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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Inquérito Policial
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INQUÉRITO POLICIAL

O inquérito policial é previsto a partir do art. 4º do Código de Processo Penal (CPP), e não
se trata de um processo judicial ou processo administrativo. Na realidade, o inquérito policial
é um procedimento administrativo, pois, ao seu final, jamais haverá uma sanção.

Conceito de Renato Brasileiro:

O inquérito policial consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa ob-
jetivando a identificação das fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à
autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa
ingressar em juízo.

O inquérito policial é um procedimento preparatório para a futura ação penal. É nele que
serão colhidos elementos para que o titular da ação penal, seja qual for, possa ter elementos
5m
suficientes para ingressar em juízo.
Trata-se de um procedimento administrativo, pois não é judicial e, ao final, não haverá
imposição de sanção. Na realidade, ao final de um inquérito policial, o delegado de polícia
irá elaborar um relatório com tudo o que foi apurado, de modo a viabilizar que o titular, seja
ele o Ministério Público ou o ofendido/seu representante, possa ingressar com a ação penal.
Esse lastro probatório deve ser voltado para dois elementos principais, que configuram a justa
causa para a ação: a autoria e a materialidade.

PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO

É de responsabilidade da polícia judiciária: função repressiva, após a prática do crime.

CPP, Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território
de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais
e da sua autoria.
ANOTAÇÕES

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Inquérito Policial
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O MINISTÉRIO PÚBLICO PODE PRESIDIR INQUÉRITO?

Não, pois a Constituição Federal e o Código de Processo Penal concedem essa atribui-
10m ção à polícia judiciária. Entretanto, o MP pode realizar diligências paralelas e promover outras
investigações (Procedimento de Investigação Preliminar).
De acordo com o STF, o MP tem poder de investigação.

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

1. É um procedimento escrito (vide art. 9º, CPP):

Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou dati-
15m lografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

2. Dispensabilidade – art. 39, §5º, CPP:

Art. 39, § 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem
oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia
no prazo de quinze dias.

Nesse sentido, o inquérito policial não precisa acompanhar a denúncia obrigatoriamente.


Se o MP ou o ofendido já possuírem elementos suficientes para dar início à ação penal, eles
não precisam do inquérito. Contudo, se esse inquérito já estiver pronto, então ele acompa-
nhará a denúncia ou queixa.
3. Inquisitorialidade: no inquérito policial, o Delegado de Polícia age de ofício, ou seja, não
precisa de provocação. Além disso, não precisa observar contraditório e ampla defesa, pois
esses são princípios que se aplicam aos processos judiciais e aos processos administrativos.
4. Sigiloso – art. 20, CPP:

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade.

Enquanto, no processo judicial, a publicidade é a regra; no inquérito policial, o sigilo é uma


característica.
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Inquérito Policial
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Súmula Vinculante n. 14, STF: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter


acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigató-
20m rio realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa”
A Súmula acima não instituiu o contraditório no âmbito do inquérito policial, mas o simples
acesso às informações contidas nesse inquérito. Além disso, também não instituiu a ampla
defesa, pois em nenhum momento permite que a defesa de um acusado possa se manifestar
ou formular petição. Na realidade, essa Súmula concede à defesa de um acusado a possibi-
lidade de ter acesso ao que já foi documentado em um inquérito policial, sem direito ao con-
traditório e à ampla defesa.
5. Discricionário: o rol dos atos previstos nos arts. 6º e 7º do CPP não é taxativo, ou seja,
o delegado de polícia adotará as diligências que achar necessário e não ficará preso a um rito
específico.
6. Oficial: o inquérito policial é conduzido por um órgão oficial, que é a polícia judiciária.
7. Oficioso: todos os atos são praticados de ofício, ou seja, não há necessidade de se
provocar alguém.
8. Indisponível: o delegado de polícia, uma vez que tenha iniciado o inquérito policial, não
25m
pode arquivá-lo.
9. Incomunicabilidade?

CPP, Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e so-
mente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.

O CPP é anterior à Constituição Federal de 1988, que veda a incomunicabilidade até nos
estados de sítio e de defesa. Logo, a incomunicabilidade também não pode existir no inquérito
policial. Hoje, o art. 21 do CPP é tido como um dispositivo não recepcionado pela CF/1988.
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Mnemônico:

 Obs.: Ao mnemônico acima também pode ser incluída a característica da indisponibilidade.

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preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
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Inquérito Policial II
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INQUÉRITO POLICIAL II

FORMAS DE INSTAURAÇÃO

Base: Art. 5º, I, II e § 3º do CPP.


1. De ofício (oficiosidade) pela autoridade policial (inciso I) – Na ação penal pública
incondicionada.
2. Por requerimento do ofendido ou seu representante (inciso II) – Cabe recurso adminis-
trativo ao chefe de polícia (§ 2º), isso nos casos em que o requerimento não é atendido pelo
5m
delegado de polícia.
3. Delatio criminis (§ 3º) – Denúncia anônima (art. 5º, IV, CF x Info 580 STF).

CPP, Art. 5º, § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

Apesar de a Constituição Federal de 1988 vedar o anonimato, o STF entende que a denún-
cia anônima é válida para iniciar as investigações. Nesse sentido, uma pessoa pode fazer uma
denúncia anônima que servirá como base para o delegado de polícia dar início às investiga-
ções, mas sem instaurar de imediato o inquérito policial.
4. Requisição da autoridade competente (inciso II):

CPP, Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I – de ofício;
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

A requisição é diferente do requerimento. Esse último é um pedido; logo, caso seja indefe-
rido, cabe recurso para o chefe de polícia. Já a requisição traz uma ideia de ordem; contudo,
10m
o STJ entende que, caso a autoridade policial não atenda a essa requisição, não se trata de
crime de desobediência, pois não há hierarquia entre o delegado e o promotor ou entre o dele-
gado e o juiz.
5. Auto de prisão em flagrante: quando uma pessoa é presa em flagrante, o inquérito
policial já é iniciado com o próprio flagrante.
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Inquérito Policial II
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CPP, Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I – de ofício;
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para
o chefe de Polícia.
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi-
cada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. (delatio criminis)
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem
ela ser iniciado.

 Obs.: O § 4º (acima) se refere à ação penal pública condicionada à requisição do ministro


da Justiça ou à representação do ofendido.

AÇÃO PENAL PÚBLICA


15m

a) Incondicionada:
• O Código Penal ou as leis nada falam.
• Não precisa de implemento de qualquer condição.
b) Condicionada:
• Representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.

Art. 5º, § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito
a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
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Inquérito Policial II
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DIRETO DO CONCURSO
1s (FGV/2015/TJ-BA/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ESCREVENTE/ÁREA JUDICIÁRIA) As formas
de instauração do inquérito policial variam de acordo com a natureza do delito. Nos casos
20m
de ação penal pública incondicionada, a instauração do inquérito policial pode se dar:
a. de ofício pela autoridade policial; mediante requisição do Ministério Público; mediante
requerimento do ofendido; e por auto de prisão em flagrante;
b. de ofício pelo Ministério Público; mediante requisição da autoridade policial; mediante
requerimento do ofendido; e por auto de prisão em flagrante;
c. de ofício pela autoridade policial; mediante requerimento do Ministério Público; median-
te requisição do ofendido; e por auto de resistência;
d. de ofício pelo Ministério Público; mediante requisição da autoridade policial; mediante
requerimento do ofendido; e por auto de resistência;
e. de ofício pela autoridade policial; mediante requerimento do Ministro da Justiça; median-
te requisição do ofendido; e por auto de resistência.

COMENTÁRIO
O Ministério Público é dotado de poder de investigação, mas não pode presidir o inquérito
policial. A característica da oficiosidade, presente no inquérito policial, refere-se à autoridade
policial, e não ao Ministério Público.
Além disso, o inquérito policial pode ser instaurado mediante requisição do Ministério Público
ou da autoridade judiciária.
Por fim, vale lembrar que a requisição do Ministro da Justiça é cabível apenas na ação penal
pública condicionada, e que a prisão em flagrante pode dar início ao inquérito policial.

IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL

A identificação criminal é o procedimento em que o suspeito ou o acusado de um crime é


levado para fazer a identificação por meio de suas digitais.
A CF/1988 dispõe que o civilmente identificado, ou seja, aquele que possui um documento de iden-
tificação, não irá passar pela identificação criminal, pois esse é um procedimento mais constrangedor.
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Inquérito Policial II
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Contudo, existem algumas hipóteses em que mesmo o civilmente identificado irá passar pela
identificação criminal, e esse é um assunto bastante cobrado em provas de concursos públicos.

CF/1988
Art. 5º, LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipó-
teses previstas em lei;

Lei n. 12.037/2009: caso esteja prevista no edital do concurso público, o candidato deve
ler os arts. 2º e 3º.
• Art. 2º: quais documentos identificam civilmente.
• Art. 3º: quando pode ocorrer a identificação criminal.

25m
Lei n. 12.654/2012 – identificação do perfil genético:

Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave
contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de
1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de
DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.

GABARITO
1s a

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Atualização do Pacote Anticrime - Inquérito Policial III
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ATUALIZAÇÃO DO PACOTE ANTICRIME - INQUÉRITO POLICIAL III

Procedimento Administrativo - Não haverá nenhum tipo de sanção.


Procedimento dentro de um procedimento?
Quando se fala do processo penal, a partir da ação pena, é um rito a ser seguido: denún-
cia, citação do réu, resposta acusação, decisão do juiz, ou seja, a um passo a passo.
Não há um rito a ser seguido no inquérito policial. Há, basicamente, três artigos dentro do
Código de Processo Penal que vai trabalhar com as diligências a serem efetuadas no inqué-
rito. Não existe uma ordem, uma sequência a ser adotada.
O delegado tem uma discricionariedade maior para ver no caso a caso quais são as dili-
gências importantes.
Os arts. 6º, 7º e 13 do CPP trazem apenas diligências. Essas diligências submetem-se a
uma ampla discricionariedade do delegado que analisa se vai usar ou não em cada caso.

• Diligências investigatórias – arts. 6º e 13 do CPP


• Discricionariedade
• Reconstituição do crime (art. 7º): diligência que não vai ser feita em todos os casos. há
a previsão de uma reconstituição do crime.

O crime mais comum para essa diligência é o homicídio. Cabe ao delegado ordenar ou
não a reconstituição do crime, para verificar como se deu o modus operandi. O delegado tem
5m

discricionariedade para saber se é importante ou não fazer essa reconstituição. Além disso,
existem alguns casos em que a reconstituição que é proibida, vedada pelo Código de Pro-
cesso Penal.

“Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie
a moralidade ou a ordem pública.”

A reconstituição não é obrigatória.


O acusado não é obrigado a participar partindo do princípio de que ninguém é obrigado a
fabricar provas contra si mesmo, que decorre do direito ao silêncio.
Pode acontecer de o delegado achar que não é importante a reconstituição.
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Atualização do Pacote Anticrime - Inquérito Policial III
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Se, eventualmente, a reconstituição do crime vier a contrariar a moralidade ou ordem


pública, ela é vedada por lei. Exemplo: crime de estupro em que houve conjunção carnal.
Entre as diligências do delegado estão:

- se dirigir ao local dos fatos;


- Ver se tem algum vestígio do crime.

• Prazos de conclusão – art. 10 CPP ( solto – 30 dias, prorrogáveis e preso 10 dias


10m
improrrogáveis, na JE). Houve uma possibilidade de dilação do prazo a ser analisado
pelo juiz das garantias. Leis especiais: tóxicos, economia popular, IPM etc.

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da auto-
ridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por
até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será
imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Primeira alteração: possibilidade de prorrogação do prazo do inquérito policial quando o


réu estiver preso uma única vez pelo prazo de 15 dias. (anteriormente não podia):

1) 10 + 15 dias se preso
2) Findo o prazo de 25 dias, não houve a conclusão do inquérito: a consequência é o relaxa-
mento da prisão, ou seja, a prisão torna-se ilegal. O inquérito continua, mas a prisão relaxada.

Prazos para Conclusão do Inquérito Policial (em dias)

PRESO SOLTO
Regra Geral (art. 10 do CPP) 10 + 15 30
Inquérito Policial Federal 15 + 15 30
Inquérito Policial Militar 20 40 + 20
Lei de Drogas 30 + 30 90 + 90
Crimes contra a Economia Popular 10 10
15m

• Trâmite direito entre polícia e MP – res. 63/2009 CJF, STJ Info. 574.
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Atualização do Pacote Anticrime - Inquérito Policial III
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Antes da alteração, já havia uma resolução do CNJ e algumas decisões do STF, permi-
tindo que não houvesse a intermediação do judiciário. O delegado protocola o inquérito no
judiciário. Às vezes, além do protocolo é necessário encaminhar para o juiz, porque existe
alguma medida com reserva de jurisdição, ou seja, uma medida que o juiz precisa decidir
sobre ela. Há outras situações em que não há necessidade do judiciário. Exemplo: crime de
furto sem saber que é o autor.
Toda vez que tiver uma reserva de jurisdição, vai caber ao juiz de garantias decidir
sobre isso.

• Pedido do MP de novas diligências


O inquérito policial encerra-se pelo relatório de todas as atividades que aconteceram.

CPP. Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade poli-
cial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

O retorno do inquérito policial é só para novas diligências. Caso, essas novas diligências
sejam pedidas pelo promotor, o delegado precisa cumprir, já que o promotor é o titular da
ação penal.
A segunda opção é o promotor oferecer a denúncia para dar início a ação penal. A terceira
opção é pedir o arquivamento do inquérito.
O arquivamento pode ocorrer porque o promotor entende que não tem base suficiente
para oferecer a denúncia, seja porque houve a extinção da punibilidade, não houve crime, não
se sabe quem foi o autor do crime, seja porque foi praticado o crime em excludente de ilicitude
como estado de necessidade, legítima defesa. Quando o promotor entende que não há base
suficiente para oferecer a denúncia ele pede o arquivamento.
20m

Regra geral: o arquivamento é direto. O promotor fala categoricamente que ele promove
o arquivamento.

Arquivamento do Inquérito Policial

• Arquivamento direto
– Quem pode requerer?
– Momento adequado?Após o relatório
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Atualização do Pacote Anticrime - Inquérito Policial III
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– Discordância do juiz – art. 28 CPP

Anterior a Lei n.13.9964:

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquiva-
mento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar im-
procedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-
-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

Como era o arquivamento: relatório feito, vai para o promotor. Se o promotor pedir o arqui-
vamento e o juiz concordar, arquivou o inquérito, mas, se o juiz discordar, ele manda para o
Procurador Geral de Justiça - o membro máximo do Ministério Público. O Procurador Geral de
Justiça pode ele próprio oferecer a denúncia ou designar outro promotor para denunciar ou,
ainda, insistir o arquivamento. Na última situação, o juiz arquiva o inquérito policial.

– Novas pesquisas – art. 18 CPP


– Não cabe recurso

Lei Anticrime trouxe uma redação completamente diferente. Ao que tudo indica, determina
25m
que quem arquiva o inquérito é o próprio promotor e que esse arquivamento está submetido a
uma condição suspensiva, porque precisaser confirmado por uma instância de revisão. Essa
instância de revisão foi que criou a suspensão desse artigo pelo STF.
Essa instância de revisão ministerial ainda não existe, mas vai ser um colegiado que vão
decidir sob a homologação ou não do arquivamento. Tudo será resolvido no Ministério Público.

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da


mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito po-
licial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
(Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios,
a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
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Atualização do Pacote Anticrime - Inquérito Policial III
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O juiz não pode mais discordar, quem pode discordar é só a vítima ou seu represen-
tante legal.
O próprio Ministério Público entrou com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo
dizendo que não há estrutura para criar a instância de revisão. Antes só ia para a Procuradoria
de Justiça quando o juiz discordasse. Na grande maioria dos casos, o Promotor pedia arqui-
vamento e o juiz concordava e era arquivado.
Agora, a lei cria essa instância de revisão e determina que todos os casos de arquiva-
mento deve ser homologada por essa instância. Tirou do juiz o papel de discordar, mas jogou
para a Procuradoria Geral, que vai ter que analisar todos os casos e ainda dá para a vítima a
possibilidade de provocar essa instância de revisão.
Pelo argumento de falta de estrutura do Ministério Pública o supremo suspendeu o art. 28.

O PULO DO GATO
Se cair no concurso, é preciso saber qual a lei faz referência (antiga ou nova), assim como
30m
saber, se citar o procedimento aplicado atualmente, que o supremo suspendeu a lei nova e
a redação antiga está sendo aplicada.

�E
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siva deste material.
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Inquérito Policial IV
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INQUÉRITO POLICIAL IV

DIRETO DO CONCURSO
1. (FCC/2007/TRF – 2ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Recebendo
5m noticia criminis de crime em que a ação penal depende de representação, a Autoridade
Policial, depois de lavrar boletim de ocorrência, deve
a. instaurar o inquérito policial e aguardar a representação da vítima ou seu representante
legal.
b. instaurar o inquérito policial e intimar a vítima ou seu representante legal para oferecer
a representação.
c. aguardar a representação para instaurar o inquérito policial.
d. remeter o boletim de ocorrência ao Ministério Público para ser colhida a representação
da vítima ou seu representante legal.
e. remeter o boletim de ocorrência ao Juiz de Direito para ser colhida a representação da
vítima ou seu representante legal.

COMENTÁRIO
Nos casos de ação penal pública condicionada, é necessária a manifestação da pessoa que
tenha a qualidade para representar. Assim, o delegado de polícia aguarda a manifestação
dessa pessoa para poder instaurar o inquérito policial.

