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INQUÉRITO POLICIAL
Outra função do IP apontada pela doutrina é municiar o juiz com a justa causa necessária para
decretar as medidas cautelares requeridas durante a fase pré processual.
ATENÇÃO
A atribuição da presidência do inquérito policial é EXCLUSIVA do delegado de polícia, conforme
o art. 2°, §1°, da Lei n° 12.830/13.
Cuidado: o Inquérito Policial não é o único procedimento investigativo existente, é uma espécie
do gênero investigação criminal. No entanto, sua presidência é sim exclusiva do Delegado de
Polícia. Quanto aos procedimentos investigativos presididos pelos membros do Ministério
Público, não possuem a nomenclatura de Inquérito Policial (por razões óbvias), mas de PIC
(procedimento investigatório criminal).*
A doutrina tradicional sempre trouxe que o Inquérito Policial possuía como uma de suas
características o de ser um PROCEDIMENTO INQUISITIVO. A palavra INQUISITÓRIA estaria mais
ligada à fase processual, porque se trata de um dos sistemas processuais, o sistema
inquisitório, ao lado do sistema misto e do acusatório (o adotado no Brasil).
Contudo, para a doutrina moderna, que traz olhos mais garantidores ao exercício da polícia
judiciária, é interessante que se aponte como característica do inquérito policial o de ser um
PROCEDIMENTO INQUISITÓRIO, porque a característica inquisitiva nos remete
Nesse sentido, a doutrina moderna defende que mesmo que se trate de um procedimento
inquisitório, em que não haveria, em tese, o contraditório e a ampla defesa, é possível que
haja o contraditório, ainda que de forma mitigada, afastando a ideia de que o investigado é
apenas um objeto de investigação, sendo, na verdade, um sujeito de direitos, assim como a
vítima. Tendo, por exemplo, a obrigatoriedade de ser assistido por um advogado, caso seja do
seu interesse, preservando seus direitos fundamentais constitucionalmente assegurados
acompanhando a evolução de um Estado Democrático de Direito.
Observe como a banca Cebraspe abordou o tema da instauração de IP em duas provas recentes:*
Perceba que se trata de um PROCEDIMENTO. É incorreto falar em processo, eis que no inquérito
policial não há contraditório e ampla defesa. Além disso, possui natureza inquisitiva, ou seja, o
delegado de polícia é incumbido de iniciar, presidir e decidir todo o procedimento.
Assim, como o Inquérito é mera peça informativa, eventuais vícios dele constantes, em regra, não
têm o condão de contaminar o processo penal a que der origem – chamados pela doutrina de vícios
endoprocedimentais.
Contudo, em razão da proibição de provas ilícitas, caso haja alguma produzida durante o IP, esta
deverá ser excluída e, caso toda a investigação se desenrole a partir da prova ilícita, tudo deverá ser
excluído, por força da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (Fruits of the poisonous tree theory).
Consequências: vícios ocorridos na fase do inquérito policial podem justificar a avocatória por
despacho motivado do chefe de polícia, designando outro delegado para conduzir a investigação.
Como regra, não contaminam o processo, haja vista ser o IP dispensável, sendo peça meramente
informativa, ficando os vícios a ele adstritos. Os “vícios” do IP são chamados pela doutrina de vícios
endoprocedimentais.
Se o inquérito policial está integralmente viciado e, ainda assim, o promotor o utiliza para oferecer
denúncia, esta denúncia está desprovida de justa causa. Não existe lastro indiciário idôneo, devendo
juiz rejeitá-la.
E se o juiz receber? Parte da doutrina defende que o processo será nulo. Isso porque, de acordo
com o art. 12 do CPP, sempre que o IP serve de base para a inicial, ele deve acompanhar a denúncia.
De acordo com o § 3º do art. 3C do CPP, ainda suspenso, os autos que compõe matéria de
competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria deste juízo, à disposição das
partes, não acompanhando os autos remetidos ao juiz da instrução, salvo as provas irrepetíveis,
assim como as medidas de obtenção e antecipação de provas.
Ademais, caso seja colhida uma prova absolutamente ilícita, por exemplo o acesso ao WhatsApp
sem autorização judicial, haverá contaminação no processo, devendo tal prova ser desentranhada
dos autos. (perceba que o processo não se torna nulo neste caso, mas apenas a prova
reconhecidamente nula é desentranhada).
