Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: PROCESSO PENAL I
DOCENTE: PROF. DR. BRUNO CORTEZ CASTELO BRANCO
DISCENTE: _________________________________________
1. Arthur, Bruno, Fernanda e Camille foram acusados de furto simples (Pena: reclusão
de 1 a 4 anos, em multa) praticado em 2022. Arthur já foi definitivamente condenado
em outro processo em 2019. Bruno também já foi condenado por outro delito em
2019, porém, recorreu e ainda não houve decisão definitiva. Fernanda já aceitou
suspensão condicional do processo por outro delito, já cumprida, em 2020, e Camille
foi absolvida em outro processo, tendo havido recurso do Ministério Público, ainda
não julgado. Em julho de 2023, sobreveio acusação de uso de documento particular
falso contra os quatro. Considerando preenchidos os demais requisitos, e
considerando apenas os antecedentes criminais mencionados, explique quem dos
acusados poderia celebrar Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o Ministério
Público, justificadamente. (2,0)
Arthur, que já foi condenado definitivamente, não pode celebrar o ANPP, pois sua
condenação anterior o torna reincidente. (0,5)
Bruno, que foi condenado, mas ainda está recorrendo da decisão, não é tecnicamente
considerado reincidente até o momento, pois não há condenação definitiva. (0,5)
Camille, que foi absolvida e aguarda julgamento do recurso do Ministério Público, não
possui condenação que a impeça de celebrar o ANPP, com fundamento no princípio da
presunção de inocência previsto no art. 5o da Constituição Federal. (0,5)
2. Após uma partida de futebol amador, realizada em 03/05/2018, o atleta André se
desentendeu com jogadores da equipe adversária. Ao final do jogo, dirigiu-se ao
estacionamento e encontrou, em seu carro, um bilhete anônimo, em que constavam
diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2018, André encontrou um dos jogadores da
equipe adversária, Marcelo, que lhe confessou a autoria do bilhete, ressaltando que Luiz e
Rogério também estavam envolvidos na ofensa. André, em 17/11/2018, procurou seu
advogado, apresentando todas as provas do crime praticado, manifestando seu interesse
em apresentar queixa-crime contra os três autores do fato. Diante disso, o advogado do
ofendido, após procuração com poderes especiais, apresenta, em 14/12/2018, queixa-crime
em face de Luiz, Rogério e Marcelo, imputando-lhes a prática dos crimes de calúnia e
injúria. Após o recebimento da queixa-crime pelo magistrado, André se arrependeu de ter
buscado a responsabilização penal de Marcelo, tendo em vista que somente descobriu a
autoria do crime em decorrência da ajuda por ele fornecida. Diante disso, comparece à
residência de Marcelo, informa seu arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo
responsabilizado criminalmente e o convida para a festa de aniversário de sua filha, sendo a
conversa toda registrada em mídia audiovisual. Considerando as informações narradas,
qual tese defensiva o advogado dos querelados deverá sustentar para conseguir a extinção
da punibilidade? Justifique. (1,0)
Primeiramente, observe que não há decadência, pois o prazo da ação privada (6 meses)
inicia do conhecimento da autoria, não do fato. Portanto, se foi sabido dia 28 de junho, o
prazo para apresentar a queixa vai até o fim de dezembro.
Logo, a tese defensiva cabível para extinguir a punibilidade seria a aplicação do princípio
da indivisibilidade, pois no caso concreto tem-se um crime contra a honra que é regido por
ação penal privada exclusiva. (0,5) Logo, considerando que a queixa-crime há foi recebida
pelo Juízo, então o perdão judicial concedido a um dos querelados (Marcelo) deverá ser
estendido a todos os outros (Luiz e Rogério), desde que aceito por cada um deles, já que se
trata de um ato bilateral. (0,5)
3. Bruna é servidora pública estadual, trabalhando como professora em uma instituição de
Ensino Superior mantida pelo Estado do Paraná (UNESPAR). Bruna vem a ser vítima de
ofensa à sua honra subjetiva em sala de aula, sendo chamada de “piranha” e “vagabunda”
por José, aluno que ficara revoltado com sua reprovação em disciplina ministrada por
Bruna.
a) Em tese, qual o delito praticado por José em face de Bruna? Justifique. (0,5)
Injúria (0,25), pois o aluno José ofendeu a honra subjetiva (auto-imagem) da vítima.
(0,25)
Não se aplica ao caso a teoria dos frutos da árvore envenenada em relação às provas
produzidas pelo MP, pois não houve violação de um direito material (direito fundamental)
que levasse à existência de uma prova derivada ("frutos") diretamente de uma outra prova
originariamente ilícita ("árvore"). (0,5)