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15/02/2023

INQUÉRITO
POLICIAL

FASE PRÉ-PROCESSUAL
GÊNERO ESPÉCIE
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR - INQUÉRITO POLICIAL
- CPI;
- SINDICÂNCIA;
- PIC;
Constitui o conjunto de atividades desenvolvidas
concatenadamente por órgãos do Estado, a partir de uma
notícia-crime, com caráter prévio e de natureza
preparatória com relação ao processo penal, e que
pretende averiguar a autoria e as circunstâncias de um
fato aparentemente delituoso, com o fim de justificar o
processo ou o não processo.

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INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
QUAL É O FUNDAMENTO DA EXISTÊNCIA DA
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR?

POR QUE UM INQUÉRITO POLICIAL PRÉVIO AO


PROCESSO?

INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
i) BUSCA DO FATO OCULTO

O crime, na maior parte dos casos, é total ou


parcialmente oculto e precisa ser investigado para atingir-
se elementos suficientes de autoria e materialidade
(fumus commissi delicti) para oferecimento da acusação
ou justificação do pedido de arquivamento.

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INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
ii) FUNÇÃO SIMBÓLICA

A visibilidade da atuação estatal investigatória contribui, no plano


simbólico, para o restabelecimento da normalidade social abalada
pelo crime, afastando o sentimento de impunidade.

INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
iii) FILTRO PROCESSUAL

A investigação preliminar serve como filtro processual


para evitar acusações infundadas (despidas de lastro
probatório suficiente, e/ou porque a conduta não é
aparentemente criminosa). O processo penal é uma pena em
si mesmo, pois não é possível processar sem punir e
tampouco punir sem processar, pois é gerador de
estigmatização social e jurídica (etiquetamento) e sofrimento
psíquico. Daí a necessidade de uma investigação preliminar
para evitar processos sem suficiente fumus commissi delicti.

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IP – NATUREZA JURÍDICA
Procedimento administrativo pré-processual

IP – ÓRGÃO ENCARREGADO
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
policiais no território de suas respectivas circunscrições e
terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei
seja cometida a mesma função.

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IP – ÓRGÃO ENCARREGADO
art. 4º, caput – autoridade policial

art. 4º, parágrafo único – outras autoridades


administrativas:
- sindicâncias e processos administrativos contra
funcionários públicos;
- inquérito policial militar;
- CPI;
- PIC (MP);

IP – POLÍCIA JUDICIÁRIA
Trata-se de um modelo de investigação preliminar policial,
de modo que a polícia judiciária leva a cabo o inquérito
policial com autonomia e controle.

Contudo, depende da intervenção judicial para a adoção


de medidas restritivas de direitos fundamentais.

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IP – MP
O parquet legalmente autorizado:
- a requerer abertura como também acompanhar a atividade
policial no curso do inquérito. - o controle externo da atividade
policial;
- requisitar a instauração do inquérito e/ou acompanhar a sua
realização

- quanto aos poderes investigatórios do Ministério Público, a


questão ainda é bastante discutida, mas o STF já decidiu
algumas vezes sobre o tema e sinaliza no sentido de sua
possibilidade (mas não houve manifestação do órgão plenário
sobre a constitucionalidade);

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IP – JUIZ
Art. 3º-A usque art. 3º-F – Juiz de Garantias
Suspenso pelo STF

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IP – OBJETO
O objeto da investigação preliminar é o fato constante na notitia criminis,
isto é, o fumus commissi delicti que dá origem à investigação e sobre o
qual recai a totalidade dos atos desenvolvidos nessa fase.
Toda a investigação está centrada em esclarecer, em grau de
verossimilitude, o fato e a autoria, sendo que esta última (autoria) é um
elemento subjetivo acidental da notícia-crime. Não é necessário que seja
previamente atribuída a uma pessoa determinada.
A atividade de identificação e individualização da participação será
realizada no curso da investigação preliminar.
Destarte, o objeto do inquérito policial será o fato (ou fatos) constante na
notícia-crime ou que resultar do conhecimento adquirido através da
investigação de ofício da polícia

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IP – OBJETO
No que se refere ao quanto de conhecimento (cognitio)
do fato, deverá ser alcançado no inquérito; o modelo
brasileiro adota o chamado sistema misto, estando
limitado qualitativamente e também no tempo de duração.

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IP – LIMITAÇÃO
- LIMITAÇÃO QUALITATIVA

- LIMITAÇÃO TEMPORAL

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IP – LIMITAÇÃO QUALITATIVA
O inquérito policial serve – essencialmente – para
averiguar e comprovar os fatos constantes na notitia
criminis.

Nesse sentido, o poder do Estado de averiguar as


condutas que revistam a aparência de delito é uma
atividade que prepara o exercício da pretensão acusatória
que será posteriormente exercida no processo penal.

