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UNIFACOL – CENTRO UNIVERSITÁRIO FACOL

ACADÊMICO (A): ____________________________

8º PERÍODO B

PROFESSORA: ELANNE BORGES

DISCIPLINA: PROCESSO PENAL 2

ATIVIDADE AVALIATIVA – 2ª UNIDADE

1- Em um processo tramitando em sede de juizado especial criminal,


superada a fase preliminar diante da ausência do autor do fato, o
Ministério Público ofereceu oralmente denúncia pela prática de crime de
ameaça. Foi determinada a citação do acusado, porém o oficial de justiça
não o encontrou nos endereços constantes nos autos. Sendo assim, para
dar prosseguimento ao feito, o juiz determinou a sua citação por edital.
Após o prazo de edital, sem que o autor do fato tivesse sido encontrado
ou comparecido à audiência designada, foi nomeado um defensor público
para assisti-lo. Em seu desfavor, sobreveio uma condenação. Levando em
conta apenas os dados constantes na questão, responda, de forma
fundamentada, se agiu correto o juiz ao condenar o autor pelo crime de
ameaça, mesmo diante de sua citação por edital.

Valor da questão (até 2,5)

Em processo no juizado especial criminal, superada a fase preliminar em


razão da ausência do autor do fato, o MP ofereceu denúncia oral pela prática
de crime de ameaça. Não tendo o oficial de justiça encontrado o autor para
citá-lo nos endereços constantes dos autos, o juiz determinou a sua citação por
hora certa. Concluída a citação por hora certa sem que o autor do fato tivesse
sido encontrado ou tivesse comparecido à audiência designada, foi-lhe
nomeado DP, e sobreveio condenação. Nessa situação hipotética, conforme a
legislação penal processual e a jurisprudência dos tribunais superiores, é
correto afirmar que a citação realizada foi nula, e deverá ser refeita pelo juízo
comum, com o devido encaminhamento dos autos pelo juizado especial
criminal.

Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que
possível, ou por mandado.

Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz


encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento previsto em lei.

2- David, reincidente, foi denunciado pela prática de crime de furto


qualificado. No curso da instrução, uma testemunha afirma que David
tinha a posse regular e anterior daquele bem que teria sido subtraído,
razão pela qual o Ministério Público, ao final da produção probatória,
adita a denúncia, altera os fatos narrados e imputa ao réu a prática do
crime de apropriação indébita. Após ratificação das provas, o Ministério
Público apresentou alegações finais, requerendo a condenação do réu
nas sanções do delito de apropriação indébita. O magistrado, porém, ao
analisar as provas, conclui que, na verdade, o crime praticado foi de furto
qualificado, conforme descrito na denúncia antes do aditamento,
condenando o réu pelo crime de furto qualificado e não pelo crime de
apropriação indébita.

Diante dos fatos narrados, podemos dizer que o juiz agiu acertadamente
ao condenar o réu pelo crime de furto qualificado, mesmo o ministério
público tendo aditado a denúncia de modo a denunciá-lo pelo crime de
apropriação indébita? Responda de forma fundamentada.

Valor da questão (até 2,5)

Diante da hipótese narrada, o juiz, de imediato poderá condenar o réu pela


prática do crime de furto qualificado, aplicando o instituto da mutatio libelli;

Mutatio Libelli = Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender


cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente
nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na
acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de
5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime
de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento,


aplica-se o art. 28 deste Código.

§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido


o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e
hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.

§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste


artigo.

§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três)


testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito
aos termos do aditamento.

Em outras palavras, havendo aditamento da denúncia por força da


mutatio libelli, o fato imputado passará a ser exclusivamente o fato
superveniente, que substitui o fato originário. Nessa linha, como aduz Badaró,
"se o juiz condenar o acusado pelo fato originário, estará proferindo uma
sentença extra petita e, consequentemente, viciada pela nulidade absoluta, tal
qual ocorre com qualquer sentença que viole a regra da correlação entre
acusação e sentença"

(...)

No entando, essa inadmissibilidade de julgamento tanto pelo fato


originário quanto pelo fato objeto do aditamento não será aplicável nas
situações em que o aditamento não implicar substituição dos fatos originários
pelos fatos provados no curso da instrução e, superveniente, imputados pelo
aditamento da denúncia. Isso ocorrerá em duas hipóteses:
 no caso de imputação por um crime simples, com posterior aditamento
da denúncia para a inclusão de um elemento especializante, permitindo
o surgimento de outro delito.(...)
 no caso de crime complexo: havendo a imputação oringinário por um
crime simples (v.g. furto), com posterior aditamento para somar a tal
imputação outro delito (v.g. lesão corporal), de modo a caracterizar um
crime complexo (in casu, roubo) (...)

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