JURISPRUDÊNCIA
- Não há contaminação do processo penal em casos de inquérito policial conduzido pela polícia
federal, quando na verdade deveria ser conduzido pela polícia civil (informativo 964 – STF).
Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do
investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial (informativo 933
– STF).
- A suspeição da autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é
mera peça informativa, de que se serve o MP para o início da ação penal (informativo 824 – STF).
Não há ilicitude das provas por violação ao sigilo de dados bancários, em razão do
compartilhamento de dados de movimentações financeiras da própria instituição bancária ao
Ministério Público (informativo 731 – STJ).
É importante que vocês tenham em mente a noção de que o Inquérito Policial é apenas uma espécie
do gênero INVESTIGAÇÃO CRIMINAL, sendo possível mencionar outras espécies como: Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPI); Procedimento Investigatório Criminal (PIC) realizado pelo
Ministério Público; Verificação de Procedência das Informações (VPI), consistentes na realização de
diligências.
O Ministério Público pode realizar, por autoridade própria, investigações de natureza penal (STF).
Embora a CF/88 não disponha de forma expressa sobre o tema, adota-se a teoria dos poderes
implícitos. Segundo a referida teoria, se a Constituição outorga determinada atividade-fim a um
órgão, significa dizer que necessariamente devem ser concedidos todos os meios necessários para
a realização dessa atribuição.
Sendo assim, se a CF/88 confere ao Ministério Público a função de promover a ação penal pública
(art. 129, I), serão ofertados também todos os meios necessários para o exercício da denúncia,
dentre eles a possibilidade de investigar.
Isso significa dizer que a CF/88 não conferiu às polícias civis o monopólio da atribuição de investigar
infrações penais (art. 144, §4º). Em outras palavras, a colheita de provas não é atividade exclusiva
da polícia.
O inquérito policial possui valor probatório relativo, isto é, serve de base para ajuizamento da ação
e para o deferimento de cautelares, mas não basta, por si só, para subsidiar uma condenação.
Entretanto, não obstante o CPP determine que o juiz formará sua convicção pela livre apreciação
da prova (produzida em contraditório judicial), não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos (colhidos na investigação), o mesmo artigo ressalva o
caso das provas cautelares, não repetíveis e antecipadas (elementos migratórios).
Isso significa dizer que, excepcionalmente, elementos extraídos do Inquérito podem migrar para o
processo e servir para subsidiar eventual condenação.
Elementos de migração: são aqueles extraídos do IP, transportados ao processo e que podem servir
de base para eventual condenação.
Provas cautelares: justificadas pelo binômio necessidade X urgência (ex: interceptação telefônica).
Provas irrepetíveis: provas de fácil perecimento e dificilmente podem ser repetidas na fase
processual (ex: exame de alcoolemia). OBS.: provas irrepetíveis e cautelares possuem contraditório
diferido ou postergado.
Provas antecipadas: na fase do IP, esse incidente é instaurado pelo Juiz e já conta com a intervenção
das futuras partes, bem como possui contraditório e ampla defesa concomitante à produção da
prova. (ex: depoimento especial/depoimento sem dano).
Todavia, atente-se para o fato de que o indiciamento, embora não possa ser considerado como
antecedente criminal para agravar a pena, poderá constar nos registros do próprio Sistema de
Segurança Pública.
COMPETÊNCIA
Para saber qual é a autoridade policial competente para conduzir o inquérito policial, utiliza-se o
critério RATIONE LOCI ou RATIONE MATERIAE (é o local da circunscrição da ocorrência dos fatos)
ATENÇÃO
- O fato dele ser escrito não quer dizer que ele precisa ser físico, não havendo em que se falar em
mitigação em relação ao inquérito policial eletrônico.
- Embora seja escrito, sempre que possível, deve ser registrado por meio audiovisual, pois a
interpretação extensiva garante a aplicação prevista no CPP para o processo, principalmente
quando se fala em colaboração premiada, que deverá ser feita por meio audiovisual.
O sigilo externo atinge toda a sociedade e tem por finalidade evitar a divulgação de informações
essenciais capazes de macular as investigações e a própria pessoa do investigado. Já o sigilo interno
atinge os que atuam no feito, sendo que os magistrados e promotores possuem amplo acesso ao
inquérito, não lhe sendo aplicado o sigilo interno.
