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DO APARELHO LOCOMOTOR
ILUSTRAÇÕES:
JOSÉ FALCETTI
REDAÇÃO:
PROF. RAMES MATTAR JUNIOR
PROF. RONALDO J. AZZE
LESÃO DO
APARELHO
EXTENSOR
REIMPLANTE DE MEMBROS
LESÃO DO
APARELHO EXTENSOR
Prof. Rames Mattar Junior
Prof. Ronaldo Azze
ANATOMIA
Dois grupos de músculos são responsáveis
pela extensão dos dedos: os intrínsecos e os
extrínsecos. Estes músculos, com seus respecti-
vos tendões, formam um mecanismo extensor
que pode ser dividido anatomicamente em zonas,
conforme a figura:
O polegar possui todas as mesmas zonas dos dedos com exceção das
zonas 2 e 3 por possuir duas falanges ( T1, T4, T5, T6, T7, T8, T9 e T10).
MÚSCULOS EXTRÍNSECOS
Extensor carpi radialis longus Côndilo lateral do úmero Base do 2º metacárpico radial
Extensor carpi radialis brevis Côndilo lateral do úmero Base do 3º metacárpico radial
Extensor digitorum comunis Côndilo lateral do úmero Aparelho extensor dos dedos radial
Extensor digiti minimi Côndilo lateral do úmero Aparelho extensor do dedo mínimo radial
Extensor carpi ulnaris Côndilo lateral do úmero Base do 5º metacárpico radial
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
Extensor longo
do polegar
Extensor radial
longo do carpo
1
2
3
Extensor radial
curto do carpo 4
5
6
Extensor próprio
do dedo mínimo
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REIMPLANTE DE MEMBROS
B
C
DEDOS
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
d
a
b
Anatomia do aparelho extensor:
c a) tendão extensor terminal
e
c b) tendões extensores laterais
c) tendão extensor central
f b
d) ligamento triangular
e) ligamento retinacular transverso
i f) ligamento retinacular oblíquo
g
h g) lumbrical
g h) interósseo
i) banda sagital
h i j) tendão extensor extrínseco
h
j h
j
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REIMPLANTE DE MEMBROS
a j
h g f
i
d
a) Tendão extensor terminal Não existe um consenso para as lados do dedo, as bandas intrínsecas,
b) Tendão extensor central denominações das estruturas que com- dividindo-se cada uma em banda intrín-
c) Tendão extensor extrínseco põem o aparelho extensor. Optamos por seca lateral (BIL) e medial (BIM). 0 ten-
d) Tendão intrínseco (Lumbrical) aquela encontrada nos trabalhos de dão do músculo extensor comum dos
Tubiana, com pequena variação ditada dedos (TEC) divide-se em duas bandas
e) Tendão intrínseco (Interósseo)
pela etimologia e pela “Nômina Ana- extrínsecas laterais (BEL) e uma banda
f) Ligamento retináculo oblíquo
tõmica”, que não fala em tiras, lâminas ou extrínseca média (BEM). Esta última jun-
g) Ligamento retináculo transverso fascículos. ta-se às bandas intrínsecas médias, para
h) Ligamento de Cleland A tradução de “band” nos leva a faixa, formar o tendão extensor médio (TEM),
i) Ligamento intermetacarpiano cinta ou fita que não temos visto ou ouvi- que se insere na base da falange média,
transverso do, e que não nos parecem convenientes sendo seu elemento extensor. As bandas
j) Banda sagital pelos seus significados (Aulete/Aurélio). extrínsecas laterais se unem às bandas
Juntando à tradução, o uso e a didática, intrínsecas laterais formando, dos dois
optamos pelo uso de banda no lugar de “- lados da falange média, os tendões
band”. extensores; laterais (TEL) que se unem,
• Aurélio: banda = lado, faixa ou fita formando o tendão extensor terminal
(TET), inserindo-se na base da falange
• Aulete: banda = lado, parte ou fita distal.
