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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

VARA ÚNICA DA COMARCA DE PARATY – RIO DE JANEIRO

Processo n° 0801210-22.2023.8.19.0041

Em favor de FELIPE GARCIA PEREIRA, brasileiro, solteiro,


vigia, portador da Cédula de Identidade de n° 28259139-9, inscrito no CPF
sob o número 241.506.708-38, residente e domiciliado na Avenida
Jabaquara, 20, Jabaquara, Paraty – RJ, CEP: 23.970-000, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado que esta subscreve.

I – DOS FATOS
Conforme informações constantes do Auto de Prisão em Flagrante,
no dia 12 de julho de 2023, que, o CB PMERJ W. SILVA em patrulhamento
de rotina junto com seus colegas de farda SGT PMERJ MARTINS e SD
PMERJ LUCIANO, quando tiveram a atenção voltada para o Acusado,
vítima de prisão ilegal.
Informou o miliciano que, devido a um volume na cintura do
Acusado a guarnição suspeitou que ele poderia estar portando arma de fogo,
visto que há 02 (duas) semanas fora vítima de Tentativa de Homicídio no
mesmo bairro em que o Acusado fora abordado pela guarnição.
Aduz ainda que, no momento da abordagem, após busca minuciosa,
verificaram na verdade que o paciente trazia consigo um aparelho celular na
cintura.
Acrescentando que após encontrarem o referido celular este foi
entregue à esposa do Acusado.
Em continuidade com esdrúxula diligência, os milicianos
solicitaram que o Acusado apresentasse documento de identificação, o que
foi prontamente atendido pelo Acusado.
Aduz os milicianos que, após consulta no sistema SUPTIC/PMERJ,
supostamente, verificaram que o CPF cadastrado no documento apresentado
pelo Acusado seria de outra pessoa.
Diante do narrado, conduziram o Acusado até à Delegacia de
Polícia, onde lhe foi dada voz de prisão pela suposta prática de Falsidade
Ideológica e Associação ao Tráfico de Drogas.
Em sede de Audiência de Custódia, que se deu no dia 14 de julho
de 2023, a autoridade coatora converteu a prisão em flagrante em prisão
preventiva.