Acerca do acesso aos autos de Inquérito pelo advogado, não obstante o procedimento ser revestido
de sigilosidade, prevalece o entendimento de que é garantido ao advogado o pleno acesso às
informações já documentadas nos autos. Além do mais, o advogado não precisa de procuração para
ter acesso aos referidos documentos. Isso significa dizer que mesmo que o causídico não seja
defensor do investigado em questão, poderá ter acesso ao IP.
OBS.: se for declarado "segredo de justiça", o advogado só terá acesso aos autos caso tenha
procuração.
Súmula vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
- Caso seja injustificadamente negado ao defensor do investigado acesso ao IP, quais são as
medidas judiciais cabíveis? RECLAMAÇÃO AO STF; MANDADO DE SEGURANÇA e/ou HABEAS
CORPUS.
PROCEDIMENTO INDISPONÍVEL: Nos termos do artigo 17 do CPP: “a autoridade policial não poderá
mandar arquivar autos de inquérito”.
Delegado de polícia pode arquivar boletins de ocorrência? A doutrina moderna entende que a
instauração de Inquérito Policial deve ocorrer mediante a presença de justa causa, assim tem-se
sustentado que sim. Os registros de notitia criminis, em regra, submetem-se a um regime de
discricionariedade, sendo que a conveniência e oportunidade para a instauração do Inquérito a
partir deles é mérito aferido pelo Delegado de Polícia, podendo realizar o arquivamento do B.O.
Essa discricionariedade permite que o delegado indefira diligência requerida pelas partes, conforme
a previsão do artigo 14 do CPP. Todavia, quando a infração penal deixar vestígios, é indispensável a
realização de corpo de delito, não podendo o delegado de polícia indeferir a diligência.
ATENÇÃO
Há apenas uma perícia que não pode ser requisitada diretamente pelo delegado, que é o
incidente de insanidade mental. Nesses casos, o delegado representa ao juiz competente para a
instauração do incidente, conforme determina o art. 149, §º do CPP.
PROCEDIMENTO INQUISITIVO:
Como regra, não há contraditório e ampla defesa no inquérito policial.
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art.
144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais,
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no
exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado
da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no
prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação
de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá
intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência
dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique
defensor para a representação do investigado.
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste
artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em
que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente
à respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá
disponibilizar profissional para acompanhamento e realização de todos os atos
relacionados à defesa administrativa do investigado.
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Todavia, não confunda: a inclusão do art. 14-A ao CPP não significa que o inquérito policial perdeu
a característica de ser inquisitorial.
PROCEDIMENTO DISPENSÁVEL: Nos termos do artigo 39, § 5º do CPP: “o órgão do ministério público
dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que habilitem a
promover a ação penal, e neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias”.
Todavia, para a doutrina moderna especializada, ou seja, aquelas capitaneadas por delegados de
polícia, defendem que o inquérito policial é INDISPENSÁVEL, e não simplesmente dispensável:
mesmo havendo a possibilidade da denúncia ser feita sem o inquérito policial, a grande maioria das
ações penais é baseada nele.
“Isso não ocorre por mero acaso, mas sim devido ao sistema persecutório
brasileiro, que adotou a investigação criminal por órgão estatal, sendo que a justa
causa que se busca ter para dar seguimento em uma ação penal, conforme o artigo
395 do CPP, é alcançada na investigação criminal por meio dos elementos
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ATENÇÃO
Somente recomendamos a adoção do entendimento de indispensabilidade do inquérito em sede
de questão discursiva ou oral, bem como que seja pontuado expressamente que não se trata de
entendimento majoritário. Majoritariamente ainda prevalece que o Inquérito Policial é dispensável,
portanto, em provas objetivas sobretudo, adote o posicionamento de dispensabilidade do IP.
PROCEDIMENTO UNIDIRECIONAL: A doutrina tradicional afirma que o IP tem como destinatário útil
o Ministério Público, a quem comente a formalização da opinio delict, sendo que a autoridade
policial tem apenas a função de examinar a existência de autoria e materialidade do delito e analisar
as circunstancias judiciais, como a causa de aumento e diminuição, mas as excludentes e o princípio
da insignificância não.
