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Anotações

das Aulas
Processo Penal
Processo Penal
Inquérito Policial
1) Considerações Iniciais
l Artigo 4º ao 23, CPP > Inquérito e Polícia Judicial.
n O STF suspendeu a eficácia dos artigos 3-A ao 3-F, introduzidos pelo Pacote An-
ticrime, que tratam do Juiz de Garantias.
l Artigo 144 da CF/88 > Segurança Pública.
l Lei 12.830/2013 (Atribuições da Autoridade Policial).

2) Direito Processual Penal


l Conjunto de princípios e regras, sendo caminho necessário para apurar um fato,
supostamente criminoso.
l A persecução penal é o procedimento criminal brasileiro para apurar um fato.
n É formada pela I) fase investigatória, e pela II) fase processual/judicial penal.
u Em regra, a fase investigatória é o inquérito policial.

3) A Polícia Judiciária
l A polícia judiciária é uma função, exercida no Brasil pela Polícia Federal ou pela
Polícia Civil.
n No plano nacional > Polícia Federal.
n Nos Estados > Polícia Civil.
l A polícia judiciaria atua após a prática de um fato, de forma repressiva, coope-
rando com o Ministério Público e o Poder Judiciário. > não há hierarquia, há coope-
ração (art. 144, CF/88).
n De forma excepcional, poderão exercer atividades preventivas.
l O fato de um crime dever ser investigado pela Polícia Federal, não quer dizer que
será, de fato, investigado pela respectiva justiça. Poderá ser julgado por outra.

4) Inquérito Policial
l O Inquérito Policial é a modalidade de investigação brasileira, por excelência.
n A natureza jurídica do inquérito é de um procedimento administrativo > não é
processo.
n O IP é presidido por um delegado de polícia (civil ou federal) > juiz e promotor
não podem presidir o inquérito.
n O IP tem finalidade de apurar a suposta prática de um crime e sua respectiva
autoria, para formar o convencimento do titular da ação penal (titular do direito

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potestativo de agir, do direito de provocar a jurisdição), que será o Ministério Pú-
blico ou Ofendido.

Observação: O titular da ação penal pode decidir pelo processo, ou pelo não-
processo (pelo arquivamento das peças de informação).
l O inquérito não possui partes, ele é unidirecional > instrumento utilizado para apu-
rar os fatos!
l A Lei 10.446/02 trata das atribuições do Delegado de Polícia Federal.
l Procedimento Administrativo + Delegado de Polícia
n Crime + Autoria
n Ministério Publico ou Ofendido
u Ação ou Arquivamento
l O inquérito policial também serve de abrigo para imposição de medidas cautela-
res, reais ou pessoais, que exigem ordem judicial fundamentada > art. 13 do CPP.
n Ex.: Prisão preventiva (pode ser decretada no inquérito ou na fase judicial), se-
questro de bens (decretado na fase de inquérito), prisão temporária (só cabe na
fase investigatória, e não cabe na fase judicial), busca e apreensão de coisas
(cabe na fase de inquérito), etc. à Por isso, o Juiz de Garantias é importante.
u A função do Juiz de Garantias era atuar na fase investigatória até o recebi-
mento da denúncia, ou rejeição; até a existência efetiva de um processo pe-
nal. Isto porque, só existe processo penal quando a denúncia é recebida. En-
tão, esse Juiz de Garantias, ele seria um juiz diferente daquele que vai julgar
a instrução criminal.
n Conforme o art. 107 do CPP, não se admite uma exceção de suspeição da auto-
ridade policial (delegado), justamente porque o inquérito não é contraditório,
contudo, nada impede que, pelos princípios que regem a Administração Pú-
blica, o delegado se dê por suspeito de ofício.
n O STF, ao julgar a ADIN 444, considerou inconstitucional a condução coercitiva
do investigado para efeito de oitiva.
n Na fase policial, não existe interrogatório, existe a oitiva do investigado > art. 6º,
inciso V, do CPP.
n O Ministério Público pode denunciar alguém antes do encerramento do inqué-
rito policial com base em outras peças de informação.
u Art. 39, §5º do CPP: diz que, se a vítima faz uma representação no Ministério
Público, e este entende que já tem elementos para denunciar, para a ação
penal, não se terá a investigação criminal (delatio criminis postulatória).
u Delatio criminis postulatória pode ser feita com Defensor Público, que pode
oferecer queixa-crime.
n Súmula 234 do STJ: a participação do membro ministerial na fase investigatória
não o torna suspeito para atuar no processo.
n O art. 155 do CPP prevê o Princípio do Livre Convencimento Motivado, onde
o juiz pode decidir, unicamente, com base nas provas antecipadas, nas provas
cautelares e nas provas irrepetíveis. Nesses casos existirá um contraditório dife-
rido, superveniente.
l Art. 315, CPP: veda qualquer espécie de sentença, decisão ou acórdãos genéricos
no processo penal. A fundamentação tem que ser concreta, empírica.
n O juiz não pode decidir exclusivamente com base no inquérito policial, mas o
inquérito policial pode ser o que se chama de “obter dictum”, ou seja, um argu-
mento de reforço para uma verdade construída em juízo.

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l É cabível a absolvição em fase de inquérito, pois, justifica-se que não existem ele-
mentos suficientes de materialidade do delito.
l Exceção à regra de condenação com base somente no inquérito:
n Provas cautelares > sofrem risco de perecimento, por ex.: a oitiva de uma teste-
munha em estágio terminal;
n Provas irrepetíveis (não-repetíveis) > não pode mais ser reproduzida em juízo,
por ex.: laudo cadavérico;
n Provas antecipadas > surgem no contraditório, por ex.: oitiva.

Observação: O art. 14-A do CPP dispõe que nos casos em que servidores vin-
culados às instituições dispostas no art. 144 da CF/88 figurarem como investi-
gados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedi-
mentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao
uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou
tentada, o indiciado poderá constituir defensor.
l Introduzido pelo Pacote Anticrime, impõe-se a exigência do contraditório e ampla
defesa obrigatórios para os prepostos de segurança, indiciados pelo uso de força
letal > exceção à regra do contraditório.

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL


l Dispensabilidade ou Facultatividade:
n O inquérito é um procedimento facultativo, ou dispensável. Ele não é indispen-
sável! Isto porque existem outras formas de investigação além desse procedi-
mento administrativo.
u Nas infrações de menor potencial ofensivo, o inquérito policial será substitu-
ído por um termo circunstanciado e o auto de prisão em flagrante será subs-
tituído por um termo de compromisso, salvo na Lei Maria da Penha.
n O que é indispensável no processo penal não é o inquérito, é a justa causa para
ação penal.
u Ex.: CPI. O que é inalienável no processo penal é o fumus commissi delicti (a
fumaça da prática do cirme), ou seja, os indícios suficientes de autoria e a
materialidade > de que forma será alcançado é outra história.
l Inquisitoriedade:
n O IP é um procedimento inquisitorial.
n Para a prova objetiva da PC/BA, o Brasil adota o modelo acusatório. Tem viola-
ções? Inúmeras, mas na essência, o sistema é acusatório.
n Lembre-se: O inquérito não é um processo, mas um procedimento!
u O modelo acusatório é Tripartite/Triangular > divisão das funções processuais
(juiz, MP e réu).
u O IP é inquisitório, porque não há obrigatoriedade do contraditório e da am-
pla defesa, apesar de poder acontecer.
u Art. 14-A, CPP: prevê um contraditório obrigatório para prepostos de segu-
rança pública.
u Observação: A autodefesa é cabível em sede de Inquérito Policial.
l Art. 5º, LXIII, da CF/88, que trata do direito ao silêncio.
l Art. 8º, ‘2’, ‘g’, do Decreto 678/92 (Pacto de São José da Costa Rica), que diz
respeito ao direito do investigado não apenas se calar, mas também não
produzir provas contra si.

