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PROCESSO PENAL
INQUÉRITO POLICIAL

APRESENTAÇÃO:
JORGE FLORÊNCIO
Delegado de Polícia Federal. Professor de cursos preparatórios,
de especialização e da ANP (Academia Nacional de Polícia). Pos-
sui graduação em Direito pela Faculdade Sul-Americana, Pós-
Graduação em Direito Público e Pós-Graduação em Criminolo-
gia, Política Criminal e Segurança Pública. Escritor. Palestrante.

ORIENTAÇÕES:
Caro aluno este material foi elaborado com base na doutrina,
na lei seca e na jurisprudência, ou seja, a combinação perfeita
dos principais pontos deste assunto. Após estudar por este ma-
terial notará que conseguirá acertar mais questões. Na aula de
hoje selecionei 6 (seis) pontos fundamentais do tema inqué-
rito policial para a sua prova da PCGO. Bons estudos!

RAIO-X DO ASSUNTO:
INCIDÊNCIA FONTE DAS PROBABILIDADE
EM PROVAS QUESTÕES DE EXIGÊNCIA
LEI SECA,
ALTA DOUTRINA, 97%
JURIS

SUMÁRIO:

TEORIA .............................................................................. 3
SÚMULAS ..........................................................................13
JURISPRUDÊNCIA.............................................................13
LEGISLAÇÃO (LEI SECA) ...................................................16
QUESTÕES ........................................................................21
RESUMO ...........................................................................23
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...........................................26
MENSAGEM FINAL ............................................................27

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TEORIA

INQUÉRITO POLICIAL (DICAS FINAIS PCGO)


1. CONCEITO (DICA 01):

Trata-se de um procedimento administrativo (e não processo), inquisitivo (sem


ampla defesa e contraditório), conduzido pelo Delegado de Polícia (competência
privativa) que busca colher elementos informativos para apurar autoria e materia-
lidade delitiva oferecendo ao Ministério Público ou interessado elementos
necessários que viabilizem o exercício da ação penal.

• Procedimento administrativo (e não processo)

• Inquisitivo (sem ampla defesa e contraditório)

• Conduzido pelo Delegado de Polícia (competência privativa)

• Busca colher elementos informativos

• Para apurar autoria e materialidade delitiva

• Oferecendo ao Ministério Público ou interessado elementos neces-


sários que viabilizem o exercício da ação penal

OBS: As investigações são destinadas a possibilitar a formação de um quadro pro-


batório prévio, justificador da ação penal, em nome da segurança mínima exigida
para a atividade estatal persecutória contra alguém no campo criminal. O inquérito
policial é apenas um dos meios de investigação, porém, o principal. Vale des-
tacar que existem outros meios de investigação promovidos por órgãos diferentes,
por exemplo, a investigação pela CPI, MP, entre outros.

Segundo a doutrina, o inquérito policial, principal instrumento de investigação, possui


DUPLA FUNÇÃO:

PRESERVADORA PREPARATÓRIA
A existência prévia de um inquérito po- Fornece elementos de informação para
licial inibe a instauração de um processo que o titular da ação penal ingresse em
penal infundado, temerário, resguar- juízo, além de acautelar meios de prova
dando a liberdade do inocente e evitado que poderiam desaparecer com o de-
custos desnecessários para o Estado. curso do tempo.
Desse modo, existe uma FUNÇÃO FI-
TRO PROCESSUAL, impedindo que
acusações infundadas desemboquem
em um processo;

O MINISTÉRIO PÚBLICO PODE INVESTIGAR?

SIM. O STF se posicionou no sentido que o Ministério Público dispõe de competência


para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de
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natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qual-
quer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,
estritamente, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição
e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso
País, os Advogados. (RE 5937274).

QUESTÃO DE CONCURSO

01. Julgue o item a seguir: O Ministério Público, segundo o STF, não pode conduzir
investigações, isso porque apenas a Polícia poderá apurar os fatos visando obter
autoria e materialidade delitiva.

CERTO ERRADO
Gabarito no rodapé1

2. CARACTERÍSTICAS (DICA 02):

A doutrina lista algumas características do inquérito policial:

• TEMPORÁRIO: O inquérito policial é um procedimento temporário, uma


vez que possui prazo determinado para ser encerrado;

• INDISPONIBILIDADE: Uma vez instaurado o procedimento, a autori-


dade policial não poderá mandar arquivar os autos do inquérito. Art. 17
do CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inqué-
rito.

• DISCRICIONÁRIO: Liberdade de atuação dentro dos parâmetros legais.


Desse modo, o Delegado determina diligências conforme o caso concreto
sem um rito idêntico para todas as infrações penais;

• ESCRITO: Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só pro-


cessado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas
pela autoridade;

• INQUISITIVO: Sem contraditório e ampla defesa;

• DISPENSÁVEL: Já identificados indícios de autoria e materialidade já


pode ser proposta ação penal sem inquérito, art. 39, §5º do CPP. OBS: O
inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir
de base a uma ou outra. (Art. 12 do CPP);

• OFICIAL: Conduzido pela autoridade policial;

• SIGILOSO: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces-


sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. OBS:
Lembre-se que, o sigilo não é absoluto (Súmula vinculante 14: É direito
do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elemen-
tos de prova que, já documentados em procedimento investigatório

1
GABARITO QUESTÃO 1: ERRADO. Justificativa: O STF entendeu que o MP poderá investigar fatos criminosos.

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realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito
ao exercício do direito de defesa).