2. (FGV/2018/TJ-AL/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Enquanto organizava pro-


cedimentos que se encontravam no cartório de determinada Vara Criminal do Tribunal de
Justiça de Alagoas, o servidor identifica que há um inquérito em que foram realizadas di-
versas diligências para apurar crime de ação penal pública, mas não foi obtida justa causa
para o oferecimento de denúncia, razão pela qual o Delegado de Polícia elaborou relatório
final opinando pelo arquivamento. Verificada tal situação e com base nas previsões do
Código de Processo Penal, caberá ao:
a. juiz realizar diretamente o arquivamento, tendo em vista que já houve representação
nesse sentido por parte da autoridade policial, cabendo contra a decisão recurso em
sentido estrito;
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b. Ministério Público realizar diretamente o arquivamento, caso concorde com a conclusão


do relatório da autoridade policial, independentemente de controle judicial;
c. delegado de polícia, em caso de concordância do juiz, realizar diretamente o arquiva-
mento após retorno do inquérito policial para delegacia;
d. Ministério Público promover pelo arquivamento, cabendo ao juiz analisar a homologa-
ção em respeito ao princípio da obrigatoriedade;
e. juiz promover pelo arquivamento, podendo o promotor de justiça requerer o encaminha-
mento dos autos ao Procurador-Geral de Justiça em caso de discordância, em controle
ao princípio da obrigatoriedade.

COMENTÁRIO
O delegado de polícia não pode solicitar o arquivamento do inquérito policial, pois isso cabe
ao promotor de Justiça (Ministério Pùblico).
Trata-se de um ato complexo, pois o promotor de Justiça solicita o arquivamento, que é
realizado pelo juiz.
Se o delegado opinou pelo arquivamento em seu relatório, essa opinião não servirá para a
tomada de nenhuma decisão, pois não cabe a ele arquivar esse inquérito (vide art. 17, CPP).
10m
Nos casos em que o promotor fizer o pedido de arquivamento, mas o juiz não concordar,
então deve ser seguido o procedimento descrito no art. 28 do CPP, que consiste no envio
do caso para o procurador-geral, que tomará a decisão.

VÍCIOS NO INQUÉRITO POLICIAL

Relatado um inquérito policial, pode ser que ele tenha algum vício. Ex.: a confissão do indi-
ciado foi obtida mediante tortura, a acareação não foi feita da maneira correta etc.

Informativo 824/STF

Vício em inquérito policial e nulidade de ação penal


15m

É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada


em inquérito policial. Esse o entendimento da Segunda Turma, que, ao reafirmar a jurispru-
ANOTAÇÕES

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dência assentada na matéria, negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus em


que se pleiteava a anulação de atos praticados em inquérito policial presidido por delegado
alegadamente suspeito.

MAPAS MENTAIS
ANOTAÇÕES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Inquérito Policial IV
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GABARITO
1. c
2. d

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preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
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Atualização Pacote Anticrime Inquérito Policial – Arquivamento
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ATUALIZAÇÃO PACOTE ANTICRIME


INQUÉRITO POLICIAL - ARQUIVAMENTO

ATUALIZAÇÃO – PACOTE ANTICRIME

A Lei n. 13.964/2019, que trouxe o chamado Pacote Anticrime, promoveu uma série de
atualizações no âmbito do Direito Penal Brasileiro.
No âmbito do Direito Processual Penal, o novo Pacote Anticrime trouxe algumas inova-
ções. Em primeiro lugar, destacam-se as alterações trazidas ao inquérito policial, principal-
mente no que tange a seu arquivamento.
O prazo de vacatio legis da Lei n. 13.964/2019 foi de 30 dias, contados da data de sua
publicação (25 de dezembro de 2019). A sua entrada em vigor, portanto, foi em janeiro de 2020.

ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Na sistemática atual, antes do Pacote Anticrime, o arquivamento de um inquérito policial


é considerado um ato complexo, pois depende da conjugação das vontades do Ministério
Público e do Juiz de Direito.
Vale lembrar que a conclusão de um inquérito policial se dá por meio da elaboração de um
relatório por parte da autoridade policial. Esse relatório é encaminhado para o Juiz que, em
seguida, o encaminha para o Ministério Público (MP).
5m
Ao receber o inquérito, o MP pode tomar três providências:
• Oferecer a denúncia;
• Solicitar diligências; ou
• Entender pelo arquivamento do inquérito.

O pedido de arquivamento é encaminhado ao juiz, que será o responsável por arquivar


esse inquérito policial.
Entretanto é possível que o juiz discorde da decisão do promotor. Nessa situação, aplica-
-se o disposto no art. 28 do Código de Processo Penal (CPP), que foi profundamente alterado
pelo novo Pacote Anticrime:
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CPP Original Alterações do Pacote Anticrime


Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao Art. 28. Ordenado o arquivamento do inqué-
invés de apresentar a denúncia, requerer o rito policial ou de quaisquer elementos infor-
arquivamento do inquérito policial ou de quais- mativos da mesma natureza, o órgão do
quer peças de informação, o juiz, no caso de Ministério Público comunicará à vítima, ao
considerar improcedentes as razões invoca- investigado e à autoridade policial e encami-
das, fará remessa do inquérito ou peças de nhará os autos para a instância de revisão
informação ao procurador-geral, e este ofe- ministerial para fins de homologação, na
recerá a denúncia, designará outro órgão do forma da lei.
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá § 1º Se a vítima, ou seu representante
no pedido de arquivamento, ao qual só então legal, não concordar com o arquivamento
estará o juiz obrigado a atender. do inquérito policial, poderá, no prazo de 30
10m (trinta) dias do recebimento da comunicação,
submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes pra-
ticados em detrimento da União, Estados e
Municípios, a revisão do arquivamento do
inquérito policial poderá ser provocada pela
chefia do órgão a quem couber a sua repre-
sentação judicial.

Nesse sentido, o trâmite inicial do arquivamento do inquérito passou por uma profunda
alteração. Atualmente, ordenado o arquivamento do inquérito policial, o MP irá comunicar a
vítima, o investigado e a autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revi-
são ministerial para homologação. Não se sabe, contudo, se a ordem para o arquivamento
partirá do promotor ou do juiz. A jurisprudência precisará de algum tempo para se manifestar
acerca desse tópico.

O juiz continua decidindo sobre o arquivamento?


Aparente incompatibilidade com outros dispositivos do CPP, que não foram alterados:

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
15m provas tiver notícia.

Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:


I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação.
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Art. 779. O confisco dos instrumentos e produtos do crime, no caso previsto no art. 100 do Código
Penal, será decretado no despacho de arquivamento do inquérito, na sentença de impronúncia ou
na sentença absolutória.

Assim, há duas possíveis interpretações:


1. O arquivamento é feito pelo MP e os demais dispositivos foram tacitamente revogados; ou
2. O arquivamento depende de decisão do juiz, depois da homologação pela instância de
20m revisão, mas o juiz não pode mais discordar do arquivamento.

É necessário aguardar o posicionamento da jurisprudência para saber qual será a inter-


pretação dominante.
O Pacote Anticrime modificou o procedimento quanto ao inquérito policial no que tange à
discordância do juiz sobre o pedido de arquivamento solicitado pelo promotor, ou seja, o juiz
não pode mais discordar desse pedido, pois, agora, o pedido de arquivamento do inquérito
25m policial é encaminhado a uma instância de revisão, que poderá homologar o arquivamento.
Todos os demais elementos que levam ao arquivamento do inquérito permanecem os mesmos.

�E
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Atualização Pacote Anticrime Acordo de Não Persecução Penal
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ATUALIZAÇÃO PACOTE ANTICRIME


ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

ALTERAÇÕES DO PACOTE ANTICRIME NO PROCESSO PENAL

Acordo de não persecução penal


O novo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019) incluiu o art. 28-A no Código de Processo
Penal, que trata do acordo de não persecução penal.
Regra geral, na ação penal pública, aplica-se o princípio da obrigatoriedade. Isso signi-
fica que, uma vez tendo sido praticado um crime e presentes os requisitos legais, o Ministério
Público (MP) é obrigado a oferecer a denúncia.
Entretanto, existem duas mitigações a esse princípio da obrigatoriedade, especialmente
previstos na Lei n. 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), são elas: a transação penal e a
suspensão condicional do processo.
O Pacote Anticrime acrescenta mais uma mitigação, que é o acordo de não persecução
penal (ANPP).

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior
5m
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
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I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mu-
lher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

Os casos em que o ANPP pode ser utilizado não envolvem os casos de arquivamento do
inquérito policial, mas, sim, os casos em que a ação penal pode ser oferecida. Entretanto, o
legislador traz uma forma de benefício ao investigado, pois o MP, ao invés de oferecer a ação
penal, poderá propor esse acordo para não oferecer a denúncia.
10m Vale lembrar que não são todos os casos que permitem o uso do ANPP, pois há requisitos
que devem ser verificados antes da concessão desse benefício. Um deles é que o crime não
tenha sido praticado com violência ou grave ameaça, o que deixa de fora crimes como estu-
pro, homicídio e roubo.
A própria lei dispõe os requisitos do acordo de não persecução penal, são eles:
• confissão formal e circunstancial da prática do crime pelo investigado;
• infração penal sem violência ou grave ameaça; e
• pena mínima inferior a quatro anos.

Obs.: a pena mínima deve ser inferior a quatro anos, ou seja, se a pena mínima do crime for
exatamente de quatro anos, então não cabe o ANPP.

O art. 28-A também traz hipóteses de não cabimento do ANPP, são elas:
• quando couber transação penal (pois é mais benéfica ao réu);
• se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem con-
15m
duta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas; (requisito subjetivo)
• se tiver sido beneficiado, nos cinco anos anteriores, com transação penal, suspensão
condicional do processo ou acordo de não persecução penal;
• em caso de crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou pratica-
dos contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
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Cumpridos todos os requisitos, o ANPP poderá ser concedido, desde que a pessoa que foi
beneficiada se submeta às seguintes condições:
20m 1. reparação do dano ou restituição da coisa, salvo impossibilidade de fazê-lo;
2. renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo MP: instrumentos, produto ou pro-
veito do crime;
3. prestação de serviços por período correspondente a pena mínima menos 1/3 a 2/3
(local a ser indicado pelo juízo da execução);

Obs.: o tempo para o cumprimento da prestação de serviços não era previsto anteriormente
na lei. Esse prazo é uma novidade trazida pelo Pacote Anticrime, logo deve ser um
assunto bastante explorado pelas bancas examinadoras.

4. pagamento de prestação pecuniária;


5. outras condições indicadas pelo MP.
25m

Procedimento:

Art. 28-A. (...) § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual
o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu
defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo
de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a
proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao
Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando
não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Minis-
tério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão
condicional do processo.
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De maneira esquematizada, segue a lista de procedimentos.


1. Formalizado por escrito: assinado pelo MP, investigado e defensor.
2. Homologação pelo juiz, em audiência (voluntariedade e legalidade).
3. Se o juiz considerar as condições inadequadas, insuficientes ou abusivas – devolverá
ao MP para reformular, em acordo com investigado e seu defensor.
4. Se não houver adequação → juiz pode recusar a homologação.
30m 5. Homologado o acordo – juiz devolve ao MP para executar no juízo de execução.
6. Descumpridas condições → rescisão e oferecimento da denúncia.

Art. 28-A. (...) § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não cons-
tarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste
artigo. (O sujeito continua como primário)
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a
extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28
deste Código.

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PACOTE ANTICRIME – ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

O acordo de não persecução penal é considerado uma nova modalidade de flexibilização


do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. Esse instrumento encontrou previsão
no Código de Processo Penal após a inclusão do art. 28-A, promovido pelo chamado Pacote
Anticrime:

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.

AÇÃO PENAL PÚBLICA

Princípios
Obrigatoriedade: uma vez presentes os requisitos legais, o Ministério Público (MP) é obri-
gado a oferecer a denúncia;
Divisibilidade: se o MP oferecer a denúncia contra um dos acusados, mas não oferecer
contra os demais, não ocorrerá a extinção ou a perempção, pois o MP poderá, a qualquer
momento, aditar a denúncia (decisão pacífica do STF);
Indisponibilidade: uma vez ajuizada a ação penal pública, o MP não poderá desistir dela,
assim como não pode desistir do recurso; e
Oficiosidade: a ação penal pública é impulsionada de ofício. Além disso, o MP é um órgão
5m

oficial a quem compete a ação penal pública.


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Mitigação ao princípio da obrigatoriedade


Esse princípio é mitigado pelo instituto da transação penal (vide Lei n. 9.099/1995).
A transação penal é um instituto cabível em todas as infrações penais de menor potencial
ofensivo, ou seja, nos crimes cuja pena máxima não seja superior a dois anos, cumulada ou
não com multa.

Mitigação ao princípio da indisponibilidade


Ocorre com a suspensão condicional do processo, aplicável nos crimes cuja pena mínima
é igual ou inferior a um ano.

Acordo de Não Persecução Penal (ANPP)


Aplicável aos crimes cuja pena mínima seja inferior a quatro anos. Trata-se de uma mitiga-
ção ao princípio da obrigatoriedade.
Isso porque, na sistemática do Pacote Anticrime, o ANPP é apresentado no lugar da denún-
cia. Ou seja, uma vez proposto o ANPP, o MP não irá oferecer a denúncia contra o investigado.
Nesse sentido, o ANPP se assemelha à transação penal e não à suspensão condicional
do processo. Além disso, o ANPP é considerado uma nova forma de mitigação ao princípio da
obrigatoriedade da ação penal pública.
10m

CPP, Art. 28-A. (...) § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput
deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mu-
lher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

Requisitos do ANPP:
• Confissão formal e circunstancial da prática do crime pelo investigado;
• Infração sem violência ou grave ameaça;
• Pena mínima inferior a quatro anos.

O requisito da confissão formal e circunstancial da prática do crime é um dos pontos


mais polêmicos do ANPP. Um dos principais questionamentos é se essa confissão não viola
o princípio do nemo tenetur se detegere, pelo qual ninguém é obrigado a produzir provas
contra si mesmo.
Entretanto, a Lei das Organizações Criminosas traz uma previsão semelhante para a cola-
15m
boração premiada, pois, nela, é necessário abrir mão do direito ao silêncio.

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Assim, ao fazer um paralelo com a Lei de Organizações Criminosas, acredita-se que esse
dispositivo trazido pelo Pacote Anticrime é constitucional.

Não cabimento do ANPP:


1. Quando couber transação penal;
2. Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem con-
duta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais
pretéritas;
3. Ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infra-
ção, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e
4. Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

O PULO DO GATO
De todas as alterações promovidas pelo Pacote Anticrime, o acordo de não persecução
penal é uma das mais importantes. Em função disso, esse novo instituto será bastante
cobrado nas provas dos concursos públicos que vierem depois dessa lei.
20m

Condições para o ANPP:


1. Reparação do dano ou restituição da coisa, salvo impossibilidade de fazê-lo;
2. Renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo MP: instrumentos, produto ou pro-
veito do crime;
3. Prestação de serviços por período correspondente à pena mínima menos 1/3 a 2/3
(local a ser indicado pelo juízo da execução);
4. Pagamento de prestação pecuniária; e
5. Outras condições indicadas pelo MP.
Art. 28-A. (...) § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual
o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu
defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo
de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a
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proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.


§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao
Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando
não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descum-
25m
primento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão
condicional do processo.

Assim, é importante organizar como é o procedimento da ANPP:


1. Formalizado por escrito: assinado pelo MP, investigado e defensor;
2. Homologação pelo juiz, em audiência (voluntariedade e legalidade);
3. Se o juiz considerar as condições inadequadas, insuficientes ou abusivas, devolverá ao
MP para reformular, em acordo com investigado e seu defensor;
4. Se não houver adequação → juiz pode recusar a homologação;
5. Homologado o acordo → juiz devolve ao MP para executar no juízo de execução;
6. Descumpridas condições → rescisão e oferecimento da denúncia (não faz coisa jul-
gada material).

Art. 28-A. (...) § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não cons-
tarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste
artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a
extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28
deste Código.

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O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

A aula em questão forcar-se-á no acordo de não persecução penal, introduzido pelo


pacote anticrime com base no texto de lei, suas primeiras impressões na jurisprudência,
assim como as teorias doutrinárias que o concernem.

HISTÓRICO

Resolução n. 181 CNMP

Inicialmente, o CNMP, Conselho Nacional do Ministério Público, apresentou a Resolução


n. 181 causando bastante polêmica, tratando do acordo de não persecução penal, muito
semelhante com o que já está na lei anticrime. Logo, já havia acordo de não persecução
penal antes da introdução do pacote anticrime.
Entretanto, como se tratava se uma resolução no CNMP, muito se discutiu quanto sua
constitucionalidade, havendo casos que juízes que se recusavam homologar tal acordo, já
que não existia previsão normativa. Tudo muda quando o referido acordo – inspirado no ins-
tituto de “Plea Bargaining” – passa a ter previsão na Lei n. 13.964/2019.
5m
O instituto de “Plea Bargaining” tem grande aplicação nos Estados Unidos, havendo, con-
tudo, grande diferenciação com o que ocorre no acordo de não persecução penal em terras
brasileiras, já que em solo americano há possibilidade de efetiva antecipação da pena, o que
não ocorre no Brasil.
Dentro da adaptação do instituto “Plea Bargaining” é possível separar em 3 institutos,
todos previsto na Lei n. 13.964/2019.

• Transação penal;
• Suspensão condicional do processo;
• ANPP – Acordo de não persecução penal.

O ANPP é o único entre os institutos apresentados que exige confissão formal circuns-
tanciada do crime.
O alcance em relação à quantidade da pena aumenta da previsão máxima de 2 anos a
transação penal e mínima de 1 ano na suspensão condicional do processo, já
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A Lei Anticrime, portanto, tratará do ANPP no art. 28-A, suplantando a previsão anterior
que havia no CNMP.

Acordo de não persecução penal

no acordo de não persecução penal as penas máximas passam a ser inferiores a 4 anos.
Ademais, exige confissão formal circunstanciada do crime, conforme o art. 28-A do Código
de Processo Penal.