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Cuidado: O Código de Processo Penal prevê a Teoria dos Frutos da Árvore en-
venenada, a Teoria da Contaminação. Existem provas que podem nascer no
inquérito e, eventualmente, expandir os seus efeitos até a fase judicial. Aí tudo
será invalidade, mas não quer dizer que a fase judicial seja imprestável como
um todo.
n Art. 14 e 184, CPP > Além de ser inquisitorial, o inquérito policial é discricionário.
O delegado pode indeferir uma diligência requerida pela vítima ou pelo investi-
gado. Ele só não pode indeferir se a diligência for pela realização de exame de
corpo e delito, nas infrações que deixam vestígios.
u O STJ e o STF, principalmente o STJ, tem relativizado essa obrigatoriedade,
entendendo que outros elementos podem comprovar a materialidade do
fato, quando desaparecerem os vestígios do fato.
l Indisponibilidade:
n O art. 17 do CPP trata da indisponibilidade do IP.
n O delegado não pode abandonar ou desistir do IP > não pode mandar arquivar
os autos do IP.
n Em alguns casos, o delegado poderá optar por não instaurar o IP, mas se instau-
rar, terá que levá-lo até o final.
n O delegado não pode arquivar o IP de ofício.
u O arquivamento do IP se dá com o parecer do MP e ordem judicial > o pro-
motor pede e o juiz determina.
l O juiz poderá discordar do arquivamento e enviar o caso para o PGJ (art.
28, CPP).
¨ A decisão de arquivamento do IP é formal > só faz coisa julgada for-
mal (art. 18, CPP + súmula 524/STF).
¨ Admite-se o desarquivamento do IP em caso de novas provas.
¨ Enquanto o crime não prescrever, o IP poderá ser desarquivado.
l Duradouro:
n O IP possui um prazo razoável para terminar.

CPP Lei 11.343/06

l Prazo da justiça estadual à crimes de compe- l Se o investigado estiver


tência estadual. preso, o IP tem prazo de 30
l Investigação feita pela polícia civil. dias, podendo ser dupli-
l Se o investigado estiver preso (flagrante/preven- cado por mais 30 dias.
tiva) à O IP tem prazo de 10 dias, improrrogáveis. l Se o investigado estiver
l Se o investigado estiver solto, o prazo é de 30 solto, o IP tem prazo de 90
dias, podendo ser prorrogado (art. 10, CPP). dias, podendo ser dupli-
l Se o prazo acabar e o sujeito permanecer preso, cado por mais 90 dias.
o juiz terá que relaxar a prisão.

l Discricionariedade:
n O delegado tem liberdade na condução das investigações, nas diligencias que
irá determinar.
u Os artigos 6 e 7 do CPP dispõem as diligencias que poderão ser determinadas
pelo delegado.
n O delegado poderá indeferir uma diligencia requerida pelo investigado ou pela
vítima.

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l Oficiosidade:
n Art. 5, CPP.
n A oficiosidade significa que há obrigatoriedade da autoridade policial de instau-
ração do inquérito ex officio, independente de provocação, nos casos de crime
de ação penal pública incondicionada ou condicionada a representação.
n O art. 5º, caput, do CPP, indica as formas de instauração do inquérito policial,
fazendo menção aos crimes de ação pública.
n Instauração não se confunde com Indiciamento.
u O inquérito pode iniciar e terminar sem um suspeito formal. O IP objetiva
apurar um fato > unidirecional.
u O art. 2 da Lei 12.830/13 conceitua o Indiciamento como uma manifestação
técnica e fundamentada do delegado, que torna alguém o destinatário/sus-
peito formal das investigações.
n Nos crimes mais graves (ação penal pública incondicionada) o IP será instaurado
de ofício pela autoridade policial (delegado) > a primeira peça é a Portaria.

Como o inquérito co- Como o inquérito


Como o inquérito começa
meça nos crimes de começa nos cri-
nos crimes de ação penal
ação penal pública mes de ação pe-
pública incondicionada?
condicionada? nal privada?

l O IP poderá começar DE l O IP será instaurado


OFÍCIO à O MP é titular da por REPRESENTAÇÃO l Quem promove a
provocação do estado juiz, DO OFENDIDO/ VÍ- ação é a própria
de forma incondicionada, ou TIMA à art. 39, CPP. vítima, através do
seja, o MP não precisa de au- n Embora deva ser advogado, por
torização de terceiro. ajuizada pelo MP, meio da QUEIXA-
l O IP poderá ser instaurado depende da repre- CRIME.
POR REQUISIÇÃO do juiz ou sentação da vítima, l A vítima tem
do MP à ou seja, ordem le- ou seja, a vítima tem prazo decaden-
gal, que não pode ser indefe- que querer que o cial de 6 meses
rida. autor do crime seja para ingressar
l O IP poderá ser instaurado denunciado > está com a queixa, a
por REQUERIMENTO DO condicionado a au- partir do conheci-
OFENDIDO/VÍTIMA à o re- torização do ofen- mento da autoria
querimento poderá ser inde- dido, excluindo a ofi- do fato.
ferido pela autoridade poli- ciosidade! l Poderá ter Inqué-
cial > do indeferimento, cabe n A vítima tem prazo rito Policial à art.
recurso para o delegado decadencial de 6 5, CPP.
chefe. meses para repre- l Exceção a oficio-
l O IP também poderá ser ins- sentar, a partir do sidade.
taurado mediante NOTÍCIA conhecimento da
CRIME, de qualquer pessoa autoria do fato.
do povo.

n Outra Exceção a oficiosidade do IP são as hipóteses dos casos de Prerrogativa


de Função:
u Nesses casos, o IP (investigação) só se iniciará com autorização do Tribunal.

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Observação: O inquérito policial pode ser iniciado mediante a lavratura do
Auto de Prisão em Flagrante (APF), em todas as modalidades de ações.

Ação Penal
1) Introdução
l Do art. 100 ao 106 do CP + art. 24 ao 62 do CPP.
l Do art. 63 ao 68 do CPP, temos a ação civil ex delito (em decorrência de um crime).
l Ação e Processo são coisas distintas > é possível ter ação sem ter processo.
n Ação é um direito constitucional de provocar o juiz, buscando aplicação da lei
penal no caso concreto.
u Não se admite ação penal de ofício (art. 129, I, CF/88)!

2) Classificação Subjetiva
l O Ministério Público, em regra, é o legitimado para promover a Ação Penal.
l A ação penal poderá ser:
n Pública: O MP é titular. A ação poderá ser pública Incondicionada (plena) ou
Condicionada (semiplena). A denúncia é a petição inicial/peça inaugural ende-
reçada ao judiciário (art. 41 do CPP). Enquanto o crime não prescrever, o MP po-
derá oferecer a denúncia, tendo em vista que o prazo é prescricional (art. 109,
CPP).

