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Curso Preparatório de Carreiras Jurídicas – AMPERJ

Direito Processual Penal


Prof. Marcos Paulo

Curso Preparatório de Carreiras Jurídicas – AMPERJ


Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL
Professor: Prof. Marcos Paulo
Monitora: Juliana Magalhães de Freitas

Aula 03 – dia 13.06.2023

INVESTIGAÇÃO PENAL:

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL


Continuação – características do INQUÉRITO POLICIAL. Características do Inquérito
Policial: Procedimento Dispensável, Escrito, Inquisitivo, Oficialidade, Oficiosidade,
Discricionariedade, Indisponibilidade.
* (tinha sido abordado a dispensabilidade do Inquérito na aula 1; e procedimento escrito,
inquisitorial e caráter unidirecional na aula 2)

CONTINUIDADE DAS CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO

5a => OFICIOSIDADE
O Inquérito é oficioso na medida que a autoridade policial não precisa de autorização para
dar início a um inquérito. Ao tomar ciência de um fato delitivo, poderá/deverá ser instaurado o
referido inquérito. vide art. 5o inciso I do CPP
Para tomar conhecimento é preciso uma das formas de cognição:
Notícia-crime de cognição direta (pelo comparecimento espontâneo do autor ou pelo
comparecimento da vítima)
Notícia-crime de cognição indireta (delatio criminis)
Notícia-crime coercitiva (quando há flagrante delito)
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Para dar início ao inquérito, é preciso ter justa causa, lastro probatório mínimo. Vide art. 5 o
p. 3o do CPP.
Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
 II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou
de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o
chefe de Polícia.
§ 3o  Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade
policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

Ou seja, é necessário ter elementos concretos que indicam a materialidade. Esse preceito foi
reforçado pela lei de abuso de autoridade. Essa lei vai ser abordada em paralelo nas aulas de
processo penal, porque teve impacto significativo no processo penal. Há que se ter em mente que
dentro das hipóteses de abuso de autoridade deve ser sempre acrescentar o especial fim de agir
contido na Lei de abuso de autoridade- Lei 13.869/19.
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público,
servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe
tenha sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando
praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo
ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura
abuso de autoridade.

Ou seja, é preciso ter elementos concretos para instauração do inquérito, que devem ser
verificados previamente, conforme o que preceitua o art. 5 p.3o (”...verificada a procedência das
informações”) c/c art. 27 (”...investigação preliminar sumária”) da lei de abuso de autoridade.
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:        (Vide ADIN 6234)        (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar
sumária, devidamente justificada.
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Isso por consequência, implica dizer que não é possível dar início a um inquérito por meio
de notícia-crime anônima, porque não traz o lastro necessário para a devida instauração de
inquérito. Tal entendimento é reforçado pelo STF/STJ. Atente-se ao contido no art. 5 o inciso IV da
CRFB88, que veda o anonimato, e portanto, o inquérito tampouco deve ser instaurado com base
nessa única informação.
art 5o ...
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

ISSO SIGNIFICA DIZER QUE A DENÚNCIA ANÔNIMA É IMPRESTÁVEL? NÃO.


Instaura-se o inquérito com lastro nos dados concretamente obtidos a partir de uma notícia-
crime anônima. Portanto, a partir de uma notícia-crime anônima pode ser aberto uma VPI
(Verificação de Procedência de Informações) para apurá-la, porém para que se converta em um
inquérito, somente se corroborada por dados concretos.
O salto para o inquérito somente se dá com elementos mais concretos. Isso implica dizer que
a denúncia anônima poderá sim ser utilizada, como base para uma VPI, que posteriormente poderá
resultar na instauração de um inquérito.

A aplicação da verificação da procedência das informações, portanto, tem lugar na situação de


(d) falta de suporte probatório mínimo de autoria e materialidade delitivas. A  noticia criminis precisa
estar acompanhada de indícios mínimos de materialidade e autoria. Isto é, deve conter, o tanto quanto
possível (artigo 5º, parágrafo 1º do CPP), a narração do fato com todas as circunstâncias, a
individualização do suspeito ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de
ser ele o autor da infração ou os motivos de impossibilidade de o fazer, e a indicação das testemunhas.
Nesse ponto, é preciso diferenciar se a noticia criminis é anônima ou não.
Quando o noticiante se identificar, será preciso fazer diligências preliminares apenas se a
comunicação de infração penal pecar pela vagueza ou pela indeterminação de alguns dados essenciais,
resumindo-se a um relato incompleto e precário. Nesse caso, a escassez de informações não justifica a
imprudente instauração de inquérito policial, exigindo antes uma verificação preliminar das
informações.
De outro lado, quando se tratar de denúncia anônima, resta evidente a necessidade de sempre se
confirmar a notícia de crime. Ainda que a notitia criminis seja pormenorizada, fica fragilizada pelo
anonimato, que incentiva a falsidade ao impedir a futura responsabilização por eventual comunicação
mentirosa (artigo 339 do CP). Nesse sentido, a delação apócrifa não permite a imediata instauração do
inquérito policial nem tampouco a decretação de medidas cautelares, por lhe faltar a verossimilhança a
ser confirmada exatamente pela VPI. (https://www.conjur.com.br/2018-fev-06/academia-policia-
verificacao-procedencia-informacoes-filtro-quadrado)

