Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1234
BANCO ZACARIAS S.A. (REQUERIDO) PAULO ROBERTO JOAQUIM DOS REIS (ADVOGADO)
Proc 123456712.1234.1.12.1234
TÍCIO SILVA SOUZA, brasileiro, casado, qualificado nos termos da ação, vem a presença de Vossa Excelência por
meio de seu advogado, interpor:
RECURSO DE APELAÇÃO
Em face da decisão que julgou parcialmente procedente os pedidos formulados em face ao BANCO ZACARIAS S/A
MANARIA;
Requer, desde já o seu recebimento no efeito suspensivo, com a imediata intimação do recorrido para, oferecer as
contra razões anexas, remetidas ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo para os fins aqui
aduzidos.
RAZÕES RECURSAIS
Apelante: TÍCIO SILVA SOUZA
DA TEMPESTIVIDADE
Nos termos dos arts. 219 e 1003, §5º do CPC, o prazo para interpor o presente recurso é de 15 dias úteis, sendo
excluído o dia de começo e incluindo o dia do vencimento nos termos do art. 224 do CPC/15.
Dessa forma, tem-se por tempestivo o presente recurso, devendo ser acolhido.
Com dificuldade, o requerente conseguiu agendar um horário no INSS desta comarca para melhor esclarecer os
descontos. Válido informar, que neste momento de pandemia, até o acesso às informações ficaram bastante
difíceis, principalmente para aqueles com menos escolaridade. A partir do extrato de empréstimos consignados o
requerente verificou DIVERSOS EMPRÉSTIMOS realizados no mês de setembro a novembro não solicitados,
conforme depreende da inicial.
Ajuizada a demanda a fim de esclarecer e reparar os atos ilícitos causados pelo banco ré, a parte contestou dizendo
não haver ato ilícito praticado por ela, contudo, trouxe argumentações que não condizem com os documentos
juntados. Expôs que os descontos eram referentes a negociações onde o objetivo era quitação do contrato anterior,
gerando novas parcelas com “melhores condições de juros”.
Expôs ainda que todos os empréstimos e renegociações foram contratadas pelo autor, OCORRE QUE A RÉ JUNTOU
DOCUMENTOS DO AUTOR, DE FORMA REPETIDA (VÊ-SE QUE SÃO DOCUMENTOS IGUAIS EM TODOS OS ANEXOS de
contratos), e informou que foi o mesmo que requereu.
Salienta que o autor é pessoa idosa, analfabeta, sendo seu aparelho de telefone utilizado apenas para ligações,
tendo em vista possuir recursos limitados de tecnologia (celular simples para apenas ligações e SMS).
Destaco que é oportuno e relevante, que, a despeito das assinaturas, que, guarda semelhança com as demais.
Ocorre que não se faz possível extrair de tais documentos a sua correlação com as operações questionadas no
contexto da presente lide, até porque o autor não nega que firmou outros desentendimentos com o réu.
Portanto o requerido não comprovou a real contratação dos empréstimos questionados por parte do autor,
apenas limitou-se a juntar print da tela de seu sistema interno com as informações pessoais do requerente.
Com a inversão do ônus da prova, cabe ao réu provar a inveracidade dos fatos
alegados pelo autor, sob pena de serem presumidos verdadeiros, pois o consumidor é
considerado o “elo frágil” da relação, e por isso merece maior proteção.
Ressalta-se que prevalece a presunção de boa-fé da parte autora, que não foi
desconstituída pela reclamada (art. 4º, I e II da Lei 8.078/90).
Com efeito, relata a parte autora ter sofrido descontos indevidos em sua
aposentadoria, desconhecendo os supostos empréstimos que os teriam originado.
Analisando os fatos articulados pelas partes, bem como as provas produzidas nos
autos, verifico que assiste razão à parte autora. E isto, independentemente da
produção de prova pericial grafotécnica.. Isso porque fácil se constatar certa
divergência entre o documento inserido no ID nº 6773169 e aquela inserida no
“contrato” consoante ID nº 8181485.
Com efeito, o requerido não colacionou aos autos qualquer prova de que os
descontos efetuados decorrem de crédito ao qual o autor tenha aderido.
Cabe frisar que as assinaturas constantes nos instrumentos de contrato ainda que
possam, de certa forma convergir com a do instrumento constante do ID nº 6773169,
há a negativa peremptória do autor de que a assinatura nos contratos seja sua.
(...)
Julgo extinto o processo neste grau de jurisdição, na forma do inciso I, do artigo 487,
do Código de Processo Civil. Condeno o requerido no pagamento das custas
processuais e honorários ao patrono do autor que fixo em 12% (doze por cento) do
valor da condenação.