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u A ação penal pública incondicionada é titularizada pelo Ministério Público e
prescinde de manifestação de vontade da vítima ou de terceiros para ser
exercida.
u A ação penal pública semiplena está condicionada à Representação da ví-
tima/ofendido, seu representante legal ou sucessor, ou condicionada à Re-
quisição do Ministro da Justiça.
l A representação é uma manifestação de vontade da vítima > autorização
do ofendido para o MP agir (art. 39 do CPP). Peça informal, com prazo de
6 meses.
l Em regra, a representação é retratável, até o oferecimento da denúncia
(art. 25 do CPP). Nos moldes da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), o art. 16
disciplina que a vítima poderá se retratar até o recebimento da denúncia,
mediante audiência.
l A doutrina admite a retratação da retratação, desde que dentro do prazo.
l O art. 74, parágrafo único, da Lei 9.099/05 trata-se de uma composição civil
dos danos do JECRIM, que é equivalente a uma retratação da representa-
ção.
l A requisição do MJ é ato de natureza política, através do qual o Ministro da
Justiça autoriza a propositura da ação penal por parte do MP.
l Não possui retratação.
l Prazo prescricional.
n Privada: Em regra, o titular é o ofendido/vítima, chamado de querelante. A peça
inaugural/petição inicial é a queixa-crime (art. 41 e 44 do CPP) > a queixa-crime
exige procuração com poderes especiais. A ação penal privada poderá ser:
u Comum (simples) – Modalidade mais usual. O legitimado é a vítima, mas cabe
a representação legal ou do sucessor. Prazo de 6 meses, a partir do conheci-
mento da autoria do fato. Tal condição já é diretamente prevista na legislação.
u Subsidiária da pública (art. 29 do CPP) – Diversamente das ações penais pri-
vadas exclusivas, a lei não prevê a ação como privada, mas sim como pública
(condicionada ou incondicionada). Ocorre que, o MP, enquanto titular da
ação, fica inerte, não adotando nenhuma medida. O MP tem um prazo que
varia em regra de 5 dias para réu preso a 15 dias para réu solto, e não se ma-
nifestando (ficando inerte) nesse prazo, abre-se a possibilidade para que o
ofendido, seu representante legal ou seus sucessores, ingressem com a ação
penal privada subsidiária da pública. Isso tem previsão constitucional (artigo
5º., LIX, CF) e ordinária (artigos 100, § 3º., CP e 29, CPP).
u Personalíssima – Somente o ofendido pode atuar e, em caso de morte ou de-
claração de ausência, ninguém poderá substituí-lo. Operar-se-á a extinção de
punibilidade pela decadência, acaso a queixa – crime ainda não houver sido
intentada porque ninguém mais poderá fazê-lo, ou por perempção acaso o
processo já esteja instaurado, pois ninguém poderá prosseguir (inteligência
do artigo 107, IV, CP). Resta apenas um único exemplo de ação penal privada
personalíssima, no art. 236 do CP, tratando do crime de “induzimento a erro
essencial e ocultação de impedimento” ao casamento.

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3) Princípios da Ação Penal

Ação Penal Pública Ação Penal Privada


l Princípio da Discricionariedade – A
l Princípio da Obrigatoriedade – O MP ação penal é regida pela oportuni-
possui o dever legal de oferecer a de- dade. A vítima não está obrigada a
núncia. oferecer a queixa. Caberá a renúncia
n Possui algumas exceções > art. 28- e a decadência.
A do CPP, transação penal (art. 76, l Princípio da Disponibilidade – A ví-
Lei 9099/95) e a delação premiada tima pode desistir da ação, por meio
(art. 4, Lei 12.850/13). do perdão processual (bilateral), ou
l Princípio da Indisponibilidade (art. abandonar o processo, mediante pe-
42 e 576 do CPP) – O MP não pode rempção.
desistir da ação ou abandonar o pro- l Princípio da Indivisibilidade – A ação
cesso. penal deve ser proposta contra todos
l Princípio da Divisibilidade – A acusa- os autores e partícipes do delito. Não
ção pública pode ser fracionada. Ad- é possível o aditamento da queixa
mite-se o aditamento de denúncia, para incluir réus.
acrescentando mais réus.

l Ambas são regidas pelo Princípio da Intranscendência ou Responsabilidade Sub-


jetiva, em que apenas a pessoa sentenciada poderá responder pelo crime que pra-
ticou.

Prisão Cautelar
1) Introdução
l A Lei 12.403/11 mudou de forma significativa o tema Prisão.
l A Lei 13.954/19 (pacote anticrime) trouxe ainda mais modificações.
l O tema Prisão está localizado do art. 282 ao 350 do CPP.
l A Prisão Cautelar é a privação de liberdade, a segregação anterior ao trânsito em
julgado de uma sentença condenatória.
n Possibilidade de executar pena somente após o trânsito em julgado da conde-
nação > quando não couber mais recursos = coisa julgada material.
n Esse conceito é decorrente do princípio da presunção de inocência (art. 5, LVII,
CF/88), onde ninguém pode ser considerado culpado antes do trânsito em jul-
gado de uma sentença condenatória.
u A Súmula Vinculante 11/STF veda o uso de algemas de maneira desnecessária
no processo penal > regra de tratamento, fruto da presunção de inocência.
u A presunção de inocência possui dois efeitos importantes:
n Com base na CF/88 e no CPP, o ônus da prova é de quem alega. Com base no
princípio da presunção de inocência, o ônus da prova é da acusação.
n O efeito sobre a prisão cautelar, vedando a execução antecipada da pena.
l O art. 492 do CPP, que trata de condenação no tribunal do júri (15 anos ou mais), é
hipótese em que se admite a execução provisória da pena > exceção a impossibi-
lidade de execução antecipada da pena.

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2) Modalidades de Prisões Cautelares

Prisão em Flagrante (art. 301 ao 310, CPP)


l Questão de segurança pública.
l Medida pré-cautelar, basicamente de cunho administrativa.
n Em regra, não exige ordem judicial e qualquer pessoa poderá prender em fla-
grante.
u Em tese, os agentes de policia devem prender em flagrante, enquanto que
os particulares podem prender em flagrante > dispensa da ordem judicial.
u O art. 53 da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) trata de uma exceção, conhecido
como flagrante diferido, que exige ordem judicial fundamentada.
l O Auto de Prisão em Flagrante (APF) deverá se lavrado antes das 24h após à prisão
do indiciado, contendo assinatura de todos os que participarem da sua lavratura >
art. 304 do CPP.
n Quando houver apresentação espontânea, não se admite prisão em flagrante.
n O art. 302 do CPP prevê as situações de flagrante > vida cotidiana e rotineira. O
CPP prevê três espécies de Flagrante (art. 302, CPP), quais sejam:
l Flagrante Próprio, Propriamente Dito ou Real – Incisos I e II. O agente é surpreen-
dido no instante em que está praticando a infração ou, então, quando acaba de
cometê-la. O sujeito é preso na situação do fato.
n O art. 303 do CPP trata do flagrante nos crimes permanentes.
n Flagrante Impróprio ou Quase Flagrante – O agente é perseguido (não é preso
na cena do crime), logo após cometer o ilícito, em situação que faça presumir
ser o autor da infração > pode durar dias.
n Flagrante Presumido ou Ficto – Está em flagrante presumido a pessoa encon-
trada “logo depois”, com instrumentos, armas, objetos, ou papéis que façam pre-
sumir ser ele o autor da infração.
n Flagrante Esperado – Trata-se de uma forma de flagrante válido, regular e inci-
dental, em que agentes da autoridade, cientes, por qualquer razão, de que um
crime poderá ser cometido em determinado local e horário, sem que tenha ha-
vido qualquer preparação ou induzimento, deixam que o suspeito aja, ficando à
espreita para prendê-lo em flagrante.
n Flagrante Preparado – Modalidade ilegal, em que a polícia provoca a pessoa a
praticar um crime e, simultaneamente, impede que o delito seja cometido.
u A Súmula 145/STF determina que não há crime se a preparação do flagrante
torna a execução do crime impossível.
n Após a prisão em flagrante, dá-se a condução até a autoridade competente para
lavratura do auto de prisão em flagrante (APF) > art. 304 e 306 do CPP.
u Lavrado do APF, num prazo máximo de 24h será entregue Nota de Culpa ao
preso, mediante recibo.
u Em 24h, o APF será encaminhado para o magistrado/ juiz competente (é co-
mum ser o juiz da vara de audiência de custódia > art. 310, CPP). A prisão tam-
bém precisa ser comunicada ao MP e a DPE, no mesmo prazo.
l O flagrante tem que durar no máximo 48h = 24h para enviar o APF para o juiz, e
mais 24h para o juiz realizar a audiência de custódia.
l Nos moldes do art. 310 do CPP, o juiz poderá:
n proceder com o relaxamento da prisão, quando for ilegal ou viciada;