OBS=> O STJ já tinha o entendimento de que o VPI (Verificação de Procedência de


Informações) tem sim amparo legal de acordo com art. 5o p. 3o do CPP. Com a vinda do art. 27 p.
único da Lei de abuso de autoridade, só veio a corroborar este entendimento.
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Isso porque ao anunciar um inquérito sem justa causa poderá ensejar crime de abuso de
autoridade, e o p. único diz que não há crime quando se tratar de uma sindicância prévia.
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:        (Vide ADIN 6234)        (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar
sumária, devidamente justificada.

*Neste caso, eventual ação penal desaguaria numa absolvição? SIM, de fato, a denúncia nem
deveria ter sido recebida por falta de justa causa; e no caso de ser recebida o agente deve ser
absolvida por falta de elemento probatório.
*qual o termo adequado para inquérito? Ação penal falamos justa causa, inquérito podemos
falar justa causa também? Sim, podemos falar em lastro probatório mínimo, justa causa; até porque
justa causa é gênero. Porém quando falamos em justa causa para instauração do inquérito há uma
exigência bem menor em comparação da justa causa da denúncia/ação penal. No entanto, não deve
se perder de vista que deve conter os elementos concretos ensejadores para tal, contidos no art. 5 o p.
3o do CPP.

A oficiosidade conhece de algumas exceções.


EXCEÇÕES À OFICIOSIDADE

1a exceção à oficiosidade do inquérito.


As exceções estão contidas no próprio art. 5 o => Crimes de ação penal pública
condicionada à representação (art. 5o p. 4o). Isso é extremamente importante na prática. Por ex. no
caso de flagrante, para realizar o auto de apreensão em flagrante, que dá a formalização do
inquérito. Para realizar o auto de prisão em flagrante é preciso da representação do ofendido para
tal, e portanto, o inquérito resta prejudicado.
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Lembrando que o inquérito pode ser instaurado por duas formas: Portaria ou auto de prisão
em flagrante -APF (isso sem contar nos delitos de menor potencial ofensivo, o termo
circunstanciado)
4 momentos do flagrante:
=> captura
=> lavratura do APF
=> Fiança
=> liberação do capturado (quando há o pagamento da fiança) OU cárcere (nos casos que
não há pagamento da fiança)

Se não tiver a representação, prejudica todo o resto, e haverá a liberação do capturado


precocemente.
Ex. violência doméstica contra a mulher no âmbito doméstico contra a mulher. A maioria é
de ação penal incondicionada. Mas tem-se o crime de ameaça, que é condicionada. Se há a prisão
em flagrante, sem a representação, o meliante, tem que ser liberado.

A REPRESENTAÇÃO É CONDIÇÃO ESPECIAL DE PERSEQUIBILIDADE.

Temos em mente que a representação é condição de procedibilidade, para que se dê início à


ação penal; mas em verdade se trata de requisito anterior, ou seja, não pode dar ensejo sequer à
instauração do inquérito.

* Tem timing para a representação do ofendido? Prazo decadencial de 6 meses. Em caso de


prisão em flagrante, deve ser feito de forma imediata ao flagrante a representação da vítima. Deve
ser ato simultâneo da prisão em flagrante e a representação do ofendido (horas no máximo), sob
possibilidade de responder por abuso de autoridade.
* A comunicação do flagrante à autoridade judicial é de 24h. Por isso esses atos tem que ser
dados em sequência!!!!
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* E nos casos de impossibilidade de representar? Teria que se socorrer de uma ponte
analógica com a leitura do art. 24 do CPP, e o chamamento dos parentes para a devida
representação.
 Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Parágrafo único. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
§ 1o  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o
direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão.           (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)
§ 2o  Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da
União, Estado e Município, a ação penal será pública.           (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)

*Vai dentro daquela ideia do Standarts probatório? Pode falar em standard probatório para
inquérito, mas isso conversa mais com o recebimento da denúncia e do oferecimento da sentença.

2a exceção à oficiosidade do inquérito.


Idêntico raciocínio tem-se para crimes de ação penal de iniciativa privada, neste caso
precisa do requerimento do ofendido.

3a exceção à oficiosidade do inquérito.


Um outro aspecto sobre a oficiosidade de membros ativos do MP e da Magistratura. A
atuação oficiosa da autoridade policial deve ser feita APENAS em flagrante por crime inafiançável.

