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Em face de BANCO BRADESCO, inscrita no CNPJ sob o nº 60.746.948/0001-12, com sede no Núcleo
Cidade de Deus, s/n, Vila Yara, Osasco/SP, CEP 06029-900, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:
Inicialmente, o Autor vem requerer a Vossa Excelência, que se digne em conceder o benefício da
justiça gratuita, visto que declara para os devidos fins, e sob as penas da lei, que não possui condições de
arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família.
Conforme disposto no art 4º da Lei nº 1.060/50 que: “A parte gozará dos benefícios da Assistência
Judiciária mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as
custas do processo (...)”.
DOS FATOS
DO DIREITO
A Constituição Federal nos arts. 5º, XXXII e 170, V determinou a proteção do consumidor e a elevou a
categoria de direito fundamental e princípio a ser obedecido no referente à estabilidade da ordem econômica,
cabendo ao Estado promover a defesa do consumidor.
A relação jurídica existente entre as partes em questão é de consumo, e, por isso, o banco réu, como
fornecedor de serviços, responde objetivamente pelos danos sofridos pelo consumidor, com fundamento no
art. 14 do CDC que dispões: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
Diante dos elementos constantes nos autos, restam suficientemente demonstrados a ilicitude da
conduta do Réu, e o dano causado ao Autor, além do nexo de causalidade entre ambos, impondo-se o dever
de indenizar.
Da violação ao código de defesa do consumidor
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A modalidade de empréstimo consignado via contração de cartão de crédito com reserva de margem
consignável (RCM) é marcada por abusividade, vez que o Réu, deliberadamente, impõe ao Autor o
pagamento mínimo da fatura mensal, o que para ele é vantajoso, já que enseja a aplicação, por muito mais
tempo, de juros e demais encargos contratuais, sem data final de pagamento.
Nesse diapasão, o CDC considera tal situação abusiva, in verbis:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas
I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de
seu termo inicial a seu exclusivo critério.
Ao tecer comentário acerca do inciso I do art. 39, a Professora Cláudia Lima Marques:
Tanto o CDC como a Lei Antitruste proíbem que o fornecedor se prevaleça de sua
superioridade econômica ou técnica para determinar condições negociais desfavoráveis ao
consumidor. Assim, proíbe o art. 39, em seu inciso I, a prática da chamada venda “casada”,
que significa condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro
produto ou serviço. O inciso ainda proíbe condicionar o fornecimento, sem justa causa, a
limites quantitativos. A jurisprudência assentou que a prática de venda casada não pode ser
tolerada, pois apenas os limites quantitativos é que podem ser valorados como justificados
ou com justa causa.
A despeito dos incisos V e XII do art. 39, restam violados porquanto o Réu já exigiu do Autor, quantia
muito superior à contratada, sem estipular data de início e fim para pagamento das parcelas. Evidente essa
abusividade flagrante dispensa ensinamentos doutrinários.
O Autor, diante da necessidade, apenas buscou contrair um empréstimo consignado, mas como dito,
restou ludibriado, por práticas abusivas e sórdidas cometidas pelo Réu. A jurisprudência já apreciou milhares
de casos assim:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TOGADO DE ORIGEM QUE JULGA
IMPROCEDENTES OS PEDIDOS DEDUZIDOS NA EXORDIAL. IRRESIGNAÇÃO DA
AUTORA. […] CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC). DESCONTOS REALIZADOS DIRETAMENTE DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DA REQUERENTE, PESSOA HIPOSSUFICIENTE E COM PARCOS
RECURSOS. CONTEXTO PROBATÓRIO QUE INDICA QUE A AUTORA PRETENDIA
FORMALIZAR APENAS CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. INEXISTÊNCIA DE
DECLARAÇÃO DE VONTADE QUANTO À CELEBRAÇÃO DE AJUSTE DE CARTÃO DE
CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO À UTILIZAÇÃO DO CARTÃO DE CRÉDITO E
TAMPOUCO DO SEU ENVIO PARA O ENDEREÇO DA CONSUMIDORA. PRÁTICA
ABUSIVA CONFIGURADA. INTELIGÊNCIA DO ART. 39, INCISOS I, III E IV DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES DESTE AREÓPAGO. SENTENÇA
REFORMADA. […] (Apelação Cível n. 0300073-36.2018.8.24.0029, Rel. Des. José Carlos
Carstens Köhler, j. em 26/6/2018).