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n proceder com a liberdade provisória, vez que o flagrante é legal, mas a prisão é
desnecessária.
u A prisão ilegal deve ser relaxada de ofício pelo juiz.
u Somente admite-se concessão de liberdade provisória se não estiverem pre-
sentes os elementos da Prisão Preventiva.
u A liberdade provisória pode ser com ou sem fiança > art. 322 e 323, do CPP.

Prisão Preventiva (art. 311 ao 316, CPP)


l Cabimento na fase do inquérito policial e na fase judicial > única prisão que cabe
em ambas as fases.
l Modalidade que exige ordem judicial fundamentada.
l O delegado, MP ou querelante poderão representar pela prisão preventiva na fase
policial (IP).
l O MP, o assistente de acusação e o querelante poderão representar pela prisão
preventiva na fase judicial (processo). O delegado não é mais parte legítima.
l Caso o delegado encaminhe o APF sem pedir a conversão da prisão em flagrante
em preventiva, o juiz não poderá conceder de ofício.
l Prisão preventiva só cabe mediante provocação e com decisão fundamentada (art.
315 do CPP).
l Hipóteses de cabimento da preventiva (art. 313, CPP):
n Em crimes dolosos, com pena máxima superior a 4 anos;
n Em caso de reincidência, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do
Decreto-Lei 2.848/1940, do CP;
n No caso de o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, cri-
ança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
execução das medidas protetivas de urgência.
u Aplicação direta nos casos da Lei Maria da Penha, independentemente do
tempo ou prazo.
l A prisão preventiva é tida como “ultima ratio” > O juiz só poderá decretar preventiva
se não for possível aplicar outras medidas cautelares (art. 319 e 320 do CPP).
l Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identi-
dade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para es-
clarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a iden-
tificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida > o CPP
traz em seu art. 313, § 1º, hipótese de preventiva para identificação criminal, datilos-
cópica e fotográfica.
l Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipa-
ção de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação cri-
minal ou da apresentação ou recebimento de denúncia (art. 313, § 2º, CPP).
l Requisitos da preventiva:
n “Fumus comissi delicti” (fumaça da prática de um crime) > indícios suficientes
de autoria ou participação + materialidade, se o crime deixar vestígios ou prova
da existência do fato;
n “Periculum libertatis” (risco que a liberdade do sujeito investigado apresenta) >
análise sobre a necessidade da prisão do sujeito (garantia da ordem pública ou
econômica, aplicação da lei penal, ou conveniência para instrução criminal >
pode ser cumulativo);
n Contemporaneidade do fato > hipótese admitida pelo pacote anticrime para ad-
missão da preventiva.

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Prisão Temporária (Lei 7.960/89)
l A prisão temporária é cabível somente na fase da investigação criminal (IP).
n Não é cabível na fase processual.
l Única modalidade prisional cautelar com prazo previsto em lei.
n A cada 90 dias, o juiz precisa revisar os fundamentos da prisão temporária.
n Nos crimes comuns, possui prazo de 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias.
n Nos crimes hediondos e equiparados (TTT), possui prazo de 30 dias, prorrogáveis
por mais 30 dias, se houver necessidade.
l Hipóteses de cabimento para prisão temporária (art. 1):
n Quando imprescindível para as investigações do IP;
n Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos neces-
sários ao esclarecimento de sua identidade;
n Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado > “fumus comissi de-
licti”.
l Não se admite prisão temporária de ofício. Somente mediante decisão fundamen-
tada.
n Em regra, o delegado representa, o MP opina e o juiz decide.
l Os presos temporários devem ser mantidos, obrigatoriamente, separados dos de-
mais detentos.

Observação:
l A Prisão Domiciliar é tratada do art. 317 ao 318-A do CPP.

Jurisdição e Competência Criminal


1) Introdução
l Do art. 69 ao 91, do CPP.
l Jurisdição é o poder estatal de dizer o direito no caso concreto > aplicação da lei
penal num determinado caso concreto.
n Em regra, esse poder demanda investidura (concurso público).
n Una e indivisível.
l Competência é uma fração da jurisdição. Instrumento que operacionaliza, ainda
que “aparte”, a jurisdição, visando conferir eficácia a atividade jurisdicional.

2) Princípios

Princípio do Juiz Natural


l Existência de juízo adequado para o julgamento de determinada demanda, con-
forme as regras de fixação de competência, e à proibição de juízos extraordinários
ou tribunais de exceção constituídos após os fatos.
l Não admite-se juiz ou tribunal de exceção > aquele escolhido para um caso penal.
l Funciona como uma garantia de imparcialidade.

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l O juiz natural é aquele que tem a sua parcela de jurisdição previamente definida
em lei, antes da prática do crime.
n No incidente de deslocamento de competência (IDC), a PGR solicita ao STJ o
deslocamento para o juízo federal, se houver grave violação de direitos humanos
e uma ineficácia dos órgãos estaduais, com risco de sanções internacionais ao
Brasil pelos pactos dos quais é signatário.

Princípio da Identidade Física do Juiz (art. 399, § 2º, CPP)


l O juiz que presidir a audiência, deve julgar o caso penal.
n Não é absoluto.
l Busca, em síntese, a vinculação do magistrado que conduziu o feito e participou
efetivamente da sua instrução, à prolação da sentença, de molde a privilegiar, ao
máximo possível, o processo cognitivo desenvolvido ao longo do iter processual.

3) Critérios De Definição Da Competência

Competência por prerrogativa de função


l Conhecida como “foro privilegiado”.
l Prerrogativa absoluta > possibilidade de arguir a qualquer tempo, e o juiz pode re-
conhecer de oficio.
l Alguns sujeitos, por conta da relevância de sua função, terão direito de ser julgados
por um Tribunal > julgados originariamente por um Tribunal.
l Existe enquanto o sujeito estiver no exercício da função.
n O STF declarou a inconstitucionalidade dos §1 e §2 do art. 84 do CPP, e também
do art. 86 e 87 do CPP.
l O STF entende que, só existe prerrogativa de função quando o sujeito pratica o
crime após a diplomação e com nexo funcional.
n Algumas súmulas foram atingidas e relativizadas pelo posicionamento do STF,
a exemplo:
u Súmula 704/STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do
co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
u A Súmula 702/STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos
restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos de-
mais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de se-
gundo grau.
u A Súmula 721/STF se tornou a Súmula Vinculante 45/STF: A competência
constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de
função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual (art. 38,
XXXVIII, d, CF/88).