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IP – LIMITAÇÃO QUALITATIVA
Para a instauração do inquérito policial, basta a mera
possibilidade de que exista um fato punível. A própria
autoria não necessita ser conhecida no início da
investigação.
O INQUÉRITO POLICIAL NASCE DA MERA
POSSIBILIDADE, MAS ALMEJA A PROBABILIDADE
Para a ação penal e a sua admissibilidade, deve existir
um maior grau de conhecimento: exige-se a probabilidade
de que o acusado seja autor (coautor ou partícipe) de um
fato aparentemente punível.

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IP – LIMITAÇÃO QUALITATIVA
No plano horizontal, está limitado a demonstrar a
probabilidade da existência do fato aparentemente
punível e a autoria, coautoria ou participação do sujeito
passivo.

Essa restrição recai sobre o campo probatório, isto é, os


dados acerca da situação fática descrita na notitia
criminis. O que se busca é averiguar e comprovar o fato
em grau de probabilidade.

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IP – LIMITAÇÃO QUALITATIVA
No plano vertical está o (fato típico, ilícito e
culpável).

O IP deve demonstrar a tipicidade, a ilicitude e a


culpabilidade aparente, também em grau de
probabilidade.

A antítese será a certeza sobre


todos esses elementos e está reservada para a fase
processual.

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IP – LIMITAÇÃO QUALITATIVA
O inquérito policial busca apenas a verossimilhança do
crime, a mera fumaça (fumus commissi delicti), não
havendo possibilidade de plena discussão das teses, pois
a cognição plenária fica reservada para a fase processual

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IP – PRAZO
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias,
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese,
a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou
no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.

Vide art. 3ºB, §2º, CPP - Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias
poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público,
prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se
ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.’

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PRAZO PARA CONCLUSÃO DO IP


DELEGADO ESTADUAL

PRESO: 10 dias (improrrogáveis????)

SOLTO: 30 dias
Obs.: prorrogáveis por deliberação do Juiz, pelo tempo e
pelas vezes que ele autorizar, havendo provocação do
Delegado de Polícia

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PRAZO PARA CONCLUSÃO DO IP


DELEGADO FEDERAL

PRESO: 15 dias (prorrogável uma vez por mais 15 dias)

SOLTO: 30 dias
Obs.: prorrogáveis por deliberação do Juiz, pelo tempo e
pelas vezes que ele autorizar, havendo provocação do
Delegado de Polícia

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PRAZO PARA CONCLUSÃO DO IP


LEGISLAÇÃO ESPECIAL

TRÁFICO DE DROGAS
TRAFICANTE PRESO: 30 dias (prorrogável uma vez por
mais 30 dias)

TRAFICANTE SOLTO: 90 dias (prorrogável uma vez por


mais 90 dias)

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PRAZO PARA CONCLUSÃO DO IP


LEGISLAÇÃO ESPECIAL

TRÁFICO DE DROGAS
Observação.: a prorrogação na Lei de Drogas pressupõe
deliberação judicial, com prévia oitiva do MP

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
Vide art. 5º, CPP

O inquérito policial tem sua origem na notitia criminis ou


mesmo na atividade de ofício dos órgãos encarregados
da segurança pública.

Formalmente, o IP inicia com um ato administrativo do


delegado de polícia, que determina a sua instauração
através de uma portaria.

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
I) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL;
II) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (OU ÓRGÃO
JURISDICIONAL?);
III) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA);
IV) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA
V) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA;
VI) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PRIVADA;

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
I) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL;
II) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (OU ÓRGÃO
JURISDICIONAL?);
III) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA);
IV) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE AÇÃO
PENAL DE INICIATIVA
PÚBLICA
V) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA;
VI) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PRIVADA;

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ATOS DE INICIAÇÃO
i) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL
A própria autoridade policial, em cuja jurisdição territorial
ocorreu o delito que lhe compete averiguar em razão da
matéria, tem o dever de agir de ofício, instaurando o
inquérito policial. É uma verdadeira inquisiti ex officio.
A chamada cognição direta pode surgir:
• por informação reservada;
• em virtude da situação de flagrância;
• por meio da voz pública;
• através da notoriedade do fato.

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
I) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL;
II) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (OU
ÓRGÃO JURISDICIONAL?);
III) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA);
IV) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE AÇÃO
PENAL DE INICIATIVA
PÚBLICA
V) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA;
VI) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PRIVADA;

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ATOS DE INICIAÇÃO
ii) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Quando chega ao conhecimento a prática de um delito de ação
penal de iniciativa pública, ou se depreende dos autos de um
processo em andamento a existência de indícios da prática de uma
infração penal de natureza pública, a autoridade deverá diligenciar
para sua apuração.

Decorre do dever dos órgãos públicos de contribuir para a


persecução de delitos dessa natureza.

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ATOS DE INICIAÇÃO
ii) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (ÓRGÃO
JURISDICIONAL???)
Em sendo o possuidor da informação um órgão jurisdicional,
deverá enviar os autos ou papéis diretamente ao Ministério Público
(art. 40) para que decida;

Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que


conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a
existência de crime de ação pública, remeterão ao
Ministério Público as cópias e os documentos
necessários ao oferecimento da denúncia.

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ATOS DE INICIAÇÃO
ii) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (ÓRGÃO
JURISDICIONAL???)