Vide art. 18 da Lei Complementar 75/93:


 Art. 18. São prerrogativas dos membros do Ministério Público da União:
        I - institucionais:
        a) sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes singulares ou presidentes dos órgãos judiciários perante
os quais oficiem;
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        b) usar vestes talares;
        c) ter ingresso e trânsito livres, em razão de serviço, em qualquer recinto público ou privado, respeitada a garantia
constitucional da inviolabilidade do domicílio;
        d) a prioridade em qualquer serviço de transporte ou comunicação, público ou privado, no território nacional, quando em
serviço de caráter urgente;
        e) o porte de arma, independentemente de autorização;
        f) carteira de identidade especial, de acordo com modelo aprovado pelo Procurador-Geral da República e por ele expedida,
nela se consignando as prerrogativas constantes do inciso I, alíneas c, d e e do inciso II, alíneas d, e e f, deste artigo;
        II - processuais:
        a) do Procurador-Geral da República, ser processado e julgado, nos crimes comuns, pelo Supremo Tribunal Federal e pelo
Senado Federal, nos crimes de responsabilidade;
        b) do membro do Ministério Público da União que oficie perante tribunais, ser processado e julgado, nos crimes comuns e
de responsabilidade, pelo Superior Tribunal de Justiça;
        c) do membro do Ministério Público da União que oficie perante juízos de primeira instância, ser processado e julgado, nos
crimes comuns e de responsabilidade, pelos Tribunais Regionais Federais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
        d) ser preso ou detido somente por ordem escrita do tribunal competente ou em razão de
flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação àquele
tribunal e ao Procurador-Geral da República, sob pena de responsabilidade;
        e) ser recolhido à prisão especial ou à sala especial de Estado-Maior, com direito a privacidade e à disposição do tribunal
competente para o julgamento, quando sujeito a prisão antes da decisão final; e a dependência separada no estabelecimento em
que tiver de ser cumprida a pena;
        f) não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste
artigo;
        g) ser ouvido, como testemunhas, em dia, hora e local previamente ajustados com o magistrado ou a autoridade
competente;
        h) receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição nos feitos em que tiver que oficiar.
        Parágrafo único. Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de infração
penal por membro do Ministério Público da União, a autoridade policial, civil ou militar,
remeterá imediatamente os autos ao Procurador-Geral da República, que designará membro do
Ministério Público para prosseguimento da apuração do fato.

Vide art. 40 e 41 da Lei 8.625/93 (MPE):


Art. 40. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, além de outras
previstas na Lei Orgânica:
I - ser ouvido, como testemunha ou ofendido, em qualquer processo ou inquérito, em dia, hora e local previamente
ajustados com o Juiz ou a autoridade competente;
II - estar sujeito a intimação ou convocação para comparecimento, somente se expedida pela autoridade judiciária ou
por órgão da Administração Superior do Ministério Público competente, ressalvadas as hipóteses constitucionais;
III - ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime
inafiançável, caso em que a autoridade fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a
comunicação e a apresentação do membro do Ministério Público ao Procurador-Geral de
Justiça;
IV - ser processado e julgado originariamente pelo Tribunal de Justiça de seu Estado, nos crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada exceção de ordem constitucional;
V - ser custodiado ou recolhido à prisão domiciliar ou à sala especial de Estado Maior, por ordem e à disposição do
Tribunal competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final;
VI - ter assegurado o direito de acesso, retificação e complementação dos dados e informações relativos à sua pessoa,
existentes nos órgãos da instituição, na forma da Lei Orgânica.
Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua
função, além de outras previstas na Lei Orgânica:
I - receber o mesmo tratamento jurídico e protocolar dispensado aos membros do Poder Judiciário junto aos quais
oficiem;
II - não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único
deste artigo;
III - ter vista dos autos após distribuição às Turmas ou Câmaras e intervir nas sessões de julgamento, para sustentação
oral ou esclarecimento de matéria de fato;
IV - receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através da entrega dos autos com vista;
V - gozar de inviolabilidade pelas opiniões que externar ou pelo teor de suas manifestações processuais ou
procedimentos, nos limites de sua independência funcional;
VI - ingressar e transitar livremente:
a) nas salas de sessões de Tribunais, mesmo além dos limites que separam a parte reservada aos Magistrados;
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, tabelionatos, ofícios da justiça, inclusive dos registros
públicos, delegacias de polícia e estabelecimento de internação coletiva;
c) em qualquer recinto público ou privado, ressalvada a garantia constitucional de inviolabilidade de domicílio;
VII - examinar, em qualquer Juízo ou Tribunal, autos de processos findos ou em andamento, ainda que conclusos à
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos;
VIII - examinar, em qualquer repartição policial, autos de flagrante ou inquérito, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos;
IX - ter acesso ao indiciado preso, a qualquer momento, mesmo quando decretada a sua incomunicabilidade;
X - usar as vestes talares e as insígnias privativas do Ministério Público;
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XI - tomar assento à direita dos Juízes de primeira instância ou do Presidente do Tribunal, Câmara ou Turma.
Parágrafo único. Quando no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por parte de membro do
Ministério Público, a autoridade policial, civil ou militar remeterá, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos
autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração.