Transação penal

Haverá aplicações para infrações de menor potencial ofensivo – ou IMPO – exigindo


pena máxima de até 2 anos acumulada, ou não, com multa.
Tanto a transação penal quanto o ANPP são mitigadores do princípio da obrigatoriedade
da ação penal.
10m
A obrigatoriedade – um princípio da ação penal pública – dispõe que uma vez presentes
os requisitos legais o Ministério Público não terá direito de escolha de processar o autor do
crime, e sim o obrigará a processar o autor do fato delituoso.
Com a Lei n. 13.964/2019 começam a surgir institutos despenalizadores e de diversão –
institutos que farão com que o Ministério Público possa não propor a ação penal – que miti-
gam o princípio da obrigatoriedade.
Enquanto grande parte da doutrina diz que estes institutos são exceções ao princípio da
obrigatoriedade outra parte prefere considerar uma mitigação, posto que estes são suple-
mentados pela discricionariedade regrada pela legislação.
Seguindo a maneira tradicional pelo processo criminal há uma ação penal, uma instru-
ção e, posteriormente, uma condenação ou absolvição. Contudo, os já referidos institutos
de diversão buscam solucionar conflitos penais de maneiras distintas. As modalidades de
diversão são:

• Diversão simples: a verificação de possibilidade de arquivamento do processo, já que,


por exemplo, há ação penal seria ineficiente, como o caso da prescrição virtual.
• Diversão encoberta: quando o autor do crime faça algo para não instauração da ação
penal, por exemplo, a composição civil dos danos.
15m
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• Diversão com intervenção: sujeito o investigado a determinadas condições com a pre-


sença do Ministério Público e do juiz de direito para não haver persecução penal.

Suspensão condicional do processo

Oferecido com a denúncia saindo, portanto, do modelo tradicional de mitigação ao princí-


pio da obrigatoriedade, haverá, contudo mitigação do princípio da indisponibilidade – isto é, o
Ministério Público não pode desistir da ação penal ajuizada. Portanto, em caso de suspensão
condicional do processo, o MP pode desistir de uma ação penal ajuizada pelo mesmo.

Delação premiada

Também chamada de colaboração premiada – prevista na Lei de Organizações Crimi-


nosos – tem uma grande semelhança com o ANPP no que tange a exigência de confissão.

Natureza jurídica e momento

Segue um precedente sobre acordo de não persecução penal que tem sido aplicado em
todo território nacional:
APELAÇÃO CRIMINAL. USO DE DOCUMENTO PÚBLICO FALSO. PEDIDO DE
REMESSA DOS AUTOS AO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA OFERECIMENTO DE PRO-
POSTA DE ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. INVIABILIDADE. PRECLUSÃO.
RECURSO DESPROVIDO. 1. As disposições legais atinentes ao acordo de não persecução
penal (artigo 28-A no CPP) são normas de natureza híbrida ou mista, cujo conteúdo penal
é benéfico ao investigado, já que podem conduzir à extinção da punibilidade, logo, devem
retroagir para alcançar os fatos praticados em momento anterior à entrada em vigor da Lei
n. 13.964/19. 2. A própria nomenclatura do instituto (acordo de não persecução penal) evi-
dencia a intenção de evitar a fase judicial da persecução criminal, oportunizando ao investi-
gado, que cumprir determinadas condições, obter a declaração da extinção da punibilidade.
3. Iniciada a persecução penal em juízo, inclusive com prolação de sentença de mérito, em
data anterior à entrada em vigor da Lei n. 13.964/19, é inexorável a conclusão de preclusão
da oportunidade de celebração de acordo de não persecução penal, cujo limite temporal o
oferecimento da denúncia. 4. Recurso desprovido.
20m
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(Acórdão 1263514, 00000110420168070000, Relator: SILVANIO BARBOSA DOS


SANTOS, 2ª Turma Criminal, data de julgamento: 9/7/2020, publicado no PJe: 21/7/2020.
Pág.: Sem Página Cadastrada.)
A natureza da norma do art. 28-A, portanto, é híbrida, ou seja, tem conteúdo de direito
penal – não retroage – e processual penal – aplicada imediatamente – dentro de seu bojo,
assim misturando ambos. Uma norma híbrida, prevalecerá seu conteúdo de direito penal,
sendo mais benéfico ao réu, já que pode levar à extinção da punibilidade. Porém, existe um
limite temporal, sendo este a prolação de sentença de mérito.
Segue um enunciado de um 2020 com outra interpretação sobre o marco tempo-
ral do ANPP:
Enunciado 98 da 2ª Câmara Criminal do MPF
“É cabível o oferecimento de acordo de não persecução penal no curso da ação penal,
isto é, antes do trânsito em julgado, desde que preenchidos os requisitos legais, devendo o
integrante do MPF oficiante assegurar seja oferecida ao acusado a oportunidade de confes-
sar formal e circunstancialmente a prática da infração penal, nos termos do art. 28-A da Lei
n. 13.964/19, quando se tratar de processos que estavam em curso quando da introdução da
Lei 13.964/2019, conforme precedentes.
Alterado na 184ª Sessão Virtual de Coordenação, de 09/06/2020.”
25m
Esquematizando:
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Em seguida, será analisada sua disposição normativa e as polêmicas que envolvem a


necessidade de confissão.

Obs.: o art. 28 já foi suspenso pelo STF, contudo, o art. 28-A é autônomo e segue sendo
aplicado por juízes em território nacional.

CPP

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não per-
secução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,
mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
Portanto, se for cabível o arquivamento – conforme as hipóteses do art. 395 do CPP – do
processo, o Ministério Público não pode propor acordo de não persecução penal.
A definição de confissão formal é uma confissão feita de forma expressa, que seja redu-
30m

zida a termo, seja assinada. Já a confissão circunstancial é aquela traz os detalhes do crime,
e não apenas a declaração de autoria do crime. Contudo, a controvérsias sobre a constitu-
cionalidade desta confissão configurada pelo art. 28-A.
A Constituição Federal traz o direito de ampla defesa no processo penal, isto é, uma
defesa que ganha contornos de obrigatoriedade no processo penal. A ampla defesa será
subdividida no processo penal em defesa técnica – exercida por profissional habilitado – e
autodefesa. Ademais, também existe a plenitude de defesa, que admite questões extrajurí-
dicas e acontece apenas no tribunal do júri para os jurados. A ampla defesa é caracterizada,
efetivamente, pela irrenunciabilidade da defesa técnica.
35m
Contudo a autodefesa – onde é disposto o direito ao silêncio e de não produzir provas
contra si mesmo – é disponível e renunciável ao, por exemplo, confessar o crime ou não com-
parecer ao interrogatório. Tais características a fazem com que seja disponível tanto para a
colaboração premiada quanto para o acordo de não persecução penal.
Ademais, crimes com violência ou grave ameaça não cabem acordo de não persecução
penal, posto que o apresentado acordo se refere a infrações de médio potencial ofensivo,
para crimes com pena mínima inferior a 4 anos.
40m
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Por fim, existe um erro no conceito de aplicação cumulativa e alternativamente, posto


que a aplicação de ambos é impossível, a interpretação jurídica usada até então é de que a
aplicação será cumulativa ou alternativamente.
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo
juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal);
Dois pontos importantes do art. 28-A, III: A diminuição de a da pena do delito cometido.
O outro ponto é sobre o local indicado, não cabendo ao Ministério Público sua escolha, e sim
pelo juízo da execução.
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n.
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social,
a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Portanto, são 5 requisitos iniciais para o acordo persecução penal que podem ser coloca-
das de forma cumulativa ou alternativa a depender da negociação feita entre as partes.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
Já que é preferível a transação penal já que não há necessidade de confissão para tal,
sendo mais benéfica ao autor do crime. Além disso, a norma do art. 28-A não tem como obje-
tivo atingir as infrações de menor potencial ofensivo.
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
45m

conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações


penais pretéritas;
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III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infra-
ção, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Portanto são dispostas vedações à aplicação do acordo de não persecução penal:

• Se couber transação penal;


• Se o réu for reincidente;
• Se o réu se beneficiara de transação penal, suspensão condicional do processo ou
acordo de não persecução penal no período depurador de cinco anos;
• Em casos de violência doméstica familiar e crimes contra a mulher.

§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência


na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na pre-
sença do seu defensor, e sua legalidade.

Onde será feita a audiência? O juiz participa do acordo?

Já existem inúmeros casos de se realizar o acordo de não persecução penal durante a


audiência de custódia, assim perdendo a característica extraprocessual do dispositivo indo
de encontra ao que está disposto no art. 155 do CPP que estabelece a diferença entre ele-
mentos de informação e provas:
Provas são as produzidas em contraditório judicial. Logo, a confissão necessária para o
50m

acordo de não persecução penal – feita fora do processo, isto é, sem contraditório judicial –
seria elemento de informação, assim não podendo, por si só, conduzir a uma condenação.
Se a confissão for perante um juiz já configura como confissão judicial, ainda que seja
realizada antes do oferecimento da ação penal, porque tal confissão pode ser considerada
como prova antecipada. Logo, não é aconselhável que tal confissão seja feita perante o juiz
ou dentro dos estabelecimentos do Judiciário.
Sobre o disposto segue uma ementa do TRF da 4ª região, publicada em 2020:
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EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. indeferimento do pedido de designa-


ção de audiência para proposta de acordo de não persecução penal. ausência de previsão
legal para seu cabimento. impossibilidade de se conhecer do recurso como correição par-
cial. ausência de erro procedimental cometido pelo juízo de origem. negativa de seguimento.
1. Contra decisão que indefere o pedido de designação de audiência para propositura de
acordo de não persecução penal não cabe recurso criminal em sentido estrito, uma vez que
o art. 581 do CPP não traz em seu rol taxativo a hipótese em comento. 2. Não há como cogi-
tar, por analogia, o disposto no inciso XXV do referido dispositivo legal, referente à recusa da
homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28- A do CPP,
na redação da lei 13.964/19, na medida em que sequer existe acordo a ser homologado. 3.
Tampouco se poderia perquirir do cabimento de correição parcial, uma vez que não se veri-
fica a existência de error in procedendo pelo Juízo de origem. 4. A iniciativa para a proposta
do acordo de não persecução penal é exclusiva do Ministério Público, cabendo ao Poder
Judiciário homologá-lo, em audiência, fazendo o controle de legalidade, verificando a volun-
tariedade e a suficiência e adequação dos termos propostos pelo Parquet. Ainda, a celebra-
ção de eventual acordo não depende de provocação judicial. No caso em tela, não há falar
em designação de audiência de homologação se o Parquet Federal e o denunciado sequer
realizaram o negócio jurídico. 5. Negado seguimento ao presente recurso, por manifesta-
mente incabível. (TRF4 5002794-72.2020.4.04.7108, 7ª T., rel. Cláudia Cristina Cristofani,
juntado aos autos em 02.06.20).
55m
Portanto, a audiência perante o juiz é exclusivamente de homologação do acordo de não
persecução penal.
No que tange a Justiça Militar a aplicação de acordo de não persecução penal, segue a
seguinte apelação publicada pelo STM:
APELAÇÃO. DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. ART. 312
DO CÓDIGO PENAL MILITAR. CERTIFICADO DE REGISTRO. CONDENAÇÃO EM PRI-
MEIRA INSTÂNCIA. DEVOLUÇÃO AMPLA DA QUESTÃO LITIGIOSA. PRELIMINAR DE
NULIDADE POR INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. REJEIÇÃO. UNANIMIDADE.
PRELIMINAR DE APLICAÇÃO DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. REJEIÇÃO.
UNANIMIDADE. MÉRITO. AUSÊNCIA DE DOLO NA CONDUTA. NÃO ACOLHIMENTO.
AUTORIA, MATERIALIDADE E CULPABILIDADE COMPROVADAS. PRINCÍPIO IN DUBIO
PRO REO. NÃO ACOLHIMENTO. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. UNANIMIDADE. O Princípio tantum devolutum quantum
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appellatum limita a atuação do Tribunal ad quem, condicionando-a à insurgência contida


nas razões ou nas contrarrazões recursais. Consoante a dicção do art. 124 da Constituição
Federal, compete à Justiça Militar da União o processamento e o julgamento dos crimes mili-
tares definidos pelo Código Penal Militar, cabendo à legislação ordinária estabelecer a sua
organização, o seu funcionamento e a sua competência. Tendo sido o Acusado denunciado
pela prática delituosa prevista no art. 312 do Código Penal Militar, consoante a dicção do
artigo 9º, inciso III, alínea a, do Estatuto Repressivo Castrense, c/c o artigo 30, inciso I-B, da
Lei de Organização Judiciária Militar - LOJM, compete a esta Justiça Especializada o pro-
cessamento e o julgamento do Réu, a ser levado a efeito pelo Juiz Federal da Justiça Militar.
Preliminar rejeitada. Decisão unânime. O alcance normativo do Acordo de Não Persecu-
ção Penal está circunscrito ao âmbito do processo penal comum, não sendo possível
invocá-lo subsidiariamente ao Código de Processo Penal Militar, sob pena de violação
ao Princípio da Especialidade, uma vez que não existe omissão no Diploma Adjetivo
Castrense. Somente a falta de um regramento específico possibilita a aplicação subsi-
diária da legislação comum, sendo impossível mesclar-se o regime processual penal
comum e o regime processual penal especificamente militar, mediante a seleção das
partes mais benéficas de cada um deles. Preliminar rejeitada. Decisão unânime. No
delito de falsidade ideológica previsto no art. 312 do Código Penal Militar, o documento se
apresenta perfeito em sua forma, porém seu conteúdo intelectual não é verdadeiro. O ele-
mento subjetivo do tipo penal em comento é o dolo consistente na vontade livre e consciente
de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Comprovadas a autoria, a materia-
lidade e a culpabilidade na conduta do Acusado, não merece acolhida a tese de reconheci-
mento do Princípio in dubio pro reo. Apelo defensivo não provido. Decisão por unanimidade.
(STM - APL: 70011062120197000000, Relator: CARLOS VUYK DE AQUINO, Data de
Julgamento: 20/02/2020, Data de Publicação: 02/03/2020)
Portanto, o acordo de persecução penal não cabe no âmbito da Justiça Castrense a não
é decisão monocrática e sim do pleno do STM de forma unânime. Não houve publicação do
STF sobre o apresentado, mas há poucas chances de haver interpretação divergente do já
disposto pelo STM.
Segue uma decisão do STJ sobre o acordo de não persecução penal:
“O acordo de não persecução penal é incompatível com crimes hediondos ou equipara-
dos, uma vez que não atende ao requisito previsto no caput do art. 28-A do Código de Pro-
cesso Penal, que o restringe a situações em que se mostre necessário e suficiente para a
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reprovação e prevenção do crime”. Há, portanto, obstáculos insuperáveis à formulação da


proposta. - negritei. Assim, o Tribunal a quo, ao denegar a ordem do writ lá impetrado, consig-
nou, em síntese, que: Como o Acordo de Não Persecução Penal ANPP foi negado pelas duas
instâncias do Ministério Público, não há possibilidade legal de intervenção do Poder Judici-
ário nesse tema, o qual, volto a frisar, é prerrogativa da Justiça Pública...” STJ - HABEAS
CORPUS: HC 584843 SP 2020/0125656-7
Ou seja, não cabe acordo de não persecução penal para crimes hediondos e equipará-
veis, contudo, vale destacar que a decisão tem caráter monocrático.
Mais uma decisão sobre o referido acordo, conforme o STJ:
“Numa análise perfunctória dos autos, foram apresentadas justificativas concretas para
o não oferecimento do acordo de não persecução penal, inclusive após ratificação do Pro-
curador-Geral de Justiça, de modo que o instituto é resultante de convergência de vontades
(Ministério Público e acusado), não podendo afirmar que se trata de um direito subjetivo
do acusado, podendo ser proposto quando o Parquet, titular da ação penal pública, entender
preenchidos os requisitos fixados pela Lei n. 13.964/2019 no caso concreto.” STJ - HABEAS
CORPUS: HC 584843 SP 2020/0125656-7
60m
Portanto, o acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do CPP, já em vigor,
é uma norma de natureza híbrida, que mitiga o princípio da obrigatoriedade da ação penal
e visa atingir infrações de médio potencial ofensivo. Se caracteriza como uma diversão com
intervenção, não é um direito subjetivo do investigado e sim um dever do Ministério Público.
Ademais, tem natureza de negócio jurídico extraprocessual, de forma que não deve ser feito
no âmbito do Poder Judiciário, é abordada, posteriormente, apenas para homologar, anali-
sando a voluntariedade e legalidade do acordo em si para saber se era desejo do réu par-
ticipar do acordo. Por fim, pode ocorrer apenas em processos em que não houve sentença
penal condenatória.

�E
 ste material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Fátima Cavalcanti Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Pacote Anticrime – Juiz das Garantias
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PACOTE ANTICRIME - JUIZ DAS GARANTIAS

JUIZ DAS GARANTIAS

Dentro do Direito Processual Penal, o novo Pacote Anticrime trouxe grandes alterações no
inquérito policial, seja pela forma em que o arquivamento passa a se dar, seja também, pelo
surgimento de uma nova figura processual, que é o Juiz das Garantias.
A partir de agora, dois juízos irão atuar no procedimento comum. Em primeiro lugar, atua o
Juiz das Garantias, que irá atuar na fase da investigação preliminar e do inquérito policial. Em
seguida, o chamado Juiz da Instrução é quem começa a atuar após o recebimento da denún-
cia pelo Juiz das Garantias. A previsão do Juiz das Garantias se deu no art. 3-A do Código de
Processo Penal.

Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de in-
vestigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.