RESUMO: não cabe ao juiz requisitar a


instauração do IP, em nenhum caso. Mesmo
quando o delito for, aparentemente, de ação penal
privada ou condicionada, deverá o juiz remeter ao
MP, para que este promova o arquivamento ou
providencie a representação necessária para o
exercício da ação penal.

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ATOS DE INICIAÇÃO
ii) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Se for o próprio MP quem tomar conhecimento da
existência do delito, poderá:

i) promover a ação penal no prazo legal;


ii) requisitar a instauração do IP; ou
iii) promover o arquivamento.

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
I) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL;
II) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (OU ÓRGÃO
JURISDICIONAL?);
III) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA);
IV) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE AÇÃO
PENAL DE INICIATIVA
PÚBLICA
V) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA;
VI) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PRIVADA;

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ATOS DE INICIAÇÃO
iii) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA)
É uma notícia-crime que comunica a ocorrência de um
fato aparentemente punível, e que requer à autoridade
policial diligencias no sentido de apurá-lo.
Art. 5º, § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de Polícia.

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
I) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL;
II) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (OU ÓRGÃO
JURISDICIONAL?);
III) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA);
IV) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO
DE AÇÃO PENAL PÚBLICA;
V) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA;
VI) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PRIVADA;

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ATOS DE INICIAÇÃO
iv) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE
AÇÃO PENAL PÚBLICA
É a típica notícia-crime, em que qualquer pessoa comunica à
autoridade policial a ocorrência de um fato aparentemente punível.
Inclusive a vítima poderá fazer essa notícia-crime simples, quando
comunica o fato sem formalizar um requerimento.
OBS1.: O IP somente poderá formalmente ser instaurado se for um
delito de ação penal pública e a autoridade policial verificar a
procedência das informações.

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ATOS DE INICIAÇÃO
iv) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE
AÇÃO PENAL PÚBLICA
OBS2.: Caso a comunicação tenha por objeto um delito de ação
penal privada, não terá eficácia jurídica para dar origem ao IP;

art. 5º, § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade


policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-
la.

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
I) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL;
II) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (OU ÓRGÃO
JURISDICIONAL?);
III) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA);
IV) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA;
V) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS
DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA;
VI) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PRIVADA;

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ATOS DE INICIAÇÃO
v) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS
DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA
Quando se tratar de um delito de ação penal pública
condicionada, a teor do art. 5º, § 4º, sequer poderia ser
iniciado o IP sem a representação da vítima.
art. 5º, § 4o O inquérito, nos crimes em que a
ação pública depender de
representação, não poderá sem ela ser
iniciado.

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REPRESENTAÇÃO
A representação é utilizada para abertura do inquérito e,
em relação à ação penal, é uma condição de
procedibilidade.

A representação é uma notícia-crime qualificada. Isso


porque exige uma especial qualidade do sujeito que a
realiza. Ao mesmo tempo que dá notícia de ter sido
ofendido por um delito, demonstra a intenção de que o
Estado inicie a perseguição.

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REPRESENTAÇÃO - SUJEITO
- a vítima ou seu representante legal (cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão) C.A.D.I.;
- procurador com poderes especiais;
- ofendido menor de 18 anos (representante legal);
Obs1.: se o menor de 18 anos levar ao conhecimento do representante
legal, o prazo de 6 meses começa a fluir. Se o responsável legal não
representar, não poderá o menor, ao atingir a maioridade, fazer a
representação, pois o direito em tela terá sido atingido pela decadência.
Osb2.: se o menor não levar ao conhecimento do representante legal,
contra ele não flui o prazo (eis que menor) e contra o representante
também não (pois não tem ciência). Logo, quando completar a
maioridade, poderá representar, dentro do limite de 6 meses.

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REPRESENTAÇÃO - OBJETO
Os objetos da representação são os fatos noticiados e a
respectiva autorização para que o Estado proceda contra
o suposto autor.

Obs.: Não é necessário que a representação venha


instruída com prova plena da autoria e da materialidade,
mas sim que sejam apresentadas informações suficientes
para convencer que há um crime a apurar.

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REPRESENTAÇÃO
A representação pode ser apresentada:
- Juiz*;
- MP;
- Autoridade policial.

Obs.: se a representação for apresentada ao juiz, este


deverá encaminhá-la ao MP;

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REPRESENTAÇÃO
A representação pode ser apresentada:
- Juiz*;
- MP;
- Autoridade policial.

Obs.: se a representação for apresentada ao juiz, este


deverá encaminhá-la ao MP;

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REPRESENTAÇÃO - FORMA
FLEXIBILIZADA

- a representação é facultativa;

- cabe ao ofendido valorar a oportunidade e a


conveniência da persecução penal, podendo inclusive
preferir a impunidade do agressor à difamação e
humilhação gerada pela publicidade do fato no curso do
processo.