Convêm pôr em relevo, que o Réu afigura à contração de cartão de crédito com reserva de margem
consignável (RCM) como sendo um empréstimo consignado normal, quando de fato, não é! Registre-se que a
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publicidade enganosa é definida pelo CDC como:
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de
induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
[…]
3º Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de
informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
Logo, vez que não se tem dúvida de que a intenção do Autor, era a de simples empréstimo
consignado, a de contratação de cartão de crédito com reserva de margem consignável (RCM) se mostra
abusiva, e, portanto, nula, nos termos do art. 51, IV, e § 1º, III, do CDC:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e
conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
Resta mencionar, que o Réu trata a contração de cartão de crédito com reserva de margem
consignável (RCM) como sendo um Termo de Adesão. Pois bem, o § 3º do art. 54 do CDC dispõe:
§3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres
ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a
facilitar sua compreensão pelo consumidor.
Clarividente é a violação ao CDC praticada pelo Réu, porquanto o referido termo de adesão, sequer
expressa o número de parcelas; data de início e de término das prestações.
Outra constante na realização do contrato de cartão de crédito com reserva de margem consignável –
RMC é a ausência de informações mínimas acerca da data de início e de término das parcelas referentes à
obtenção do empréstimo e das taxas de juros aplicadas ao contrato, o que viola o disposto pelo Código de
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Defesa do Consumidor em seu art. 52:
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou
concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos,
informá-lo previa e adequadamente sobre:
I – preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II – montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
III – acréscimos legalmente previstos;
IV – número e periodicidade das prestações;
V – soma total a pagar, com e sem financiamento.
No termo de adesão assinado pelo Autor, não constam informações quanto à data de início e de
término das parcelas, percentual de juros, nem tampouco valor total de pagamento em razão do acréscimo de
juros. E se assim o é, deve incidir a regra disposta no art. 46 do CDC:
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores,
se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se
os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu
sentido e alcance.
Não obstante, jamais foi enviado qualquer cartão de crédito ao endereço do Autor, tampouco as
faturas destinadas à amortização do saldo devedor que sobejasse após o descontado mensal sobre o seu
subsídio.
Evidente, pois, que o contrato sob análise afronta direitos básicos do Autor como consumidor, em
especial por estabelecer desvantagem manifestamente excessiva, em clara violação ao dever de informação
insculpido no art. 52 do CDC. Impõe-se, então, reconhecer a nulidade do negócio jurídico em questão, com o
consequente retorno das partes ao seu status quo ante.
O final do artigo supra demonstra a necessidade em que um negócio jurídico para ser anulado por
dolo faz-se necessário que este elemento tenha sido sua causa. No caso em questão, o Autor, com certeza,
não teria aceitado um contrato tão adverso, se não fosse levado a cometer tal erro, por isso, vale destacar
também o artigo 147 do Código Civil:
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito
de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se
que sem ela o negócio não se teria celebrado.
O CDC, em seu art. 6º prevê ser um dos direitos básicos do Consumidor a prestação que as
informações sobre o produto ou serviço devam ser adequadas e claras, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos
que apresentarem, além de proteção contra práticas e cláusulas abusivas no fornecimento de produtos e
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serviços.
No caso em comento, restou evidenciado que o Autor não possuía informação clara sobre o serviço
que estava adquirindo. Não sabia que aquele contrato de crédito consignado que acreditava estar assinando,
era na verdade um contrato de cartão de crédito com reserva de margem consignável (RCM), IMPAGÁVEL.
Não sabia ele, igualmente, que a parcela debitada mensalmente em seus contracheques era apenas
uma forma de adimplemento mínimo, incapaz de amortizar a dívida original, em flagrante violação à
publicidade enganosa e falta de informação.
Vale ressaltar que a prática abusiva e ilegal difundiu-se, atingindo escala significativa de aposentados
e pensionistas, tendo como consequência o ajuizamento de inúmeras ações, inclusive visando tutelar o direito
dos consumidores coletivamente considerados, a fim de reconhecer a nulidade dessa modalidade de
desconto via “RMC”.