O processo penal, no Brasil, adota o sistema acusatório desde a Constituição Federal


de 1988. Com a microrreforma ocorrida entre 2008 e 2009, esse sistema acusatório ganhou
ainda mais força, por exemplo, com a nova redação do art. 212 do CPC, que sem seu pará-
grafo único prevê que o Juiz irá complementar a instrução apenas em seu final.
Existem três principais sistemas processuais: inquisitório, acusatório e misto. Alguns dou-
trinadores apontam que, no Brasil, o sistema acusatório adotado é considerado “impuro”.
No sistema acusatório, a iniciativa é primordialmente das partes. O juiz, portanto, atua
5m
como um gestor das provas. Além disso, o processo é dotado de três figuras com atribuições
distintas: juiz, acusação e defesa. Outra característica é a presença marcante dos princípios
do contraditório e ampla defesa, especialmente pelo fato de o acusado ser considerado um
sujeito de direitos processuais.
No sistema inquisitório, não há contraditório e ampla defesa. O Juiz centraliza as funções
de acusar, defender e julgar. Além disso, o acusado não é sujeito de direitos, mas objeto
do processo.
Já o sistema misto (ou francês) irá mesclar os sistemas acusatório e inquisitório.
Com base no texto do art. 3º-A do CPC, o Juiz das Garantias não deve ter nenhum tipo de
iniciativa durante a fase de investigação.
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Pacote Anticrime – Juiz das Garantias
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Já no art. 3º-B, o legislador traz qual é o papel desse Juiz das Garantias no processo.

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e
pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia
10m do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:

Essas duas responsabilidades do Juiz das Garantias trazidas pelo art. 3º-B são muito
importantes e, portanto, devem ser bastante exploradas em prova.
Quando a lei dispõe que o Juiz das Garantias irá atuar no controle da legalidade, significa
dizer que ele irá atuar durante toda a fase de investigação controlando a legalidade, ou seja,
tudo o que for feito contra a lei é controlado por ele. Isso prevalece até mesmo sobre o controle
exercido pelo Promotor de Justiça.
Outro ponto é a salvaguarda dos direitos individuais. Aparentemente, essa disposição está
relacionada ao chamado garantismo integral, ou seja, essa salvaguarda dos direitos indivi-
duais não deve se relacionar apenas aos direitos do investigado, mas, também, aos direitos
individuais da vítima. Os incisos do art. 3º-B trazem as competências do Juiz das Garantias.
15m

Art. 3º-B. (...) I – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do
art. 5º da Constituição Federal;
II – receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o dis-
posto no art. 310 deste Código;
III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à
sua presença, a qualquer tempo;
IV – ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;

Obs.: vale lembrar que “investigação criminal” é gênero, do qual é espécie o inquérito poli-
cial. Nesse sentido, não é apenas o que ocorre no inquérito que deve ser informado ao
Juiz das Garantias, mas sim tudo aquilo que envolve o caso e está sob investigação.

Tramitação direta x Tramitação indireta


Quando o legislador utiliza a expressão “ser informado” no inciso IV do art. 3º-B do CPP,
isso abrange tanto a chamada tramitação direta quanto a tramitação indireta.
A principal diferença é que, em alguns estados e no DF, passou-se a estabelecer a trami-
tação direta, tanto de inquéritos policiais quanto de investigações criminais que não pressupo-
20m nham reserva de jurisdição.
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Pacote Anticrime – Juiz das Garantias
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Vale lembrar que uma medida com reserva de jurisdição é aquela que só pode ser concre-
tizada se o juiz determinar (ex.: interceptação telefônica, pedido de prisão preventiva, pedido
de busca e apreensão etc.).
Assim, para os inquéritos que não envolvam medidas com reserva de jurisdição, passou-
-se a admitir a tramitação direta.

Resolução n. 63/2009, do CJF


Art. 3º Os autos de inquérito policial que não se inserirem em qualquer das hipóteses previstas nos
arts. 1º e 2º desta resolução e que contiverem requerimentos mera e exclusivamente de prorroga-
ção de prazo para a sua conclusão, efetuados pela autoridade policial, serão encaminhados pela
Delegacia de Polícia Federal diretamente ao Ministério Público Federal para ciência e manifestação,
sem a necessidade de intervenção do órgão do Poder Judiciário Federal competente para a análise
da matéria.

Embora o novo Pacote Anticrime não explicite a questão da tramitação direta, o texto da
lei dispõe que, em qualquer situação, o Juiz das Garantias deve ser informado sobre a ins-
25m tauração de qualquer investigação criminal. Isso se aplica tanto na tramitação direta quanto
na indireta.

�E
 ste material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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Pacote Anticrime – Juiz das Garantias II
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PACOTE ANTICRIME - JUIZ DAS GARANTIAS II

JUIZ DAS GARANTIAS NO NOVO PACOTE ANTICRIME (LEI N. 13.964/2019)

O art. 3º-B do Código de Processo Penal ainda dispõe as seguintes competências do Juiz
das Garantias:

Art. 3º-B. (...) V – decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, obser-
vado o disposto no § 1º deste artigo;

Obs.: percebe-se do dispositivo acima que o Juiz das Garantias não pode decretar de ofício
a prisão provisória. Além disso, o dispositivo não dispôs sobre a possibilidade de re-
presentação pela prisão preventiva pelo delegado. Isso pode gerar polêmica, portanto
é necessário aguardar o posicionamento da jurisprudência no futuro.

VI – prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do
disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;
VII – decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e
não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;

5m
A produção antecipada de provas prevista no art. 156, I, do CPP não sofreu alterações
com o novo Pacote Anticrime. No entanto, ele se tornou incompatível com a previsão do inciso
VII do art. 3º-B, que foi trazido por essa reforma. Nesse sentido:

CPP, Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contra-
ditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

As provas cautelares são aquelas em que há risco de perecimento. As provas não repetí-
veis são aquelas que, uma vez realizadas, não podem mais ser repetidas (ex.: perícia). Já as
provas antecipadas são aquelas que serão trabalhadas pelo Juiz das Garantias.
No art. 156 do CPP, que trata do ônus da prova, há uma previsão de possibilidade de o juiz
ordenar de ofício essas provas antecipadas, mesmo antes de iniciada a ação penal:
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Pacote Anticrime – Juiz das Garantias II
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Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas considera-
das urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante.

Após a inclusão do art. 3º-B no CPP, por força do seu inciso VII, o Juiz das Garantias
deverá realizar um requerimento para a produção antecipada de provas, ou seja, não poderá
mais fazer isso de ofício. Além disso, é importante destacar que quem tinha essa função ante-
10m riormente era o Juiz da execução. Em função disso, o art. 156, I, do CPP irá demandar uma
releitura à luz da Lei n. 13.964/2019.

Art. 3º-B. (...) VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em
vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;

Obs.: nesse sentido, mesmo se houver tramitação direta, estando preso o investigado,
quem decide sobre a prorrogação do prazo é o Juiz. Havia uma polêmica sobre esse
ponto anteriormente, mas, atualmente, com o pacote anticrime, passa a ser possí-
vel a prorrogação do prazo do inquérito policial no caso de investigado preso.
Estando o investigado solto e se houver tramitação direta, essa prorrogação do prazo
15m
não precisa ser encaminhada ao Juiz das Garantias.

IX – determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para
sua instauração ou prosseguimento;

Trancamento e arquivamento do inquérito


O trancamento do inquérito policial está ligado à concessão de habeas corpus. Na prática,
o trancamento tem o mesmo efeito prático do arquivamento do inquérito, contudo há diferen-
ças na teoria. De acordo com a jurisprudência, no RHC 122338 (STF), as hipóteses de tran-
camento do inquérito policial são:

1. Atipicidade da conduta;
2. Incidência de causa de extinção da punibilidade;
3. Ausência de indícios de autoria; e
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4. Ausência de prova da materialidade.

O trancamento do inquérito policial não depende de requerimento e pode acontecer de


ofício. A nova redação do art. 28 do CPP dispõe que o arquivamento do inquérito policial não
é mais determinado pelo juiz, mas pelo Ministério Público. Com essa situação, o juiz poderá
20m
trancar o inquérito, mas não poderá promover o seu arquivamento.

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da


mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação,
na forma da lei.

A lei não foi clara em dizer quem é o responsável por ordenar esse arquivamento, contudo,
como todas as demais providências do art. 28 são direcionadas ao Promotor de Justiça, pre-
valece o entendimento que quem ordena o arquivamento é o Promotor.
Segundo a interpretação que prevalece até o momento, o Juiz não pode determinar o
arquivamento do inquérito, pois é o Ministério Público que ordena. No CPP não há nenhum
25m
dispositivo que verse sobre as hipóteses de arquivamento do inquérito. Nesse sentido, é utili-
zado o art. 395, que versa sobre as hipóteses de rejeição da denúncia.

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


I – for manifestamente inepta;
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (legitimidade e
interesse)
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal. (O MP pode ordenar o arquivamento, mas
o Juiz das Garantias pode determinar o trancamento de ofício)

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PACOTE ANTICRIME – JUIZ DAS GARANTIAS III

ATENÇÃO
Apesar de o Supremo Tribunal Federal ter suspendido a aplicação de alguns dispositivos da
Lei n. 13.964/2019, para fins de prova, o candidato deve considerar a letra da lei e, também,
do Código de Processo Penal após as alterações promovidas por essa lei.

CPP, art. 3º-B (...) XI – decidir sobre os requerimentos de: (não são decisões de ofício)
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e tele-
mática ou de outras formas de comunicação; (com base na Lei n. 9.296/1966)
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar;
5m

 Obs.: Vale lembrar que a busca pessoal não depende de decisão judicial.

d) acesso a informações sigilosas; (necessário compatibilizar a Súmula Vinculante n. 14


com esse dispositivo)
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;
XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; (se depois do
oferecimento da denúncia, o HC será julgado pelo Juiz da instrução)
XIII – determinar a instauração de incidente de insanidade mental;
XIV – decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399
10m

deste Código;


Obs.: Nesse sentido, a ação penal somente será direcionada ao Juiz da instrução se a denún-
cia for recebida pelo Juiz das garantias. Assim, será o Juiz da instrução quem irá citar
o acusado para responder a ação penal dentro dos prazos previstos na legislação.
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XV – assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investi-


gado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos
15m
no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em
andamento;
XVI – deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção
da perícia;

 Obs.: Esse assistente técnico previsto no inciso XVI não é o assistente de acusação. Na
realidade, o sujeito processual auxiliar denominado assistente de acusação só existe
durante a ação penal. Dessa forma, o assistente tratado no inciso XVI é, na realidade,
o assistente técnico da perícia.

XVII – decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colabo-


ração premiada, quando formalizados durante a investigação;

 Obs.: O acordo de não persecução penal é uma novidade da Lei n. 13.964/2019 e que será
trabalhado ao longo deste curso.

XVIII – outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.


§ 1º (VETADO).
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação
da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do
inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for conclu-
ída, a prisão será imediatamente relaxada.

ATENÇÃO
O § 2º do art. 3º-B deve ser o mais cobrado em provas de concursos públicos. Isso porque
traz prazos diferentes em relação ao prazo comum para a conclusão dos inquéritos policiais
(art. 10 do CPP).
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De acordo com o art. 10 do CPP, o prazo para a conclusão do inquérito é de 10 dias, se o


réu estiver preso, e de 30 dias, se o réu estiver solto. Apesar desse dispositivo não trazer um
prazo para uma eventual prorrogação, é pacífico o entendimento de que é possível a prorro-
gação, por diversas vezes, se o réu estiver solto.
Já no caso do réu preso, prevalecia um entendimento diferente em relação à prorrogação
do prazo do inquérito policial. Nesse sentido, se era necessária a prorrogação da prisão, sig-
nifica dizer que não há ainda os indícios de autoria e materialidade necessários para o ofere-
20m

cimento da denúncia (justa causa).


Em função disso, entendia-se que não cabia a manutenção da prisão, sendo possível a
concessão de mais prazo, mas colocando o réu em liberdade.
Após a atualização do Pacote Anticrime, o § 2º do art. 3º-B do CPP trouxe a disposição
expressa de que é possível a prorrogação do prazo do inquérito policial por mais 15 dias, uma
única vez, mesmo que o réu esteja preso. Entretanto, para que isso aconteça é necessário
que haja a representação da autoridade policial e que seja ouvido o Promotor.
Assim, conclui-se que, hoje, o prazo para a conclusão do inquérito policial do acusado
preso é de 10 dias, prorrogável por mais 15 dias. Essa alteração tem grande chance de ser
cobrada nas provas dos próximos concursos públicos.

Art. 3º-C A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto
as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma
do art. 399 deste Código.

 Obs.: Apesar da disposição expressa no caput do art. 3º-C do CPP, uma decisão recente
do STF delimitou ainda mais as situações em que não se aplica a figura do juiz das
garantias. Assim, de acordo com decisão limitar proferida pelo Ministro José Antônio
Dias Toffoli, não se aplica o juiz das garantias:

1. Na competência originária dos tribunais superiores, tribunais estaduais e do Dis-


trito Federal;
2. Nos processos do tribunal do júri;
3. Nos casos de violência doméstica (VD);
4. Nos casos da Justiça Eleitoral; e
5. Infração de menor potencial ofensivo.
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§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da


instrução e julgamento.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e jul-
gamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade
das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão
acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não
serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento,
ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas
ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado.
25m § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do
juízo das garantias.
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competên-
cias dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo.
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um
sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judici-
ária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem perio-
dicamente divulgados pelo respectivo tribunal.
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tra-
tamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da
imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabili-
dade civil, administrativa e penal.
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180
(cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a
identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa alu-
dida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução
penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.

 Obs.: Já existem discussões no sentido de analisar a constitucionalidade da figura do juiz


das garantias, pois há quem defenda que a sua criação fere o princípio do juiz natu-
ral. Entretanto, ainda não há um posicionamento do Supremo acerca desse assunto,
sendo necessário acompanhar os próximos passos dessa discussão. Por ora, como
a lei continua valendo, as eventuais questões acerca do assunto devem ser respondi-
das conforme a letra da lei.
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Procedimentos Investigativos, Indiciamento, Garantias do Investigado – Conclusão

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PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS, INDICIAMENTO, GARANTIAS DO


INVESTIGADO – CONCLUSÃO

O inquérito policial e a investigação propriamente ditos estão relacionados à polícia judici-


ária. Trata-se de uma polícia repressiva, ou seja, que atua depois que o crime já foi praticado.
Dispõe o art. 4º do Código de Processo Penal (CPP):

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela
Lei n. 9.043, de 09/05/1995)

 Obs.: Nesse sentido, será a polícia judiciária a responsável por apurar a materialidade e a
existência de uma infração penal, além de sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administra-
tivas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
5m

Conforme o disposto no parágrafo único do art. 4º do CPP, o inquérito policial não é a


única forma de investigação.
Assim, é esse mesmo dispositivo que traz a autorização de outras espécies de investiga-
ção, por exemplo:
1. Inquérito parlamentar presidido por CPI;
2. Inquérito policial militar presidido pela polícia judiciária militar (art. 8º da CPPM);
3. Investigações promovidas pelo MP.

ATENÇÃO
Para fins de prova, vale lembrar que existem diversas formas de investigação, sendo o
inquérito policial apenas uma delas, contudo a mais importante e a mais efetiva. Além
disso, o inquérito policial é a forma de investigação que mais é cobrada em provas de
concursos públicos.

Jurisprudência:
Repercussão geral. Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Constitucio-
nal. Separação dos poderes. Penal e processual penal. Poderes de investigação do Minis-
tério Público.
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2. Questão de ordem arguida pelo réu, ora recorrente. Adiamento do julgamento para
colheita de parecer do Procurador-Geral da República. Substituição do parecer por sustenta-
ção oral, com a concordância do Ministério Público. Indeferimento. Maioria.
3. Questão de ordem levantada pelo Procurador-Geral da República. Possibilidade de o
Ministério Público de estado-membro promover sustentação oral no Supremo. O Procurador-
-Geral da República não dispõe de poder de ingerência na esfera orgânica do Parquet esta-
dual, pois lhe incumbe, unicamente, por expressa definição constitucional (art. 128, § 1º),
a Chefia do Ministério Público da União. O Ministério Público de estado-membro não está
vinculado, nem subordinado, no plano processual, administrativo e/ou institucional, à Chefia
do Ministério Público da União, o que lhe confere ampla possibilidade de postular, autono-
mamente, perante o Supremo Tribunal Federal, em recursos e processos nos quais o próprio
Ministério Público estadual seja um dos sujeitos da relação processual. Questão de ordem
resolvida no sentido de assegurar ao Ministério Público estadual a prerrogativa de sustentar
suas razões da tribuna. Maioria.
4. Questão constitucional com repercussão geral. Poderes de investigação do Minis-
tério Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV, 129, incisos III e VIII, e 144, inciso IV, § 4º,
da Constituição Federal, não tornam a investigação criminal exclusividade da polícia,
nem afastam os poderes de investigação do Ministério Público.

 Obs.: Com esse julgado, o STF entende que a investigação é um gênero e, como tal, não
10m
é exclusiva da polícia.

Fixada, em repercussão geral, tese assim sumulada: “O Ministério Público dispõe de


competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações
de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus
agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas
profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei n. 8.906/1994,
artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade
– sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional
dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos mem-
bros dessa instituição”. Maioria.
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Procedimentos Investigativos, Indiciamento, Garantias do Investigado – Conclusão

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5. Caso concreto. Crime de responsabilidade de prefeito. Deixar de cumprir ordem judi-


cial (art. 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei n. 201/67). Procedimento instaurado pelo Ministério
Público a partir de documentos oriundos de autos de processo judicial e de precatório, para
colher informações do próprio suspeito, eventualmente hábeis a justificar e legitimar o fato
imputado. Ausência de vício. Negado provimento ao recurso extraordinário. Maioria.
(RE 593727, Relator(a): CEZAR PELUSO, Relator(a) p/ Acórdão: GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL
– MÉRITO DJe-175 DIVULG 04/09/2015 PUBLIC 08/09/2015)

O Ministério Público tem poder de investigação, contudo o Promotor não pode presidir o
inquérito policial. Isso porque só quem pode presidir inquérito policial é o Delegado de Polí-
cia. Assim, o MP pode realizar o chamado procedimento de investigação criminal (PIC) e o
procedimento de investigação preliminar (PIP). Tais investigações devem observar a duração
razoável do procedimento.
Também é necessário que o MP respeite os direitos e garantias do investigado. Assim,
15m

se o MP resolve fazer uma investigação criminal, deve levar em consideração que o inves-
tigado tem o direito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. Além disso, será
necessário aplicar a esse procedimento a inteligência da Súmula Vinculante n. 14. Ou seja,
o defensor do acusado terá direito de acessar os elementos da investigação que já estão
documentados.