Vide art. 33 da Lei Complementar 35/79:


 Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:
       I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de instância igual ou
inferior;
       II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial competente
para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará
imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja
vinculado (VETADO);
       III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à disposição do Tribunal ou do órgão
especial competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final;
       IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expedida por autoridade judicial;
       V - portar arma de defesa pessoal.
       Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por
parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao
Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na
investigação.

Lembrando que se trata de membros ATIVOS!!!


FORA ESSES CENÁRIOS, não será permitido a oficiosidade.
Ex. flagrante de crime afiançável dessas autoridades=> Autoridade fará cessar a ação
delitiva.=> Não irá evoluir na apuração, nem irá instaurar inquérito => Reunirá o máximo de
elementos concretos probatórios daquele membro do MP ou daquele Magistrado. => no caso de
flagrante de magistrado: encaminhará ao tribunal respectivo. => e no caso de flagrante de membro
MP: encaminha para Procuradoria respectiva (ao qual esteja vinculado).
Em se tratando de processo já em curso, se dará da mesma forma acima, recolhe os
elementos já colhidos e remete para os respectivos órgãos citados. Sem possibilidade de atuação
oficiosa da autoridade policial.

=>=> ISSO JÁ CAIU EM PROVA DE DELEGADO RJ

A mensagem dos dispositivos acima citados são claros, no sentido de que a atuação do
membro do MP e do membro da Magistratura não está sujeita à valoração pela autoridade policial.
Somente estando sujeita quando na situação de flagrante, e ainda assim de crimes inafiançáveis.

Sugestão: façam a remissão no art. 5o do CPP aos:


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VERIFICAR NO VADE MECUM SE TRAZEM AS LEIS DO MP/DEFENSORIA E
MAGISTRATURA!!!! DO CONTRÁRIO SERÁ DINHEIRO JOGADO FORA.
E NOS “AUTOS DE RESISTÊNCIA” (= auto de lesão corporal/morte em decorrência de
reação ilegítima à atuação policial” do art. 292 o CPP) ? PODERIA SER INSTAURADO UM
AUTO DE RESISTÊNCIA EM DESFAVOR DE UM MEMBRO DO MP?
Art. 292.  Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos
meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto
subscrito também por duas testemunhas.
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-
hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em
mulheres durante o período de puerpério imediato.         (Redação dada pela Lei nº 13.434, de 2017)

EX. plantão de delegado... com confronto armado com vítimas, supostos infratores, supostos
traficantes. Alguns disparos claramente partiram do membro do MP, outros disparos partiram de
policiais e outros de traficantes. COMO PROCEDER NO PLANTÃO? Com relação aos policiais,
havendo indicativos de legítima defesa, será lavrado o “auto de resistência”, do art. 292 do CPP. No
entanto, com relação aos disparos do MP, não será feito isso. Isso porque não se está em uma
possibilidade valorativa da autoridade policial sobre atos do MP, justamente pelo fato de não se
tratar de flagrante de crime inafiançável. Em princípio tudo indica que se trata de legítima defesa,
pode ser feito um relatório e deverá ser encaminhado ao PGJ com todos os elementos concretos.

HÁ AINDA UMA 4O EXCEÇÃO de oficiosidade do inquérito:


De construção doutrinária, e corroborada pelo STF/STJ: a fim de evitar burla à garantia do
juiz natural em se tratando de agente político com prerrogativa de foro, não se instaura de ofício o
inquérito nem tampouco se adita para incluí-lo em processos em curso. Devendo-se obter
autorização junto ao Tribunal respectivamente competente, apresentando elementos CONCRETOS,
que embasem tal requerimento. Até porque o dito Tribunal decidirá pela inclusão ou não e, se
positiva a resposta, pelo desmembramento, ou não, da persecução.
Ou seja, não pode nem abrir, nem dar continuidade sem a autorização do Tribunal
respectivo.
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Foi feito um novo desenho da competência por prerrogativa da função (pelo Ministro
Barroso). Hoje, o processo de infrações penais cometidas em razão da função política ORA
EXERCIDA.
A doutrina critica esse posicionamento porque mostra um ativismo judicial. Trata-se de um
afunilamento da ação penal, um estreitamento das ações penais. Trata-se de uma “jurisprudência
defensiva”, entre tantas outras decisões; que visam proteger os Tribunais da existência de muitas
ações para cada Tribunal. O texto Constitucional nunca deu margem para este entendimento:
vide art. 102 inciso I alínea “b” => infrações penais comuns
alínea “c” => e crimes de responsabilidade (os crimes de
responsabilidade do Presidente são avaliados pelo Senado após autorização da Câmara).
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual;
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;         (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros
do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado,
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da
União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente ;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado
e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