II – DO DIREITO
II.1 – DO RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA. DA
AUSÊNCIA DE FLAGRANTE DELITO, DA NULIDADE DA
PRISÃO
Como se sabe, a prisão em flagrante tem por escopo privar a
liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em uma situação de
flagrância, a qual é executada independentemente de autorização judicial,
conforme preceitua nossa Carta Magna em seu art. 5°, inciso LXI.
O artigo 302 do Código de Processo Penal traz as espécies de
flagrante admitidas no Direito brasileiro, contendo a seguinte redação:
“Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos,
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração.”
Apesar de o legislador ter se valido de uma ordem decrescente de
imediatidade, tal elemento deve SEMPRE estar presente. Nesta seara,
destaca-se o ensinamento de Paulo Rangel:
“tem início com o fogo ardendo (está cometendo a
infração penal – inciso I), passa por uma
diminuição da chama (acaba de cometê-la – inciso
II, depois a perseguição direcionada pela fumaça
deixada pela infração penal (inciso III) e, por
último, termina com o encontro das cinzas
ocasionadas pela infração penal (é encontrado logo
depois – inciso IV).”
Ocorre que, no caso em tela, as modalidades de prisão em flagrante
reconhecidas pelo ordenamento jurídico pátrio, tem-se que INEXISTIU
FLAGRANTE DELITO, tornando a prisão NULA.
Isso porque, conforme consta do Auto de Prisão em Flagrante, a
esdrúxula diligência em virtude da atitude suspeita do Acusado. Cabe
ressaltar que, seguindo a lógica dos policiais, o Acusado vive
constantemente em atitude suspeita. Sendo certo, que após a revista pessoal
no Acusado NADA de ilícito foi encontrado em sua posse.
No momento da abordagem, os policiais não viram o Acusado
cometendo qualquer ato indicativo de traficância, como venda efetiva da
droga, anúncio de venda ou sequer abordaram um usuário que tenha dito
que comprou droga com o Acusado.
Tampouco obtiveram notícia de que o Acusado acabara de
apresentar o suposto CPF falso à terceiros, ensejando a prática recente do
crime de Falsidade Ideológica.
Verifica-se que houve, tão somente, uma presunção de que o
Acusado seria, supostamente, associado ao tráfico de drogas e que estaria
praticando o crime de falsidade ideológica, mediante o suposto CPF falso
que foi encontrado na posse do mesmo, documento este que sequer foi
periciado para comprovar a falsidade do mesmo.
A identidade do Acusado NÃO É FALSA, esse fato é
inquestionável. O servidor público do DETRAN/RJ cometeu um ERRO
material, que foi colocar na identidade da vítima o CPF da sua tia, haja vista
que o comprovante de residência está em nome da tia. Na conta de água em
anexo, que foi o mesmo comprovante utilizado para obter a Carteira de
Idntidade Digital o CPF é o da tia da vítima.
Não há enquadramento legal do tipo penal de falsidade ideológica,
porque a tia da vítima não noticia o crime de falsidade ideológica. O fato
ocorrido é antijurídico, porque a tia não foi prejudicada pelo erro do Detran.
Melhor esclarecendo, a vítima em momento algum tentou se passar
por outra pessoa, que no caso seria sua tia, bem como a legitimada do CPF
que está constando na identidade apreendida, também não noticiou o crime
de falsidade ideológica.
Argumentado, para que haja o fato típico, antijurídico e culpável do
crime de falsidade ideológica, é essencial que o autor do crime de falsidade
ideológica tenha agido com dolo de se passar por outra pessoa, o que não
ocorreu, porque está nítido, evidente e cristalino que o erro foi do servidor
do Detran.
Veja que conforme os documentos em anexo, foi agendado data e
hora para vítima comparecer ao DETRAN para fazer sua nova identidade
digital.
Nesse sentido, como a vítima, que não tem antecedentes criminais,
conforme as certidões do DETRAN/RJ, TJRJ e Justiça Federal, não cabe a