Entretanto, a doutrina moderna afirma que a Constituição Federal confiou a investigação à polícia
judiciária, logo, o inquérito terá como primeiro destinatário a autoridade policial, o que já é
suficiente para romper o caráter unidirecional. Como a atividade policial é uma atividade jurídica,
o delegado pode realizar a análise técnico-jurídica do fato, podendo analisar as excludentes e
principalmente o princípio da insignificância, sendo prescindível a instauração do inquérito,
podendo apenas registrar o boletim de ocorrência e encaminhar para ciência do Ministério Público.
Na prática, alguns delegados elaboram uma espécie de termo, como se fosse uma V.P.I, e encaminha
ao MP, expondo suas razões pela não lavratura da prisão em flagrante, se o MP concordar determina
o arquivamento, caso contrário se verificar a existência de provas suficientes oferece a denúncia.
PROCEDIMENTO OFICIOSO: Ao tomar conhecimento de crime cuja ação penal seja pública
incondicionada, o delegado deverá atuar de ofício, não dependendo de nenhuma provocação.
Entretanto, caso seja condicionada a representação ou de iniciativa privada, deve aguardar a
referida representação para instaurar os procedimentos cabíveis.
“Tratando-se de crime de lesão corporal leve, o inquérito policial só poderá ser iniciado mediante
representação da vítima.” CERTO.
Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação ou de ação privada o IP também
necessita da mesma condição para ser instaurado.
ATENÇÃO: na verdade, em regra, não caberia IP e sim TCO, pois a lesão corporal leve é crime de
menor potencial ofensivo. Só será IP se no contexto da lei Maria da penha (SÚMULA 542 STJ). A
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PROCEDIMENTO TEMPORÁRIO: o inquérito policial possui prazo para a sua conclusão – PRAZO
IMPRÓPRIO.
ECONOMIA POPULAR 10 10
J. MILITAR 20 40+20
Art. 3-B § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da
autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito
por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será
imediatamente relaxada.
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JURISPRUDÊNCIA
Então, tenção: o prazo do inquérito é sim impróprio. Mas, diante do excesso de prazo
injustificado, mesmo estando solto o investigado, a autoridade policial poderá incorrer até
mesmo em abuso de autoridade, em razão de constrangimento ilegal.
Quando o inquérito for instaurado de ofício – por meio de uma notitia criminis - pode ser por meio
de portaria, auto de prisão em flagrante ou termo circunstanciado de ocorrência.
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JURISPRUDÊNCIA – TCO:
- É constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos
circunstanciados pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar. (informativo 1046 –
STF).
O art. 69 da Lei dos Juizados Especiais, ao dispor que “a autoridade policial que tomar
conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado” não se refere exclusivamente à
polícia judiciária, englobando também as demais autoridades legalmente reconhecidas. O
termo circunstanciado é o instrumento legal que se limita a constatar a ocorrência de crimes
de menor potencial ofensivo, motivo pelo qual não configura atividade investigativa e, por via
de consequência, não se revela como função privativa de polícia judiciária.
- O autor da conduta do art. 28 da LD deve ser encaminhado diretamente ao juiz, que irá lavrar
o termo circunstanciado e fará a requisição dos exames e perícias; somente se não houver juiz
é que tais providências serão tomadas pela autoridade policial; essa previsão é constitucional
(informativo 986 – STF).
Quando não for de ofício, o requerimento para a instauração do IP deverá conter SEMPRE QUE
POSSÍVEL: a narração do fato com todas as circunstâncias; a individualização do indiciado;
nomeação das testemunhas com indicação da profissão e residência.
Na hipótese de haver requisição genérica para instauração do IP, deverá o delegado, invocando
a sua independência funcional, oficiar à autoridade requisitante, mostrando-lhe, de modo
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JURISPRUDÊNCIA:
- O delegado de polícia não pode instaurar o IP baseado unicamente em denúncia anônima, mas
pode iniciar investigações informais [V.P.I] para apurar a veracidade das informações para
posterior instauração do IP.
- Não pode decretar busca e apreensão baseado unicamente em denúncia anônima.
- A denúncia anônima a respeito da existência de entorpecentes no interior de uma residência
não legitima o ingresso policial no domicilio sem o conhecimento do morador ou determinação
judicial.
- É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística (informativo
652 - STJ).
De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, é possível dar início à investigação a partir de
“denúncia anônima”, não havendo ilicitude da prova, desde que haja justa causa para tanto.
CERTO.
INSTAURAÇÃO DE IP BASEADO EXCLUSIVAMENTE EM DENÚNCIA ANÔNIMA: NÃO PODE.