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REPRESENTAÇÃO - FORMA
- Não poderá haver qualquer forma de pressão ou coação
para que a vítima represente, pois deve ser um ato de
livre manifestação de vontade;
- O vício de consentimento anula a representação e leva
à ilegitimidade ativa (falta a condição legitimadora exigida
pela lei) do MP para promover a ação penal;
- Poderá ser prestada oralmente ou por escrito;
- Oral: deverá ser reduzida a termo pela autoridade;
- Escrita: deverá ser manuscrita ou datilografada, mas
deverá ter a firma reconhecida por autenticidade;

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REPRESENTAÇÃO - PRAZO
Muito embora exista uma flexibilização da forma, o mesmo não
ocorre com o prazo para o oferecimento da representação, que é
decadencial de 6 meses e não será suspenso ou interrompido
pela abertura do inquérito;
Obs.:1 - o prazo é contado a partir da data em que o ofendido vier a
saber quem é o autor do delito (art. 38);
Obs.: 2 - Realizada no prazo legal, será irrelevante que a denúncia
seja oferecida após os 6 meses, pois o prazo decadencial está
atrelado exclusivamente à representação e, uma vez realizada
esta, não se fala mais em decadência;
Obs.: 3 - A representação poderá ser oferecida a qualquer dia e
hora, junto à autoridade policial, e, nos dias e horas úteis, ao juiz ou
promotor;

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REPRESENTAÇÃO - PRAZO
Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103, CP - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido
decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce
dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a
saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100
deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento
da denúncia.

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IP – ATOS DE INICIAÇÃO
I) DE OFÍCIO PELA PRÓPRIA AUTORIDADE POLICIAL;
II) REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (OU ÓRGÃO
JURISDICIONAL?);
III) REQUERIMENTO DO OFENDIDO (DELITOS DE AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA);
IV) COMUNICAÇÃO ORAL OU ESCRITA DE DELITO DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA;
V) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA;
VI) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE
AÇÃO PENAL PRIVADA;

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ATOS DE INICIAÇÃO
vi) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE
AÇÃO PENAL PRIVADA
Obs.: a Lei n. 9.099/95 esvaziou as possibilidades de a vítima fazer um
requerimento e a autoridade policial instaurar um IP, porque nos delitos
de menor potencial ofensivo, não haverá inquérito policial, mas um mero
TCO (termo circunstanciado ocorrência).
Nos casos em que o ofendido não possuir o mínimo de prova necessário
para justificar o exercício da ação penal (queixa), o CPP permite-lhe
recorrer à estrutura estatal investigatória, através do requerimento de
abertura do inquérito policial. O requerimento pode ser classificado como
uma notícia-crime qualificada pelo especial interesse jurídico que possui
o ofendido e pelo claro caráter postulatório.

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ATOS DE INICIAÇÃO
vi) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE
AÇÃO PENAL PRIVADA
O requerimento deverá ser:
- escrito;
- dirigido à autoridade policial competente (razão da
matéria e lugar);
- firmado pelo próprio ofendido, seu representante
legal (arts. 31 e 33) ou por procurador com poderes
especiais.

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ATOS DE INICIAÇÃO
vi) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE
AÇÃO PENAL PRIVADA
Conforme o art. 5º, § 1º, o requerimento deverá conter:
i) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
ii) a individualização do indiciado ou seus sinais
característicos e as razões de convicção ou de presunção
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
iii) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua
profissão e residência.

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ATOS DE INICIAÇÃO
vi) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE
AÇÃO PENAL PRIVADA
Se indeferido pela autoridade policial, aplica-se o § 2º do
art. 5º, cabendo “recurso” para o chefe de polícia.

É um recurso inominado, de caráter administrativo.

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ATOS DE INICIAÇÃO
vi) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE
AÇÃO PENAL PRIVADA
- Não existe um prazo definido para formular o
requerimento;
- o prazo para o ajuizamento da queixa é decadencial de
6 meses e como tal não é interrompido ou suspenso pela
instauração do inquérito;
Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103, CP - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de
queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste
Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.

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ATOS DE INICIAÇÃO
vi) REQUERIMENTO DO OFENDIDO NOS DELITOS DE
AÇÃO PENAL PRIVADA
Obs.: o indefiro da autoridade policial pode ser enfrentado
por mandado de segurança;

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Vide arts. 6º e 7º, CPP

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, I - Dirigir-se ao local, providenciando para que
não se alterem o estado e conservação das coisas,
até a chegada dos peritos criminais.

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, II - Apreender os objetos que tiverem relação
com o fato, após liberados pelos peritos criminais.
- Entre os efeitos jurídicos do inquérito policial está o de gerar uma sujeição de
pessoas e coisas;
- A apreensão dos instrumentos utilizados para cometer o delito, bem como dos
demais objetos relacionados direta ou indiretamente com os motivos, meios ou
resultados da conduta delituosa, é imprescindível para o esclarecimento do fato.
- Da sua importância probatória decorre ainda a obrigatoriedade de que esses
objetos acompanhem os autos do inquérito (art. 11).
- Para apreender, deve-se proceder a buscas e, dependendo da situação, será
necessário que a autoridade policial solicite a correspondente autorização
judicial, nos termos dos arts. 240 e seguintes do CPP c/c art. 5º, XI, da CB.