Súmula n. 234 do STJ:


“A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acar-
reta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.”
20m

Nesse sentido, a participação do membro do MP, seja no inquérito ou em outra inves-


tigação (mesmo que conduzida por ele), não o torna impedido ou suspeito para oferecer
a denúncia.

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PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS, INDICIAMENTO, GARANTIAS DO


INVESTIGADO – CONCLUSÃO II

INDICIAMENTO

O indiciamento é algo que já estava previsto no inquérito policial desde sempre. Indiciar
significa dizer que há indícios da autoria de um crime por alguém, logo, por meio do indicia-
mento, a autoridade policial irá imputar a prática de um crime a uma pessoa determinada.

Lei n. 12.830/2013, art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exer-
cidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
(...)
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, me-
diante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias.

O ato de indiciamento será uma comunicação formal, feita pelo Estado ao investigado em
um determinado inquérito policial. Assim, a partir daquele momento, o investigado passa a
ser o principal suspeito de um crime.
A lei dispõe sobre o indiciamento, mas não aponta o momento exato em que ele irá
acontecer. Desse modo, se não houver dúvidas quanto a autoria de um crime, o Delegado
de Polícia pode fazer esse indiciamento desde o início de um inquérito policial. Já se houver
dúvida, o Delegado pode fazer esse indiciamento até o momento do relatório ou pode, até
mesmo, finalizar o inquérito sem fazer o indiciamento, visto que ele não é algo essencial ao
inquérito policial.

DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/2011/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA – ESPECÍFICOS) Com relação ao inqué-
rito policial (IP), julgue o item que se segue.
5m
O indiciamento do investigado é ato essencial e indispensável na conclusão do IP.

COMENTÁRIO
Na realidade, o indiciamento não é algo indispensável para que seja concluído o IP. Além
disso, o indiciamento pode ocorrer a qualquer momento e não apenas na conclusão do
inquérito.
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2. (FUNCAB/2013/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA) Ludimila foi denunciada como incursa


nas penas do artigo 38 da Lei n. 9.605/1998 (destruir ou danificar floresta considerada
de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência
das normas de proteção por ter danificado área de floresta em formação considerada de
preservação permanente). Após já ter sido oferecida a denúncia, ela foi convocada à de-
legacia, onde foi indiciada formalmente sobre os mesmos fatos. Logo, é correto afirmar:
a. O indiciamento, após oferecida denúncia pelos mesmos fatos, constitui constrangimen-
to ilegal
b. Como o inquérito policial é um procedimento meramente administrativo, não constitui
constrangimento ilegal o indiciamento formal após já haver denúncia pelos mesmos
fatos.
c. Pode haver indiciamento formal, após recebida denúncia pelos mesmos fatos, quando
houver determinação judicial.
d. Pode haver indiciamento formal, após recebida denúncia pelos mesmos fatos, quando
houver requisição do Ministério Público.
e. O crime do artigo 38 da Lei n. 9.605/1998 não admite indiciamento ou denúncia.

COMENTÁRIO
Existe um princípio no Direito de que ninguém pode ser acusado duas vezes pelo mesmo
fato. Nesse sentido, se uma pessoa tem oferecida uma denúncia contra si, contudo, em
seguida, o Delegado de Polícia realiza um indiciamento pelos mesmos fatos, então haverá
uma situação de constrangimento ilegal.
Fundamento:
O paciente foi denunciado como incurso nas penas do art. 38 da Lei n. 9.605/1998 por ter
danificado área de floresta em formação considerada de preservação permanente, fatos
supostamente ocorridos em 02/10/2007. No habeas corpus, o impetrante/paciente busca
que seja determinada a revogação do seu indiciamento formal após já ter sido oferecida a
10m

denúncia sobre os mesmos fatos. Registra o Min. Relator que, por ocasião da impetração
do writ (no STJ) ainda não havia julgamento do HC originário impetrado no tribunal de
origem; somente depois sobreveio o acórdão denegando a ordem, motivo pelo qual
examina esse habeas corpus como substitutivo de recurso ordinário. Observa ser cediço
que este Superior Tribunal, em reiterados julgados, vem afirmando seu posicionamento
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jurisprudencial de que caracteriza constrangimento ilegal o formal indiciamento do


paciente que já teve contra si oferecida denúncia, como no caso, inclusive esta já foi
recebida pelo juízo a quo. Diante do exposto, a Turma concedeu a ordem.
Precedentes citados: RHC 21.657-SP, DJe 15/03/2010, e HC 145.935-SP, DJe 07/06/2010.
HC 179.951-SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 10/05/2011

 Obs.: �Vale lembrar que não existe crime que não admite indiciamento. Assim, se uma
pessoa praticou um crime e este está sendo apurado, será admitido o indiciamento
em qualquer situação.

GARANTIAS DO INVESTIGADO

Nem todas as garantias constitucionais são aplicadas durante a investigação, contudo


algumas delas são aplicáveis desde a fase do inquérito.

Presunção de Não Culpabilidade


É uma regra de tratamento. Ou seja, enquanto o processo está em andamento, a pessoa
deve ser tratada como se fosse inocente.

O Direito ao Silêncio
Durante a fase do inquérito policial, o Delegado de Polícia deve conceder ao investigado
o direito constitucional de permanecer em silêncio.
15m
Vale lembrar que o direito ao silêncio é renunciável, ou seja, o réu pode abrir mão desse
direito caso queira.

O Direito de Não Produzir Provas contra si Mesmo (nemo tenetur se detegere)


O réu não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Nesse sentido, não pode ser
obrigado a participar da reconstituição do crime.

O Direito de Acesso aos Autos – SV n. 14


Esse direito se aplica ao defensor do acusado.
A Lei Anticrime (Lei n. 13.964/2019) inseriu o art. 14-A no CPP:

Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Consti-
tuição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais milita-
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res e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados
ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada,
incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instaura-
ção do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (qua-
renta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo
investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que esta-
va vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado.
(...)
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às
instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam
respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.

O Juiz das Garantias


O chamado juiz das garantias é uma figura nova, prevista pela Lei n. 13.964/2019 e irá
20m

atuar do início do inquérito policial até o recebimento da denúncia.

CPP, art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à auto-
rização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:
I – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
Constituição Federal;
II – receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o
disposto no art. 310 deste Código;
III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à
sua presença, a qualquer tempo;
IV – ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;
V – decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o dis-
posto no § 1º deste artigo;
VI – prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma
do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;
VII – decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;
VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões
apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;
IX – determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para
sua instauração ou prosseguimento;
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Procedimentos Investigativos, Indiciamento, Garantias do Investigado – Conclusão II

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X – requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da


investigação;
XI – decidir sobre os requerimentos de:
a. interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou
de outras formas de comunicação;
b. afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
c. busca e apreensão domiciliar;
d. acesso a informações sigilosas;
e. outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;
XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;
XIII – determinar a instauração de incidente de insanidade mental;
XIV – decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código;
(último ato do Juiz das garantias)
XV – assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao
seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da in-
vestigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento;
XVI – deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia;
XVII – decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração
premiada, quando formalizados durante a investigação;
XVIII – outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.
(...)
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da
autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do
inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for conclu-
ída, a prisão será imediatamente relaxada.
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de
menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399
deste Código.
25m

CONCLUSÃO DO INQUÉRITO

Concluído o inquérito ou expirado o prazo para a sua conclusão, o Delegado de Polícia


irá encerrá-lo por meio de uma peça denominada relatório.
No relatório, o Delegado irá simplesmente dizer o que já foi feito durante as investiga-
ções. Nesse sentido, não deve conter juízo de valor. Caso isso aconteça, não haverá nuli-
dade, visto que vícios do inquérito policial não contaminam a futura ação penal.
Além disso, no relatório é possível que o Delegado indique testemunhas que ainda não
foram inquiridas, indicando o local em que se encontrem (vide art. 10, § 2º, do CPP).
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Procedimentos Investigativos, Indiciamento, Garantias do Investigado – Conclusão II

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Existe uma particularidade no art. 52 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas), pois dispõe
que o Delegado deve justificar, em seu relatório, as razões que levaram à classificação
do delito.

CPP, art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos
ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou
serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
30m Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficia-
rá ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a
que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
Art. 10. (...) § 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inqui-
ridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

GABARITO
1. E
2. a

�E
 ste material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Fátima Cavalcanti Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Polícia e Ministério Público, Poderes Investigatórios do Ministério Público
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POLÍCIA E MINISTÉRIO PÚBLICO, PODERES INVESTIGATÓRIOS DO


MINISTÉRIO PÚBLICO E ACORDO DE LENIÊNCIA

 Obs.: Tradicionalmente, esse assunto não é muito cobrado em concurso. Todavia, recente-
mente passou a ser cobrado com maior frequência.

O STF proferiu importante decisão acerca do poder de investigação do Ministério Público.


Por esse motivo, esse assunto passou a ser explorado pelas bancas de concurso.

Polícia e Ministério Público:


A polícia faz parte do Poder Executivo, até mesmo a polícia judiciária (art. 4º do CPP).
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela
Lei n. 9.043, de 9.5.1995)

O Inquérito Policial é conduzido pela polícia judiciária.


A polícia ostensiva atua preventivamente à ação criminosa, nas ruas, evitando crimes (por
exemplo, a polícia militar). Contudo, a polícia judiciária (por exemplo, polícia civil) atua de forma
repressiva, nas delegacias, após a ocorrência da infração penal – investiga o crime já ocorrido.
A polícia judiciária, a longo prazo, age em colaboração com o Poder Judiciário, pois a
condenação penal do crime cometido é executada mediante decisão do poder judiciário.
Embora tenha como nome “polícia judiciária”, essa polícia não faz parte do poder judiciá-
rio, é órgão do Poder Executivo.
5m
O Ministério Público faz parte do poder executivo, mas, para alguns doutrinadores, ele é
considerado como um “quarto poder” em razão da autonomia e independência que possui,
pois não é diretamente subordinado ao poder executivo.
Cabe destacar que esse “quarto poder” não existe na Constituição, sendo previstos
apenas os três poderes.
Entre polícia e Ministério Público não há relação de hierarquia. A polícia não está subordi-
nada ao Ministério Público, não há dever de prestação de contas sobre as atividades exercidas.
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A autoridade policial tem por atribuição a condução do Inquérito Policial. Contudo, exis-
tem outras formas de investigação criminal, por exemplo, as investigações conduzidas pelo
Ministério Público e pelas autoridades administrativas. Dessa forma, o art. 4º do CPP ao
afirmar que o inquérito policial compete à polícia judiciária significa que a polícia judiciária é
responsável pela principal forma de investigação estatal: o inquérito policial.

Persecutio criminis:
O Inquérito faz parte da “persecução criminal”.
Diante da prática de um crime (ex: roubo), o Estado dá início à persecução do agente a
fim de impor a pena. Entre a prática do crime e a imposição da pena existe um caminho, cha-
mado de persecução criminal.
Por exemplo, João roubou a bicicleta de Marcos. A conduta de João se adequa ao art.
57 do CP (subtrair coisa alheia móvel com violência ou grave ameaça) – tipo penal. A pena
prevista é de reclusão de 4 a 10 anos e multa. Essa pena, para ser aplicada, deve ser ante-
cedida da persecução penal, pois ela não pode ser aplicada diretamente, sem que ocorra a
persecução penal (persecutio criminis).
10m
A Persecução criminal é o caminho que o Estado percorre a partir da prática de um crime
até a aplicação da pena respectiva.
Essa persecução é formada e categorizada por duas etapas: o inquérito policial e a
Ação Penal.
O Inquérito é a fase da investigação conduzida pela polícia judiciária, pelos delegados de polícia.
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A principal forma de investigação criminal é o inquérito policial, de atribuição da polícia


judiciária (art. 4º CPP).
Em um segundo momento ocorre a Ação Penal, que consiste no processo judicial condu-
zido pelo próprio juiz.
O Ministério Público atua na investigação criminal, ao realizar o controle externo da ativi-
dade policial e também atua na ação penal pública, como titular da ação (denúncia e ajuiza-
mento da ação).
15m

Poderes investigatórios do Ministério Público:


A condução/presidência do inquérito policial (espécie de investigação criminal) não pode
ser realizada pelo Ministério Público, pois a essa atribuição compete à autoridade policial
(delegados de polícia).
Ainda assim, o Ministério Público possui poder de investigação, mediante duas modalidades:
1. Condutor de investigações distintas do Inquérito Policial: Procedimento de Investiga-
ção Criminal (PICs) ou Procedimento de Investigação Penal (PIPs) – art. 144 CRFB/88. É um
procedimento distinto do Inquérito Policial, pois não se trata de investigação conduzida por
Delegado de Polícia (art. 4º CPP), e sim pelo promotor de justiça.
2. Realizar diligências paralelas:
Por exemplo, foi instaurado um inquérito policial para investigar um crime de roubo. Con-
tudo, a vítima foi ao Ministério Público a fim de realizar novo depoimento (acrescentando
novas informações), dando início a uma diligência paralela (termo de declaração). Esse
depoimento pode até ser gravado em meio áudio visual.
20m
Nada impede que o promotor realize diligências e investigações paralelas ao Inqué-
rito Policial.
Nesse sentido, o Promotor não pode assumir a condução do inquérito policial, sob pena
de usurpar a função do delegado.
Esse é o teor da decisão do STF:
“Em seguida, o Tribunal afirmou a tese de que o Ministério Público dispõe de compe-
tência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de
natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por
seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogati-
vas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei n. 8.906/94,
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art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade –
sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional
dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante n. 14), praticados pelos mem-
bros dessa Instituição. Redator para o acórdão o Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justifica-
damente, o Ministro Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski.
Plenário, 14.05.2015. RE 593727/MG”
Com isso, é possível concluir que o Ministério Público possui poder de investigação
devendo ser respeitados os direitos do investigado: direito ao silêncio, de não produzir provas
contra si mesmo e de constituir advogado, sendo observado um prazo razoável para o pro-
cedimento de investigação.
“Reserva constitucional de jurisdição”: devem ser observadas as situações que somente
podem ser decididas por magistrado, tais como decisões sobre prisão e soltura (em regra),
interceptação telefônica, busca e apreensão etc.
Deve ainda ser observado o controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados.
Essas são as condições para que o Ministério Público realize a investigação criminal.

Resumindo:
O STF, nos autos de um Recurso Repetitivo de grande relevância, entendeu que o Minis-
tério Público tem poder de investigação, mas tal poder não significa presidência de inquérito
policial, ele abrange outras formas de investigação.
Nesse sentido o promotor deve observar:
1. Um prazo razoável para a investigação
2. Os direitos do investigado
3. As prerrogativas do advogado
4. A reserva de jurisdição.
25m

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POLÍCIA E MINISTÉRIO PÚBLICO, PODERES INVESTIGATÓRIOS DO


MINISTÉRIO PÚBLICO E ACORDO DE LENIÊNCIA

Previsão legal acerca das funções legais do Ministério Público

 Obs.: O conteúdo dessa aula merece especial atenção, pois a maioria das questões rela-
cionadas a esse tema é baseada na literalidade da lei.
CRFB/88. Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

 Obs.: O Ministério Público também é denominado de “parquet”


I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

Essa ação penal pública pode ser condicionada ou incondicionada.


VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada
no artigo anterior;

Trata-se da LCMP, a lei complementar do Ministério Público.

Lei orgânica do MP
Art. 26. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá:
IV – requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial e de inquérito policial
militar, observado o disposto no art. 129, inciso VIII, da Constituição Federal, podendo acompa-
nhá-los; (...)
VIII – examinar, em qualquer repartição policial, autos de flagrante ou inquérito, findos ou em anda-
mento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos;

Controle externo pelo MP: Esse controle não significa subordinação ou hierarquia, pois a
autoridade policial não está vinculada/subordinada ao Ministério Público.
O Controle externo é a atividade de fiscalização, vistoria, inspeção e vigilância que
uma instituição exerce em relação a outra. NÃO se trata de poder hierárquico e de domi-
nação, pelo qual se permita interferir na atividade própria da instituição controlada, porque
isto seria controle interno.
5m
O controle interno pressupõe hierarquia e subordinação. Contudo, o controle externo não
pressupõe hierarquia, abrange apenas vigilância e observação sem hierarquia.
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Polícia e Ministério Público, Poderes Investigatórios do Ministério Público
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Resolução n. 20 de 2007 CNMP: especifica o controle externo, determinando as possi-


bilidades de atuação do Ministério Público no controle externo.
Art. 2º O controle externo da atividade policial pelo Ministério Público tem como objetivo manter a
regularidade e a adequação dos procedimentos empregados na execução da atividade po-
licial, bem como a integração das funções do Ministério Público e das Polícias voltada para
a persecução penal e o interesse público, atentando, especialmente, para:
I – o respeito aos direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal e nas leis;
II – a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio público;
III – a prevenção da criminalidade;
IV – a finalidade, a celeridade, o aperfeiçoamento e a indisponibilidade da persecução penal;
V – a prevenção ou a correção de irregularidades, ilegalidades ou de abuso de poder relacionados
à atividade de investigação criminal;
VI – a superação de falhas na produção probatória, inclusive técnicas, para fins de investiga-
ção criminal;
VII – a probidade administrativa no exercício da atividade policial.