As providências a serem adotadas pelo delegado de polícia no curso do IP estão previstas nos artigos
6 e 7 do CPP, todavia não se trata de um rol taxativo! Vejamos:
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II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
- Não é possível condução coercitiva para fins de interrogatório do investigado. Todavia, pode
haver condução coercitiva para fins de reconhecimento do investigado e para ouvir as
testemunhas ou vítimas que já foram intimadas. (OBS: ninguém é obrigado a colaborar com:
realização de bafômetro, acareação, reconstituição dos fatos – princípio do nemo tenetur se
detegere).
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- A autoridade policial indicará o tipo penal em que acha incurso o investigado. Isso se chama
de juízo de subsunção precária, visto que o juízo de subsunção próprio cabe ao MP, quando
da denúncia.
ATENÇÃO ESPECIAL NOS ARTIGOS 13-A E 13-B DO CPP, ALTA INCIDÊNCIA EM PROVA!!
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148 [sequestro e cárcere privado], 149
[redução a condição análoga à de escravo] e 149-A [tráfico de pessoas], no § 3º do
art. 158 [extorsão com restrição de liberdade da vítima] e no art. 159 do CP
[extorsão mediante sequestro], e no art. 239 do ECA [envio de criança ou
adolescente ao exterior], o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas
da iniciativa privada, DADOS e INFORMAÇÕES CADASTRAIS da vítima ou de
suspeitos.
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II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período
não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a
apresentação de ordem judicial.
Esse dispositivo cuida do acesso ao posicionamento das ERB’s (Estações Rádio Base). Através dessas
tecnologias, é viável determinar a localização aproximada de qualquer dispositivo móvel em
funcionamento, seja ao receber ou enviar mensagens, realizar ou receber chamadas, e, por
consequência, localizar seu usuário.
Tal disposição legal provoca controvérsias porque ora exige prévia autorização judicial para o acesso
a tais informações, ora a dispensa.
Vale conhecer as duas posições sobre o tema, uma vez que é um “prato cheio” para o examinador
explorar em eventual prova discursiva ou oral:
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Argumentos:
A obtenção das informações da ERB guardam relação com a proteção do direito a intimidade
e à vida privada, já que por meio dela é possível obter a localização aproximada de alguém
Essa corrente sustenta também a inconstitucionalidade do dispositivo que torna dispensável
a autorização judicial quando ultrapassadas as 12 horas, uma vez que esse lapso temporal
não pode ser apto a dispensar esse filtro judicial relevante
DO INDICIAMENTO
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Por ser ato exclusivo da autoridade policial, o indiciamento não pode ser requisitado pelo
magistrado na investigação criminal (ele poderá requisitar a instauração do inquérito policial, nos
termos do art. 5º, II do CPP, mas o indiciamento será a critério da análise privativa do delegado de
polícia).
Quanto ao momento do indiciamento, pode-se concluir que poderá ser realizado em qualquer
momento da investigação até o relatório final do IP, sendo que o indiciamento após o início da ação
penal configura constrangimento ilegal. Por exemplo, em casos de lavratura do auto de prisão em
flagrante, o delegado de polícia já está convencido dos indícios suficientes e necessários de autoria
e materialidade, podendo já concluir pelo indiciamento.
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Existem apenas duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas:
Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); Membros do Ministério Público (art. 18,
parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).
Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por
prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha
uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade.
JURISPRUDÊNCIA
- Cabe ao próprio tribunal ao qual toca o foro por prerrogativa de função promover, o
desmembramento de inquérito e peças de investigações correspondentes, para manter sob sua
jurisdição, em regra, apenas o que envolve autoridades com prerrogativa de foro, RESSALVADAS
AS SITUAÇÕES EM QUE OS FATOS SE REVELEM DE TAL FORMA IMBRICADOS QUE A CISÃO, POR
SI SÓ, IMPLIQUE PREJUÍZO A SEU ESCLARECIMENTO.
Atenção: em relação aos crimes de menor potencial ofensivo não é realizado o indiciamento, tendo
em vista que esses crimes possuem institutos despenalizadores previstos já lei do juizado especial.
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“Inexiste fundamento jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, a requisitar
ao delegado o indiciamento de determinada pessoa.” CORRETA.