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, III - Colher todas as provas que servirem para
o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, IV - Ouvir o ofendido.
Quando possível, a oitiva da vítima do delito é uma
importante fonte de informação para o esclarecimento do
fato e da autoria.

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, V - Ouvir o indiciado, com observância, no que
for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII,
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado
por 2 (duas) testemunhas que lhe tenham ouvido a
leitura.
Independente do nome que se dê ao ato (interrogatório policial,
declarações policiais etc.), é inafastável as garantias de:
i) saber em que qualidade presta as declarações;
ii) estar acompanhado de advogado;
iii) reservar-se o direito de só declarar em juízo, sem qualquer
prejuízo.

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, VI - Proceder a reconhecimento de pessoas e
coisas e a acareações.
- Reconhecimento (arts. 226 e seguintes);
- O suspeito, as pessoas envolvidas ativa ou
passivamente no fato, as testemunhas, todos podem ser
submetidos a reconhecimento;
- todos os objetos que interessarem à investigação do
delito podem ser submetidos a reconhecimento;

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, VI - Proceder a reconhecimento de pessoas e
coisas e a acareações.

A acareação está disciplinada nos arts. 229 e seguintes


do CPP.

Obs.: o sujeito passivo não pode ser obrigado a


participar do reconhecimento ou acareação, eis que lhe
assiste o direito de silêncio e de não fazer prova contra si
mesmo (nemo tenetur se detegere);

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, VII - Determinar, se for caso, que se proceda a
exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias.
- pode ser realizado na vítima e no autor do delito;

Obs.: o acusado tem o direito de não se submeter ao


exame como uma manifestação do direito de autodefesa
negativo.

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33
15/02/2023

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, VIII - Ordenar a identificação do indiciado pelo
processo datiloscópico (e também coleta de DNA, se
for o caso), se possível, e fazer juntar aos autos sua
folha de antecedentes.
- A identificação criminal (gênero) - art. 5º, LVIII, da CF, regul Lei
n. 12.037/2009;
Espécies:
- a identificação datiloscópica;
- a identificação fotográfica; e
- a coleta de material genético (modificação introduzida pela
Lei n. 12.654/2012).

67

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, VIII - Ordenar a identificação (...)
- A regra é que o civilmente identificado não seja submetido à
identificação criminal (ou seja, nem datiloscópica, nem fotográfica,
nem coleta de material genético);
- A identificação civil pode ser atestada por qualquer dos seguintes
documentos:
- carteira de identidade;
- carteira de trabalho; (revogado MP 905/2019)
- carteira profissional;
- passaporte;
- carteira de identificação funcional;
- outro documento público que permita a identificação do indiciado.

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15/02/2023

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, VIII - Ordenar a identificação (...)
Não apresentando qualquer dos documentos, será o
suspeito submetido à identificação criminal.

A lei não menciona prazo, mas se recomenda que seja


concedido, pelo menos, 24 horas para apresentação do
documento.

Em caso de prisão em flagrante, deverá o detido


identificar-se civilmente até a conclusão do auto de
prisão.

69

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Conforme o art. 3º, Lei 12.037, mesmo apresentado documento, poderá ocorrer
identificação criminal quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o
indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações
conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo
despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou
mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da
defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes
qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da
expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais.

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35
15/02/2023

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Análise da Lei 12.037

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ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, IX - Averiguar a vida pregressa do indiciado,
sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo
antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer
outros elementos que contribuírem para a apreciação
do seu temperamento e caráter.
Demasiadamente criticado – art. 59, CP - equipe
multidisciplinar

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15/02/2023

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 6º, X - Colher informações sobre a existência de
filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa.
- inovação inserida pela Lei n. 13.257/2016;
- informações sobre crianças e adolescentes que
dependam do imputado;
- ponderação entre uma prisão cautelar ou a concessão
de liberdade provisória ao investigado.

73

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a
infração sido praticada de determinado modo,
a autoridade policial poderá proceder à
reprodução simulada dos fatos, desde que esta
não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
• não contrariar a moralidade ou a ordem pública;
• respeitar o direito de defesa do sujeito passivo.

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15/02/2023

ATOS DE DESENVOLVIMENTO
O inquérito policial tem por finalidade o fornecimento de
elementos para decidir entre o processo ou o não
processo, assim como servir de fundamento para as
medidas endoprocedimentais que se façam necessárias
no seu curso.

75

ARTS. 13-A E 13-B, CPP


Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e
no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa
privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, conterá:
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.

PODER DE REQUISIÇÃO

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15/02/2023

ARTS. 13-A E 13-B, CPP


Localização da Estação Rádio Base (ERB)

Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes


relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público
ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização
judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
curso.
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da
estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência.

77

ARTS. 13-A E 13-B, CPP


Art. 13-B. (...)
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer
natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto
em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular
por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única
vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será
necessária a apresentação de ordem judicial.