Esses incisos não afirmam que o promotor pode intervir diretamente na autoridade poli-
cial, tampouco que o promotor pode decidir a linha da investigação criminal, pois essas atitu-
des configuram controle interno.
No controle interno há possibilidade de intervenção direta e direcionamento da investigação.
O Ministério Público apenas pode exercer o controle externo, que consiste na verifica-
ção da constitucionalidade e regularidade da investigação criminal (observação externa que
mantém o bom funcionamento do inquérito policial).
10m
Art. 4º Incumbe aos órgãos do Ministério Público, quando do exercício ou do resultado da atividade
de controle externo:
I – realizar visitas ordinárias nos meses de abril ou maio e outubro ou novembro e, quando neces-
sárias, a qualquer tempo, visitas extraordinárias, em repartições policiais, civis e militares, órgãos
de perícia técnica e aquartelamentos militares existentes em sua área de atribuição; (Redação
dada pela Resolução n. 121, de 10 de março de 2015)
II – examinar, em quaisquer dos órgãos referidos no inciso anterior, autos de inquérito policial,
inquérito policial militar, autos de prisão em flagrante ou qualquer outro expediente ou documento
de natureza persecutória penal, ainda que conclusos à autoridade, deles podendo extrair cópia ou
tomar apontamentos, fiscalizando seu andamento e regularidade;
III – fiscalizar a destinação de armas, valores, substâncias entorpecentes, veículos e objetos apreendidos;
IV – fiscalizar o cumprimento dos mandados de prisão, das requisições e demais medidas de-
terminadas pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário, inclusive no que se refere aos prazos;
V – verificar as cópias dos boletins de ocorrência ou sindicâncias que não geraram instauração
de Inquérito Policial e a motivação do despacho da autoridade policial, podendo requisitar a instau-
ração do inquérito, se julgar necessário;
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Trata-se de uma supervisão sem subordinação e sem hierarquia.


§ 1º Incumbe, ainda, aos órgãos do Ministério Público, havendo fundada necessidade e conveni-
ência, instaurar procedimento investigatório referente a ilícito penal ocorrido no exercício da
atividade policial.

Quando o promotor verificar um ilícito penal praticado pelo delegado, ele pode instaurar um
procedimento investigatório em face deste (por exemplo, prevaricação, abuso de autoridade etc.).
§ 2º O Ministério Público poderá instaurar procedimento administrativo visando sanar as deficiências
ou irregularidades detectadas no exercício do controle externo da atividade policial, bem como apurar
as responsabilidades decorrentes do descumprimento injustificado das requisições pertinentes.

DIRETO DO CONCURSO

1. (FCC - 2013 - TRE-RO - Analista Judiciário - Área Judiciária) A função institucional de


exercer o controle externo da atividade policial que lhe é atribuída pela Constituição
Federal NÃO permite que o representante do Ministério Público, no inquérito policial,
a. requisite diligências.
b. assuma a presidência do inquérito no lugar da autoridade policial.
c. acompanhe pessoalmente as provas colhidas pela autoridade policial.
d. ingresse em delegacias de cadeias a qualquer momento.
e. investigue desvios de função cometidos por policiais ao longo das investigações.

COMENTÁRIO
A função institucional de exercer o controle externo da atividade policial que lhe é atribuída
pela Constituição Federal NÃO permite que o representante do Ministério Público, no inqué-
rito policial, assuma a presidência do inquérito no lugar da autoridade policial (art. 4º CPP).
O promotor pode:
• requisitar diligências
• acompanhar pessoalmente as provas colhidas pela autoridade policial.
• ingressar em delegacias de cadeias a qualquer momento.
15m
• investigar desvios de função cometidos por policiais ao longo das investigações. O MP
pode determinar instauração de procedimento de investigação criminal ou administrativo.
Assim, o Ministério Público pode investigar, mas não pode conduzir/presidir inquérito policial.
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“Em seguida, o Tribunal afirmou a tese de que o Ministério Público dispõe de competên-
cia para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza
penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou
a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as
hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais
de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei n. 8.906/94, art. 7º, notada-
mente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade - sempre presente
no Estado democrático de Direito - do permanente controle jurisdicional dos atos, necessa-
riamente documentados (Súmula Vinculante n. 14), praticados pelos membros dessa Ins-
tituição. Redator para o acórdão o Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justificadamente, o
Ministro Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário,
14.05.2015. RE 593727 / MG”

DIRETO DO CONCURSO
2. (CESPE - Polícia Federal - Escrivão da Polícia Federal) Acerca do inquérito policial,
julgue o item seguinte.
A conclusão do inquérito policial é precedida de relatório final, no qual é descrito todo o
procedimento adotado no curso da investigação para esclarecer a autoria e a materia-
lidade. A ausência desse relatório e de indiciamento formal do investigado não resulta
em prejuízos para persecução penal, não podendo o juiz ou órgão do Ministério Público
determinar o retorno da investigação à autoridade para concretizá-los, já que constitui
mera irregularidade funcional a ser apurada na esfera disciplinar.
( ) Certo

( ) Errado

COMENTÁRIO
A conclusão do inquérito policial é precedida de relatório final, no qual é descrito todo o pro-
cedimento adotado no curso da investigação para esclarecer a autoria e a materialidade. A
ausência desse relatório e de indiciamento formal do investigado não resulta em prejuízos
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para persecução penal, não podendo o juiz ou órgão do Ministério Público determinar o re-
torno da investigação à autoridade para concretizá-los, já que constitui mera irregularidade
funcional a ser apurada na esfera disciplinar.
Caso o delegado conclua o Inquérito sem realizar o indiciamento, o Promotor não pode
determinar o retorno para correção. Nesse caso, aplica-se o art. 16 do CPP.
Art. 16.O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial,
senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

O retorno dos autos à delegacia somente pode acontecer para novas diligências impres-
cindíveis ao oferecimento da denúncia. Não pode haver retorno por falta de indiciamento
ou falta de relatório.

3. (MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto) Sobre o inquérito policial, controle


externo da atividade policial e poder investigatório do Ministério Público, analise as as-
sertivas abaixo e assinale a alternativa incorreta:
a. O inquérito policial pode ser instaurado de ofício, por requisição do Ministério Público e
a requerimento do ofendido em casos de crime de ação penal pública incondicionada.
b. O membro do “Parquet”, com atuação na área de investigação criminal, pode avocar
a presidência do inquérito policial, em sede de controle difuso da atividade policial
c. No exercício do controle externo da atividade policial, o membro do “Parquet”, pode
requisitar informações, a serem prestadas pela autoridade, acerca de inquérito poli-
cial não concluído no prazo legal, bem assim requisitar sua imediata remessa ao
Ministério Público ou Poder Judiciário, no estado em que se encontre.
d. O membro do Ministério Público pode encaminhar peças de informação em seu poder dire-
tamente ao Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo.
e. No inquérito policial, a autoridade policial assegurará o sigilo necessário à elucidação
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade e, no procedimento investigatório cri-
minal, os atos e peças, em regra, são públicos.
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COMENTÁRIO
O inquérito policial pode ser instaurado de ofício, por requisição do Ministério Público e a
requerimento do ofendido em casos de crime de ação penal pública incondicionada (art.
5º, incisos I e II do CPP)
O membro do “Parquet”, com atuação na área de investigação criminal, NÃO pode avocar
a presidência do inquérito policial. A presidência do inquérito policial é atribuição da
autoridade policial.
No exercício do controle externo da atividade policial, o membro do “Parquet”, pode re-
quisitar informações, a serem prestadas pela autoridade, acerca de inquérito policial não
concluído no prazo legal, bem assim requisitar sua imediata remessa ao Ministério Público
ou Poder Judiciário, no estado em que se encontre.
20m
O membro do Ministério Público pode encaminhar peças de informação em seu poder di-
retamente ao Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo.
No inquérito policial, a autoridade policial assegurará o sigilo necessário à elucidação do
fato ou exigido pelo interesse da sociedade (art. 20 CPP) e, no procedimento investigatório
criminal, os atos e peças, em regra, são públicos.
– Em regra, o PIC (procedimento investigatório criminal conduzido pelo Ministério Público)
é público, podendo ter caráter sigiloso em casos excepcionais.

4. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade: Di-


reito) Considerando aspectos gerais do direito penal brasileiro, julgue o item subsecutivo.
Não cabe ação penal privada subsidiária da pública se o Ministério Público, em vez de
oferecer denúncia, promover o arquivamento do inquérito policial dentro do prazo legal.
( ) Certo

( ) Errado
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COMENTÁRIO
Não cabe ação penal privada subsidiária da pública se o Ministério Público, em vez de ofe-
recer denúncia, promover o arquivamento do inquérito policial dentro do prazo legal.
Ação penal privada subsidiária da pública: se o promotor se mantiver inerte, cabe ação
privada subsidiária pela vítima (mudança da titularidade originária da ação) – art. 29 CPP.
Contudo, a promoção do arquivamento não significa inércia, razão pela qual não cabe ajui-
zamento da ação penal privada subsidiária da pública.
Art. 29.Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
25m

GABARITO
1. b
2. C
3. b
4. C

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ação Penal
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AÇÃO PENAL

Conceito: é o direito da acusação de ingressar em juízo requerendo a aplicação da lei


penal ao caso concreto.
Quando alguém comete um crime, o Estado não pode aplicar de imediato a pena que está
prevista no Código Penal. Antes disso, é necessário que haja um processo em que todos os
direitos e garantias do acusado sejam observados.
Para isso, o titular da ação penal deve ingressar em juízo e entregar uma peça em que
pedirá a aplicação da pena. Assim, a ação penal é essa possibilidade que tem o promotor ou
o ofendido (nas ações penais privadas) de ingressar na Justiça, perante o juiz, e pedir a apli-
cação de uma pena a alguém que cometeu um crime.

Direito de ação: público, subjetivo, abstrato, autônomo e instrumental. CF/1988, art. 5º,
inciso XXXV.

NATUREZA HÍBRIDA DA AÇÃO PENAL


5m

A ação penal conjuga aspectos do Direito Penal e do Direito Processual Penal.

ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL

Previstas no Código Penal, a partir do art. 100:

Ação pública e de iniciativa privada


Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.

 Obs.: Regra geral, a ação penal será pública incondicionada. Quando for diferente disso, o
próprio Código Penal irá dispor acerca da natureza dessa ação, que também pode ser
pública condicionada ou privada.

§ 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Ação penal pública condi-
cionada)
§ 2º A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qua-
lidade para representá-lo.
ANOTAÇÕES

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Ação Penal
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§ 3º A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público
não oferece denúncia no prazo legal. (Também chamada de supletiva ou subsidiária)
§ 4º No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito
de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Conforme visto acima, o art. 100 do CP dispõe uma série de características da ação penal.
10m Contudo, em função de sua natureza híbrida, o CPP também traz alguns dispositivos com
outras informações acerca da ação penal:

CPP, Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Públi-
co, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União,
Estado e Município, a ação penal será pública.

AÇÃO PENAL – ESPÉCIES

Pública:
• Condicionada (“somente se procede mediante representação”): é a exceção e
também pode envolver a requisição do ministro da Justiça.
15m
• Incondicionada: é a regra geral.
• Subsidiária: ocorre se o Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal.

 Obs.: A ação penal pública subsidiária só cabe na hipótese de omissão do Ministério Públi-
co. Caso o titular da ação penal peça o seu arquivamento, não caberá a subsidiária.

Privada (“somente se procede mediante queixa”):


• Exclusiva: é a regra geral. No caso de morte da vítima, o direito se transmite a cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
• Personalíssima: único caso previsto no art. 236, parágrafo único, CP. O direito não se
transmite.
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Ação Penal
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AÇÃO PENAL PÚBLICA

A ação penal pública é de titularidade do Ministério Público. Tal condição é prevista na pró-
pria Constituição Federal de 1988:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

A ação penal pública é materializada na forma de uma denúncia. Essa denúncia se sub-
mete a algumas condições e precisa atender alguns requisitos, todos previstos no CPP.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA


JUSTIÇA

CP, Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos cri-
mes é cometido:
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas funções.

Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando,
no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do
caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo
artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.

Assim, quando o crime de calúnia, injúria ou difamação for praticado contra o presidente
da República, ou contra chefe de governo estrangeiro, a ação penal só se procede mediante
requisição do ministro da Justiça. Após essa requisição, a ação penal segue o mesmo rito das
ações penais públicas comuns.

AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA


20m

CF/1988, Art. 5ª, LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;
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Ação Penal
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A ação penal subsidiária da pública não é admitida nos casos de arquivamento da ação
penal feito pelo Ministério Público. Ela será permitida apenas no caso de omissão pelo Minis-
tério Público.

CPP, Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substituti-
va, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA


25m

Existe apenas um caso desse tipo de ação penal e ele é previsto no Código Penal. Nesse
caso, o direito não se transmite a cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento


CP, Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe
impedimento que não seja casamento anterior: • Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser in-
tentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento,
anule o casamento.

Caso o contraente enganado morrer, nada mais poderá ser feito.

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preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
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Ação Penal II
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AÇÃO PENAL II

PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL

1. Obrigatoriedade – Na Ação Penal Pública

Segundo esse princípio, uma vez praticado um crime, é obrigatório o oferecimento da


ação penal. Tal princípio não se aplica à ação penal privada, pois, nela, o crime ofende espe-
cialmente o ofendido. Logo, cabe ao próprio ofendido decidir se deseja ou não ajuizar uma
queixa-crime contra aquele que o ofendeu.
Na ação penal pública é diferente, pois a lógica é que o crime praticado ofende muito mais
o Estado, ou seja, a coletividade como um todo. Por isso, a ação penal pública não depende
da manifestação de vontade de ninguém e cabe ao Estado, por meio do Ministério Público, dar
início a essa ação em função do princípio da obrigatoriedade.
A obrigatoriedade se dá quando existe a justa causa, ou seja, há indícios de autoria e
materialidade do crime.
Existe uma exceção que é conhecida como mitigação ao princípio da obrigatoriedade da
5m ação pública. Essa mitigação é prevista na Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/1995) e é
conhecida como transação penal (art. 76).
Na transação penal, o Ministério Público, observando os requisitos do art. 76 da Lei n.
9.099/1995, pode não oferecer a denúncia. Esses casos envolvem as chamadas infrações de
menor potencial ofensivo.
Nesses casos, o Ministério Público irá propor uma medida diferente da pena privativa de
liberdade, como uma multa. Assim, se a pessoa cumprir o proposto pelo MP, não terá o pro-
cesso ajuizado contra ela.

1.1 Oportunidade – Na Ação Penal Privada

É o contrário do princípio da obrigatoriedade, aplicado nas ações penais públicas.


Nas ações penais privadas, mesmo com a justa causa (indícios de autoria e materiali-
dade), o ofendido poderá fazer uma análise da oportunidade, ou seja, se é conveniente ou não
propor a ação penal privada.
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Ação Penal II
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2. Indisponibilidade – Na Ação Penal Pública

10m
Esse princípio vigora após o ajuizamento da ação penal pública. Em um crime de homicídio,
por exemplo, depois que o Ministério Público denunciar o réu, não poderá desistir dessa ação.
O princípio da indisponibilidade é uma continuidade do princípio da obrigatoriedade. Por
meio dele, uma vez que o MP tenha ajuizado a ação penal, ele precisa continuar até a sen-
tença, pois não pode desistir da ação penal.

CPP, Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

Apesar de a ação penal ser indisponível, isso não significa que o MP não possa pedir a
absolvição do réu.
A Lei n. 9.099/1995 também traz uma mitigação ao princípio da indisponibilidade. Trata-se
da chamada suspensão condicional do processo (art. 89). Assim, mesmo que o MP já tenha
ajuizado a ação penal, ele poderá propor a suspensão condicional desse processo.
Nessa situação, o MP não está desistindo do processo, mas deixa de dar prosseguimento,
pois estão presentes os requisitos do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.

2.2 Disponibilidade – Na Ação Penal Privada


20m

O querelante (aquele que ofereceu a queixa) pode desistir da ação penal privada inten-
tada. Isso é diferente do que acontece na ação penal pública.

3. Indivisibilidade – Na Ação Penal Privada

De acordo com esse princípio, quando o ofendido for ajuizar uma ação penal privada de
um crime cometido por duas ou mais pessoas, precisará oferecer a queixa contra todos, e não
apenas contra um dos autores do crime. Isso acontece, pois o ofendido não pode escolher
quem processar.

CPP, Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
25m
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a to-
dos se estenderá.
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Ação Penal II
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ATENÇÃO
Pela lógica, a indivisibilidade também se aplica à ação penal pública. Contudo, uma decisão
do STF apontou que o princípio da indivisibilidade não se aplica à ação penal pública. O
Supremo chegou a esse julgado, pois entendeu que não pode condicionar a denúncia do
promotor. Assim, se três pessoas cometeram um crime, mas o promotor só conseguiu
indícios suficientes em relação a apenas um, deve, de imediato, oferecer a denúncia. Assim,
caso posteriormente consiga os indícios com relação aos demais autores, poderá fazer um
aditamento dessa denúncia para inserir os demais.

4. Intranscendência

De acordo com esse princípio, a pena não passará da pessoa do condenado. Ou seja, só
30m quem pode responder por um crime é a pessoa que praticou esse crime.

5. Inércia

O juiz não pode agir de ofício. É preciso que o querelante ou o Ministério Público ajuízem
a ação penal. “Ne procedat iudex ex officio” – o juiz não procede de ofício.

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Direito Processual Penal – Ação Penal III
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DIREITO PROCESSUAL PENAL - AÇÃO PENAL III

Na Ação Penal Pública, os princípios são:


• Obrigatoriedade: uma vez presentes os requisitos legais para tanto, indícios de auto-
ria, materialidade, o Ministério Público não pode escolher se vai ou não entrar com a
ação penal, ele é obrigado fazê-lo ressalvados as hipóteses de persecução penal e de
transação penal.
• Divisibilidade
• Indisponibilidade: O MP não pode desistir da ação penal que tenha proposto.
• Oficialidade: Existe um órgão especial que é o Ministério Público para que passa propor
a ação penal

Na Ação Penal privada, os princípios são:


• Oportunidade: ajuizar a ação penal privada se quiser
• Disponibilidade: pode-se desistir a qualquer momento
• Indivisibilidade
• Princípios da Ação penal

3. Indivisibilidade – na ação penal privada

“Art. 48, CPP. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade."