• OFICIOSO: Autoridade deve agir de ofício quando tomar conhecimento


da prática da infração penal (Crimes de ação penal pública incondicio-
nada);

TID É IDOSO BIZU FEDERAL (MEMORIZE)


T TEMPORÁRIO
I INDISPONIBILIDADE
D DISCRICIONÁRIO
E ESCRITO
I INQUISITIVO
D DISPENSÁVEL
O OFICIAL
S SIGILOSO
O OFICIOSO

APÓS A LEI 13.245/2016, TODOS OS ATOS


DO INQUÉRITO POLICIAL EXIGEM O
CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA?

NÃO! O art. 7º do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) apresenta um rol de direitos


dos advogados. A Lei nº 13.245/2016 acrescentou o inciso XXI com a seguinte reda-
ção:

XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações,


sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento
e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios
dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive,
no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

Segundo a doutrina e jurisprudência predominante, embora após as alterações, o


inquérito policial é um procedimento informativo, continua com natureza inquisi-
torial, destinado à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Não é necessária
a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos
orais na fase de inquérito policial.

Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. Esse en-
tendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não
se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº
13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem,
contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva
do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. (Info STF 933)

QUESTÃO DE CONCURSO

02. Julgue o item a seguir: A autoridade policial poderá mandar arquivar autos de
inquérito em casos mais simples.

CERTO ERRADO

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Gabarito no rodapé2

QUESTÃO DE CONCURSO
03. Julgue o item a seguir: O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa,
sempre que servir de base a uma ou outra.

CERTO ERRADO
Gabarito no rodapé3

3. PRAZOS (DICA 03):

A legislação apresenta prazos diferentes para a conclusão do inquérito policial que


podem ser vislumbrados a seguir:

PRAZOS EM DIAS PARA CONCLUSÃO


PRESO SOLTO
DO INQUÉRITO POLICIAL
JUSTIÇA ESTADUAL (REGRA GERAL)
10+15* 30
(ART. 10, CAPUT, CPP)
JUSTIÇA FEDERAL
15+15 30
(ART. 66 DA LEI 5.010/66)
INQUÉRITO MILITAR
20 40+20
(ART. 20, CPPM)
LEI DE TÓXICOS
30+30 90+90
(ART. 51 DA LEI 11.343/06)
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR
10 10
(ART. 10, § 1º, DA LEI 1.521/51)

A doutrina ensina que estando o indivíduo SOLTO é possível requerer sucessivas


prorrogações do prazo para conclusão do inquérito, desde que respeite a caracterís-
tica da temporariedade do inquérito policial, tendo em vista que as investigações não
podem ser por prazo indeterminado.

*Se o indivíduo estiver PRESO não se admitia prorrogação pelo CPP, porém, o
pacote anticrime (Lei 13.964/2019) trouxe a possibilidade de prorrogar, uma única
vez, POR ATÉ 15 DIAS. (Art. 3º-B, §2º, CPP):

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante


representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar,
uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após
o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imedia-
tamente relaxada.

OBS: Cabe destacar que o Juiz das Garantias e, inclusive, a possibilidade de pror-
rogação do inquérito dentre outras estão com a eficácia suspensa, em razão da
decisão do Ministro do STF Luiz Fux por tempo indeterminado desde o dia 22/01/20
(ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305). Logo, atualmente, na prática, não é possível
ainda aplicar essa regra de prorrogação do inquérito do investigado preso.

2
GABARITO QUESTÃO 2: ERRADO. Justificativa: Art. 17 do CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
3
GABARITO QUESTÃO 3: CERTO

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QUESTÃO DE CONCURSO
04. Julgue o item a seguir: De acordo com a Lei de Tóxicos, o inquérito policial
que apura o crime de tráfico de entorpecentes tem os mesmos prazos de conclusão
previstos no Código de Processo Penal.

CERTO ERRADO
Gabarito no rodapé4

4. A PRESENÇA DO DEFENSOR TÉCNICO DO INVESTIGADO NOS CASOS DE


LETALIDADE POLICIAL (DICA 04):

4.1. NOÇÕES GERAIS:

A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) promoveu a inserção do art. 14-A no CPP e


do art. 16-A no CPPM. A partir dessa alteração, o integrante das forças de segu-
rança pública que figure como investigado de caso de letalidade policial deverá
ser cientificado da existência de procedimento apuratório e poderá nomear defensor
técnico. É o que dispõe o art. 14-A do CPP:

Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas


no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em in-
quéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos
extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da
força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou
tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir
defensor.

OS FATOS DEVERÃO SER PRATICADOS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL?

SIM! A lei não deixa dúvida, tendo em vista que dispõe “cujo objeto for a inves-
tigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada”. Logo, exige-se:

• Servidores vinculados às instituições do art. 144 da CF;

• Figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos


policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais (A lei não
restringe à apuração de homicídio, mas qualquer outra infração penal re-
lacionada ao uso de força letal que pode ocasionar também a cessação da
vida (exemplo: lesão corporal seguida de morte) ou não (exemplo: lesão
corporal gravíssima). O cerne da questão é o MEIO utilizado (uso de força
letal);

• Uso da força letal (A força precisa ser letal e não necessariamente o


instrumento. Logo, o dispositivo não se limita ao uso de arma de fogo.
Sendo assim, conforme a força e intensidade, poderá ceifar a vida do opo-
nente a arma de choque, bastão de imobilização ou suas próprias mãos);

4
GABARITO QUESTÃO 4: ERRADO. Justificativa: A lei de drogas dispõe: Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver
preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.