privação da liberdade, conforme Jurisprudência infra colacionada:
“0027794-79.2011.8.19.0042 – APELAÇÃO Des(a).
DENISE VACCARI MACHADO PAES –
Julgamento: 19/09/2019 – QUINTA CÂMARA
CRIMINAL. APELAÇÕES. ARTIGO 171 E 299
AMBOS DO CÓDIGO PENAL EM CÚMULO
MATERIAL. Não há de se falar em reconhecimento
de prevenção, ancorada na decisão nos autos do
processo 0010216-79.2006.8.19.0042, porque no
feito já operou o trânsito em julgado. Inteligência da
Súmula 253 do Superior Tribunal de Justiça.
FALSIDADE IDEOLÓGICA – Discute-se na
doutrina acerca do enquadramento típico do sujeito
que pratica os crimes de estelionato e falso,
existindo, por sua vez, quatro posições a respeito do
assunto: 1°) a falsidade documental absorve o
estelionato; 2°) há concurso material de crimes; 3°)
há concurso formal de crimes; e, por último, 4°) o
estelionato absorve a falsidade documental, não
assistindo razão ao Parquet de 1° grau, porque, de
acordo com o posicionamento doutrinário e
jurisprudencial, o fato de FRANCISCA ter inserido
declaração falsa no translado de escritura pública
para obtenção de vantagem indevida, configura,
apenas, o delito de estelionato (Súmula 17 do
Superior Tribunal de Justiça). E por antever esta
Julgadora a ocorrência do fenômeno da prescrição
em relação ao delito do artigo 171 do Código Penal,
examino os pedidos ministeriais de – aumento da
pena-base, com a valoração dos maus antecedentes
e incidências das circunstâncias do artigo 61, II,
“b” e “g”, do citado diploma legal -, consignando-
se não ser hipótese de valoração de maus
antecedentes, porquanto além de não haver Folha
de Antecedentes Criminais cerreada aos autos, é
cediço que ações penais em andamento não
chancelam elevação da pena-base (Súmula 444 do
Superior Tribunal de Justiça) e de aplicação das
agravantes do artigo 61, II, “b” e “g”, do codex
penal – a primeira -, por inexistir outro delito,
sendo, assim, incompatível com o descrito no
dispositivo legal e – a segunda – ao se considerar
que a denúncia não faz qualquer menção ao
cometimento de delito com abuso de poder ou
violação de dever inerente a cargo, ofício,
ministério ou profissão. ESTELIONATO.
PRESCRIÇÃO. – Por ser matéria de ordem pública,
a teor do artigo 61 do Código de Processo Penal,
deve ser reconhecida, de ofício, em qualquer grau
de jurisdição. E por afastar os efeitos da sentença
penal condenatória, prefere à análise de qualquer
outra matéria, consignando-se que o prazo
prescricional de tal delito será obtido cotejando-se
as penas cominadas com os artigos 109, IV e 110, §
1° ambos do Código Penal, por ser a reprimenda
inferior a 04 (quatro) anos, sendo aquietado em 08
(OITO ANOS) e verificando-se que os fatos
ocorreram em 06/08/1999 e o recebimento da
denúncia data de 21/05/2012, restou aquele
extrapolado, impondo-se a extinção da punibilidade
decorrente do reconhecimento da prescrição da
pretensão punitiva em favor da acusada, segundo a
norma dos artigos 107, inciso IV e 110, § 2° ambos
do citado diploma legal, não havendo óbice para o
reconhecimento da prescrição retroativa ao se
considerar a redação do artigo revogado, uma vez
que a Lei 12.234/2010 é norma de caráter material
posterior aos fatos, não podendo retroagir para
prejudicar a ré (artigo 5°, XL da Constituição
Federal), afastando-se, ainda, o prequestionamento
firmado pelas partes. RECURSO MINISTERIAL
DESPROVIDO APELO DEFENSIVO PROVIDO.”
A verdade real é que ocorreu um erro material, até poque no
próprio sítio do DETRAN/RJ há possibilidade de requerer correção de erro
material de Identidade.
Ultrapassada esta primeira parte, está nítido, evidente e cristalino,
que não há fato típico, antijurídico e culpável descrito no tipo penal do
artigo 35 da Lei 11.343/2006, qual seja, Associação ao Tráfico de Drogas.
0177656-38.2020.8.19.0001 - APELAÇÃO

