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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL DE

CAMPO GRANDE DA COMARCA DA CAPITAL / RJ

COSME HENRIQUE DOS SANTOS, casado, Guarda


Municipal, portadora da cédula de identidade nº 070454632, inscrito no CPF sob o nº
000.517.407-45, usuário do e-mail: azulao67@gmail.com e telefone (21) 98019-
0932, residente e domiciliado na Rua Paulino de Almeida, Nº 60, Bloco 8, Ap. 201,
Campo Grande Rio de Janeiro-RJ, CEP 23017-230, vem propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c


INDENIZATÓRIA

pelo rito comum, em face de FINANCEIRA ALFA S.A - CFI, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 17.167.412/0001-13, com sede na
Alameda Santos, Nº 466, Cerqueira César, São Paulo/SP. CEP 01418-000, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas.

DOS FATOS

O autor comprou um veículo com a empresa Barra Car Auto LTDA.


Sendo financiado pela parte ré. No dia 27/01/2023, dando com entrada um valor R$
30.000,00; e financiando o restante do valor do fato gerador. Parcelando em 60x de
R$ 1.357,23. Com vencimento no dia 27 dos respectivos meses, sendo contra a sua
vontade. Pois, no momento da venda, o autor pediu para que fosse fixado no
momento da aquisição, a alteração do dia de vencimento nos dias 03 dos respectivos
meses.
No momento da compra, o autor questionou sobre a possível alteração
do vencimento. Tendo resposta que seria possível fazer a mudança do vencimento.
Uma vez que o autor percebe sua onerosidade nos dias 03 de todos meses. Algo que
não aconteceu com facilidade. Pois, o autor entrou em contato com a ré e teve que
aguardar alguns meses para fazer a modificação, efetuando pagamentos de algumas
parcelas com juros.
Tendo a alteração efetivada no dia 5 de julho de 2023, tendo um acordo
entre as partes de que as mensalidades teriam vencimento no dia 03 de todos meses
subsequentes.
Fato é que a parte ré, faz a cobrança de mensalidades atrasadas
acompanhado dos valores futuros, não restando possibilidade do autor efetivar o
pagamento de maneira separada. Tendo que arcar com as cobranças duplicadas.
Restando para o autor, responsabilidade dobrada. Quando não se tem a possibilidade
de pagar uma fatura de cada vez.
Não tendo outra solução, restando o recurso judicial.

DOS FUNDAMENTOS

Da relação de consumo

De início, cumpre salientar que o Código de Defesa do


Consumidor consagrou a Teoria Finalista para caracterização da condição de
consumidor. Por tal teoria, todo aquele, pessoa física ou jurídica, que adquire produto
ou serviço como usuário final fático e econômico, deve ser considerado consumidor.

O Autor é o destinatário final fático e econômico, eis que


não há lucratividade para o mesmo na utilização dos serviços contratados.

Assim, a relação jurídica travada entre Autor e Ré tem


natureza consumerista, na qual aquela figura como consumidora nos termos do art. 2º
do CDC, enquanto esta se apresenta como fornecedora nos moldes do art. 3º do CDC.

Desta forma, atrai-se para a presente lide todo arcabouço


protetivo ao consumidor, em especial a inversão do ônus da prova ope legis (art. 14, §
3º, CDC) em razão dos danos oriundos de falhas na prestação do serviço, sem
prejuízo da inversão ope judicis (art. 6º, VIII, CDC).

Da inexistência do débito

Ressalte-se que a Autora confiou na solidez e


credibilidade do Réu, estabelecendo relação jurídica calcada no princípio da
confiança, o qual foi exterminado pela atitude do Réu. Ao se portar da maneira
relatada, a conduta do Réu ofende diretamente o princípio da boa-fé objetiva,
faltando com o dever anexo de lealdade para com a Autora, cobrando-o duas vezes
pelo mesmo valor.

Não se pode deixar de observar também que milita em


favor da Autora, consumidora, o princípio vulnerabilidade, perante o Réu, empresa
sólida e com anos de mercado. A vantagem econômica, técnica, informacional e
operacional do Réu é muito superior às forças do Autor.
Por estas e outras razões, andou bem o constituinte de
consagrar a proteção do consumidor como um direito fundamental (art. 5º, XXXII,
CRFB/88), ganhando status de norma de eficácia supralegal, conferindo assim maior
efetividade a um dos fundamentos primordiais da República, a dignidade da pessoa
humana (art. 1º, III, CFRB/88), visto que todos são consumidores.

Isso posto, a Autora necessita que seja realizado o


cancelamento das cobranças por serem indevidas, uma vez que ela não solicitou as
mesmas.

Da Lei Geral de Proteção de Dados

Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente poderá ser


realizado nas seguintes hipóteses:
I - mediante o fornecimento de consentimento pelo titular;

Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º desta Lei deverá ser fornecido por
escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular.
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse deverá constar de cláusula
destacada das demais cláusulas contratuais.

Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às informações sobre o tratamento de seus
dados, que deverão ser disponibilizadas de forma clara, adequada e ostensiva acerca de, entre
outras características previstas em regulamentação para o atendimento do princípio do livre
acesso:

Do dano moral

A efetiva reparação dos danos sofridos pelo consumidor é


um direito básico previsto no Diploma Consumerista, incluindo-se expressamente o
dano moral. Os danos morais sofridos em decorrência da prestação de serviço
defeituoso configuram fato do serviço, imputando ao Réu responsabilidade objetiva
de reparação do dano, nos termos do art. 14, caput e § 3º, CDC.
A definição do quantum indenizatório é outro ponto que
merece atenção. O Réu é um fornecedor de atuação nacional, amplamente conhecido
e que registra vultuosa receita anual. Não ensejaria a pacificação social, fim último do
direito, a fixação de indenização em valor inexpressivo, por não atender nem ao
caráter punitivo tampouco ao pedagógico.

Pelo exposto, configura-se o dano moral indenizável


reconhecido por esta corte, entendendo-se por compensação razoável o valor de R$
5.000,00.

Da tutela de urgência

A Autora demonstra a probabilidade do direito por meio


da verossimilhança de suas alegações, do protocolo de atendimento e dos extratos da
conta corrente em questão. Todo o aparato probatório possível de ser trazido pela
Autora foi disponibilizado ao juízo, se desincumbindo com folga do seu ônus
probatório.

Ressalte-se que a concessão da tutela ora pretendida em


nada põe em risco eventual direito do Réu, banco sólido e extremamente lucrativo,
eis que se ao final do processo esta for revogada, poderá utilizar dos meios
processuais para perseguir o crédito.

Destarte, reunidos os requisitos elencados no art. 300 do


CPC, urge a intervenção do juízo em cognição sumária para conceder tutela
antecipada de urgência, obrigando o Réu a retirar o nome do Autor em cadastro
negativo.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, pede e requer a V. Exa:

a) LIMINARMENTE, que o Banco réu se abstenha de


realizar cobranças de faturas não vencidas, sob pena de multa diária de R$ 200,00
(duzentos reais);
b) A declaração de inexistência de débito referente as
faturas mensais, uma vez que se encontra em dia;

c) A condenação do Réu ao pagamento de


R$5.000,00(cinco mil reais) a título de danos morais;

DAS PROVAS

Para provar o alegado, requer a utilização de todos os


meios admitidos em direito, na amplitude do art. 369 do CPC, sem prejuízo da
inversão do ônus da prova aplicável ao caso.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à presente o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)

Nesses termos.
Solicita-se deferimento.

Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2023.

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Termo de Responsabilidade
ESTOU CIENTE de que, antes de protocolar esta inicial, deverei anexar a este formulário cópias
de minha carteira de identidade, CPF, comprovante de residência (serviços contínuos) atual,
nota fiscal ou comprovante de pagamento, bem como dos protocolos de reclamação ou
comprovante de reclamações administrativas (PROCON, ALERJ, etc), caso as tenha
formulado, a fim de que o magistrado possa avaliar adequadamente a existência e/ou extensão dos
danos morais requeridos, sob pena de possível extinção ou improcedência dos pedidos formulados.
ESTOU CIENTE de que deverei comparecer à primeira audiência, que será de conciliação, na data
e no horário que tomarei conhecimento no ato da distribuição da petição inicial, sob pena de ser
condenado a pagar custas judiciais e que qualquer mudança de endereço deverá ser comunicada ao
cartório para onde foi distribuída a ação, estando ciente de que, não havendo acordo entre as partes,
no mesmo dia o juiz poderá ouvir o autor, o réu, as TESTEMUNHAS, sendo este o último momento
que terei para apresentar TODAS as provas que pretendo produzir;

ESTOU CIENTE de que o atendimento realizado no presente núcleo se destina aos reclamantes
que desejam ingressar com ação junto aos Juizados Especiais Cíveis, SEM A ASSISTÊNCIA DE
UM ADVOGADO, conforme prerrogativa conferida pela lei e que, se julgar necessário, deverei me
informar com antecedência junto ao cartório competente sobre como devo proceder para obter
assistência de um advogado dativo ou da Defensoria Pública, na falta deste.

ESTOU CIENTE de que o dano material requerido não se presume ou se estima, sendo necessário
trazer todos os documentos que comprovem a perda, e que o dano moral é de caráter subjetivo,
sendo cada caso apreciado pelo juiz, que, por todas as provas anexadas ao processo concederá
aquilo que achar justo.

ESTOU CIENTE de que terei que acompanhar o processo no cartório para onde foi distribuída a
ação ou ainda pela internet no endereço WWW.TJ.RJ.JUS.BR, para me informar sobre o
andamento do processo.

ESTOU CIENTE de que fui atendido no Núcleo de Primeiro Atendimento, que os advogados
estagiários não se vincula a esse processo, e não mais poderão peticionar ou orientar a respeito do
mesmo devendo, caso necessite, procurar o defensor público ou advogado dativo. Estou ciente de
que posso o não receber o que foi pedido e que não há garantia de êxito na ação.

DECLARO QUE LI A PETIÇÃO INICIAL, que se encontra de acordo com os fatos que narrei, e
que não tenho dúvidas quanto ao seu conteúdo estando o pedido de acordo com a minha vontade,
ficando ciente ainda de que é de minha inteira responsabilidade da presente reclamação.

Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2023.

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