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• Praticados no exercício profissional (Caso o agente de segurança pú-
blica tenha usado força letal em atuação estranha ao serviço não se aplica
o procedimento do art. 14-A do CPP);

• Consumado ou tentado (Fará jus às garantias do art. 14-A do CPP das


duas formas);

• Aplica-se também as situações do art. 23 do Código Penal (Excluden-


tes de ilicitude);

• Utiliza-se o termo indiciado, mas o dispositivo também se aplica para


o investigado que ainda não foi, formalmente, indiciado por ato
formal da autoridade policial.

QUESTÃO DE CONCURSO

05. Julgue o item a seguir: Recentemente o Código de Processo Penal foi alterado,
exigindo-se a presença de defensor nos inquéritos policiais, entre outros procedi-
mentos, quando o objeto da investigação estiver relacionado ao uso da força letal
praticado no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, e o indiciado
for, entre outros, policial civil.

CERTO ERRADO
Gabarito no rodapé5

4.2. DESTINATÁRIO:

A intenção do legislador trata-se de garantir aos investigados que atuam na área da


segurança pública a possibilidade de assistência jurídica, isso porque o próprio exer-
cício profissional pode acarretar uso da força letal. Repare que o legislador não
restringiu a aplicação desta garantia ao caput do art. 144 da CF/88. Sendo assim,
entendo que deverão ser incluídas as guardas municipais e os agentes de segurança
viária.

ESTENDE-SE AOS INTEGRANTES DAS FORÇAS ARMADAS?

SIM! Desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da
Lei e da Ordem. Consta com previsão no art. 14-A, §6º, CPP:

§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores mili-


tares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição
Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões
para a Garantia da Lei e da Ordem.

As missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ocorrem nos casos em que há o


esgotamento das forças tradicionais de segurança pública, em graves situações de
perturbação da ordem. São reguladas pela Constituição Federal, em seu artigo
142, pela Lei Complementar 97, de 1999. As operações de GLO, realizadas exclusi-
vamente por ordem expressa do Presidente da República, concedem

5
GABARITO QUESTÃO 5: CERTO

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provisoriamente aos militares a faculdade de atuar com poder de polícia até o
restabelecimento da normalidade.

Em síntese, a garantia prevista no art. 14-A do CPP destina-se aos integrantes dos
seguintes órgãos:

• Polícia federal
• Polícia rodoviária federal
• Polícia ferroviária federal
• Polícias civis
• Polícias militares
• Corpos de bombeiros militares
• Polícias penais federal, estaduais e distrital.
• Guardas Municipais (Posição doutrinária)
• Agentes de segurança viária (Posição doutrinária)
• Forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) + condicionante (desde
que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei
e da Ordem)

OBS: Os integrantes da Secretaria Nacional de Segurança Pública, incluídos


os da Força Nacional de Segurança Pública, os da Secretaria de Operações
Integradas e os do Departamento Penitenciário Nacional que venham a res-
ponder a inquérito policial ou a processo judicial em função do seu emprego nas
atividades e nos serviços referidos no art. 3º desta Lei serão representados judicial-
mente pela Advocacia-Geral da União (Art. 5º, §11, da lei Nº 11.473/2007)

4.3. PROCEDIMENTO:

A redação do §1º deste dispositivo denomina como “citação” a necessidade de ci-


entificar o investigado de que há apuração em curso de fato que possa ser a ele
imputado. A doutrina critica o emprego deste termo, porque a citação é ato pro-
cessual que pressupõe a existência de processo criminal, sendo assim,
demonstra-se incorreto mencionar o ato de citação se inexistente processo-crime em
curso. O termo mais adequado seria notificação.

48 HORAS 48 HORAS

§ 1º Para os casos previstos no ca- § 2º Esgotado o prazo disposto


put deste artigo, o investigado no § 1º deste artigo (48 horas)
deverá ser citado da instauração com ausência de nomeação de
do procedimento investigatório, defensor pelo investigado, a au-
podendo constituir defensor no toridade responsável pela
prazo de até 48 (quarenta e investigação deverá intimar a ins-
oito) horas a contar do recebi- tituição a que estava vinculado
mento da citação. o investigado à época da ocor-
rência dos fatos, para que essa,
no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, indique defensor para a
representação do investigado.

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O CPP ainda incluiu orientação de como se dará a nomeação do defensor pela insti-
tuição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos:

§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do §


2º deste artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pú-
blica, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade
da Federação correspondente à respectiva competência territorial do
procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acompa-
nhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa
do investigado.

§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá


ser precedida de manifestação de que não existe defensor público lo-
tado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para
nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não integre
os quadros próprios da Administração.

§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com


o patrocínio dos interesses dos investigados nos procedimentos de que trata
este artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a
que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investiga-
dos.

O INQUÉRITO POLICIAL POSSUI AGORA


CONTRADITÓRIO OBRIGATÓRIO?

NÃO! Prevalece o entendimento de que os princípios do contraditório e da ampla


defesa continuam incidindo de forma relativizada na investigação policial. A presença
de defensor técnico na fase investigatória é facultativa e não obrigatória. O dis-
positivo trata-se de uma garantia que jamais deverá prejudicar o andamento das
investigações.