Há referência às infrações penais comuns, independentemente do exercício da função. Por


isso que o prof. entende como um intenso ativismo judicial, sendo no entanto uma realidade atual.
“Em razão da função política ORA exercida” => ocorreu uma enxurrada de declínio de
competência. Respeitados os atos até então praticados, remete-se os autos para o Juízo competente.
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*Essa autorização do tribunal, pode ser pelo relator, ou deve ser do pleno e/ou turma? do
relator

Por ser uma posição claramente ativista, começaram a aparecer vários distinguishing:
DISTINÇÕES (deste novo desenho trazido pelo Barroso para o foro por prerrogativa
de função, que vincula apenas a ação penal cometida em razão do cargo ORA EXERCIDO):
A) MANDATOS IDÊNTICOS CONSECUTIVOS, é uma hipótese na qual, mesmo em se
tratando de crime cometido em razão de mandato anterior, persiste a competência ratione personae
(STF/STJ);

A CONTRARIO SENSU, em se tratando de mandatos intervalados ou distintos, não persiste


a competência ratione personae EM REGRA...
EX. prefeito que não se reelege na sequência, mas se elege na outra eleição. Neste caso não
se trata de mandato consecutivo, porque houve um intervalo.
Ex. deputado que depois se elege Governador, não se trata de mandato consecutivo.

Veja que foi falado “EM REGRA”, e isso é um spoiler pra próxima distinção:
b) MANDATOS CRUZADOS, ou seja, do Senado para a Câmara e vice-versa,
consecutivamente, porque jamais deixou de integrar o Congresso Nacional. STF/STJ.
Dado cronológico => Inicialmente uma turma do STF foi contrária à essa tese, afirmando
que a função é diferente. O Deputado exerce função federativa substancialmente diferente do
Senador. A segunda turma entendeu, entretanto, que se trata de continuidade, pois se trata de tratado
parlamentar federal.
Esse entendimento foi levado ao Pleno e o entendimento da continuidade foi ratificado,
sendo ampliado para o STJ.
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c) Ante o art. 27 p.1o da CRFB88, a distinção acima igualmente se aplica aos Deputados
Estaduais que migrarem para o Congresso Nacional

=
Esse posicionamento ainda não está plenamente consolidado.
O entendimento é de que a função é confiada aos Deputados Federais, deve ser extendido
aos Deputados Estaduais. E ainda por cima, deve ser colocado a perpetuação da competência do
Tribunal de origem. => Ex. no caso do Senador Flávio Bolsonaro deve se perpetuar a competência
do TJRJ, nos crimes cometidos no curso do mandato de Deputado Estadual, mesmo com a migração
dele para o Senado.
Para o professor=> se assim, o é, que fosse, então, fixada a competência do STF em
detrimento do Tribunal de origem.

Portanto, a crítica é justamente com relação aos mandatos cruzados. Para o professor isso
não procede, porque está se falando de um cenário inicial de Estado, cuja representação é
unicameral; para um cenário final de Federal cuja representação é bicameral. São níveis federativos
diversos, que não justifica o prolongamento.
Isso acaba desvirtuando inclusive o argumento utilizado no distinguishing anterior, que
falava que se tratava de função semelhante por serem ambos os mandatos consecutivos de nível
federal.

d) Em se tratando de desembargadores, persiste a competência ratione personae do STJ,


independentemente das circunstâncias da infração penal, a fim de evitar possíveis inibições (vide
art. 105, inc I “a” da CRFB88). => Essa orientação é do STJ, já foi levada ao STF já tendo decidido
que se trata de repercusão geral, mas ainda não houve decisão.
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Imagine um desembargador em um crime de violência doméstica. Continua a sua
persecução penal no Tribunal, não indo para o Juízo de primeira instância. Isso tem a finalidade de
livrar o juizo de primeiro grau da influência hierárquica (ou contrangimento) e manter a higidez do
processo. Porque o desembargador julgado, ainda poderia decidir sobre casos daquele Juiz (como
promoção, afastamento, ...)

e) Em apreço à Unidade e Indivisibilidade do Ministério Público:

A orientação acima acaba se extendendo à magistratura como um todo. E se extende também


ao MP. PORTANTO, independentemente da infração penal, será mantido o foro por prerrogativa da
função tanto de magistrados como de membros do MP. Esse é um entendimento do STJ, não
consolidado ainda pelo STF.