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Competência em razão da matéria
l Também chamada de competência “ratione materiae”.
l Prerrogativa absoluta > possibilidade de arguir a qualquer tempo, e o juiz pode re-
conhecer de oficio.
l Em termos de justiça penal, temos:
n Justiça Especial: No âmbito Penal, é a Militar e a Eleitoral.
u A justiça militar julga somente os crimes militares. Não julga crimes conexos.
u Crimes dolosos praticados por militares contra civis são julgados pela justiça
comum.
u A justiça eleitoral julga os crimes eleitorais e os conexos.
u Se o crime não for de competência especial, é de competência comum.
n Justiça Comum: No âmbito Penal, é a Justiça Federal e a Estadual.
u A justiça comum é residual (Súmula 122/STJ).
u Caso ocorra um conflito de competência, a competência será da justiça fede-
ral (art. 109, CF/88).
u Os crimes políticos, os crimes praticados contra o sistema financeiro nacional,
os crimes praticados contra bens, serviços e interesses, são julgados pela jus-
tiça federal.
u Os crimes praticados contra índios são de competência da justiça estadual
(Súmula 104/STJ).

Competência em razão do território


l Conhecida também como competência “ratione loci”.

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l Prerrogativa relativa > caso ninguém alegue e o juiz não reconheça de oficio, pror-
roga-se e ele continua competente.
l Aplica-se a Teoria do Resultado > quero encontrar o local da consumação do crime
(art. 70 do CPP).
n Busca-se o princípio da verdade real.
l O JECRIM competente é aquele do local onde a infração foi praticada. Ou seja,
aplica-se a Teoria da Atividade > art. 63 da Lei 9099/95.
l Nos crimes permanentes praticados em mais de um território, a competência será
definida pela prevenção (art. 73 do CPP).
l Em caso de crime tentado, a competência é definida pelo local em que foi prati-
cado o último ato de execução (art. 70 do CPP).
l Caso o local de consumação seja desconhecido, a competência é definida pelo do-
micilio do réu (art. 72 e 73 do CPP).
l Se o réu tem mais de uma residência ou não sei onde é, a competência é definida
pela prevenção (critério subsidiário).
n Súmula 706/STF: A competência processual penal possui regras bem definidas.
Sua inobservância acarretará nulidade processual. Tal nulidade pode ser abso-
luta ou relativa.
n Súmula 151/STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de con-
trabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da
apreensão dos bens.

Teoria Geral da Prova


1) Introdução
l A Lei 11.690/2008 alterou substancialmente o CPP em matéria de prova > do art.
155 ao 250 do CPP.
l Do art. 155 ao 250 do CPP temos as provas em espécie, no âmbito criminal.

2) Provas
l As provas são os faróis que iluminam o caminho do juiz até a verdade.
l A prova penal são dados e elementos, produzidos pelas partes ou de oficio pelo juiz,
em contraditório judicial, e que tem por destinatário o magistrado/julgador/juiz.
n São elementos na busca da verdade processual, que muitos entendem como
a verdade real.
l O que é produzido no Inquérito Policial são atos de investigação que devem ser
renovados na presença do juiz, em regra > não possui natureza de prova (art. 155,
CPP).
n Exceto:
u Provas cautelares: Essas provas não podem esperar ou não podem ser repe-
tidas em Juízo. Por conta disso, são produzidas na fase do IP, mas com natu-
reza de prova, e não mero ato de investigação.
u Em regra, é possível condenar com base nessas provas.
l Ex.: Busca e apreensão, interceptação telefônica, etc.

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n Provas antecipadas: O objetivo antecipar determinados meios de provas diante
da impossibilidade de a parte aguardar o momento oportuno para sua produ-
ção.
u Ex.: Risco de pessoa internada, que é testemunha, vir a óbito.
n Provas não-repetíveis: Aquelas que, uma vez realizadas, não podem ser refeitas.
u Ex.: Perícia de local, perícia de roupa, exame de corpo delito, etc.
l O juiz, eventualmente, poderá produzir provas de ofício, em nome do princípio da
verdade real > ouvir testemunhas além das arroladas pelas partes, determinar in-
terceptação sem pedido das partes, etc.

3) Sistemas de Apreciação da Prova

Sistema da Íntima Convicção


l O juiz aprecia o fato livremente, sem precisar fundamentar sua decisão.
n Oportunidade de o julgador decidir segundo suas próprias convicções, decisão
esta que não necessita de fundamentação ou até mesmo amparo legal.
n Admite-se tese extralegal.
l O sistema da íntima convicção pode ser aplicado a título de exceção no âmbito do
Tribunal do Júri > único resquício desse sistema no Brasil.
l No ordenamento jurídico brasileiro, a regra é o sistema do livre convencimento
motivado.

Sistema da Prova Tarifada ou Legal


l Sistema hierarquizado, no qual o valor de cada prova é predefinido, não existindo,
portanto, uma valoração individualizada, de acordo com cada caso concreto.
n Cada prova tem uma pontuação, um valor, antecipadamente previsto.
l Alguns consideram que o art. 158, 167 e 564, III, b, do CPP são resquícios desse sis-
tema, por conta da imposição em relação a algumas provas, sem possibilidade de
substituição por outras.

Sistema da Persuasão Racional ou do Livre Convencimento Motivado (art.


155, CPP)
l O juiz deverá julgar a prova constante nos autos em concomitância com a lei e de
acordo com sua convicção, ou seja, o juiz irá indicar as razões de suas convicções
diante da prova demonstrada nos autos.
n O juiz é livre para decidir, contudo, precisa ser de forma fundamentada.
l O magistrado tem liberdade quando da avaliação das provas produzidas no pro-
cesso desde que fundamente o porquê chegou àquele resultado.
l O juiz poderá contrariar o laudo pericial, tamanha sua liberdade > art. 182 do CPP.

4) Princípios

Vedação aos meios ilícitos de prova (art. 157, CPP + art. 5, LVI, CF/88)
l No processo são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilegais.
l As Provas Ilegais possuem os meios de provas:

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n Provas ilícitas: Prova colhida violando direito material e fundamental, previsto
no art. 5, da CF/88 > dano maior. Geralmente, quando se produz prova ilícita,
também incide em crime.
n Provas ilegítimas: Prova obtida com desrespeito ao direito processual (CPP, leis
infraconstitucionais) > dano menor.
l A prova ilegal deve ser desentranhada dos autos do processo penal > consequên-
cia.
l O CPP adotou a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (art. 157, CPP) > se a prova
original está envenenada, as que surgirem em decorrência da mesma, também
estarão envenenadas (nexo causal entre as provas).
n Exceções à Teoria:
u A ausência de nexo causal entre as provas.
u Quando houver possibilidade da prova ser obtida por uma fonte indepen-
dente.
u Descoberta inevitável.
l Caso seja meio necessário para comprovar a inocência do réu, a prova ilícita pode
ser utilizada.
n Não poderá ser utilizado em favor da acusação.

5) Provas em Espécie

Declarações do Ofendido (art. 201, CPP)


l Não se pode condenar só com base na palavra da vítima. Porém, em alguns crimes,
a palavra da vítima tem força probatória maior, como nos casos da Lei Maria da
Penha e nos crimes contra dignidade sexual.