Quando mais de uma pessoa pratica um crime contra uma outra pessoa e esse crime é de
ação penal privada, a vítima ou processa todos os autores do crime ou ninguém. A vítima não
pode escolher contra quem vai ajuizar a ação. Processa todos ou nenhum.
Se a ação penal privada é ajuizada contra apenas um deles, o juiz precisa ver se a omis-
são foi voluntária. Caso seja, há a renúncia do direito de queixa e ninguém mais vai ser pro-
cessado. Se a omissão foi involuntária, o juiz poderá dar a oportunidade para que se adite a
5m

queixa-crime, incluíndo a outra pessoa.


“Art. 49, CPP. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime,
a todos se estenderá.”
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Direito Processual Penal – Ação Penal III
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4. Intranscendência
Aplicado na ação penal privada e pública.
O princípio da intranscendência dispõe que a pena não passará da pessoa do condenado,
o auto do crime que foi condenado.
Como há a responsabilidade subjetiva, no direito processual penal, só pode ser punido
pela prática do crime a própria pessoa que praticou o crime. Não se pode punir o filho, a mãe.
Se a pessoa praticou um crime e morreu, é uma causa de extinção da punibilidade, o processo
acaba. Exemplo: falecimento de Marisa Letícia, esposa de Lula.

5. Inércia
O juiz não pode dar início a ação penal.
Antigamente, existia a ação penal judicialiforme, pela qual o próprio juiz dava início a ação
penal. Hoje, isso não existe mais a Constituição acabou com isso. A parte tem que dar início a
ação penal, porque, se não der, o juiz nada pode fazer.
Existe a ação penal pública incondicionada, ação penal pública condicionada e ação
penal privada.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA


A ação é condicionada a uma manifestação de vontade do ofendido. Exemplo: crime de
ameaça, só vai existir a ação penal se a vítima manifestar vontade de ver a pessoa proces-
sada. É preciso ir a delegacia, Ministério Público ou juiz para fazer a representação, condição
para que o Ministério Público ajuíze a ação.
Ela continua sendo uma ação penal pública. Isso significa que ela será iniciada por denún-
cia, quem vai escrever a peça inicial e dar sequência a todo o processo é o Ministério Público.
Só o que a vítima faz é dar o início para que o Ministério Público possa atuar.
Conceito de representação – manifestação de vontade inequívoca da vítima ou de seu
10m
representante legal.
– Para o delegado - nos inquéritos de ação pública condicionada só podem ser instaurados
com essa manifestação de vontade.
– Para o Ministério Público (ou ao juiz).
Natureza jurídica: é uma condição de procedibilidade. O Ministério Público só poderá pro-
ceder se houver essa representação.
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Não vincula o MP - O promotor vai analisar o crime para ver se é o caso de denúncia. A
representação não vincula a atuação do MP, que livremente vai analisar a existência de crime
para oferecer ou não a denúncia.

Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com po-
deres especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público,
ou à autoridade policial.
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autori-
dade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da au-
toria.

Representação pode ser feita pelo ofendido ou procurador com poderes especias (constar
na procuração que é para oferecer a representação. A representação pode ser escrita ou oral.
Ela pode ser feita ao delegado, promotor ou juiz.
A representação não precisa de rigores formais, mas se estiver também é válida. Prefe-
15m
rencialmente, a pessoa leva a representação com todos os detalhes possíveis.

DIRETO DO CONCURSO
1. (2018/CESPE/MPE-PI/ANALISTA MINISTERIAL/ÁREA PROCESSUAL) Tércio, servi-
dor público federal em cargo de direção, foi denunciado pela prática de falsificação de
documento público. O oficial de justiça não o localizou em sua residência, tendo citado o
acusado em seu local do trabalho. Apesar de citado, Tércio não constituiu advogado e não
apresentou defesa em juízo. Nessa situação hipotética, dada a ausência de nomeação de
advogado por Tércio, o juiz poderá nomear defensor dativo, o qual terá direito a receber
honorários advocatícios arbitrados pelo julgador.

COMENTÁRIO

§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou,


não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autori-
dade policial para que esta proceda a inquérito.
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§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos


elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo
de quinze dias.

O inquérito, quando se trata de crime apurado por ação penal pública condicionada,
depende da representação para ser instaurado.
Exemplo: crime de ameaça apresentada direto ao promotor com todas as provas para
comprovar não há porque instaurar o inquérito e oferece direto a denúncia.
A representação dispensa rigores formais (STF).
Prazo:

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em
que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo
para o oferecimento da denúncia.

Não se conta o prazo de 6 meses do dia do crime, mas sim do dia em que souber quem é
o autor do crime.
Cabe retratação da representação, ou seja, pode se retratar e retratar da retratação quan-
20m
tas vezes quiser no período de 6 meses desde que não tenha sido oferecida a denúncia.
Depois do período e/ou do oferecimento da denúncia, não se pode mais voltar atrás, exceto a
lei Maria da Penha. Na Lei Maria da Penha, a retratação da representação pode ser feita até
o recebimento da denúncia.
O oferecimento da denúncia é o promotor protocolar no juízo.
O recebimento da denúncia é uma decisão do juiz de receber a denúncia.
Na Lei Maria da Penha, feita a retratação, ela não é automática. O juiz vai designar uma
audiência para saber se a pessoa quer ou não se retratar. A retratação faz com que o processo
acabe, havendo uma extinção da punibilidade.

DIRETO DO CONCURSO
2. (2020/CESPE/TJ-PA/AUXILIAR JUDICIÁRIO) A ação penal pública pode ser incondicio-
nada ou condicionada à representação. Em relação à ação penal pública condicionada à
representação, há a exigência da manifestação do ofendido ou de quem tenha qualidade
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para representá-lo. Acerca da ação penal pública condicionada à representação, assinale


a opção correta.

a. A representação é uma condição de procedibilidade da ação penal, e sua ausência im-


pede o Ministério Público de oferecer a denúncia.
b. Opera-se a decadência da ação penal condicionada à representação se o direito de re-
presentar não for exercido no prazo de seis meses, a contar da data do fato criminoso.
c. O ofendido pode, a qualquer tempo, exercer o direito de se retratar da representação,
sendo a extinção da punibilidade sem resolução de mérito o efeito da retratação.
d. A ação penal pública condicionada à representação é essencialmente de interesse pri-
vado e regida pelos princípios da conveniência e oportunidade.
e. A irretratabilidade da representação inicia-se com a instauração do inquérito policial.

COMENTÁRIO
A afirmação inicial da questão mostra a doutrina do CESPE com relação a acao penal
pública condicionada.
a. A natureza jurídica é uma condição de procedibilidade e sem ela o prmotor não pode
25m
oferecer a denúncia.
b. a contar da data da ciência da autoria.
c. até o oferecimento da denúncia nos crimes normais e se for de violência doméstica até o
recebimento, sem ter havido a decadência dos seis meses.
d. é de interesse público.
e. é com o oferecimento daação da denúncia.

3. (2015/FGV/DPE-RO/ANALISTA DA DEFENSORIA PÚBLICA/ANALISTA JURÍDICO)


Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, essa representação tra-
dicionalmente é classificada pela doutrina como condição especial para o regular exercício
do direito de ação. Sobre a representação e sua relação com as ações públicas condicio-
nadas, é correto afirmar que:

a. salvo disposição em contrário, o ofendido ou seu representante decairá do direito de


representação no prazo de seis meses, contados do dia em que o fato ocorreu;
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b. a representação do ofendido vincula o Ministério Público, que necessariamente terá que


oferecer denúncia;
c. a ausência de representação do ofendido não impede o oferecimento de denúncia, po-
dendo a omissão ser suprida a qualquer tempo antes da sentença final;
d. como regra, a representação independe de formalidades prescritas em lei, cabendo re-
tratação até o momento de ser proferida a sentença;
e. ainda que tenha ocorrido a retratação do direito de representação, o ofendido poderá
oferecer nova representação, desde que respeitado o prazo decadencial.

COMENTÁRIO
a. contado da ciência da autoria.
b. ela não vincula.
c. impede o oferecimento da denúncia.
d. até o oferecimento da denúncia.

4. (2012/FCC/TJ-PE - Técnico Judiciário/Área Judiciária e Administrativa) A representação


do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo, nos casos previstos em lei, é

a. causa de extinção da punibilidade.


b. pressuposto processual de toda ação penal.
c. condição de procedibilidade da ação penal privada.
d. pressuposto processual da ação penal privada.
e. condição de procedibilidade da ação penal pública.

COMENTÁRIO
Sempre uma ação penal pública, nunca privada.

GABARITO
1. c
2. a
3. e
ANOTAÇÕES

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4. e

�E
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Curso TJ/CE - Ação Penal IV
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CURSO TJ/CE – AÇÃO PENAL IV

RELEMBRANDO
AÇÃO PENAL

O inquérito policial é um procedimento administrativo prévio, preparatório, porém não


obrigatório. Não conduz a uma sanção penal, por isso não possui os princípios da ampla
defesa e contraditório. Após realização do inquérito policial (geralmente demandado por conta
de um crime), começa-se a trabalhar com a ação penal. Essa já começa com a formação
de uma relação jurídica de direito pro cessual que envolve o autor da ação, o réu e o juiz
(segundo a teoria da triangulação; ou entre autor e réu, segundo a teoria da angulação).

É importante saber, assim que se começa a trabalhar com ação penal, qual a espécie da
mesma. Isso depende de opção legislativa, quando o legislador prevê os tipos penais, ten-
tando se antecipar à conduta humana e ao que pode constituir crimes. A ação penal é então
pensada analisando se a conduta atinge mais a própria pessoa ofendida ou a coletividade, a
paz social. A partir de tal raciocínio, é decidido se a titularidade da ação penal deve ser:
• Pública: cabe ao MP ajuizar
– condicionada: existe uma condição que pode ser a representação ou a requisição, do
5m ofendido ou de seu representante legal, ao ministro da justiça.
– incondicionada: não há condição para o início da ação.
• Privada: depende do indivíduo (personalíssima) ou do indivíduo e seus sucessores
(exclusiva).
• Acidentalmente privada: apenas se houver omissão do MP no prazo para apresentar a
denúncia. Neste caso, ela surge como possibilidade a partir dos dispositivos constitu-
cional e legal para o ofendido (esse ou seu representante legal podem intentar). Se o
MP solicita o arquivamento do inquérito, essa situação não acontece.
Com relação à ação penal pública condicionada, é preciso destacar alguns pontos importantes:
• A representação não precisa de rigores formais;
• Possui prazo de 6 meses (o prazo é decadencial, e não de prescrição, e é contado da
data em que se descobrir a autoria);
ANOTAÇÕES

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Curso TJ/CE - Ação Penal IV
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• A representação da ação penal pública condicionada pode ser ofertada perante juiz,
promotor ou delegado e é necessária para instaurar o inquérito e posteriormente para
ajuizar a ação. Retratação da representação até oferecimento da denúncia nos crimes
comuns e até o recebimento da denúncia quando se trata de violência doméstica, fami-
liar e contra a mulher.

AÇÃO PENAL PRIVADA


10m
Quando a ação penal é privada?

Quando o legislador disser. Somente se procede mediante queixa. Exemplo: crimes contra
a honra (injúria, calúnia ou difamação, por exemplo).
• Queixa: é a peça que dá início à ação penal privada.
• Prazo para ajuizar a queixa: 6 meses – decadência – conta da data de descoberta da
autoria. Não é como a denúncia, em que o prazo pode ocorrer enquanto não houver
prescrição.

ATENÇÃO
Denúncia: dá início à ação penal pública.
Queixa: dá início à ação penal privada.

O querelante é o ofendido (ou o seu representante) que ajuíza a queixa-crime. Antes do


15m ajuizamento da ação, ele tem o princípio da oportunidade (ajuíza a queixa se for do interesse).
Após o ajuizamento, vigora para o querelante o princípio da disponibilidade (é possível a
desistência da ação penal).

AÇÃO PENAL PÚBLICA PRIVADA

ATENÇÃO
• Princípio da disponibilidade: pode acontecer por meio de dois mecanismos.
ANOTAÇÕES

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Curso TJ/CE - Ação Penal IV
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• Perdão: após o ajuizamento da ação. É bilateral, ou seja, deve ser aceito (se o réu
recusa o perdão, a ação penal continua).
– Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos (princípio da
indivisibilidade), sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
• Renúncia: antes do ajuizamento da ação.
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do
crime, a todos se estenderá (princípio da indivisibilidade).
• Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu
representante legal ou procurador com poderes especiais (a renúncia pode ser tácita).
20m – Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver comple-
tado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último
excluirá o direito do primeiro.

DIFERENÇAS ENTRE RENÚNCIA E PERDÃO


Ação penal privada

RENÚNCIA PERDÃO
Ocorre antes da queixa Ocorre após a queixa
Princípio da oportunidade Princípio da disponibilidade
Unilateral Bilateral
Indivisibilidade Indivisibilidade
Expressa ou tácita

A renúncia tem a ver com o princípio da oportunidade, e o perdão, com o da disponibilidade.


A renúncia é unilateral: como ainda não existe a queixa o ofendido decide sozinho se quer
ou não exercer a ação. O perdão é bilateral por já existir a ação penal.

AÇÃO PENAL PÚBLICA PRIVADA – PEREMPÇÃO

• Cabe apenas neste tipo de ação. Instituto voltado para o processo, formas do processo
da ação penal privada se encerrar de forma atípica.
25m
• Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
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– I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do pro-


cesso durante 30 dias seguidos (abandono);
– II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não com-
parecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (ses-
senta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o dis-
posto no art. 36 (falecimento);
– III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qual-
quer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido
de condenação nas alegações finais (ausência do indivíduo ou falta de pedido
de condenação);
– IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

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preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
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Pretensão Punitiva e Jurisdição
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PRETENSÃO PUNITIVA

Direito Processual Penal como o conjunto de normas destinadas a regular a persecução


do Estado, para que se possa aplicar a pretensão punitiva no caso concreto.
Assim, a pretensão punitiva pode ser entendida como sendo a intenção de se aplicar a
pena ao caso concreto.
Esse direito de punir é exercido pelo Estado por meio de um processo (jus puniendi).

JURISDIÇÃO

Autotutela e Autocomposição

Na autotutela, a pessoa resolve o seu problema sozinha; portanto, não é admitida pelo
Estado. Já na autocomposição, há um acordo entre as partes envolvidas, que resolvem o
seu problema. No processo penal, a transação penal e a suspensão condicional do processo
como exemplos de autocomposição.

Heterotutela

Uma pessoa desinteressada, investida em um cargo por meio de concurso público (juiz),
vai resolver a situação entregue ao Estado.

Jurisdição

É uma espécie de heterotutela, pois é o Estado-juiz que resolve o problema entre as


partes, ou seja, é o Estado-juiz que diz o Direito.

Lide

Conflito de interesses caracterizado por uma pretensão resistida.


Na lide, há um conflito de interesses: direito de liberdade do cidadão x direito de punir do
Estado. Esse conflito deve ser solucionado por meio da jurisdição.
Jurisdição, então, é entendida como a aplicação do direito objetivo ao caso concreto.
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PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO

1. Investidura

Para dizer o Direito, é necessário que exista um juiz, investido no cargo por meio de con-
curso público de provas e títulos; portanto, está regularmente investido no cargo.
10m

2. Aderência ao Território

A jurisdição não é exercida de forma ampla e plena em qualquer lugar. O art. 1º do CPP
dispõe sobre o princípio da territorialidade. Logo, a jurisdição é aderida ao território.

3. Indelegabilidade

O poder que um juiz tem de dizer o Direito, nos casos em que possui jurisdição, não pode
ser delegado a outra pessoa.

4. Inevitabilidade

As partes não podem evitar a jurisdição. Uma vez dito o direito, as partes devem se sub-
meter a ele por meio de uma jurisdição inevitável.

5. Inafastabilidade ou Indeclinabilidade

As pessoas não podem afastar a jurisdição. Quando um crime é praticado, quem dele for
acusado irá se submeter ao processo penal. O direito deve ser aplicado ao caso concreto por
meio do processo penal.

6. Juiz Natural

Quanto a esse princípio, existem dois aspectos centrais que são encontrados na Consti-
15m
tuição Federal de 1988:
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• Ninguém será processado ou julgado senão pela autoridade competente (aspecto de


competência, entendida como medida da jurisdição).
• Vedação aos tribunais de exceção, ou seja, não é possível criar um tribunal após a prá-
tica do fato.

7. Inércia

O juiz deve possuir uma plena imparcialidade, ou seja, o juiz é distante das partes e impar-
cial (não tem interesse em condenar ou absolver). Para que seja garantida essa imparciali-
dade ao juiz, ele não pode iniciar a ação penal. Assim, são as partes que precisam ajuizar a
ação penal para que o juiz possa dizer o direito.
20m
Assim, pelo princípio da inércia, o juiz depende da provocação das partes para que possa
exercer a jurisdição.

DIRETO DO CONCURSO
1. (MPM/2013/MPM/PROMOTOR DE JUSTIÇA MILITAR) Quanto à jurisdição podemos afir-
mar que:
a. A autocomposição ou autotulela constitui um acordo em que ambas as p.artes em litígio
fazem acordo, sem a necessidade da intervenção do Judiciário
b. A substitutividade resulta da cooperação jurisdicional, como no cumprimento de precatórias.
c. A jurisdição necessária decorre de ser o objeto da relação jurídica indisponível.
d. Segundo o princípio da indeclinabilidade não pode o juiz furtar-se de agir quando ciente
da prática da ação criminosa.