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15/02/2023

ARTS. 13-A E 13-B, CPP


Art. 13-B. (...)
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá
ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas,
contado do registro da respectiva ocorrência policial.
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze)
horas, a autoridade competente requisitará às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao
juiz.

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ARTS. 13-A E 13-B, CPP


Art. 13-B. (...) RESUMO:

• exige autorização judicial, mas, se não houver manifestação do


juízo no prazo de 12 horas, a autoridade requisitante (polícia ou
MP) poderá fazê-la diretamente à empresa prestadora do serviço
de telecomunicações e/ou telemática;

• quando não houver manifestação judicial no prazo de 12 horas,


está a autoridade policial/MP autorizada a requisitar diretamente,
mas deverá providenciar a imediata comunicação do juiz da
implementação (para controle de legalidade e de duração);

80

40
15/02/2023

ARTS. 13-A E 13-B, CPP


Art. 13-B. (...) RESUMO:

• as informações serão prestadas durante um prazo


máximo de 30 dias, renováveis uma única vez, por igual
período.

Obs1.: prorrogação – decisão judicial;


Obs2.: requisição direta não se aplica a prorrogação.

81

ARTS. 13-A E 13-B, CPP


Art. 13-B. (...) RESUMO:

• A medida prevista no art. 13-B somente poderá durar 30


dias e ter uma única prorrogação (necessariamente com
autorização judicial) por mais 30 dias, ao fim dos quais
não mais poderá ser prorrogada.

82

41
15/02/2023

CONCLUSÃO DO IP
O procedimento finalizará por meio de um relatório (art.
10, §§ 1º e 2º), através do qual o delegado de polícia fará
uma exposição – objetiva e impessoal – do que foi
investigado, remetendo-o ao foro para ser distribuído.

Art. 10 (...)
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido
apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não
tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser
encontradas

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ARQUIVAMENTO
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar
autos de inquérito.

84

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15/02/2023

ARQUIVAMENTO
Recebendo o IP, o promotor poderá:

- oferecer a denúncia;
- pedir o arquivamento (PROMOVER O
ARQUIVAMENTO);
- solicitar diligências ou realizar diligências.

85

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

01) Procedimento Inquisitivo


02) Procedimento discricionário
03) Procedimento escrito
04) Procedimento sigiloso
05) Procedimento unidirecional
06) Procedimento temporário
07) Procedimento indisponível
08) Procedimento dispensável

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15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento Inquisitivo
Forma de gestão do IP, concentração de poder em
autoridade única (delegado), consequentemente não
haverá contraditório e ampla defesa.

87

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento Inquisitivo
- processualização dos procedimentos, aplicação do
contraditório e defesa, na medida necessária para
resguardo de direitos fundamentais (posição minoritária)

- é possível Inquérito, no qual ocorra contraditório e ampla


defesa, ex: inquérito para expulsão de estrangeiro

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15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento discricionário
O delegado conduz o inquérito policial adaptando a
investigação ao crime que está sendo apurado. Há uma
flexibilização. O delegado conduzirá a investigação
adaptando inquérito a realidade do crime investigado.

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INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento discricionário

“O IP não possui rito” - F ou V?

As diligências solicitadas pela vítima/suspeito podem ser


denegadas? Sim, pois o Delegado pode entender como
impertinentes (discricionariedade), salvo o exame de
corpo de delitos, quando crime deixar vestígios (art. 158,
CPP)

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45
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento discricionário

Em que pese a discricionariedade do IP, mas as


requisições dos Juízes e/ou Promotores deverão ser
cumpridas, por imposição legal, mesmo não havendo
vínculo hierárquico.

91

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento escrito
Prepondera a forma documental.
Os atos produzidos oralmente deverão ser reduzidos a
termo.

Obs.: Inovação – atualmente as novas ferramentas


tecnológicas podem ser utilizadas para documentar o IP,
ex: captação de som e imagem, estenotipia (reforma do
CPP de 2008)

92

46
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento sigiloso
Não é aplicável a publicidade ordinária (art. 93, IX, CF/88),
cabendo ao Delegado velar pelo sigilo (art. 20, CPP)

93

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento sigiloso
Classificação do sigilo:
Sigilo externo – é o aplicado aos terceiros
desinteressados (imprensa)
Sigilo interno – é aplicado aos integrantes ou
participantes da persecução penal – é frágil – não atinge
ao acesso aos autos (MP, Juiz, Advogado/Defensor
Público)

94

47
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento sigiloso
Obs.: quanto ao acesso do advogado e do defensor, o
direito engloba o que já foi produzido e está
documentado, mas não contempla as diligências futuras;
com fundamento no art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB,
LODP, Súmula Vinculante 14;

95

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento sigiloso
Obs.: havendo qualquer tipo de impedimento do
advogado e/ou defensor público aos autos do IP cabe:
- MS (direito líquido e certo);
- Reclamação Constitucional (súmula vinculante); e
- HC (há precedentes do STJ permitindo);

96

48
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento sigiloso
Obs.: art. 20, parágrafo único, do CPP
Nas certidões de antecedentes emitidas, não constarão
eventuais inquéritos instaurados, em homenagem a
presunção de não culpabilidade