Prova Testemunhal (a partir do art. 202, CPP)


l Art. 202, CPP: Toda pessoa, em tese, poderá ser testemunha.
l Art. 203, CPP: A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a ver-
dade do que souber e Ihe for perguntado.
l Art. 204, CPP: O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à tes-
temunha fazê-lo por escrito.
l Art. 206, CPP: A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta,
o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acu-
sado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a
prova do fato e de suas circunstâncias.
l Art. 207, CPP: São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministé-
rio, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho > advogado, pastor, padre e contador,
por exemplo.
l Art. 209, CPP: O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas,
além das indicadas pelas partes.
l Art. 212, CPP: As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemu-
nha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem
relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
n Sobre pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.

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l Art. 217, CPP: Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação,
temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que pre-
judique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, so-
mente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosse-
guindo na inquirição, com a presença do seu defensor.
l Art. 221, CPP: O Presidente da República e o Vice, os senadores e deputados fede-
rais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários
de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às As-
sembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e
juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem
como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente
ajustados entre eles e o juiz.
l Primeiro são ouvidas as testemunhas de acusação e, posteriormente, as de defesa.
l Em 2008, as testemunhas passaram a ser inquiridas diretamente pelas partes na
audiência.
n O juiz fiscaliza e complementa a inquirição.
n Inquirição cruzada > art. 212, CPP.

Prova Pericial (art. 158 ao 184, CPP)


l Do art. 158-A ao 158-F trata-se da cadeia de custódia das provas.
l Art. 159, CPP: O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por pe-
rito oficial, portador de diploma de curso superior.
n Desde 2008, a prova pericial será feita por apenas um perito oficial.
n Na falta de perito oficial, dois sujeitos com curso superior e conhecimento espe-
cifico na área objeto do exame prestarão o compromisso de realizá-lo.
n Excepcionalmente, caso o objeto da perícia seja complexo, poderá ocorrer a no-
meação de mais de um perito.
l Art. 167, CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desapa-
recido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
l Art. 168, CPP: Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autori-
dade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
n A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal (§
3).
l Art. 175, CPP: Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática
da infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência.

Reconhecimento de Pessoa ou Coisa (art. 226 ao 228, CPP)


l O reconhecimento fotográfico não tem previsão legal.
n Não é vedado. O que é vedado é a condenação com base apenas no reconheci-
mento fotográfico da delegacia.
l Art. 226, CPP: Requisitos para um reconhecimento válido.
l O procedimento do reconhecimento acontecerá da seguinte forma:
n A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pes-
soa que deva ser reconhecida;
n A pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado
de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver
de fazer o reconhecimento a apontá-la;

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n Se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por
efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa
que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja
aquela;
u Não terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julga-
mento > feito na delegacia.
l Do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autori-
dade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas teste-
munhas presenciais.

Acareação (art. 229, CPP)


l Objetivo de sanar dúvidas entre depoimentos.
l Acareação com o réu costuma ser infrutífera, já que ele pode se manter em silencio.
l O juiz não é obrigado a determinar a acareação > ato discricionário, buscando sanar
dúvidas.

Interrogatório do Réu (art. 185 ao 196, CPP)


l O interrogatório deve ser o último ato da solenidade/audiência/instrução criminal,
em qualquer crime.
l É possível o interrogatório por videoconferência (art. 185, CPP) > medida excepcio-
nal.
l Em qualquer espécie de interrogatório, inclusive o policial, deverá ser assegurado
o direito ao silêncio.
n O direito ao silencio diz respeito ao mérito da acusação e não a qualificação do
réu.
n Não há direito ao silêncio no tocante à qualificação.
l No interrogatório judicial, deve ser assegurado uma entrevista prévia entre o advo-
gado e o réu, e o acompanhamento do defensor.
l Art. 187, CPP: O interrogatório será constituído de duas partes > sobre a pessoa do
acusado e sobre os fatos.
l Para prova, o interrogatório tem natureza mista, ou seja, é meio de defesa e meio
de prova.
l Na delação premiada, o delator abdica do direito ao silêncio.

Observações: Os artigos 197 e 198 do CPP tratam da Confissão do Acusado.

Procedimentos Processuais Penais


l O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo. Basicamente, ele
será tratado pela quantidade de pena máxima aplicada para cada crime, ou seja,
quando a pena máxima privativa de liberdade aplicada no tipo penal for igual ou
superior a 4 anos, o procedimento a ser empregado é o ordinário (art. 394, CPC).
l Teremos, também, os procedimentos especiais, como na Lei Maria da Penha, Lei
de Drogas, etc.

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1) Procedimento Comum Ordinário (art. 394, §1º, I, CPP)
l Denúncia ou queixa;
l Recebimento ou rejeição (art. 395, CPP);
l Citação (art. 351 e ss. + 372, CPP);
l Resposta à acusação (art. 396 c/c 396-A, CPP);
l Absolvição sumária (art. 397, CPP);
l Audiência.
n Caso tenha lacuna em determinado rito, esse procedimento é aplicado subsi-
diariamente em todos os processos do primeiro grau.
n Em qualquer crime, em qualquer procedimento/rito, o interrogatório do réu
deve ser o último ato probatório da audiência.
n Procedimento será ordinário quando a pena máxima em abstrato do crime co-
metido for maior ou igual a 4 anos.
n O recebimento da inicial é a primeira causa interruptiva da prescrição (art. 117,
I, CP).
n Não cabe recurso contra o despacho ou decisão que recebe a petição inicial e
instaura o processo penal.
u O habeas corpus é cabível para trancar o inquérito policial ou processo penal
> HC é ação autônoma de impugnação e um remédio constitucional (não é
recurso).
l HC não serve somente para libertar.
l Caberá HC quando não houver justa causa para medida.
l Súmulas 693 e 695 do STF.
l Não cabe HC se não houver risco à liberdade, ainda que visando trancar
processo.
n O juiz pode receber ou rejeitar a inicial.
u A rejeição é a extinção do processo, sem julgamento de mérito (art. 395, CPP)
> inépcia, ausência de pressuposto processual ou ausência de justa causa.
l Contra decisão que rejeita, cabe recurso em sentido estrito (art. 581, I, CPP).
l No JECRIM, contra rejeição, cabe apelação, com prazo de 10 dias (art. 82,
Lei 9.099/95).
l A denúncia/queixa só pode ser recebida se existirem indícios suficientes de auto-
ria/participação e materialidade.
l Após receber, o juiz cita o réu para apresentação de defesa.
n A regra é que o réu seja citado pessoalmente, para apresentar sua defesa.
u Os prepostos de segurança pública envolvidos em alegações criminosas pelo
uso de força letal terão direito à ampla defesa desde o inquérito, sendo cita-
dos para apresentar sua defesa escrita (art. 14-A, CPP).
u É nula a citação por edital de réu preso > súmula 351/STF.
u O art. 66 da Lei 9.099/95 veda a citação por edital no JECRIM > não há vedação
na regra geral.
l Após apresentação da defesa, o juiz poderá absolver ou designar audiência.
l Neste procedimento as partes poderão arrolar até 8 testemunhas.
l A audiência deverá ocorrer no prazo de 60 dias e, em regra, haverá uma única au-
diência. Há exceções prescritas em lei.
l Algumas provas em espécie serão produzidas na audiência.
l Após as alegações finais, o juiz irá proferir a sentença absolutória ou condenatória.

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2) Procedimento Comum Sumário
l O procedimento será sumário quando a pena em abstrato for superior a 2 anos e
inferiores a 4.
l Podem ser arroladas até 5 testemunhas.;
l O procedimento sumário ocorrerá da mesma forma que o ordinário, respeitando
as mesmas regras processuais, com exceção do prazo para a realização da audiên-
cia, que deverá ocorrer em 30 dias.