MÉRITO DA AÇÃO
Conforme narrado, não houve qualquer precaução nas atividades da empresa Ré, que pelo risco da atividade
deveria tomar os cuidados necessários para evitar este tipo de ocorrência. O risco inerente à atividade exige da
empresa maior agilidade e cautela no gerenciamento destes dados, gerando o dever de RESSARCIR TODOS OS
PREJUÍZOS ao agir de forma imprudente e negligente.
Vale frisar, por relevante, que o fato da Requerente sofrer o constrangimento de ter sua conta fraudada por
terceiros, por si só, já configura o DANO MORAL, pois teve o desgosto de ter seus rendimentos afetados e seu nome
negativado.
Trata-se, portanto, de responsabilidade objetiva do banco, previsto no art. 927, § único, do CC e consolidado na
Súmula do Superior Tribunal de Justiça:
Súmula nº 479 STJ: "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias."
Trata-se de inequívoca RESPONSABILIDADE OBJETIVA das instituições financeiras, mormente o risco da atividade,
respondendo pelos danos causados aos seus clientes, mesmo quando relacionados a fraudes ou delitos atribuídos a
terceiros.
Desta forma, tal conduta fere gravemente os ditames consumeristas, uma vez que a ré se valeu de informações
pessoais do requerente para prestar serviços não contratados, assim considerada a abusividade da conduta da ré,
senão vejamos o art. 39, III do CPC:
O ilustre Desembargador Sérgio Cavalieri Filho tece alguns destacamento a repeito desta matéria:
Para a configuração do dever de indenizar, tem-se a presença dos pressupostos da responsabilidade civil, quais
sejam:
(a) ato antijurídico;
(b) dano;
(c) nexo causal (dano decorrente do ato);
(d) responsabilidade objetiva; e, por fim,
(e) norma jurídica prescrevendo o dever de indenizar o dano causado.
Nessa toada, a responsabilidade do banco réu é objetiva, ou seja, independentemente da existência de culpa,
motivo pelo qual deverá responder pelos danos causados.
Ademais, é possível constatar que ao prestar os referidos serviços a empresa ré, que sem qualquer autorização
vinculou outros diversos empréstimos consignados não contratados junto ao benefício do requerente. Assim,
somente por este motivo, a condenação da ré já se justificaria, ante a evidente má-fé no mercado de consumo.
Nobre Julgador, trata-se de verdadeira conduta ilícita com extrema má-fé, com o fito de lesar a boa-fé objetiva que
deve existir em todas relações contratuais, pois, o consumidor, sempre acredita que a Instituição Financeira agirá
com transparência e lealdade, inexistente, no caso em tela.
Nesta visão, já se encontra sedimentado o entendimento dos Tribunais no sentido de condenar a instituição
financeira ao pagamento de danos morais, quando do desconto indevido de empréstimos consignados não
contratados, sendo o dano moral in re ipsa.
Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no presente processo, a empresa ré deixou de
cumprir com sua obrigação primária de cautela e prudência na atividade, causando constrangimentos indevidos ao
Autor.
Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentativas de resolver a necessidade do Autor ultrapassa a
esfera dos aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez que foi obrigado a buscar informações e ferramentas
para resolver um problema causado pela empresa contratada para lhe dar uma solução.
Assim, neste caso não se pode analisar isolado o constrangimento sofrido, mas os fatores que obrigaram o
Consumidor a buscar a via judicial. Ou seja, deve-se considerar o grande desgaste do Autor em todas as tentativas
de solucionar o ocorrido sem êxito, gerando o dever de indenizar, conforme precedentes sobre o tema:
Trata-se da necessária consideração dos danos causados pela perda do tempo útil (desvio
produtivo) do consumidor.
DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO
Conforme disposto nos fatos iniciais, o Consumidor teve que desperdiçar seu tempo útil para
solucionar problemas que foram causados pela empresa Ré que não demonstrou qualquer
intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da presente ação.
Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que lhe seria útil ao descanso, lazer ou de
forma produtiva, acaba sendo destinado na solução de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e
vontade. A perda de tempo de vida útil do consumidor, em razão da falha da prestação do serviço não constitui
mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto negativo em sua vida, devendo ser MAJORADO O DANO
MORAL RECONHECIDO EM SENTENÇA, BEM COMO A ANULAÇÃO DAS COBRANÇAS NÃO RECONHECIDAS.
Ante o exposto, requer a esta colenda Câmara que se digne acolher as razões acima explanadas, CONHECENDO E
PROVENDO o presente recurso de Apelação, para o justo fim de que seja reformada a sentença proferida pelo juízo
“a quo”, no sentido de que: A) Majoração da condenação em Danos Morais em face ao exposto; b) Sejam anulados
os empréstimos não conhecidos pelo recorrente, tendo em vista que a recorrida não logrou êxito em comprovar as
contratações; requer ainda que a decisão vergastada não seja modificada para pior, haja vista o princípio da não
reformatio in pejus;
OAB XX.XXX