5. ARQUIVAMENTO (DICA 05):

5.1. NOÇÕES GERAIS:

O Pacote Anticrime (13.964/19) promoveu alterações importantes no arquivamento


do inquérito policial. Conforme a nova redação, não prevê mais a intervenção do
poder judiciário, sendo, portanto, procedimento interno do próprio Ministério Pú-
blico (Interna corporis). O MP realiza o arquivamento que passa por um reexame
necessário de instância de revisão ministerial para homologação do arquivamento.

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer ele-


mentos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encami-
nhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de
homologação, na forma da lei.

OBS: Cabe destacar que o juiz das garantias, prorrogação do inquérito do investigado
preso, alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial (art.
28) entre outras medidas estão com a EFICÁCIA SUSPENSA, em razão da decisão
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do Ministro do STF Luiz Fux por tempo indeterminado desde o dia 22/01/20 (ADIs
6.298, 6.299, 6.300 e 6305). Logo, atualmente, na prática, ainda não se aplica a
nova redação. Assim, continua sendo utilizada o procedimento antigo na prática, em-
bora não esteja mais vigente.

REDAÇÃO ANTIGA REDAÇÃO NOVA


(NA PRÁTICA AINDA APLICÁVEL) (SUSPENSA PELO STF)
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, Art. 28. Ordenado o arquivamento do in-
ao invés de apresentar a denúncia, re- quérito policial ou de quaisquer
querer o arquivamento do inquérito elementos informativos da mesma natu-
policial ou de quaisquer peças de infor- reza, o órgão do Ministério Público
mação, o JUIZ, no caso de considerar comunicará à vítima, ao investigado e à
improcedentes as razões invocadas, fará autoridade policial e encaminhará os au-
remessa do inquérito ou peças de infor- tos para a instância de revisão
mação ao procurador-geral, e este MINISTERIAL para fins de homologa-
oferecerá a denúncia, designará outro ção, na forma da lei.
órgão do Ministério Público para ofe-
recê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o
juiz obrigado a atender.

5.2. MOTIVOS PARA O ARQUIVAMENTO:

Os motivos que fundamentam o arquivamento não estão previstos em regras espe-


cíficas no CPP, porém, podemos interpretar a contrario sensu (ao contrário), das
previsões do art. 395 (causas de rejeição denúncia ou queixa) e art. 397 (causas de
absolvição sumária) do CPP. Conclui-se que são motivos para o arquivamento do
inquérito policial:

• Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;

• Faltar justa causa para o exercício da ação penal;

• Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;

• Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente;

• Fato narrado evidentemente não constitui crime (fato atípico);

• Extinta a punibilidade do agente.

5.3. DESARQUIVAMENTO:

Segundo a doutrina, em regra, o arquivamento do inquérito policial não torna indis-


cutível a situação inicialmente investigada. O Delegado pode retomar as diligências
se de outras provas tiver notícia. Em outras palavras, a reabertura das investigações
não pode decorrer de simples mudança de opinião ou reavaliação da situação. É in-
dispensável o surgimento de notícia de provas novas ou, ao menos, novas linhas de
investigação em perspectiva.

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Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autori-
dade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

SÚMULA 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requeri-
mento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

QUESTÃO DE CONCURSO
06. Julgue o item a seguir: Uma vez a autoridade judicial determinando o arqui-
vamento do inquérito policial por não haver base para a denúncia, é possível que a
autoridade policial proceda a novas pesquisas com relação aos mesmos fatos? Não,
pois, com o arquivamento do inquérito policial, o Estado tacitamente renuncia ao ius
puniendi.

CERTO ERRADO
Gabarito no rodapé6

Segundo a doutrina e jurisprudência, considera-se prova nova aquela apta a produzir


alteração no panorama probatório dentro do qual foi concebido e acolhido o pedido
de arquivamento. pode ser de duas formas:

FORMALMENTE NOVA SUBSTANCIALMENTE NOVA


São inéditas, ou seja, desconhecidas até As que já são conhecidas e até mesmo
então, porque ocultas ou ainda inexis- foram utilizadas pelo Estado, mas que
tentes. Suponha-se que a arma do ganham nova versão, como, por exem-
crime, até então escondida, contendo a plo, uma testemunha que já havia sido
impressão digital do acusado, seja en- inquirida, mas que altera sua versão
contrada posteriormente; porque fora ameaçada quando do pri-
meiro depoimento.

QUANDO SERÁ POSSÍVEL DESARQUIVAR


O INQUÉRITO POLICIAL?

O arquivamento do inquérito fará coisa julgada material se a decisão da homologa-


ção do arquivamento entrar no mérito da questão, ou seja, avaliar a existência do
crime, autoria ou extinção da punibilidade.

