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AO JUIZO DO 4ª VARA CÍVEL DA REGIONAL DA BARRA DA TIJUCA – RJ

PROCESSO Nº: 0801469-95.2023.8.19.0209

GRACIANO DE OLIVEIRA SOUZA já qualificado nos autos do processo em


epígrafe vem, pelo seu advogado in fine assinado, apresentar sua

RÉPLICA
Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

DO MÉRITO
A parte autora não quer se isentar da responsabilidade frente à instituição
financeira, assim, contratou o empréstimo em questão. O que causa indignação, é que a
parte Ré absurdamente, em flagrante abuso utilizou-se da operação de cartão de crédito
com a consequente consignação das parcelas para o suposto pagamento da dívida.
A diferença é que o empréstimo consignado possui um número fixo de parcelas
e o saque no cartão de crédito constitui uma dívida eterna a ser descontada diretamente
da conta bancária do consumidor
O autor buscando contratar empréstimo consignado recebeu o valor de R$
23.079,95 em índex 42871219, sendo iludido a acreditar estar contratando empréstimo,
porém foi surpreendido ao descobrir ATRAVÉS DA CONTESTAÇÃO ter contratado
um suposto cartão de crédito atrelado ao empréstimo, seguido de desconto mensal em
sua conta bancária com a instituição ré em valores exorbitantes e sem fundamento legal.
Ademais, a parte autora está sofrendo um DUPLO desconto, pois conforme
verifica-se em índex 42871216, os descontos do empréstimo são feitos diretamente no
contracheque da parte autora, e o valor remanescente do salário ao ser creditado na
CONTA CORRENTE da parte ré, era efetuado NOVOS descontos.
Há de se observar também que em relação ao saques realizados, conforme
apontado pela parte Ré, cumpre esclarecer que a parte Autora realizou saques de valores
do seu beneficio, E CABE ESCLARECER QUE O CARTÃO QUE A PARTE
AUTORA DETÉM NÃO É DE CRÉDITO, conforme cartão em anexo, bem como
informação de CONTA CORRENTE no extrato:
Certo é que a prática das instituições financeiras de contratarem saques
vinculados a cartão de crédito ao invés de empréstimos consignados tem-se tornado
comum. A diferença é que o empréstimo consignado possui um número fixo de parcelas
e já o saque no cartão de crédito, não há prefixação de parcelas, pois o dito "saldo
remanescente" nunca se extingue, mesmo que o valor mínimo - que, diga-se, sempre foi
descontado do contracheque autoral como parcelas de um empréstimo consignado —
sempre sejam pagos mediante o desconto em folha de pagamento do cliente.
Cumpre ainda esclarecer que o contrato juntado pela parte Ré, comprovam
claramente as alegações feitas pela parte Autora em sua Inicial, ressaltando que o
contrato não contém informações claras e precisas a respeito do suposto cartão de
crédito consignado, de maneira a facilitar a compreensão da parte Autora, ora
consumidora, tendo em vista que o mesmo apenas informa o valor das prestação que é
feita diretamente no INSS.
Insta salientar que não esclarece que os DÉBITOS NA CONTA CORRENTE
seriam de cartão de crédito, e não de empréstimo consignado, não traz qualquer
informação capaz de facilitar a compreensão do consumidor, o que deve ser analisado
pelo Poder Judiciário de forma mais benéfica para consumidor hipossuficiente, a fim de
equilibrar as cláusulas do instrumento pactuado.
A financeira vende o serviço como sendo contrato de empréstimo consignado
regular, mas não explica a forma de pagamento, ou seja, para a regular quitação do
empréstimo, o servidor teria que pagar valor maior que o mínimo já descontado em folha
Tal prática é eminentemente abusiva, pois “se mostra excessivamente onerosa
para o consumidor, considerando-se a natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu
objeto ou equilíbrio contratual.” (art. 51, §1º, III, do Código de Defesa do Consumidor).
A jurisprudência atual tem coibido práticas abusivas e ilícitas como esta:
Apelação Cível nº. 0186763-82.2015.8.19.0001 -
VIGÉSIMA SEGUNDA CAMARA CIVE-DES.
MARCELO LIMA BUHATEM – AÇÃO DE
COBRANÇA CUMULADA COM INDENIZATÓRIA
POR DANOS MORAIS – EMPRÉSTIMO
CONSIGNADORELAÇÃO DE CONSUMO-
SERVIÇOS BANCÁRIOS BANCO RÉU QUE IMPÕE
A CONTRATAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO,
CUJO PAGAMENTO MÍNIMO ERA
DESCONTADO MENSALMENTE NO
CONTRACHEQUE DO AUTOROFENSA A BOA FÉ
OBJETIVA- ABUSIVIDADE MANIFESTA-
DESCONTO MENSAL DO PAGAMENTO MÍNIMO
DO CARTÃO DE CRÉDITO QUE RESULTARIA NA
PERPETUAÇÃO DA DÍVIDA, REPRESENTANDO
EXCESSIVA VANTAGEM PARA A INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA EM DETRIMENTO DO
CONSUMIDOR DANO MORAL CARACTERIZADO
IN RE IPSADANO MORAL CONFIGURADO –
IRRECORRÍVEL PELO AUTOR - FIXAÇÃO EM R$
5.000,00 QUE ATENDE AOS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE –
SUA MANUTENÇÃO – SENTENÇA QUE SE
MANTÉM – NEGA-SE PROVIMENTO AO
RECURSO.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C
DANOS MORAIS. RELAÇÃO DE CONSUMO.
BANCO AGIBANK S/A. Autora que intentou
celebrar com a instituição financeira Ré contrato de
empréstimo consignado. Todavia, o Banco réu
realizou uma contratação de empréstimo vinculado
a cartão de crédito, com descontos mensais em seus
vencimentos que, na verdade, dizia respeito a valor
de pagamento mínimo do cartão. Alegação autoral de
falha na prestação do serviço. Dívida que cresce
exponencialmente devido à alta taxa de juros que não
se aplicam a empréstimos consignados. Sentença de
improcedência. Irresignação da Autora pretendendo
a reforma integral da sentença. Conduta do Banco
réu que afronta o princípio da boa-fé objetiva, bem
como o dever de informação e transparência.
Utilização esporádica do cartão de crédito que não
ilide a abusividade da conduta do Banco. Contrato
objeto da lide que deixa de mencionar o número de
parcelas, bem como o valor que a Autora iria pagar,
denotando a conduta abusiva do Réu ao colocar a
Autora em evidente e exagerada desvantagem que
deve ser afastada, por configurar ofensa ao princípio
da boa-fé e ao equilíbrio contratual. A ausência de
previsão acerca do encerramento do contrato de
mútuo demonstra a intenção do Banco réu, em
evidente má-fé, de eternizar o débito contraído pela
Autora. Isso porque, restou claro que os descontos
mensais previstos não seriam capazes de quitar o
saldo do devedor do empréstimo, haja vista os
encargos próprios de cartão de crédito a aumentar
desenfreadamente a dívida, possibilitando vantagem
excessiva à instituição financeira Ré. Cabível a
restituição dos valores indevidamente cobrados na
forma simples, eis que não comprovada a má-fé na
cobrança indevida do contrato. Dano moral
configurado. Verba indenizatória fixada em R$
3.000,00 (três mil reais) levando-se em conta os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade e
bem assim a jurisprudência desta Corte.
Cancelamento do cartão de crédito. Reforma da
sentença, para julgar procedente o pedido inicial.
PROVIMENTO DO RECURSO. (0001344-
29.2018.8.19.0083 - APELAÇÃO. Des(a). ANDREA
MACIEL PACHA - Julgamento: 31/01/2022 -
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL). (Grifo nosso)
Por derradeiro, a parte ré não apresenta nenhum documento comprobatório dos
descontos realizados diretamente na conta corrente da parte autora, faz afirmações que
seria um cartão de crédito consignado, o que não condiz com a realidade dos fatos,
conforme robustas provas apresentadas nos autos.
Assim, o que se requer é unicamente a intervenção do Poder Judiciário, para
declarar ilegais os descontos realizados pela parte ré, em dobro, ou alternativamente a
anulação da operação financeira do suposto cartão de crédito firmado com consequente
utilização de juros para a modalidade pleiteada (empréstimo consignado), que foi a
intenção do consumidor no momento da contratação, com consequente condenação em
danos morais, diante do ato ilícito em questão.
No mais, a Ré não apresentou elementos que alterem a pretensão autoral, sendo
certo que sua versão para os fatos, logicamente não convence e não traz fato impeditivo
ou modificativo do direito da Autora.
Por todo o exposto, reitera os argumentos expandidos na exordial, pugnando
pela procedência dos pedidos.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Rio de Janeiro, 13 de julho de 2023.
Carlos Eduardo de Lima Quaresma
OAB-RJ 242.443

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