A jurisprudência firmada em ocasião do julgamento supra foi a seguinte:
[…] DEMANDA OBJETIVANDO A DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONTRATAÇÃO
DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO POR MEIO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA
DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) – ACIONADO QUE DEFENDEU A LEGALIDADE DOS
DESCONTOS EFETUADOS NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA AUTORA – ATO
ILÍCITO CONFIGURADO – DEDUÇÃO A TÍTULO DE CONSIGNAÇÃO VIA CARTÃO DE
CRÉDITO JAMAIS UTILIZADO PELA CONSUMIDORA – PRÁTICA ABUSIVA – VASTO
CONJUNTO PROBATÓRIO A DERRUIR A TESE DEFENSIVA – EXTRATOS QUE
EVIDENCIAM A AUSÊNCIA DE ABATIMENTO DO MONTANTE DO MÚTUO –
INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 6º, III, E 39, V, DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR – POSSIBILIDADE DE READEQUAÇÃO DA AVENÇA CONVENCIONADA
PARA A MODALIDADE INICIALMENTE PRETENDIDA, QUAL SEJA, DE EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO PURO E SIMPLES – RECLAMO PROVIDO NO CAPÍTULO. A prática
abusiva e ilegal de contrair modalidade de empréstimo avesso ao objeto inicialmente
pactuado é conduta infensa ao direito, sobretudo quando a instituição financeira, ao difundir
seu serviço, adota medida anômala ao desvirtuar o contrato de mútuo simples consignado,
modulando a operação via cartão de crédito com reserva de margem. Ao regular seus
negócios sob tal ótica, subverte a conduta que dá esteio as relações jurídicas, incidindo em
verdadeira ofensa aos princípios da transparência e da boa fé contratual, situando o
consumidor em clara desvantagem, provocando, por mais das vezes, a cobrança de valores
reconhecidamente descabidos e infundados, gerando toda sorte de injusto endividamento.
Na hipótese, constata-se devidamente demonstrada a consignação ilegal da reserva de
margem consignável (RMC) em cartão de crédito jamais utilizado pela demandante. Assim,
em observância à pretensão expressamente externada na exordial, determina-se a
readequação da contratação para a modalidade inicialmente pretendida, qual seja, de
empréstimo consignado puro e simples. […] (TJSC, Apelação Cível n. 0301292-
89.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Des. Robson Luz Varella, Segunda Câmara de Direito
Comercial, j. 20-11-2018).
Quando a Instituição Financeira omite que o valor descontado no contracheque é insuficiente para
amortizar a dívida, incorre com propaganda enganosa, induzindo o cliente a erro, uma atitude claramente
criminosa nos termos do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva.
Pena: Detenção de três meses a um ano e multa.
Portanto, a desvirtuação do contrato de empréstimo buscado pelo Autor para um cartão de crédito
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com reserva de margem consignável (RCM), implica em ofensa aos princípios da transparência e da boa-fé,
além de caracterizar abusividade, colocando o consumidor em franca desvantagem ao gerar um
endividamento sem termo final, e portanto, é nulo.
A inversão do ônus probatório é medida prevista no art. 6º, inciso VIII do Código de Defesa do
Consumidor, a qual determina que se o consumidor foi hipossuficiente perante o fornecedor, a inversão do
ônus da prova é medida que impera, a fim de facilitar a defesa dos direitos consumeristas.
Em análise aos fatos e às provas documentais, percebe-se a existência de cobrança indevida que
está sendo realizada pelo banco ora réu. Com relação a isto, elucida o artigo 42, parágrafo único do CDC,
que “o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro
do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável”.
DO DANO MORAL
Quanto ao dano moral, o mesmo ficou configurado, pois os fatos, por certo, causaram ao autor
aborrecimentos que superam os do cotidiano, sendo desta forma, passíveis de reparação. Segundo a
doutrina, o dano moral afeta diretamente o indivíduo e a sociedade em seu funcionamento. O foco atingido é
o foro íntimo do lesado, sua honra, sua imagem, em síntese, os mais nobres valores humanos.
“... deve ser reputado como dano moral, a dor, o vexame, sofrimento ou humilhação que,
fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-
lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar... Se assim não se entender, acabaremos por
banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais
aborrecimentos”.
Tendo-se em vista os fatos acima narrados, convém salientar que o autor não pode, por atitude de má
fé do réu, continuar a suportar esta situação desproporcional onde em função do indevido desconto tem o seu
patrimônio ceifado indevidamente pelo réu. Isto posto, torna-se necessário pleitear ainda, o julgamento
antecipado da lide nos moldes do art. 355, inciso I do NCPC, ante a desnecessidade de produção de provas
em audiência.
Tem-se que, o julgamento antecipado da lide, decorrida a contestação do Réu, não causa o
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cerceamento de defesa, posto que todos os documentos necessários para compreensão dos fatos e
julgamentos do processo acompanham a presente petição inicial.