MOTIVO DO É POSSÍVEL
ARQUIVAMENTO DESARQUIVAR?
1) Insuficiência de provas SIM (Súmula 524-STF)
2) Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
condição da ação penal
2) Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
condição da ação penal
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO

6
GABARITO QUESTÃO 06: ERRADO (Justificativa: A resposta certa seria: Sim, caso tenha notícia de outras provas)

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5) Existência manifesta de causa excludente STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)
de ilicitude STF: SIM (HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa excludente NÃO (Posição da dou-
de culpabilidade trina)
NÃO (STJ HC 307.562/RS)
7) Existência manifesta de causa extintiva da (STF Pet 3943)
punibilidade Exceção: certidão de óbito
falsa

6. NOTITIA CRIMINIS (DICA 06):

É o conhecimento que a autoridade policial tem de um fato aparentemente crimi-


noso. Possui as seguintes espécies:

COGNIÇÃO IMEDIATA COGNIÇÃO MEDIATA COGNIÇÃO


(DIRETA OU (INDIRETA OU COERCITIVA
ESPONTÂNEA) PROVOCADA)
quando a própria autori- Quando alguém (terceiros) Quando a autoridade
dade policial, no exercício dá conhecimento de su- policial toma conheci-
do seu ofício, por suas ati- posto crime a uma mento do fato delituoso
vidades rotineiras, toma autoridade ou a um dos ór- com a apresentação do
conhecimento, por qual- gãos de persecução penal. agente preso em fla-
quer meio, da infração Exemplo: Requisição do MP grante e deverá
penal. OBS: É possível a para instauração de inqué- lavrar o auto que
deflagração de investiga- rito policial. dará início ao inqué-
ção criminal com base em rito policial.
matéria jornalística. (Info
652)

OBS: NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA: Inexiste a identificação do respon-


sável por aquela informação de suposta prática criminosa. Por isso, vulgarmente
chamada de “denúncia anônima” ou delação apócrifa. O procedimento preliminar re-
alizado a fim de comprovar a veracidade das informações descritas na denúncia é
denominado de verificação de procedência das informações (VPI).

SÚMULAS
SÚMULA VINCULANTE 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório reali-
zado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.

SÚMULA 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

JURISPRUDÊNCIA

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Há excesso de prazo para conclusão de IP, quando, a despeito do investigado se
encontrar solto, a investigação perdura por longo período sem que haja complexi-
dade que justifique. O prazo para a conclusão do inquérito policial, em caso de investigado
solto é impróprio. Assim, em regra, o prazo pode ser prorrogado a depender da complexidade
das investigações. No entanto, é possível que se realize, por meio de habeas corpus, o controle
acerca da razoabilidade da duração da investigação, sendo cabível, até mesmo, o trancamento
do inquérito policial, caso demonstrada a excessiva demora para a sua conclusão. No caso
concreto, o STJ reconheceu que havia excesso de prazo para conclusão de inquérito policial
que tramitava há mais de 9 anos. A despeito do investigado estar solto e de não ter contra si
nenhuma medida restritiva, entendeu-se que a investigação já perdurava por longo período e
que não havia nenhuma complexidade que justificasse essa demora. STJ. 6ª Turma. HC
653299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/08/2022
(Info 747).

Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários, em razão do
compartilhamento de dados de movimentações financeiras da própria instituição
bancária ao Ministério Público. Não houve violação ilícita do sigilo de dados bancários. Isso
porque não eram informações bancárias sigilosas relativas à pessoa do investigado, mas sim
movimentações financeiras da própria instituição. Além disso, após o recebimento da notícia-
crime, o Ministério Público requereu ao juízo de primeiro grau a quebra do sigilo bancário e o
compartilhamento pelo Banco de todos os documentos relativos à apuração, o que foi deferido,
havendo, portanto, autorização judicial. Desse modo, as alegadas informações sigilosas não
são os dados bancários do investigado, e sim as informações e registros relacionados à sua
atividade laboral como funcionário do Banco. STJ. 6ª Turma. RHC 147307-PE, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 29/03/2022 (Info 731).

Via de regra, eventuais irregularidades ocorrida no inquérito policial não contami-


nam a ação penal. Eventual nulidade na oitiva do acusado no curso da investigação
preliminar não tem o condão de nulificar o recebimento da denúncia e a ação penal deflagrada,
quando existam elementos autônomos que sustentam a decisão impugnada. Ademais, cabe
ressaltar que eventuais vícios na fase extrajudicial não contaminam o processo penal, dada a
natureza meramente informativa do inquérito policial. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC
124.024/SP. Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/09/2020. Eventuais irregularidades ocorri-
das no inquérito policial não contaminam a ação penal. STJ. 6ª Turma. RHC n. 112.336/SP,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/11/2019. O inquérito policial constitui procedimento ad-
ministrativo, de caráter informativo, cuja finalidade consiste em subsidiar eventual denúncia
a ser apresentada pelo Ministério Público, razão pela qual irregularidades ocorridas não impli-
cam, de regra, nulidade de processo-crime. STF. 1ª Turma.HC 169.348/RS, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 17/12/2019.

Não haverá infiltração policial se o agente apenas representa a vítima nas negocia-
ções de extorsão. Não haverá infiltração policial se o agente apenas representa a vítima nas
negociações de extorsão Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inte-
ligência, sob identidade falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem
se introduzir ou se infiltrar na organização criminosa com o propósito de identificar e angariar
a confiança de seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando.
STJ. 6ª Turma. HC 512290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info
677).

Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que haja indícios
mais robustos que uma simples notícia anônima. Denúncias anônimas não podem em-
basar, por si sós, medidas invasivas como interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e
devem ser complementadas por diligências investigativas posteriores. Se há notícia anônima
de comércio de drogas ilícitas numa determinada casa, a polícia deve, antes de representar
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pela expedição de mandado de busca e apreensão, proceder a diligências veladas no intuito
de reunir e documentar outras evidências que confirmem, indiciariamente, a notícia. Se con-
firmadas, com base nesses novos elementos de informação o juiz deferirá o pedido. Se não
confirmadas, não será possível violar o domicílio, sendo a expedição do mandado desautori-
zada pela ausência de justa causa. O mandado de busca e apreensão expedido exclusivamente
com apoio em denúncia anônima é abusivo. STF. 2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).

É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística.


É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. STJ. 6ª
Turma. RHC 98056-CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 04/06/2019 (Info
652).

Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa téc-
nica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial.
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depo-
imentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa
intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inqui-
sitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no
inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse
entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se
prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou
um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito
subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela
autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
12/03/2019 (Info 933).

Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso
sem mandado judicial ou consentimento do morador. O ingresso regular da polícia no
domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita
que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da
residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pu-
desse autorizar abordagem policial em via pública para averiguação, não configura, por si só,
justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determi-
nação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em
20/4/2017 (Info 606).

O MP, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso às OMPs.
O Ministério Público, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter
acesso a ordens de missão policial (OMP). Ressalva: no que se refere às OMPs lançadas
em face de atuação como polícia investigativa, decorrente de cooperação internacional exclu-
siva da Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo de sigilo, o acesso do Ministério Público não
será vedado, mas realizado a posteriori. STJ. 1ª Turma. REsp 1439193-RJ, Rel. Min. Gurgel
de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 587).

Denúncia anônima. As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós,
a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de
métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. En-
tretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser
simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado pela
autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares
para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima”

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possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inqué-
rito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação
telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a
interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do
sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 29/3/2016 (Info 819).

Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes. O STF reconhe-


ceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações
de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros
que podem ser a seguir listados: 1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamen-
tais dos investigados; 2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados
e praticados por membros do MP; 3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva consti-
tucional de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo
Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra
de sigilo bancário etc.); 4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas
por lei aos advogados; 5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14
do STF (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com com-
petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”); 6) A
investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável; 7) Os atos de investigação condu-
zidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário. A tese fixada em
repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de competência para promover,
por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que res-
peitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob
investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva cons-
titucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos,
em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI,
XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade — sempre presente no Estado democrático de
Direito — do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados
(Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.” STF. 1ª
Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787).
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Men-
des, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).

Indiciamento é atribuição exclusiva da Autoridade Policial. O Juiz não pode requisitar o


indiciamento em investigação criminal. Isso porque o indiciamento é atribuição exclusiva da
Autoridade Policial. (INFO 552 STJ e INFO 717 STF)

LEGISLAÇÃO (LEI SECA)


Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas res-
pectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades adminis-
trativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento


do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
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§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de


presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para


o chefe de Polícia.

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos crimi-
nais;

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer jun-
tar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma


deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo,
a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
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Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX
deste Livro.

Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.

§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompa-
nharão os autos do inquérito.

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
uma ou outra.

Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:

I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento


dos processos;

II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;

III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;

IV - representar acerca da prisão preventiva.

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei
no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Minis-
tério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público
ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspei-
tos.

Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, con-
terá:

I - o nome da autoridade requisitante;

II - o número do inquérito policial; e

III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.

Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de


pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática

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que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.

§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura,


setorização e intensidade de radiofrequência.

§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:

I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá


de autorização judicial, conforme disposto em lei;

II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a
30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;

III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação
de ordem judicial.

§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.

§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente


requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que dis-
ponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros
– que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata
comunicação ao juiz.

Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer dili-
gência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais
militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relaci-
onados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou
tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instau-
ração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48
(quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor


pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que
estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de
48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa


caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não estiver instalada,
a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do
procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acompanhamento e realização
de todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

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§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida de
manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o
inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional
que não integre os quadros próprios da Administração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos inte-
resses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por conta do
orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos
investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às


instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados
digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.

Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade poli-
cial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
provas tiver notícia.

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos
ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal,
ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exi-
gido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade poli-
cial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra
os requerentes.

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e so-
mente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o
exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por
despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Minis-
tério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto
da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963)

Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial,
a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo,
ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisi-
ções, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer
fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição.

Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial
oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o

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juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do
indiciado.

QUESTÕES
1. É correto afirmar que recentemente o Código de Processo Penal foi alterado, exigindo-se a
presença de defensor

A) nos inquéritos policial-militares, entre outros procedimentos, quando o objeto da investiga-


ção estiver relacionado ao uso da força letal praticado no exercício profissional ou não, de
forma consumada ou tentada, e o indiciado for, entre outros, militar das Forças Armadas.

B) nos inquéritos policiais, entre outros procedimentos, quando o objeto da investigação esti-
ver relacionado ao uso da força letal praticado no exercício profissional, de forma consumada
ou tentada, e o indiciado for, entre outros, policial civil.

C) nos inquéritos policial-militares, entre outros procedimentos, quando o objeto da investiga-


ção estiver relacionado ao uso da força letal praticado no exercício profissional, de forma
consumada ou tentada, e o indiciado for, entre outros, militar das Forças Armadas.

D) nos inquéritos policiais, entre outros procedimentos, quando o objeto da investigação esti-
ver relacionado ao uso da força letal praticado no exercício profissional ou não, exclusivamente
de forma consumada, e o indiciado for, entre outros, policial civil.

E) nos inquéritos policiais, entre outros procedimentos, quando o objeto da investigação esti-
ver relacionado ao uso da força letal praticado no exercício profissional ou não, exclusivamente
de forma consumada, e o indiciado for, entre outros, policial militar.