97

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento sigiloso
VÍTIMA – reforma de 2008 do CPP, art. 201, § 6º –
permite o Juiz decretar segredo de justiça da persecução
penal para defender a vítima, não podendo o delegado dar
declarações a imprensa, preservando a vítima:
- Quanto a sua intimidade
- Quanto a sua vida privada
- Quanto a sua família

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15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento sigiloso
VÍTIMA – reforma de 2008 do CPP, art. 201, § 6º –

A decretação só segredo de justiça não impede o acesso


do defensor público e/ou advogado aos autos do IP

99

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento unidirecional
O IP é direcionado ao titular da ação, que formará a sua
opinião delitiva, quanto a deflagração ou não do processo

100

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15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento temporário
O CPP e a legislação especial regulamentam a dosagem
temporal da investigação (art. 10, do CPP)

101

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento indisponível
Em nenhuma hipótese o delegado poderá arquivar a
investigação (art. 17, CPP). Toda investigação iniciada
deve ser concluída e encaminhada à autoridade
competente. O delegado não tem poder legal para
arquivar o inquérito.

102

51
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento dispensável
A deflagração do processo penal não depende da prévia
elaboração de inquérito policial

103

INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS DO IP

Procedimento dispensável

Inquéritos não policiais – são aqueles presididos por


autoridades distintas da polícia judiciária, ex.: inquérito
parlamentar (CPI), inquérito militar, investigação de MP
(PGJ), investigação de Juiz (Tribunal competente); foros
privilegiados por prerrogativa de função, inquérito criminal
presidido pelo MP, etc.

104

52
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL

O IP tem valor probatório relativo, pois serve de base para


deflagração do processo, e para a adoção de medidas
cautelares, mas não se presta sozinho, a sustentar
eventual condenação (art. 155, CPP), pois os elementos
do inquérito foram colhidos de forma inquisitorial e sem
contraditório e ampla defesa;

105

INQUÉRITO POLICIAL
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL
ELEMENTOS MIGRATÓRIOS
São aqueles produzidas na fase investigativa e que
podem ser valorados na futura sentença, ex.:
i) provas irrepetíveis - são aquelas de iminente
perecimento, e que dificilmente podem ser refeitas na
fase processual (ex.: bafômetro);
ii) provas cautelares – necessidade/urgência, ex.:
interceptação telefônica

106

53
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL
ELEMENTOS MIGRATÓRIOS
São aqueles produzidas na fase investigativa e que
podem ser valorados na futura sentença, ex.:
i) provas irrepetíveis e ii) provas cautelares – são
colhidas em inquisitório policial, mas na fase processual
serão submetidas ao contraditório e a ampla defesa –
CONTRADITÓRIO DIFERIDO

107

INQUÉRITO POLICIAL
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL
ELEMENTOS MIGRATÓRIOS
São aqueles produzidas na fase investigativa e que
podem ser valorados na futura sentença, ex.:
i) provas irrepetíveis;
ii) provas cautelares;
iii) incidente de produção antecipada de provas – mesmo
durante o inquérito policial, é instaurado perante o juízo
criminal, e já é submetido ao contraditório e a ampla
defesa, pois as partes são chamadas a participar

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54
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
VÍCIOS/IRREGULARIDADES DO INQUÉRITO POLICIAL

Conceito – são os defeitos ocasionados pelo


descumprimento da lei ou dos princípios constitucionais

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INQUÉRITO POLICIAL
VÍCIOS/IRREGULARIDADES DO INQUÉRITO POLICIAL

O vício do IP contaminam o processo penal??? Conforme


o STF e o STJ não.

Para o STF e o STJ os vícios do IP estão adstritos à


investigação, e não tem o condão de contaminar o futuro
processo.

110

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15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
VÍCIOS/IRREGULARIDADES DO INQUÉRITO POLICIAL

O vício do IP contaminam o processo penal??? Conforme


o STF e o STJ não.

Observação importante: excepcionalmente, se os vícios


retiram da inicial a justa causa, deve-se reconhecer que o
processo deflagrado é nulo.

111

INQUÉRITO POLICIAL
INCOMUNICABILIDADE DURANTE O IP

Era a possibilidade do preso no IP não ter contato com


terceiros;
- por decisão judicial;
- pelo prazo de 03 dias;
- sem prejuízo do acesso do advogado.

A incomunicabilidade prevista no CPP não foi


recepcionada pela CF/88

112

56
15/02/2023

INQUÉRITO POLICIAL
INCOMUNICABILIDADE DURANTE O IP

Atualmente a CF não admite a incomunicabilidade nem


mesmo durante o Estado de Defesa, de forma que o art.
21 do CPP não foi recepcionado pelo art. 136, § 3º, IV, da
CF.

O art. 21, do CPP foi tacitamente revogado.

113

INQUÉRITO POLICIAL
INCOMUNICABILIDADE DURANTE O IP

Quem está no RDD está incomunicável?