Des(a). CAIRO ÍTALO FRANÇA DAVID -


Julgamento: 09/03/2023 - QUINTA CÂMARA
CRIMINAL

EMENTA Apelação Criminal. Acusado


condenado pela prática dos crimes descritos nos
artigos 33 e 35, da Lei 11.343/06, às penas de 12
(doze) anos de reclusão, em regime fechado, e
1997 (mil novecentos e noventa e sete) dias-
multa, no menor valor unitário. Foi mantida a
sua prisão que se iniciou em 05/09/2020. Recurso
defensivo postulando a absolvição, por
fragilidade probatória. Parecer da Procuradoria
de Justiça pelo não provimento do recurso. 1.
Segundo a exordial, no dia 05/09/2020, policiais
militares estavam em patrulhamento de rotina,
em local de comércio ilícito de drogas, para
reprimir a prática de baile funk, quando
avistaram o acusado, em posse de uma mochila,
que, ao observar a guarnição, empreendeu fuga
para determinada residência. Os agentes foram
no seu encalço, conseguindo abordá-lo, quando o
denunciado já estava saindo do imóvel, ocasião
em que o mesmo confessou que integrava
o tráfico da localidade. Assim, o apelante foi
denunciado porque trazia consigo, visando o
comércio ilícito, 2.842,20g de Maconha,
acondicionados da seguinte forma: 232,10g em 33
pequenos tabletes de erva seca envolvidos por
plásticos contendo inscrições típicas da
traficância e 2610,10g em 05 tabletes; 14,80g de
Crack, também com inscrições referentes à
origem e valor da substância; 117,80g de
Cocaína, distribuídos em 190 tubos plásticos, do
mesmo modo com inscrições do local e do valor,
conforme auto de apreensão e laudo prévio e
definitivo, acostados aos autos. Além disso, foi-
lhe imputado o delito de associação para
o tráfico e, segundo a denúncia, o apelante, até a
data supramencionada, associou-se com outras
pessoas, não identificadas, integrantes
do tráfico de drogas da localidade Favela do
Lixo, todos pertencentes à facção criminosa
Comando Vermelho, para o fim de praticarem o
crime de tráfico ilícito. 2. Em relação ao tráfico,
as provas colhidas são idôneas, fortes,
contundentes, plenamente aptas a servir de base
à condenação. 3. A materialidade é farta,
consubstanciada, em especial, no laudo pericial
acostado aos autos. Por sua vez, a autoria restou
comprovada pela prova oral produzida durante a
instrução do feito, restando incabível o pleito
defensivo de absolvição. 4. Ao contrário do que
alega o recorrente, a prova é robusta. Não é
crível a tese ventilada, sustentando que ele não
estava na posse da mochila, contendo as drogas
arrecadadas. Os esclarecimentos do interrogando
a respeito da sua suposta injusta prisão são por
demais desconexos e contraditórios. As
circunstâncias do fato, sobretudo referentes à sua
prisão e a apreensão de farta quantidade de
droga, afastam a possibilidade de os policiais
terem forjado provas imputando a ele a
propriedade de considerável quantidade de
substâncias ilícitas. Além disso, o depoimento da
informante, sua irmã, tentando auxiliar a tese do
interrogando, não trouxe a juízo uma versão
minimamente razoável a ilidir os relatos precisos,
detalhados e harmônicos dos policiais em sentido
diametralmente oposto, em conformidade com as
demais provas que evidenciam o fato. Além disso,
a história arquitetada pela informante revelou-se
contraditória, mormente em relação ao abuso
sofrido, que sequer foi citado pelo seu irmão, o
acusado, assim como em relação à apreensão da
mochila em sua residência. Por outro lado, os
policiais, com relatos uníssonos, frisaram que, em
local típico da traficância, visualizaram o
apelante carregando uma mochila, fugindo,
ingressando com essa sacola em um imóvel e
saindo em seguida, mas sem a mochila. Na
oportunidade um dos depoentes, militar, o
abordou, enquanto o outro ingressou
rapidamente no imóvel, logrando apreender a
mochila com razoável e variada quantidade de
drogas, todas endoladas, prontas para a venda.
Aliado a isso, nos seus depoimentos temos
informações que evidenciam que eles não tinham
qualquer interesse em deliberadamente
incriminar o acusado, ou agravar a sua situação.
Tanto é assim que ¿pontuaram, de forma
ordenada, que os cinco tabletes de maconha
(2610,10 g) encontrados no entorno, não estavam
em poder do acusado. Ademais, conforme dito na
sentença, acaso os militares, que sequer
conheciam o acusado, quisessem falsamente
prejudicá-lo, bastaria pequena quantidade de
droga arrecadada para isso, e as demais
poderiam servir para forjar novos flagrantes,
quiçá serem vendidas. 5. A quantidade e
diversidade das drogas, a forma de
acondicionamento e as circunstâncias do evento
evidenciam que o apelante, flagrado no local
do fato carregando uma mochila contendo
grande e variada quantidade de droga, portava
as substâncias ilícitas visando o comércio.
Correto o juízo de censura em desfavor do
apelante pela prática do crime de tráfico de
drogas. 6. Por outro lado, quanto ao crime
de associação, as provas são frágeis, pois não
restou comprovado o vínculo associativo. Afora
as circunstâncias do flagrante, não há elementos
que confirmem a versão acusatória de que o
acusado estivesse associado a terceiros, de forma
estável e permanente. O fato de o local ser de
intenso tráfico de drogas e de ele ser reincidente
não é elemento a demonstrar que ele estava
associado a outrem. Desta forma, impõe-se a
absolvição, quanto ao crime previsto no art. 35,
da Lei 11.343/06. 7. A dosimetria do crime
remanescente merece retoque. Justificada a
exasperação da pena-base, nos moldes do artigo
42, da Lei 11.343/06, considerando a quantidade
e variedade da substância ilícita apreendidas na
mochila que o acusado carregava, mas a elevação
da pena deve ser mais moderada porque parcela
da mercadoria apreendida, qual seja, 05 tabletes
de maconha (2610,10 g), não estava em seu
poder, mas sim no entorno. Subsiste a agravante
da reincidência, diante da condenação definitiva
registrada em sua FAC. Incabível a redução
contemplada no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06,
eis que não preenchidos os seus requisitos. 8.
Mantém-se o regime fechado, ante o quantum da
pena aplicada e a recidiva. Inviável a incidência
de pena alternativa, pois não preenchidos os
requisitos do art. 44, do CP. 9. Rejeitado o
prequestionamento. 10. Recurso conhecido e
parcialmente provido, para absolver o acusado
quanto ao crime previsto no art. 35, da Lei
11.343/06, com fulcro no art. 386, VII, do CPP, e
quanto ao delito remanescente reduzir a pena-
base, acomodando a resposta penal em 07 (sete)
anos de reclusão, em regime fechado, e 700
(setecentos) dias-multa, no menor valor unitário.