2. De acordo com as normas processuais penais vigentes no Brasil, assinale a alternativa cor-
reta.

A) O inquérito policial que tramitar perante a Justiça Estadual deve ser concluído em trinta
dias caso o investigado esteja solto, podendo ser prorrogado após decisão do magistrado res-
ponsável.

B) Não se tramitam inquéritos policiais perante a Justiça Federal.

C) De acordo com a Lei de Tóxicos, o inquérito policial que apura o crime de tráfico de entor-
pecentes tem os mesmos prazos de conclusão previstos no Código de Processo Penal.

D) Se o investigado estiver preso, o prazo de conclusão do inquérito policial será o mesmo de


quando ele estiver solto.

E) Nos crimes contra a economia popular, o prazo para conclusão do inquérito é de cem dias
caso o investigado esteja preso.

3. Sobre as regras legais do inquérito policial, assinale a alternativa correta.

A) A lavratura de boletim de ocorrência pelo ofendido não é meio hábil para iniciar o inquérito
policial.

B) A autoridade policial não poderá mandar instaurar inquérito após comunicação verbal de
suposto crime feita por pessoa do povo.

C) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito, só caberá recurso para


o governador.
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D) O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, poderá ser
iniciado sem a própria representação.

E) Nos crimes de ação pública, o inquérito policial será iniciado de ofício ou mediante requisição
da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem
tiver qualidade para representá-lo.

4. Sobre o inquérito policial brasileiro, assinale a alternativa correta.

A) Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá
receber ordens superiores para iniciar a investigação.

B) A autoridade policial fará sucinto relatório do que tiver sido apurado no inquérito e enviará
autos ao promotor competente.

C) Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, serão leiloados
após fotografados.

D) Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

E) Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá
prender o indiciado.

5. Acerca do inquérito policial brasileiro, assinale a alternativa correta.

A) A presidência da investigação de natureza criminal é privativa da polícia judiciária.

B) É permitido ao Ministério Público conduzir o inquérito policial como autoridade máxima.

C) A autoridade policial pode contrariar a moralidade ou a ordem pública na reprodução simu-


lada de fatos concernentes a crimes contra a dignidade sexual.

D) A competência de apuração das infrações penais e da sua autoria não excluirá a de outras
autoridades administrativas que não a polícia judiciária, a quem, por lei, seja cometida a
mesma função.

E) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito, caberá recurso para o


Tribunal Regional Federal.

Gabarito no rodapé7

ANOTAÇÕES:

7
GABARITO TÓPICO QUESTÕES: 1B – 2A – 3E – 4D – 5D

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RESUMO
1. CONCEITO (DICA 01):

• Procedimento administrativo (e não processo)

• Inquisitivo (sem ampla defesa e contraditório)

• Conduzido pelo Delegado de Polícia (competência privativa)

• Busca colher elementos informativos

• Para apurar autoria e materialidade delitiva

• Oferecendo ao Ministério Público ou interessado elementos neces-


sários que viabilizem o exercício da ação penal

Segundo a doutrina, o inquérito policial, principal instrumento de investigação, possui


DUPLA FUNÇÃO: PRESERVADORA e PREPARATÓRIA.

OBS: O MP poderá investigar.

2. CARACTERÍSTICAS (DICA 02):

TID É IDOSO BIZU FEDERAL (MEMORIZE)


T TEMPORÁRIO
I INDISPONIBILIDADE
D DISCRICIONÁRIO
E ESCRITO
I INQUISITIVO
D DISPENSÁVEL
O OFICIAL
S SIGILOSO
O OFICIOSO

3. PRAZOS (DICA 03):

PRAZOS EM DIAS PARA CONCLUSÃO


PRESO SOLTO
DO INQUÉRITO POLICIAL
JUSTIÇA ESTADUAL (REGRA GERAL)
10+15* 30
(ART. 10, CAPUT, CPP)
JUSTIÇA FEDERAL
15+15 30
(ART. 66 DA LEI 5.010/66)
INQUÉRITO MILITAR
20 40+20
(ART. 20, CPPM)
LEI DE TÓXICOS
30+30 90+90
(ART. 51 DA LEI 11.343/06)
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR
10 10
(ART. 10, § 1º, DA LEI 1.521/51)

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*Se o indivíduo estiver PRESO não se admitia prorrogação pelo CPP, porém, o
pacote anticrime (Lei 13.964/2019) trouxe a possibilidade de prorrogar, uma única
vez, POR ATÉ 15 DIAS. (Art. 3º-B, §2º, CPP):

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante


representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar,
uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após
o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imedia-
tamente relaxada.

OBS: Cabe destacar que o Juiz das Garantias e, inclusive, a possibilidade de pror-
rogação do inquérito dentre outras estão com a eficácia suspensa, em razão da
decisão do Ministro do STF Luiz Fux por tempo indeterminado desde o dia 22/01/20
(ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6305). Logo, atualmente, na prática, não é possível
ainda aplicar essa regra de prorrogação do inquérito do investigado preso.