Há confusões também quanto ao uso A inter-relação entre os músculos
dos termo lateral e medial. Não há como intrínsecos e extrínsecos pode ser simpli-
aplicá-lo em relação à linha média da mão ficada com o esquema que demonstra a
.Tornar-se-ia muito confuso por causa do formação da figura de dois “X”, dorsal-
número de dedos. Eles são, pois, usados, mente à IFP. Pela ação dos músculos
em relação à linha média do dedo. intrínsecos o “X” têm sua altura aumenta-
Distalmente à banda sagital, expan- da ou diminuída (concentrando toda a for-
dem-se as fibras obliquas e transversas ça extensora na FD, na FM, ou dividin-
do capuz extensor. A terminação dos do-a). Funcionam, pois, como verdadeiros
músculos intrínsecos forma, dos dois reguladores da extensão digital.
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
FD
TET FD
TEL TEL
FM
TEM
FM
BEL
BIL BIM
BIL
BEM
FP
BIM
I E I
FP
I E I
Extensão da IFD Flexão da IFD Extensão da IFP Flexão da IFP Extensão da MF Flexão da MF
Intrínsecos * Intrínsecos *
ECD ECD ECD
LRO
Flexão
Extensão
A função de flexão e extensão dos dedos depende da ação sinérgica das diversas
estruturas envolvidas e descritas. Somente os dedos indicador, mínimo e polegar apre-
sentam uma extensão mais individualizada porque são os únicos que possuem tendões
extensores próprios.
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REIMPLANTE DE MEMBROS
A lesão do tendão extensor terminal ou dos tendões extensores laterais causa uma
incapacidade de extensão da articulação IFD e uma deformidade em flexão desta articu-
lação que é conhecida como “dedo em martelo”. A causa mais comum do mecanismo de
trauma é uma força em flexão da IFD com o dedo extendido.
O dedo em martelo é uma lesão comum e freqüentemente associada a trauma espor-
tivos ou relacionados a atividades da vida diária. Os dedos mais acometidos são o médio,
anular e mínimo. Caracteristicamente ocorre nos pacientes masculinos jovens ou de meia
idade e nas pacientes idosas. Alguns autores referem algumas condições e doenças
associadas como artropatia, doença vascular, doença reumática, corticoterapia, herança
genética, síndrome do túnel do carpo e dedo em gatilho.
Warren et al. (1988) descreveu uma IFP e flexão da IFD é denominada defor-
zona avascular denominada “zona crítica” midade em pescoço de cisne (“swan
localizada cerca de 11 a 16 milímetros da neck”). Na deformidade em pescoço de
junção osteotendinosa dos tendões exten- cisne secundária ao dedo em martelo, a
sores laterais, onde a cabeça da falange reconstrução da anatomia do tendão
média tensiona o aparelho extensor duran- extensor terminal corrige a disfunção.
te a flexão da IFD. As rupturas nos pacien- O dedo em martelo pode também ser
tes idosos parece ocorrer predominante- provocado por uma fratura avulsão da
mente neste local. Tais conhecimentos são base da falange distal ou um descolamen-
importantes e enfatizam a necessidade de to epifisário desta falange em crianças.
se evitar compressão com talas, órteses ou
fitas adesivas nesta região “crítica”.
Havendo uma ruptura completa do
tendão extensor terminal, o paciente
pode desenvolver uma deformidade
secundária em hiperextensão da IFP.
Esta deformidade ocorre porque os ten-
dões extensores laterais retraem e a for-
ca de extensão passa a se concentrar na Deformidade em pescoço de cisne secundária a
IFP, forçando sua extensão. A deformida- lesão do tendão extensor terminal que deu origem
de caracterizada por hiperextensão da ao dedo em martelo. (Dedo anular)
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
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REIMPLANTE DE MEMBROS
TRATAMENTO
É praticamente consensual que o dedo em martelo (Tipo I) deve ser tratado de forma
não cirúrgica, com algum tipo de imobilização mantendo a IFD em extensão: tala metálica
ou órtese. Um dos problemas das imobilizações é o desconforto e a possibilidade de hiper-
pressão gerando isquemia tecidual que pode, inclusive, causar necrose. Por esta razão,
Pratt, Bunnell e Howard (1957) propuseram o tratamento do dedo em martelo com uma
fixação da IFD em extensão com fio de Kirschner passado percutaneamente.
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
Sutura do aparelho extensor nos dedos em martelo tipo II de Doyle: é possível realizar
sutura contínua ou com pontos separados.