DUAS PERGUNTAS SOBRE AGENTES POLÍTICOS:

NÃO, a mera menção não é suficiente. É imprescindível a reunião de elementos concretos


para que seja remetido ao foro competente (esse é o entedimento do STF/STJ). Esse entendimento
nem sempre foi assim, antes entendia-se que bastava a menção para que se efetuasse a remessa. Isso
foi feito para evitar a burla da garantia do Juiz Natural do foro por prerrogativa de função.
Hoje não. É preciso elementos concretos. Esomente serão enviados se reunidos elementos
concretos, para que não se “lote” os tribunais. Só haverá o sobrestamento do processo e
encaminhamento do processo se houverem elementos concretos.
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Ex. deputado envolvido supostamente em tráfico de entorpecente, nada a ver com o mandato
parlamentar. Teria que buscar o Tribunal?
É uma construção que ainda está em andamento, mas majoritariamente STF e STJ entendem
pela remessa porque o próprio Tribunal deve dizer sobre a sua própria competência.
Prof. discorda do STF/STJ, porque, se há jurisprudência divulgada...(vermelho)

Para o prof., se for entendido desta forma, é como se estivesse olvidando da


técnica/capacidade da autoridade policial/MP e instâncias inferiores para avaliar os casos e suas
distinções.

ENTÃO, QUAL O MOTIVO DE SE INVOCAR O JUIZ NATURAL? POR QUE TODA


ESSA PREOCUPAÇÃO COM O JUIZ NATURAL? Vide art. 10 p.1 o do CPP. Os autos deverão ser
remetidos ao juiz natural, e deverão ser continuados pelo mesmo tribunal competente por
prerrogativa de função.
Daí vem o temor, porque visa evitar que cautelares pessoais, reais e, sobretudo, probatórias,
sejam direcionadas ao Juízo Ordinário, embora mirem agente político com prerrogativa de foro.
Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.

INTERVALO
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*INFLUÊNCIA POLÍTICA? Não, a análise é técnica.

*PRINCÍPIO DA SIMETRIA? Não invoca-se o princípio da simetria, por conta de já haver


normativa explícita na CRFB88 no art. 27 p. 1o.

*SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA? Essa ponderação diz respeito a casos em que temos a


competência por prerrogativa de função conexas à competência de instância ordinária. Vide Súmula
704 do STF. Não é propriamente deste assunto, mas vale observar a súmula, já que o próprio STF
afastou essa discussão sobre supressão de instância.
Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função
de um dos denunciados.

*mas sobre a questão do foro da magistratura, então permanece o foro dos juízes no tribunal
e dos desembargadores no STJ, ou apenas o dos desembargadores fica mantido no STJ? Se irradia à
toda a magistratura, assim como aos membros do MP.

*o motivo de invocar o juiz natural => Diz o art. 10 p.1 o do CPP, encerrados os autos,
deverão ser remetidos ao Juízo competente... Se estão inclusos pessoa com prerrogativa de foro,
deveria ser remetido de plano ao Juizo competente, sob pena de burla ao Juízo Natural.

O Tribunal decidirá sobre a inclusão ou não, bem como sobre eventual cisão da
competência.
É importante deixar claro que o STF já deixou claro um critério objetivo com relação à cisão
ou não. Em se tratando de continência => unidade persecutória. Nos demais casos, cisão. Afinal, a
competência ratione persone é excepcional, logo, de aplicação restritiva.

Observe que essa é uma outra tentativa de enxugar o seu acervo, “jurisprudência defensiva”.
Em caso de continência, não tem jeito, vai ter que manter um único processo. Porque se trata de
mesma causa de pedir (não pode separar a mesma causa de pedir), que nascem do mesmo fato de
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pedir, apesar de cada agente ser julgado na medida da sua culpabilidade...=> privilegia-se a unidade
persecutória.
O risco de haver decisões conflitantes é enorme. Por isso devem ser reunidos.
Podendo evitar é melhor.

OBS: QDO FORMOS FALAR DE COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE


FUNÇÃO, ESSE TÓPICO JÁ SERÁ CONSIDERADO DADO, SENDO ABARCADO OS
DEMAIS ASPECTOS DA COMPETÊNCIA SOMENTE.

A par da instauração do inquérito de ofício, tem-se, ainda o artigo 5o inciso II do CPP, ou


seja, temos a instauração do inquérito por requisição do MP ou do Juiz.
*Com relação à instauração do inquérito do MP já concordamos que é OK (Vide art. 129
inciso VII e VIII da CRFB88)

A natureza jurídica destes inquéritos (de exceção à oficiosidade) é de ato administrativo


complexo (porque à sua consecução concorre a autorização judicial com a autoridade policial).

=> E QUANDO SE IMPETRA UM HC “Trancativo” do inquérito, quem julga? Guarda


relação com a autoridade coatora! STF e a maiorida da DOUTRINA compreendem que se remete
ao requisitante (que é ou o membro da magistratura ou membro do MP),=> logo, por consequência
da autoridade coatora, haverá o encaminhamento ao TJ/TRF.
Por analogia, cita-se a Lei de Mandado de Segurança. Vide art. 6o da Lei 12.016/09.
Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei
processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira
reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à
qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. 
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou
estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de
terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em
cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá
cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. 
§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-
á no próprio instrumento da notificação. 
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou
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da qual emane a ordem para a sua prática. 