3) Procedimento Comum Sumaríssimo


l Procedimento adotado para o julgamento de infrações penais de menor potencial
ofensivo, ou seja, quaisquer contravenções penais ou crimes cujas penas máximas
em abstrato não ultrapassem 2 anos.
l Competência para o julgamento do Juizado Especial Criminal (JECRIM).
l Este procedimento está previsto na Lei 9.099/1995.
l Suas diferenças ocorrem desde antes do surgimento da ação penal, pois, se o su-
jeito for preso em flagrante, será lavrado um termo circunstanciado.
n Se logo após o crime comparecer imediatamente ao juizado e assinar termo de
compromisso, informando que irá comparecer em audiência em data e local
marcados, ao agente não será imposta prisão nem se exigirá fiança.
l Na primeira audiência haverá, primeiramente, uma tentativa de conciliação que
poderá ser de duas formas:
n Composição Civil: Acordo entre a vítima e o acusado, visando reparar o dano
causado.
n Transação Penal: Acordo entre o acusado e o MP, visando estabelecer pena al-
ternativa.
u Se o acusado cumprir o acordo, o MP deixará de propor ação penal.
u Se o acusado não cumprir o acordo, a situação inicial retornará e o MP dará
início a ação penal.
l Caso a conciliação seja infrutífera, será oferecida a denúncia, de forma oral.
l O número de testemunhas não está estipulado em lei, sendo adotado de modo
geral até 5 testemunhas, e em casos mais complexos pode vir a ser aceito até 8
testemunhas. Algumas correntes defendem que por ser um procedimento mais
célere, o número máximo deva ser de 3 testemunhas.
l Oferecida a denúncia, será designada audiência de instrução e julgamento (audi-
ência uma). A defesa oferecerá a defesa prévia, que será apreciada pelo juiz.
n Caso o juiz rejeite a denúncia, caberá recurso de apelação, no prazo de 10 dias.
n Caso o juiz aceite a denúncia, haverá a oitiva das testemunhas, interrogatório,
debates orais (20 minutos, prorrogáveis por mais 10). Neste procedimento não
há previsão legal para substituição dos debates por memoriais.
l Dada a audiência, o juiz proferirá sentença condenatória ou absolutória, recorrí-
vel por apelação, no prazo de 10 dias, ou poderão ser oferecidos embargos de de-
claração no prazo de 5 dias.

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4) Procedimentos Especiais
l Os procedimentos ou ritos especiais são previstos em legislação especial (Lei de
Drogas, por exemplo) ou em regras específicas no próprio Código de Processo Pe-
nal, como nos crimes falimentares ou de responsabilidade de funcionários públicos

Procedimento/Rito Funcional
l Previsão nos artigos 513 ao 518, do CPP.
l Responsáveis por apurar os crimes previstos nos artigos 312 ao 326, do CPP. Aplicá-
vel também ao crime do art. 3, da Lei 8.137/90.
l Estrutura do Rito:
n Denúncia/Queixa (art. 513, CPP);
n Notificação;
n Defesa preliminar (art. 514, CPP);
n Receber ou Rejeitar (art. 516, CPP);
n Citação;
n Resposta;
l Procedimento que se inicia através da petição inicial (denúncia ou queixa). A de-
núncia/queixa precisa lastrear a inicial com documentos que comprovem ou tra-
gam indícios da suposta pratica do delito.
n A jurisdição não atua de ofício > precisa de provocação.
l Oferecida a denúncia ou queixa, o juiz notificará o funcionário denunciado, para
apresentar uma defesa preliminar, com prazo de 15 dias.
n Ocorre notificação para defesa, e não citação.
n A defesa preliminar ocorre antes da existência do processo penal.
l Somente após a defesa do acusado é que o juiz poderá receber ou recusar a de-
núncia/queixa.
n O juiz poderá rejeitar a inicial caso a ação seja improcedente ou o crime inexis-
tente (art. 516, CPP).
l Caso o juiz receba a denúncia/queixa (inicial), a ação prosseguirá pelo rito comum
ordinário.
l Caso ocorra concurso de crimes, o rito comum ordinário será o aplicado > proce-
dimento mais amplo.

Procedimento/Rito da Lei de Drogas


l Previsão na Lei 11.343/2006.
l O rito da lei de drogas será aplicado aos crimes previstos nesta lei, mas que não
sejam de menor potencial ofensivo.
n Se forem de menor potencial ofensivo, aplicar-se-á o procedimento sumarís-
simo (JECRIM).
l Estrutura do rito:
n Oferecimento da denúncia/queixa (art. 54);
n Notificação do acusado;
n Defesa preliminar, no prazo de 10 dias (art. 55);
n Juiz poderá rejeitar a inicial (art. 395, CPP), receber ou absolver sumariamente
(art. 397, CPP);
n Audiência (art. 56, §2);
n Sentença.

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l O oferecimento da denúncia exige a elaboração de um laudo de constatação da
droga, se houver apreensão.
n Admite-se laudo provisório para oferecer denúncia, mas não para condenar. A
condenação exige laudo elaborado por perito oficial (art. 50).
u O laudo provisório é condição para lavratura do auto de prisão em flagrante,
sob pena de ilegalidade da prisão.
l Após a denúncia, o suspeito será notificado para apresentar sua defesa preliminar.
l Na defesa prévia de drogas, o denunciado apresenta o rol de testemunhas (má-
ximo de 5 testemunhas), sob pena de preclusão.
l Após a defesa prévia, o juiz decide se recebe ou rejeita a denúncia.
n Caso o juiz receba a inicial, a audiência será marcada.
l Pela lei, o interrogatório é o primeiro ato da audiência, porém, o STF entendeu que
é inconstitucional, devendo primeiramente o delator falar, e posteriormente, o de-
latado/réu, tornando o interrogatório do réu o último ato.
l Após a audiência (interrogatório, testemunhas, debates), o juiz irá proferir a sen-
tença condenatória ou absolutória.

Tribunal do Juri
1) Considerações Iniciais
l Disposto no art. 5, XXXVIII, CF/88.
l O júri julga os crimes dolosos contra a vida e os conexos (art. 74, §1, 78, CPP).

Observação: Latrocínio é competência do juiz singular (art. 603).

2) Estrutura do Rito

1) Sumário (art. 406 ao 421, do CPP): Juízo de admissibilidade da acusação


dolosa contra a vida.

2) Mérito (judicium causae): Juiz e Jurados.

3) Decisões do Júri
l Pronuncia (art. 413 do CPP): Decisão interlocutória
n O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materi-
alidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participa-
ção.
u § 1. A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação,
devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.
u § 2. Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão
ou manutenção da liberdade provisória.
u § 3. O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou
substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente

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decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decreta-
ção da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX
do Livro I deste Código.
l Impronuncia (art. 414, do CPP): Ausência de provas só faz coisa julgada formal.
n Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios sufi-
cientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunci-
ará o acusado.
u Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser
formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova.
l Absolvição sumária (art. 415 CPP): Faz coisa julgada material.
n O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:
u I – provada a inexistência do fato;
u II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
u III – o fato não constituir infração penal;
u IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
l Desclassificação (art. 418 e 419, CPP): Emendatio Libelli > pode ser feito de oficio.
n O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação,
embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.
n Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de
crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não for competente
para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.

Recursos
Artigo 574 e seguintes, do CPP.
l Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão
ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
n I - da sentença que conceder habeas corpus;
n II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circuns-
tância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.

1) Considerações Iniciais
l Prolongamento do processo originário.
l O HC e a revisão criminal não são recursos e sim ações autônomas de impugnação.