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
DEFORMIDADE EM BOTOEIRA
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REIMPLANTE DE MEMBROS
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
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REIMPLANTE DE MEMBROS
Nas lesões crônicas com rigidez arti- Quando há uma deformidade em fle-
cular o primeiro objetivo é restabelecer a xão da IFP aceitável e uma extensão da
mobilidade articular. Sempre iniciamos o IFD inaceitável pode-se realizar a teno-
tratamento com órteses dinâmicas ou tomia do tendão extensor lateral (Fowler,
estáticas progressivas. Se obtivermos 1959; Dolphin, 1965; Nalebuff, 1975). A
sucesso com o restabelecimento da força dos tendões extensores laterais irá
amplitude articular podemos seguir na concentrar-se na IFP e não ocorrerá
conduta como de uma botoeira crônica uma deformidade em martelo grave pela
sem rigidez articular. Se após 4 a 6 sema- presença dos ligamentos retinaculares
nas de uso de órteses não houver melho- oblíquos.
ra da amplitude articular haverá indicação Nas deformidades em botoeira com
para cirurgia de liberação: corrigir a retra- rigidez e com comprometimento articular
ção dos ligamentos retinacular transver- (quadro degenerativo) é preciso avaliar o
so, oblíquo, colaterais e placa volar. grau de comprometimento do aparelho
Após a correção da rigidez todos os extensor. Se houver boa possibilidade de
procedimentos de reconstrução do tendão reconstrução pode-se considerar a reali-
extensor central podem ser utilizados. zação de um artroplastia da IFP concomi-
Portanto, nas botoeiras crônicas com rigi- tante à reconstrução do aparelho exten-
dez a reconstrução é realizada em 2 está- sor. Caso contrário haverá indicação para
gios: liberação articular e reconstrução. artrodese.
Articulação Articulação
Abertas Fechadas
flexível rígida
Redução
aberta Cirurgia:
+ fixação liberação
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
Articulação
Articulação flexível Articulação rígida
com degeneração
Reconstrução do
Órteses corretivas Avaliar aparelho extensor
tendão extensor
Artroplastia Artrodese
Tenotomia do tendão
extensor terminal
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REIMPLANTE DE MEMBROS
A B
C D
E F
A) Caso clínico: deformidade em pescoço de cisne em todos os dedos. B) A tira fibrosa formada pela banda intrínseca e tendão extensor
lateral é mostrada. C) Ligamento de Cleland dissecado. D) Por uma abertura na bainha osteofibrosa dos tendões dos flexores apreende-se
a lingüeta ipsolateral do tendão do músculo flexor superficial. E) A tira, é passada por trás do ligamento de Cleland e após envolver a lin-
güeta, é testada na extensão da articulação interfalângica distal e flexão da interfalângica proximal. 0 dedo apresenta posição em botoei-
ra. F) Procedimento concluído no dedo indicador. Deformidades presentes nos outros dedos. G) término da cirurgia – todos os dedos cor-
rigidos
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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
A B
C D
E
Caso clínico: deformidade em pescoço
de cisne em todos os dedos da mão
A) pré-operatório
B) pré-operatório
C) pós-operatório – extensão
D) pós-operatório – flexão
E) pós-operatório – flexão
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REIMPLANTE DE MEMBROS
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Publicação Oficial do Instituto PRODUÇÃO GRÁFICA:
de Ortopedia e Traumatologia
Dr. F. E. de Godoy Moreira Coordenação Editorial:
da Faculdade de Medicina Ábaco Planejamento Visual
da Universidade de São Paulo.
R. Dr. Ovidio Pires de Campos, 333 Colaboradores:
Tel/Fax: (011) 3069-6888
CEP 05403-010 – São Paulo – SP Carmen T. Bornacina, Rodrigo R. Tonan
Marize Zanotto, Adalberto Tojero
REDAÇÃO: Ilustrações Médicas:
José Falcetti (Artista Médico do Serviço
Prof. Dr. Rames Mattar Junior
Professor livre Docente da FMUSP de Neurocirurgia Funcional IPQ-FMUSP)
Chefe do Grupo de Mão do Departamento de Ortopedia Diagramação e Editoração Eletrônica:
e Traumatologia FMUSP Alexandre Lugó Ayres Neto
Fotolito: Bureau Digital Bandeirante
Professor Ronaldo J. Azze Impressão: Nova Página
Professor Titular do Departamento de Ortopedia e Tiragem: 10.000 exemplares
Traumatologia da FMUSP
CARTAS PARA REDAÇÃO:
Apoio: Atualização em Traumatologia do Aparelho Locomotor
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