“O simples indiciamento de uma pessoa não implica que seu nome e outros dados sejam lançados
no sistema de informações da Secretaria de Segurança Pública relacionados àquele delito e
passem, a partir disso, a constar da folha de antecedentes criminais do indivíduo.” INCORRETO.
Pode sim haver o registro no âmbito interno da SSP.
DO DESINDICIAMENTO
Para a doutrina majoritária pode haver o desindiciamento voluntário, a ser realizado pela própria
autoridade policial, tendo em vista que é um agente da administração pública e possui poder de
autotulela, revogando o ato de indiciamento realizado.
Ainda, pode haver o desindiciamento coacto, quando ocorre êxito no Habeas Corpus e o judiciário
revoga o ato de indiciamento por constrangimento ilegal.
O art. 10, § 1º do CPP dispõe que ao final das investigações o delegado de polícia fará minucioso
relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juiz competente. [CUIDADO, POIS NÃO
ENVIA DIRETO AO MINISTÉRIO PÚBLICO].
No relatório final, o delegado poderá indicar testemunhas que não tenham sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
Atente-se ao fato de que no relatório final a autoridade policial não deve esboçar qualquer juízo de
valor, ressalvado os casos em relação ao porte de entorpecentes para consumo próprio – aqui o
delegado deverá indicar os motivos pelos quais entende ser o art. 28 e não o art. 33 da lei de drogas.
Todavia, para a doutrina moderna, o delegado, como primeiro filtro dos direitos e garantias do
indivíduo, deverá verificar a presença de causas excludentes de tipicidade, ilicitude, culpabilidade e
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No relatório final, a autoridade policial sempre indicará o tipo penal em que acha incurso o
investigado. Isso se chama de juízo de subsunção precária, visto que o juízo de subsunção próprio
cabe ao MP, quando da denúncia.
ATENÇÃO
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos
do inquérito.
ATENÇÃO!
O pacote anticrime alterou a redação do art. 28 do CPP: quem passará a determinar o arquivamento do
inquérito policial é o PROMOTOR DE JUSTIÇA, que em seguida, submeterá o arquivamento à
homologação por instancia de revisão ministerial. CONTUDO, A EFICÁCIA DESSA DISPOSIÇÃO
ENCONTRA-SE SUSPENSA!
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Art. 28. Ordenado o arquivamento do
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, informativos da mesma natureza, o órgão do
o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões Ministério Público comunicará à vítima, ao
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de investigado e à
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a
autoridade policial e encaminhará os autos
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público
para a instância de revisão ministerial para
para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento,
fins de homologação, na forma da lei.
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal,
não concordar com o arquivamento do
inquérito policial, poderá, no prazo de 30
(trinta) dias do recebimento da
comunicação, submeter a matéria à revisão
da instância competente do órgão
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Caso o juiz discorde do pedido de arquivamento formulado pelo órgão ministerial, poderá invocar
o art. 28 do CPP, com a consequente remessa dos autos ao Procurador-Geral, a quem caberá manter
a decisão pelo arquivamento dos autos ou designar um novo promotor para oferecer a denúncia.
- STF pode de oficio arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para a conclusão
das diligencias, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade (informativo
912 – STF).
ARQUIVAMENTO INDIRETO: Ocorre quando o MP declina das suas atribuições por entender que os
autos estão tramitando perante juízo incompetente. Nesta hipótese, deve-se encaminhar a remessa
dos autos ao juízo competente para que o órgão do MP competente possa oficiar junto aos autos.
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Depois de ordenado o arquivamento do IP pela autoridade judiciária, por falta de base para a
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver
notícias.
SÚMULA 524/STF - arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do promotor
de justiça não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.
Atipicidade NÃO
Como já tratado acima, o arquivamento do inquérito policial se dá sempre por decisão da autoridade
judiciária, que determinará o referido arquivamento a pedido do Ministério Público, que é o titular
da ação penal pública, se diante de uma das situações autorizativas.
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Segundo STF o arquivamento do IP com amparo em excludente de ilicitude faz coisa julgada
formal, de modo que pode ser reaberto caso surjam novas provas.
A banca (Cespe) generalizou aqui para considerar que o arquivamento faz coisa julgada formal
apenas (endoprocessual significa dizer que a decisão tornou-se imutável dentro do processo em
que foi proferida).
Coisa Julgada Formal: Endoprocessual, os efeitos se limitam ao processo, podendo haver novas
provas.
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