2) Princípios
l Proibição da Reformatio in Pejus (Art. 617 CPP)
n Direta incide para os tribunais
n Indireta incide para juiz originário
n O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts.
383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena,
quando somente o réu houver apelado da sentença.
n Essa proibição não se aplica para o júri.

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n Em novo júri pelo mesmo processo o conselho de sentença deve ser totalmente
renovado.
l Reformatio in Mellius (Art. 50, CPP)
n Possibilidade de melhorar a situação do réu.
n No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

3) Modalidades
l Recurso em Sentindo Estrito - RESE (art. 581 CPP): Em regra vai atacar decisões
interlocutórias.
n Sentença que julga o HC vai ser impugnada por recurso em sentido estrito.
n O RESE o ataca decisões de primeiro grau.

Observação: Somente anulação, RESE, carta testemunhável e agravo em exe-


cução atacam decisões de 1º grau.
l Recurso Ordinário Constitucional – ROC: Contra sentença que extingue ou que
não extingue a punibilidade.
l Agravo em Execução (art. 197 LEP): Qualquer decisão da VEC admite agravo da
LEP, sem efeito suspensivo, o único que tem efeito suspensivo desinternação do
inimputável (art. 179 LEP).
n Execução Penal – Sumula 192, 439, 441, 471, 493, 520, 526 do STJ.

Forma do Agravo e RESE


l Interposição – 5 dias (art. 585 CPP e 700 STF)
l Razões e contrarrazões (2 dias)

Apelação Carta Embargos

l Só ataca decisão em 1º grau; l Serve para destran-


l Interposição em 5 dias; car o RESE, e o l Declaração – art. 382 e
l Razões e Contrarrazões em RESE serve para 383 da Lei 9099/95, e o
8 dias; art. 619 do CPP;
destrancar a Apela-
l Súmulas 705 e 708 do STF; ção; l Infringentes e Nuli-
l A renúncia ao direito de dade (Art. 609 §1, CPP)
l 1º grau;
apelar deve ser fruto da von- l Art. 639 do CPP; 10 dias.
tade mútua do réu e do seu l 48h – Escrivão.
defensor.

Revisão Criminal
l Cabe revisão criminal também para buscar uma reparação de danos por parte do
estado
l Só cabe em favor do réu.

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1) Cabimento (art. 621 CPP)
l Lei; Autos – I
l Nova Prova – III
l Falsidade – II

Observação: TJ e TRF revisam suas próprias decisões.

2) Habeas Corpus
l Art. 647 e 648 CPP e Art. 5, LXVIII, CF

Código de Processo Penal

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.

Constituição Federal

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro-
priedade, nos termos seguintes:
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Pacote Anticrime – Lei 13.964/2019


l Sancionada em 24 de dezembro de 2019, e entrou em vigor em 23 de janeiro de
2020. Com a nova lei, diversos dispositivos do Código Penal (CP) e do Código de
Processo Penal (CPP), além de outras leis, como a Lei 7.210/84 (LEP), foram revoga-
dos, alterados ou acrescentados.
l Destarte, nosso CPP sofreu alterações significativas no que diz respeito à prisão e
às medidas cautelares, às quais me dedicarei no presente artigo.
l Art. 282, parágrafo 2º, do CPP
l As medidas cautelares podem ser decretadas pelo juiz a requerimento das partes
ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade po-
licial ou mediante requerimento do Ministério Público. Note bem: Agora, o juiz não
pode mais decretá-la de ofício. Portanto, caso o magistrado assim venha a fazer,
verificar-se-á ilegalidade, podendo a defesa requerer o afastamento da medida
aplicada.
l O parágrafo 3º do CPP - Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficá-
cia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a inti-
mação da parte contrária e, agora, deve abrir prazo de 5 dias. Nos casos de urgência
ou de perigo, deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha
elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional. Dessa
forma, caso o juiz deixe de abrir o prazo determinado pela nova lei ou deixe de

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justificar e fundamentar a decisão nos casos de urgência/perigo, a decisão será ma-
nifestamente nula.
l A Lei 13.964/19 acrescentou o inciso V ao artigo 564 do CPP, que, agora, expressa-
mente prevê que é nula toda decisão carente de fundamentação.
l Tratando do artigo 282 do CPP, foi acrescentado, no parágrafo 6º que o não cabi-
mento de aplicação da medida cautelar em substituição à decretação da prisão
preventiva deve ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes
do caso concreto, de forma individualizada. Essa determinação vai de encontro à
nossa CRFB/88 (artigo 93, IX). A prisão, como é cediço, é excepcional, ultima ratio,
e, agora, como prevê expressamente o parágrafo 6º do artigo 282 do CPP, a sua
decretação exige fundamento de acordo com o caso concreto, de forma individu-
alizada, sob pena de nulidade (CPP, artigos 315, parágrafo 2º e 564, inciso V).
l A Lei 13.964/19 revogou o parágrafo único do artigo 312 do CPP, que trata da decre-
tação da prisão preventiva e, acrescentou dois parágrafos. O parágrafo 2, que dis-
põe da obrigatoriedade da motivação e do fundamento da decisão que decretar a
prisão preventiva em decorrência de receio de perigo e existência concreta de fatos
novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
l Antes da sanção do Pacote Anticrime, não havia em nosso ordenamento jurídico
um prazo máximo de prisão cautelar. Assim, não era fácil demonstrar, por exemplo,
um excesso de prazo da prisão para se requerer um relaxamento da cautelar.
Agora, com a sanção da Lei 13.964/19, foi introduzido o parágrafo 6º ao artigo 316 do
CPP, que determina ao órgão emissor da decisão que decretou a prisão preventiva
revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 dias, mediante decisão funda-
mentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. Vale lembrar que a necessi-
dade em que trata o legislador deve ser atual, na forma do artigo 312, parágrafo 2º,
do CPP aqui já vislumbrado. Imperioso ressaltar ainda que essa decisão deve ser
proferida de ofício pelo juiz, sob pena de ilegalidade, e, logo, relaxamento da prisão,
quer seja se não for proferida dentro do prazo, quer seja por ausência da devida
fundamentação. Por fim, por se tratar de norma processual, a sua aplicação é ime-
diata e, dessa forma, o prazo em questão conta-se desde a decretação da prisão
preventiva.
l Entre as inovações trazidas pela Lei 13.964/19, está o acordo de não persecução pe-
nal, incluído no CPP, notadamente na alínea "a" do artigo 28, além de retificar o
conteúdo contido no caput do referido dispositivo.
l Por derradeiro, é importante trazer à baila as hipóteses de não cabimento do
acordo de não persecução penal (artigo 28-A, §2º, incisos I a IV CPP).
l Antes da vigência da lei anticrime, o estelionato era ação penal pública incondicio-
nada. Ou seja, não havia dependência de representação do ofendido, bastando que
o Ministério Público tomasse ciência do delito para oferecer denúncia. A única ex-
ceção a esta antiga regra era a chamada "imunidade relativa", prevista no artigo
183 do CP. Agora, o delito de estelionato passou a ser ação penal pública condicio-
nada à representação do ofendido (§5º). Isto é, para instaurar-se a persecução pe-
nal, faz-se necessário que a vítima represente em face do suposto autor dos fatos.
Vale registrar que essa é a regra, tendo por exceção quando a vítima for Adminis-
tração Pública direta ou indireta, criança ou adolescente, deficiente mental ou pes-
soas acima de 70 anos ou incapazes (nesses casos a ação será pública incondicio-
nada).

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