Isso porque, o art. 355, inciso I do NCPC autoriza o juiz a julgar o mérito de forma antecipada, quando
não houver necessidade de fazer-se prova em audiência. Mesmo quando a matéria objeto da causa for de
fato, o julgamento antecipado é permitido se o fato for daqueles que não precisam ser provados em
audiência, como, por exemplo, os notórios, os incontroversos, etc.
Dessa forma, presente todo o conjunto probatório necessário ao desfecho da demanda, e deferida a
inversão do ônus da prova para que o Réu junte:
I- O saldo devedor do Autor;
II- Prova de desbloqueio, de uso e as próprias faturas do suposto cartão de crédito; e
III- A prova de envio das faturas e do próprio cartão ao Autor,
Requer-se o julgamento antecipado da lide nos moldes do art.355, inciso I do NCPC.
In casu, a probabilidade do direito resta evidenciada porquanto o Autor já adimpliu o valor inicialmente
contratado. Já o perigo de dano, exsurge no risco a subsistência do Autor com a continuidade dos descontos
em seu contracheque, vez que não há, no termo de adesão, data de início e fim para o pagamento, muito
menos, o número de parcelas que ainda restam.
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina já decidiu que os descontos relativos à reserva de margem
consignável são incompatíveis com o empréstimo consignado e merecem ser suspensos de início:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO CUMULADA COM
PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL. TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA DEFERIDA NA ORIGEM.
INSURGÊNCIA DO BANCO. MÉRITO. TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA.
PROBABILIDADE DO DIREITO E PERIGO DE DEMORA DEMONSTRADOS NA ORIGEM
VERIFICADOS. PRETENSÃO DE CONTRATA EMPRÉSTIMO BANCÁRIO QUE RESULTOU
EM CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL.
DESVIRTUAMENTO DA PRETENSÃO OBRIGACIONAL. PRESSUPOSTOS DO ARTIGO
300 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL SATISFEITOS. MULTA DIÁRIA FIXADA PARA
OBRIGAÇÃO DE FAZER. LEGALIDADE ESTAMPADA NOS ARTIGOS 497 E 537 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E NO ARTIGO 84 DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC,
Agravo de Instrumento n. 4013678-60.2018.8.24.0900, de Laguna, rel. Des. Guilherme
Nunes Born, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. 23-08-2018).
DOS PEDIDOS
Que seja designada audiência de conciliação ou mediação na forma do previsto no artigo 319 do CPC;
A citação do Requerido no endereço supra declinado para que compareça em audiência de conciliação,
instrução e julgamento, a ser oportunamente designada;
Caso não haja conciliação, apresente a defesa, bem como, que seja intimado a trazer aos autos, (i) o saldo
devedor do Autor; (ii) prova de desbloqueio, de uso e as próprias faturas do suposto cartão de crédito; e, (iii) a
prova de envio das faturas e do próprio cartão de crédito ao Autor, sob pena de revelia e de se presumirem
verdadeiros os fatos articulados na inaugural;
O reconhecimento da relação consumerista, com a consequente inversão do ônus da prova, nos termos do
art. 6º, VIII, do CDC;
Requer e aguarda, que seja julgada procedente a presente demanda, declarando a conduta dolosa, com a
consequente condenação do demandado PARA RECONHECER A INEXISTÊNCIA DA DÍVIDA UMA VEZ QUE O
REFERIDO DÉBITO JÁ FOI ADINPLIDO, ASSIM COMO PARA IDENIZAR O SUPLICANTE PELOS DANOS
MORAIS NO VALOR DE CEM VEZES O DESCONTADO EM SEU CONTRACHEQUE EQUIVALENTE A R$,
acrescidos de juros legais, bem como custas processuais e honorários advocatícios sobre o valor da condenação,
tudo conforme dispõe os arts. 82 e 84 do Código de Processo Civil.
Por fim, REQUER A PROCEDÊNCIA TOTAL DOS PEDIDOS, declarando nula a contratação do termo de
adesão de cartão de crédito com reserva de margem consignável (RCM) com a consequente inexistência de
débito, confirmando eventual tutela provisória concedida, e ainda, condenar o Réu à restituição em dobro e ao
pagamento de danos morais.
O Requerente pretende provar o alegado por todos os meios em direito permitidos, sem exclusão de nenhum,
e em especial pela juntada de documentos, renunciando, desde já, rol de testemunhas tendo em vista se tratar de
matéria de direito.
Termos em que,
Pede deferimento.