4. A PRESENÇA DO DEFENSOR TÉCNICO DO INVESTIGADO NOS CASOS DE


LETALIDADE POLICIAL (DICA 04):

Exige-se:

• Servidores vinculados às instituições do art. 144 da CF +integrantes


das forças armadas (neste caso se exige a condicionante GLO)

• Figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos


policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais;

• Uso da força letal;

• Praticados no exercício profissional;

• Consumado ou tentado;

• Aplica-se também as situações do art. 23 do Código Penal (Excluden-


tes de ilicitude);

48 HORAS 48 HORAS

§ 1º Para os casos previstos no ca- § 2º Esgotado o prazo disposto
put deste
• artigo, o investigado no § 1º deste artigo (48 horas)
deverá ser citado da instauração com ausência de nomeação de

do procedimento investigatório, defensor pelo investigado, a au-
podendo constituir defensor no toridade responsável pela
prazo• de até 48 (quarenta e investigação deverá intimar a ins-
oito) horas a contar do recebi- tituição a que estava vinculado
mento • da citação.
o investigado à época da ocor-
rência dos fatos, para que essa,

no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, indique defensor para a
representação do investigado.

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O CPP ainda incluiu orientação de como se dará a nomeação do defensor pela insti-
tuição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos:

• § 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do


§ 2º deste artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria
Pública, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a
Unidade da Federação correspondente à respectiva competência
territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissio-
nal para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à
defesa administrativa do investigado.

• § 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá


ser precedida de manifestação de que não existe defensor público
lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição
para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não
integre os quadros próprios da Administração.

• § 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos


com o patrocínio dos interesses dos investigados nos procedimentos de
que trata este artigo correrão por conta do orçamento próprio da ins-
tituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos
investigados.

5. ARQUIVAMENTO (DICA 05):

REDAÇÃO ANTIGA REDAÇÃO NOVA


(NA PRÁTICA AINDA APLICÁVEL) (SUSPENSA PELO STF)
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, Art. 28. Ordenado o arquivamento do in-
ao invés de apresentar a denúncia, re- quérito policial ou de quaisquer
querer o arquivamento do inquérito elementos informativos da mesma natu-
policial ou de quaisquer peças de infor- reza, o órgão do Ministério Público
mação, o JUIZ, no caso de considerar comunicará à vítima, ao investigado e à
improcedentes as razões invocadas, fará autoridade policial e encaminhará os au-
remessa do inquérito ou peças de infor- tos para a instância de revisão
mação ao procurador-geral, e este MINISTERIAL para fins de homologa-
oferecerá a denúncia, designará outro ção, na forma da lei.
órgão do Ministério Público para ofe-
recê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o
juiz obrigado a atender.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judi-


ciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a
novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

SÚMULA 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requeri-
mento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

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MOTIVO DO É POSSÍVEL
ARQUIVAMENTO DESARQUIVAR?
1) Insuficiência de provas SIM (Súmula 524-STF)
2) Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
condição da ação penal
2) Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
condição da ação penal
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO
5) Existência manifesta de causa excludente STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)
de ilicitude STF: SIM (HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa excludente NÃO (Posição da dou-
de culpabilidade trina)
NÃO (STJ HC 307.562/RS)
7) Existência manifesta de causa extintiva da (STF Pet 3943)
punibilidade Exceção: certidão de óbito
falsa

6. NOTITIA CRIMINIS (DICA 06):

COGNIÇÃO IMEDIATA COGNIÇÃO MEDIATA COGNIÇÃO


(DIRETA OU (INDIRETA OU COERCITIVA
ESPONTÂNEA) PROVOCADA)
quando a própria autori- Quando alguém (terceiros) Quando a autoridade
dade policial, no exercício dá conhecimento de su- policial toma conheci-
do seu ofício, por suas ati- posto crime a uma mento do fato delituoso
vidades rotineiras, toma autoridade ou a um dos ór- com a apresentação do
conhecimento, por qual- gãos de persecução penal. agente preso em fla-
quer meio, da infração Exemplo: Requisição do MP grante e deverá
penal. OBS: É possível a para instauração de inqué- lavrar o auto que
deflagração de investiga- rito policial. dará início ao inqué-
ção criminal com base em rito policial.
matéria jornalística. (Info
652)

OBS: NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA: Inexiste a identificação do respon-


sável por aquela informação de suposta prática criminosa. Por isso, vulgarmente
chamada de “denúncia anônima” ou delação apócrifa.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDRÉ, Márcio. Súmulas do STF e do STJ. Editorajuspodivm. 2022. ANDRÉ, Márcio. Vade
Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito. Editora juspodivm. 2022. ARAÚJO, Fábio Roque.
Direito Penal Didático Parte Especial. Editora Editora juspodivm. 2022. CUNHA, Rogério
Sanches. Manual de Direito Penal Parte Especial. Editora Editora juspodivm. 2022. MAS-
SON, Cleber. Direito Penal Parte Especial (Volume II e III). Editora Método. 2022.

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MENSAGEM FINAL
Caro aluno finalizamos juntos mais uma aula! Aguardo você no próximo encon-
tro! Grande abraço.

A dispersão é inimiga do conhecimento. Sendo assim, separe momentos especí-


ficos de seu dia, exclusivamente, para aprender novos conhecimentos que te
ajudarão nas provas. Somente será possível saber se aprende, caso pratique (faça
muitas questões) e nunca se esqueça de revisar (a repetição retroalimenta o conhe-
cimento), isso porque será possível identificar o que lembra com mais facilidade, ou
não. Entenda que os erros fazem parte do processo de aprendizagem, logo, você não
pode desanimar, inclusive, REPROVAR faz parte do projeto APROVAR! Por fim,
reflita: Você possui comprometimento com seus projetos?!

Goiânia/GO, 14 de novembro de 2022

Prof. Jorge Florêncio

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ANOTAÇÕES:

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