O fato típico descrito na associação para o tráfico, requer a


presença de pessoas no plural.
Neste sentido, é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
“PENAL E PROCESSO PENAL. NULIDADE.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
REVISTA PESSOAL. APLICAÇÃO DO
ENTENDIMENTO FIRMADO NO RHC N.
158.580/BA. NULIDADE RECONHECIDA.
DETERMINADO O TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL E A REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA. 1. A Sexta Turma, ao julgar o
Recurso em habeas corpus n. 158.580/BA, de
relatoria do Ministro Rogério Schietti, entendeu que
“não satisfazem a exigência legal, por si sós, meras
informações de fonte não identificada (e.g.
denúncias anônimas) ou intuições e impressões
subjetivas, intangíveis e não demonstráveis de
maneira clara e concreta, apoiadas, por exemplo,
exclusivamente, no tirocínio policial. Ante a
ausência de descrição concreta e precisa, pautada
em elementos objetivos, a classificação subjetiva de
determinada atitude ou aparência como suspeita, ou
de certa reação ou expressão corporal como
nervosa, não preenche o standard probatório de
“fundada suspeita” exigido pelo art. 244 do CPP
(RHC n. 158.58/BA, relator Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
19/4/2022, Dje 25/4/2022). 2. Dessa forma, restando
consignado na decisão que homologou a prisão
preventiva que o agente foi abordado porque estaria
em atitude suspeita e em local ermo, de rigor o
reconhecimento da nulidade arguida. Reconhecida a
nulidade da busca pessoal, determinou-se o
trancamento da ação penal com a revogação da
prisão preventivo. 3. Agravo regimental desprovido.
(STJ-AgRg no RHC: 161806 BA 2022/0070308-9
Data de Julgamento: 14/06/2022, T6 – SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 20/06/2022)”
A partir do momento em que foi imputado ao Acusado a suposta
prática dos crimes acima descritos, sem que ele tenha sido visto cometendo
delito algum, nem tampouco em poder de qualquer material ilícito, operou
presunção de culpabilidade, afrontando o ordenamento jurídico pátrio, que
só contempla a presunção de inocência insculpida no artigo 5°, inciso LVII
da Constituição da República de 1988.
Desta feita, entende a defesa que a prisão do Acusado é
NULA/ILEGAL e, portanto, deve ser RELAXADA, com fulcro no artigo
310, inciso I, do Código de Processo Penal, com expedição de Alvará de
Soltura em seu favor.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Valença – RJ, 24 de julho de 2023.


Carlos Alberto Sampaio Brites Pinheiro
OAB/RJ 204.942

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