São ambas ações autônomas mandamentais.


“Considera-se autoridade coatora....” => Como se tem a ordem emanada por Juiz ou MP,
tem-se que o Juízo competente é de instância superior.

OBS: “precedentes mais antigos”=> professor vai sempre se referir a STJ precedentes. Os
atuais, o professor se refere apenas como STJ.

Lembrando que Requisição é mais que um requerimento, tem um tom ordenatório.


Recusáveis apenas por um juízo de legalidade, OU SEJA, autoridade policial nunca pode recusar
um requerimento com base em um juízo de oportunidade e conveniência. Sob esse ângulo, quando
há recusa da autoridade policial, ela se torna a autoridade coatora, devendo o HC ou MS ser
remetido ao Juízo de Primeira Instância. E se o requisitante foi o Juiz (posteriormente negado pela
autoridade policial), eventual HC não será por ele apreciado, mas será mantido em primeira
instância.

REQUISIÇÃO JUDICIAL DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO = SEM RECEPÇÃO


CONSTITUCIONAL
Vide art. 129 inciso I da CRFB88 c/c art. 3o A do CPP
Já tivemos decisões na 2a turma do STF e da 5a T STJ. Desde então (desde a promulgação do
CPP), só tivemos dois pronunciamentos nesse sentido.

Ambos julgados são da década passada e ambas foram no sentido de não se permitir a
instauração de inquérito por meio de decisão judicial.
A decisão da 2a turma foi inclusive curiosa, porque o acusado já tinha alvo em um processo
em curso sobre a mesma pessoa e sobre o mesmo fato. O Juiz requisitou à autoridade policial para
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que abrisse novo inquérito e investigação. E foi afirmado que não pode haver esse tipo de
comportamento judicial porque é incompatível com o sistema acusatório. A decisão da 5 a Turma
também foi nessa linha argumentativa.
Neste aspecto, falamos em sistema acusatório, em que pese o peso inquisitorial do inquérito.
Ou seja, a persecução à cargo do MP ou à cargo da autoridade policial, mantendo o juiz de maneira
equidistante.
Corroborado com o art. 3o do CPP. Lex anteriori derrogati lex posteriori
Este é um discurso que fortalece o MP, que ficaria eclipsado diante de um Juiz oficioso.
No entanto, o regimento interno do STF prevê ainda a possibilidade de abertura do inquérito
de ofício. O STF não reconheceu a inconstitucionalidade deste regimento neste quesito, mostrantdo
que ainda é necessário portanto muita evolução deste preceito. À reboque isso tem sido utilizado
pelos demais Tribunais, com efeito cascata, infelizmente.
Os tribunais que permitem essa instauração de ofício, alegam em sentido contrário que, por
encerrar valoração contrária e cognição sumária, inexistiria prejulgamento a comprometer a
imparcialidade e a equidistância.

É utilizado até hoje para justificar preceitos de instauração por Ministros do STF ou do STJ.

*A requisição judicial de inquérito não pode, salvo exceções do regimento, e foi por causa
do (Artigo acrescido pela Lei nº 13.964, de 24/12/2019, publicada na Edição Extra do DOU de
24/12/2019, em vigor 30 dias após a publicação) Ar 3 ª A? Primeiramente sempre com base na
legalidade, ou seja, com previsão legal. No entanto, em que pese a previsão legal em regimentos
internos dos Tribunais, é de constitucionalidade e convencionalidade duvidosas vide o artigo 8 o item
1 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e art. 14 item 1 do Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos:

6o => SIGILOSIDADE DO INQUÉRITO


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Vem previsto no art. 20 do CPP caput, cujo sigilo se retere ao sigilo externo (antônimo de
público)
Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou
exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade
policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os
requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior.          (Incluído pela Lei nº 6.900, de
14.4.1981)
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade
policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os
requerentes.            (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)

O principal motivo disso é para assegurar a efetividade da investigação, e consequentemente


sua eficiência. Isso porque os investigados poderiam fugir ou destruir provas à medida que fossem
publicizadas. REPISE-SE: Sigilo externo!
Em que pese se tratar de inquérito, inexiste justa causa à denúncia. Logo, a presunção de não
culpabilidade enquanto regra de tratamento ainda subsiste. => Pode culminar em um acabamento,
encerramento antes mesmo de haver denúncia. Isso acaba por proteger o investigado e seus
familiares ou pessoas que o cercam.