COMENTÁRIO
a) Na autotutela não há acordo. Trata-se da imposição da força entre as próprias partes sem
a intervenção do Judiciário.
b) A substitutividade e a cooperação jurisdicional não podem ser aplicadas à jurisdição.
c) No processo penal, a jurisdição é necessária, pois a aplicação de uma pena é indisponível.
d) O juiz não agirá em função do princípio da inércia. A indeclinabilidade é em momento
posterior.
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2. (CESPE/2011/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO) Em relação aos tipos de processo penal e


à jurisdição, assinale a opção correta.
a. Parte da doutrina considera a transação penal exceção à regra da jurisdição necessária,
podendo ser aplicada nas hipóteses de ação penal pública condicionada à representação.
b. O processo penal inquisitivo é sigiloso, escrito, não contraditório e reúne, na mesma
pessoa, as funções de investigar, acusar e defender, ficando apenas o julgamento a
cargo de autoridade distinta e imparcial
c. A Lei n. 11.690/2008, que alterou dispositivos do CPP, ao conceder ao julgador a fa-
culdade de ordenar, de ofício, a produção antecipada de provas urgentes e relevantes,
introduziu o processo inquisitivo no ordenamento jurídico brasileiro
d. No processo penal misto, há uma fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma in-
vestigação preliminar e a uma instrução preparatória, e uma fase final, em que se proce-
de ao julgamento, sem, contudo, assegurar as garantias do processo acusatório
e. Fere o princípio da inafastabilidade da jurisdição, restando caracterizada a negativa de
prestação jurisdicional, o acórdão que, ao receber a denúncia em ação penal originária,
rejeita tese defensiva por demandar aprofundada dilação probatória

COMENTÁRIO
a) A transação penal é apontada como uma exceção à jurisdição necessária, pois pode ser
aplicada antes do ajuizamento da ação penal.
b) O processo penal não é sigiloso, inquisitivo e não contraditório. Na realidade, o processo
penal brasileiro é acusatório, público e garante o contraditório e a ampla defesa.
25m
c) O processo é acusatório e há a possibilidade de que o juiz ordene provas urgentes e
relevantes, conforme art. 156, I, do CPP.
d) No sistema processual penal misto, há uma fase inicial inquisitiva, mas, em seguida, há
uma fase acusatória em que são asseguradas todas as garantias do contraditório (também
chamado de sistema francês).
e) A inafastabilidade da jurisdição significa, para as partes, que uma vez dito o direito, a
parte não pode afastar essa jurisdição.
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GABARITO
1. c
2. a

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Competência
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COMPETÊNCIA

Em primeiro lugar, vale destacar que a competência é uma medida da jurisdição. Os juízes
têm o poder de dizer o direito, contudo, para saber quais os fatos que podem julgar, é preciso
verificar a competência dentro da jurisdição.
Competência – “todo juiz possui jurisdição, mas nem todo juiz possui competência”.
É importante lembrar do princípio do juiz natural e da imparcialidade do juiz.
A competência se divide em dois tipos: absoluta e relativa. Assim, é importante conhecer
as principais diferenças entre elas.

Competência absoluta:
• Não permite prorrogação;
5m • Envolve matéria de interesse público;
• Arguida em qualquer tempo e grau de jurisdição;
• Sua violação importa em nulidade absoluta.

Competência relativa:
• Permite prorrogação;
• Interesse primordial das partes;
• Há momento certo para arguir (normalmente na defesa);
• Sua violação importa em nulidade relativa.

ATENÇÃO
Súmula n. 33 do STJ: "A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”.
Antigamente havia o entendimento de que a súmula acima só era válida para o processo civil.
10m No entanto, hoje prevalece o entendimento de que ela também se aplica ao processo penal.

De acordo com o art. 567 do CPP, a incompetência gera anulação dos atos decisórios,
mas esse dispositivo não versa sobre os atos instrutórios. Em seguida, o STF passou a enten-
der que pode ocorrer a ratificação dos atos decisórios.
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Competência
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HC 83.006/SP STF: possibilidade de ratificação pelo juízo competente inclusive quanto


aos atos decisórios. Tanto a denúncia quanto o seu recebimento, feitos por autoridades
incompetentes rationae materiae, são ratificáveis no juízo competente.

E OS ATOS PROBATÓRIOS EM FACE DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ?

Quando o juiz competente ratifica os atos do juiz incompetente, não haverá violação do
princípio da identidade física do juiz.

Exemplo de fixação da competência:


• Crime de estupro praticado em Brasília/DF.
Justiça comum ou especial? Comum;
Há foro por prerrogativa de função? O réu é um professor de uma faculdade privada do
DF, logo, não há foro especial e o caso vai para a 1ª instância;
Qual o foro competente? Comarca ou circunscrição? Circunscrição de Brasília;
Qual o juízo competente? Vara criminal comum de Brasília.

COMO O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL TRATA DA COMPETÊNCIA?

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:


I – o lugar da infração:
II – o domicílio ou residência do réu;
III – a natureza da infração;
20m IV – a distribuição;
V – a conexão ou continência; (dois ou mais crimes)
VI – a prevenção; (juiz que primeiro atuou no feito)
VII – a prerrogativa de função. (ex.: Presidente da República, Ministro, Juiz, Deputado etc.)

 Obs.: a competência diz respeito a ação penal. Ou seja, não há que se falar em competên-
cia de Delegado de Polícia ou de Promotor de Justiça. A competência é uma medida
da jurisdição, logo, somente pode-se falar em jurisdição para aqueles que podem
dizer o direito. No caso do Delegado de do Promotor fala-se em atribuição e não de
competência, pois eles não possuem o poder-dever de dizer o direito.
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Competência
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Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência
25m
será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente
o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu
resultado.
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição
por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competên-
cia firmar-se-á pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou


mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

 Obs.: os crimes permanentes são aqueles em que a consumação se prolonga no tempo. O


exemplo mais clássico é o sequestro.
30m

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Competência II
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COMPETÊNCIA II

Dando continuidade aos estudos de processo penal, nesta aula será trabalhado sobre
competência. No estudo da competência, sabe-se que ela é uma medida da jurisdição, que
é o poder de dizer o direito, de julgar os casos e dizer se a pessoa está condenada ou absol-
vida. Esse poder é dado a todos os juízes, então a partir do momento em que a pessoa
passa no concurso e é regularmente investida no cargo, ela passa a ter jurisdição. Mas ela
não terá competência sobre todos os casos, apenas uma medida de jurisdição em uma
determinada matéria ou localidade, então a competência é uma pequena medida da jurisdi-
ção dada aos juízes (em que lugar e situação eles poderão dizer o direito). A competência é
tradicionalmente dividida em três, a primeira é a competência em razão da matéria, e será
estudada a seguir.
• Competência material
– Ratione materiae - leva em conta a natureza da infração a ser julgada, como júri,
crimes dolosos contra a vida, crimes ou infrações de menor potencial ofensivo, e
assim por diante.
– Ratione personae -leva em consideração a prerrogativa da função, então não será
levado em consideração o crime propriamente dito, mas a função da pessoa, como
um deputado federal, um governador de estado ou um juiz de direito, pois são cargos
que trazem prerrogativas de função e, portanto, a competência será fixada de forma
diferenciada.
– Ratione loci - competência em razão do lugar em que a infração foi praticada.
Obs.: Lembre-se que a competência material levará em consideração algumas regras ab-
solutas, a matéria propriamente dita, então será falado sobre competência absoluta.

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA


Quando se fala da competência em razão da matéria, ou seja, ratione materiae, ou
também chamada pela natureza da infração, existe a previsão principalmente no art. 74.
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciá-
ria, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
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Competência II
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Salvo a competência do júri, porque este já traz uma previsão constitucional, a Consti-
tuição já traz essa competência do júri para julgar os crimes dolosos contra a vida, então no
art. 74 há previsão de que a competência do júri está excetuada porque tem a previsão na
Constituição Federal de que a competência do júri abrange os crimes dolosos contra a vida.
• Justiça especial: eleitoral, militar, política (crimes de responsabilidade, como por exem-
5m

plo, uma situação de impeachment)


• Justiça comum: estadual e federal (CF, 109: bens, serviços ou interesses da União,
autarquias federais, empresas públicas federais) (perceba que a justiça federal não é
justiça especial ou especializada, mas comum)
– Súmula 38 do STJ (muito cobrada nas provas): “compete a justiça estadual comum,
na vigência da constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda
que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de suas
entidades.
Obs.: A justiça federal, embora seja justiça comum, não julga contravenções penais; essa
competência é da justiça estadual, porque o art. 109 da Constituição, quando traz
a competência da justiça federal, fala apenas de crime, mas não de contravenções.
Logo, a competência para o julgamento de contravenções é da justiça comum esta-
dual.
– Crimes contra bens etc de sociedade de economia mista federal → justiça estadual
(Súmula 42, STJ)
– Crimes contra a fauna – súmula 91 do STJ – justiça federal - cancelada (será, em
regra, competência da justiça estadual, analisado caso a caso).

DIRETO DO CONCURSO

1. (CESPE / 2018 / MPU / ANALISTA DO MPU - DIREITO) Em relação a inquérito policial,


ação penal e competência, julgue o próximo item, de acordo com o entendimento da
doutrina majoritária e dos tribunais superiores.
Havendo a prática de contravenção penal contra bens e serviços da União em conexão
probatória com crime de competência da justiça federal, opera-se a separação dos pro-
cessos, cabendo à justiça estadual processar e julgar a contravenção penal.
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COMENTÁRIO
Item perfeito, de acordo com a Súmula 38 do STJ vista anteriormente, que diz que a justiça
federal não julga contravenção, também chamada pela doutrina de “crime anão”. Então se
houve contravenção com um crime de competência da justiça federal, será separado, o
crime será julgado pela justiça federal, e a contravenção pela justiça estadual. Essa é uma
leitura feita pela Súmula do art. 109 da Constituição.
10m

2. (CESPE / 2013 / PRF / POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Com base no disposto no


CPP e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, julgue os seguintes itens.
Compete à justiça federal processar e julgar a contravenção penal praticada em detri-
mento de bens e serviços da União.

COMENTÁRIO
Item errado, pois sabe-se que a Súmula 38 do STJ afirma que não compete à justiça fede-
ral, então caberá à justiça estadual esse julgamento.

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA


Súmula 122 do STJ: Compete à justiça federal o processo e julgamento unificado dos

crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art.
78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
Imagine um crime de lavagem de capitais e um crime de corrupção. O primeiro é compe-
tência da justiça federal e o segundo é competência da justiça estadual. A Súmula 122 afirma
que devem ser tomados os dois e serem julgados pela justiça federal. Muito embora a justiça
federal seja justiça comum, ela irá exercer a vis atractiva, atraindo o outro processo. Observe
que isso apenas acontece com crimes, porque se for um crime e uma contravenção, serão
separados. Porém, se forem dois crimes, um de competência da justiça federal e outro de
competência da justiça estadual, a federal julga tudo, de acordo com a previsão da Súmula.
• Súmula 140 do STJ (muito cobrada nas provas): Compete à justiça comum estadual
processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.
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Competência II
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Neste caso, não é um crime praticado contra os índios em geral, mas um indígena como
o autor ou como vítima. O simples fato de ele ser índio não atrai a competência da justiça
federal. A Súmula diz que, se um índio de Roraima, por exemplo, praticou um determinado
crime estadual, sem relação com bens e interesses da União, só pelo fato de ele ser índio,
não vai para a justiça federal, o fato de ele ser ou o autor ou a vítima de um determinado
crime não atrai a competência da justiça federal, permanecendo portanto na justiça estadual.
• Júri (sabe-se que a Constituição traz a previsão inicial do júri):
– Crimes dolosos contra a vida: homicídio (121), infanticídio, induzimento, instigação
ou auxílio a suicídio e aborto (um homicídio culposo, por exemplo, vai para o juiz
comum e não para o júri)
Exemplo: João saiu de casa, estava dirigindo com excesso de velocidade, e matou
Roberto, sendo um homicídio culposo. Por excesso de velocidade, imprudente, ele matou
uma pessoa. Neste caso, quem irá julgar João será um juiz de uma Vara Criminal. Mas se
o mesmo João, conduzindo o seu veículo automotor, com intenção de matar (dolo), usa o
seu carro e joga contra o seu desafeto Rodolfo (pode-se saber a intenção através de provas,
testemunhas ou mesmo o depoimento do próprio criminoso), se houve a intenção de matar,
vai para o júri.
15m
– Competência residual: justiça comum estadual (Júri Estadual)
– Se praticado nas hipóteses do art. 109 da CF (contra bens e interesses da União) →
justiça federal (Júri Federal, que existe mas é bem raro).
• Súmula Vinculante 45 (a mais cobrada em concursos sobre esse tema)
• A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerroga-
tiva de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
Por exemplo, a Constituição do Estado de Roraima prevê que os membros da Defensoria
Pública do Estado de Roraima tem prerrogativa de foro e são julgados no Tribunal de Justiça
de Roraima. Não há nenhuma previsão semelhante na Constituição Federal, então o Defen-
sor Público Mário matou sua esposa Roberta. Neste caso, Mário será julgado pelo júri de Boa
Vista, porque o júri é previsto na CF, e a competência do Tribunal de Justiça apenas estava
prevista na Constituição Estadual. Portanto, a Súmula afirma que quando o foro por prerroga-
tiva for previsto apenas na Constituição Estadual, irá prevalecer a competência do júri.
• Justiça militar – crimes militares assim definidos em lei
– Doloso contra a vida praticado por militar contra civil - júri estadual. Se militar federal
– júri federal (mas observe que não é justiça militar, de toda maneira sai a compe-
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Competência II
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tência da justiça militar)


– Doloso contra a vida praticado por militar contra militar – justiça militar (art. 82 da
lei 9299/96)
– Todos os demais crimes militares contra civil – regra geral justiça militar
– Abuso de autoridade praticado por militar – justiça comum (súmula 172 do STJ).
20m

Obs.: Era da justiça comum, pela súmula 172 do STJ, que foi superada pela recente pre-
visão da Lei 13.491/2017, a qual trouxe algumas regras novas, alterando o art. 9º do
Código Penal Militar.

LEI N. 13.491, DE 13 DE OUTUBRO DE 2017.


Art. 1º O art. 9º do Decreto-Lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar (que de-
fine os crimes militares), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 9º..................................................................
I – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, (incluída a Lei 13.869, que
trata do abuso de autoridade) quando praticados:
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri (regra geral).
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil (a situação de lei e ordem, no Rio de Janeiro, foi o que gerou a edição
desta lei), serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto (exceção):
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou
pelo Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou
III –de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atri-
buição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal
e na forma dos seguintes diplomas legais (...)

• Jurisdição política – crimes de responsabilidade (infração político administrativa)


• Julgamento pelo Senado Federal
– CF, art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o
Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem
como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
náutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles.
Obs.: Esse será um julgamento político, não é aplicado e estará como exceção no art. 1º do
Código de Processo Penal, que não é aplicado o CPP, mas sim o Regimento dele.
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Competência II
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COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA


• Foro por prerrogativa de função (e não privilegiado)
• STF:
– nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
República;
– nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado
o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente.
• STJ:
– nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e
nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados
e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e
do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e
os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.
Obs.: Isso é mais cobrado em Direito Constitucional. Imagine que Lauro e Pedro são dois
profissionais que estão em Barreirinhas, no Maranhão,e precisam pegar um avião
para irem trabalhar. Lauro é governador do estado e Pedro é deputado federal. Se o
avião for com destino a Brasília, ou seja, eles vão trabalhar em Brasília, eles serão
julgados no STF, se o avião for em direção à capital do estado, eles serão julgados
pelo STJ. Lauro, governador estadual, deverá pegar um avião para São Luís, pois
é lá que trabalha, logo, será julgado no STJ. Já Pedro é deputado federal e deverá
pegar o avião para Brasília, pois é lá que trabalha, logo, ele será julgado no STF.
25m

3. (CESPE/CEBRASPE / 2011 / TRE-ES / ANALISTA JUDICIÁRIO / ÁREA JUDICIÁRIA


- ESPECÍFICOS) No que concerne às regras de competência que regem o processo
penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Conforme entendimento sumulado do STF, quando o foro por prerrogativa de função
for estabelecido exclusivamente pela constituição estadual, prevalecerá o juízo natural
ANOTAÇÕES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Competência II
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previsto na CF, ou seja, a competência do tribunal do júri, para os crimes dolosos contra
a vida, por exemplo.

COMENTÁRIO
Item correto, de acordo com a súmula estudada, que é a Súmula Vinculante 45, muito co-
brada em concurso.

GABARITO
1. C
2. E
3. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Competência III
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COMPETÊNCIA III

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA

Antigamente, bastava uma pessoa ocupar um cargo dotado de foro por prerrogativa de
função (ex.: deputado estadual) para ter acesso a esse benefício. No entanto, com o tempo, o
STF foi modulando a questão e trouxe alguns critérios para que se faça valer o foro por prer-
rogativa de questão. Alguns deles estão na Questão de Ordem na AP 937/STF:
I – O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas; e
II – Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intima-
5m
ção para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações
penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar
o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.

TRF – Artigo 108, CF/1988: "os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da
Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os mem-
bros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral".

Tribunal de Justiça: membros do MP do estado, juízes estaduais, deputados estadu-


ais nos crimes comuns, PGE, defensor-geral.
Súmula n. 208 do STJ: "Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal
por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal".
Súmula n. 209 do STJ: "Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal".

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:


I – o lugar da infração:
II – o domicílio ou residência do réu;
III – a natureza da infração;
IV – a distribuição;
V – a conexão ou continência;
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Competência III
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VI – a prevenção;
VII – a prerrogativa de função.

10m A competência em razão do lugar também é conhecida como “ratione loci”. Ela é prevista
no art. 69, I, do CPP. O art. 70 do CPP dispõe que a competência será determinada pelo lugar
da consumação do crime, mas também dispõe que nos casos de tentativa, será o lugar do
último ato de execução.

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

CONEXÃO E CONTINