do salário auferido pela autora, vez que este é depositado
em conta corrente do próprio Banco, o qual mantêm convenio com o Estado de
São Paulo.

Porém, apenas a limitação dos descontos no


patamar acima apontado não sana a injustiça e imoralidade das cobranças
extorsivas de juros e encargos, os quais se mostram abusivos e contrários à
boa fé e ao sistema consumerista.

Aqui não se discute a aplicação ou não da limitação


dos juros legais em 12% ao ano, mas, a incidência de juros compostos a cada
renovação de empréstimo, o que fez com que o montante da dívida se tornasse
impagável.

As tabelas acostadas dão a exata proporção de que


a dívida inicial contratada já foi adimplida em valores muito superiores, mas, a
capitalização dos juros e encargos é uma forma de manter cativo, quase
escravo, o consumidor, o que não pode ser tolerado pelos primados básicos de
direito, mormente da legislação de defesa do consumidor.

Destarte, requer ainda, seja realizada a revisão dos


contratos, de forma a expurgar a incidência de juros sobre juros, por ocasião de
cada refinanciamento, posto que já estavam comtemplados inicialmente, sendo
verdadeiro enriquecimento sem causa do réu.

DOS PEDIDOS

Posto isto, é a presente para requerer:

a) Seja concedida a tutela de urgência pleiteada,


limitando os descontos na forma pretendida, até o deslinde do feito;

b) A citação do réu na pessoa de seu representante


legal, para que, querendo, apresente a defesa no prazo legal, sob pena de
sujeitar-se à revelia e confissão sobre a matéria de fato;

c) Seja deferido o benefício da justiça gratuita a


autora, por declarar-se pobre na acepção jurídica do termo, juntando inclusive,
declaração de hipossuficiência;

d) A apresentação dos contratos pelo banco réu, sob


pena de não o fazendo seja aplicada a inversão do ônus da prova, na forma do
artigo 6º, VIII, da Lei 8.078/90;

e) A revisão dos valores dos contratos, expurgando-


se a cobrança composta dos juros a cada financiamento;

f) A limitação dos descontos a serem procedidos em


folha de pagamento / conta corrente, no patamar de 30% dos vencimentos
líquidos da autora;
g) Requer a PROCEDÊNCIA TOTAL de todos os
pleitos, tornando definitiva a tutela de urgência, bem como, condenando o réu
ao pagamento de custas, despesas processuais, honorários sucumbenciais e
demais cominações de estilo;

h) Requer provar o alegado por todos os meios em


direito admitidos, sem exclusão de nenhum, mormente pela oitiva das partes e
testemunhas, perícias técnicas e contábeis, juntada de novos documentos e
demais que se mostrarem necessárias para o deslinde do feito.

Dá-se ao presente o valor de R$ XX.XXX,XX


Termos em que,

Pede deferimento.

Local e Data.

NOME DO ADVOGADO

OAB/XX XXX. XXX

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