Descabe portanto, expor o investigado à opinião pública, sendo que isso pode levar a um
arquivmento. Visa-se preservar direitos fundamentais do investigado, contidos nos artigos citados
acima.
Cite-se um caso de SP: da escola Base de SP, que não conseguiram se reinserir na sociedade
de forma adequada.
Portanto, a sigilosidade do inquérito tem essas duas funções. Tem o papel portanto de
neutralizar a “opressive media” (mídia opressiva).
Tem-se a recepção constitucional do art. 20, caput do CPP, pelo art. 5 o inciso XXXIII da
CRFB88. Todos tem direito à informações pessoas, com exceção.
 Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou
exigido pelo interesse da sociedade.

A partir de então, qual a conclusão que se chega? É constitucional divulgar informações


apuradas no inquérito, desde que NÃO INTERFIRAM NA SUA EFICIÊNCIA.
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Ou seja, a interpretação a contrario sensu do contido no art. 20, faz permitir a divulgação,
desde que não interfira nas investigações.

* Na resolução 181 do CNMP mudou completamente a ótica, porque a investigação


ministerial é PÚBLICA, decretando-se o sigilo pontual e fundamentadamente. vide art. 15 e 16. É
um paradigma diferente, mas que ao fim e ao cabo chega à mesma conclusão da sigilosidade do
inquérito policial.
Esse é o corte para questões de prova: sigilosidade inquérito policial (regra) x sigilosidade
inquérito mp (exceção)

E O SIGILO INTERNO? É POSSÍVEL OU NÃO?


OK, quando inerente a procedimentos de formação de provas sigilosos por lei, hipóteses nas
quais o contraditório será diferido.
ex clássico => interceptação telefônica e ambiental. Até porque não posso fazer
interceptação telefônica e ambiental com ciência do investigado.

E a Oponibilidade do conteúdo do inquérito à defesa técnica? É possível ou não? NÃO.


RAZÕES:

Se houver oponibilidade do conteúdo do inquérito à defesa técnica, haveria um completo


esvaziamento do direito de defesa do investigado.
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Foi originado com base nesse entendimento, a SV 14, que define que
INDEPENDENTEMENTE DE PROCURAÇÃO, pode ser concedido o pedido de vista, ao que já
foi APURADO.

Há a proteção no Estatuto da Ordem dos Advogados, assim como na Lei Complementar


80/94que trata do Estatuto da Defensoria Pública. Art. 44=> DPU. Art. 128 => DPEs

Alcança tudo que já foi apurado (documentado) apenas, dentro da lógica da inquisitoriedade
do inquérito.

JÁ CAIU EM PROVA DISCURSIVA


JÁ CAIU EM PROVA OBJETIVA RECENTEMENTE PARA DELEGADO.

O QUE JÁ FOI INVESTIGADO DEVE-SE DAR VISTA A DEFESA. ACESSO ESTE AS


PEÇAS JÁ PRODUZIDAS. NÃO PENDENTE DE INVESTIGAÇÃO. SE IMPEDIDO, QUAL A
DEFESA CABÍVEL?
3 VIAS IMPUGNATIVAS POSSÍVEIS: A DEPENDER DA CAUSA DE PEDIR, MUDA A
VIA IMPUGNATIVA.
CABE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
MANDADO DE SEGURANÇA
HC (tanto para o preso como para o investigado solto).
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MS ou HC.

Professor não recomenda este último em termos práticos, mas no caso de haver crime de
abuso de autorridade, cabe até mesmo voz de prisão em flagrante
Teria que se dar de forma clara no caso concreto, em que a autoridade policial está negando
o acesso por mero capricho, por humilhação ao advogado.... cabe a voz de prisão em flagrante....

OBS: SÚMULA VINCULANTE SÓ PODE SER DO STF! É REDUNDANTE AFIRMAR


SER DO SUPREMO. PODE PERDER PONTOS NA PROVA, TANTO ORAL COMO
SUBJETIVA.

*Advogado pode atuar incisivamente em um depoimento em sede policial de um autor de


crime, invocando os direitos consubstanciados no Estatuto? Modulando perguntas formuladas por
ex pela autoridade policial …E até no depoimento nas testemunhas e vítima tb… R: SIM, VIDE
AULA PASSADA.

Imagine que o MP solicite a busca domiciliar e o advogado venha a solicitar os autos do


inquérito. Como será feito? Deverá permitir o acesso de todo o conteúdo, excluindo esta parte ainda
não realizada.

E nos casos em que se permite a consulta por advogado de um inquérito, não se trata de um
meio de burlar a sigilosidade do inquérito? Por ex. quando algum advogado curioso resolve pedir
acesso aos autos...
R: NÃO. Porque na realidade o advogado deve dizer em nome de quem está lá. Deve estar
em nome de um investigado, indiciado ou suspeito. Não pode estar em nome de terceiro curioso
interessado. O indiciado pode opor à vista desse advogado.
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PRÓXIMA AULA SERÁ DADO CONTINUIDADE ÀS DEMAIS CARACTERÍSTICAS


DO INQUÉRITO.

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