(Art. 52 e ss da LED)

114

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15/02/2023

ATRIBUIÇÃO PARA O IP
ATRIBUIÇÃO – é o poder previsto em Lei e que delimita a
margem de atuação de determinada autoridade;

115

ATRIBUIÇÃO PARA O IP
CRITÉRIOS PARA DEFINIR A ATRIBUIÇÃO

a) TERRITORIAL

b) MATERIAL

c) PESSOAL

116

58
15/02/2023

ATRIBUIÇÃO PARA O IP
CRITÉRIOS PARA DEFINIR A ATRIBUIÇÃO

a) TERRITORIAL
A atribuição é definida pela circunscrição da consumação
da infração penal

Circunscrição é a delimitação territorial da atuação do


delegado

117

ATRIBUIÇÃO PARA O IP
CRITÉRIOS PARA DEFINIR A ATRIBUIÇÃO

b) MATERIAL
Delegacias especializadas no combate a determinados
tipos de delitos, ex.: homicídios
Obs.: O art. 144, da CF autoriza a atuação da PF em
delitos estaduais, que exigem atuação uniforme, por sua
repercussão interestadual ou internacional. Lei que
regulamentou Lei 10.446/02. Nada impede que a polícia
estadual continue a agir, mesmo com a atuação da PF;

118

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15/02/2023

ATRIBUIÇÃO PARA O IP
CRITÉRIOS PARA DEFINIR A ATRIBUIÇÃO

c) PESSOAL (lfg)
Em razão de quem seja a vítima, ex.: delegacia do
consumidor, da mulher, etc.

119

PROCEDIMENTO DO IP
I) INÍCIO

II) EVOLUÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

III) ENCERRAMENTO

120

60
15/02/2023

PROCEDIMENTO DO IP
I) INÍCIO
O IP se inicia por meio de uma portaria.

Portaria é a peça escrita que demarca o início da


investigação policial.

121

PROCEDIMENTO DO IP
NOTÍCIA CRIME
é a comunicação da ocorrência da infração a autoridade
que possui atribuição para agir

DESTINATÁRIOS DA NOTÍCIA CRIME


- Delegado
- MP, o qual pode: a)requisitar ao del. que instaure
portaria para investigar; b) oferecer a denúncia de pronto,
se houver lastro indiciário, no prazo de 15 dias contados
da sua provocação, ou c) requerer o arquivamento desta
peça de informação

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15/02/2023

PROCEDIMENTO DO IP
NOTÍCIA CRIME
é a comunicação da ocorrência da infração a autoridade
que possui atribuição para agir

DESTINATÁRIOS DA NOTÍCIA CRIME


- Delegado
- MP
- Juiz, o qual pode: a) requisitar IP, mas o melhor é abrir
vistas ao MP;

123

PROCEDIMENTO DO IP
LEGITIMADOS A PRESTAR A NOTÍCIA CRIME

NOTÍCIA CRIME DIRETA (COGNIÇÃO IMEDIATA)


- forças policiais
- imprensa

Obs.: em caso de denúncia anônima, deve o delegado


analisar a plausibilidade e a verossimilhança, para
somente depois instaurar o IP

124

62
15/02/2023

PROCEDIMENTO DO IP
LEGITIMADOS A PRESTAR A NOTÍCIA CRIME

NOTÍCIA CRIME INDIRETA (COGNIÇÃO MEDIATA)


- por pessoa estranha a polícia, mas identificada
- vítima/rep. Legal (requerimento);
- MP/Juiz (requisição);
- qualquer pessoa do povo (delação)

Obs.: Notícia crime com força coercitiva é aquela que se


extrai da prisão em flagrante

125

PROCEDIMENTO DO IP
A prisão em flagrante é uma Notícia de Crime direta ou
indireta? Depende

- se polícia: direta

- se qualquer pessoa do povo: indireta

126

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15/02/2023

PROCEDIMENTO DO IP
II) EVOLUÇÃO DA INVESTIGAÇÃO
Ocorre por meio do cumprimento de diligências,
efetivadas discricionariamente

Obs.: os arts. 6º e 7º do CPP, de forma não exaustiva


apontam uma série de diligências que podem ou devem
ser cumpridas para melhor aparelhar o IP, destacando-se
as seguintes:

127

PROCEDIMENTO DO IP
II) EVOLUÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

DILIGÊNCIAS (principais):

a) reprodução simulada do fato;

b) identificação criminal (Lei 12.037/09);

128

64
15/02/2023

PROCEDIMENTO DO IP
III) ENCERRAMENTO

RELATÓRIO
É eminentemente descritivo, que aponta as diligências
realizadas, e justifica as que não foram feitas, por algum
motivo específico.

O IP é remetido ao Juiz (art. 23, do CPP)

Obs.: o destinatário do IP é o titular da ação penal, em


regra o MP

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OBSERVAÇÕES
Súmula 524 STF x art. 18 do CPP
O IP arquivado não implica em coisa julgada material

O IP arquivado é apto a produzir coisa julgada material,


quando pautado na certeza da atipicidade do fato (STF)

130

65

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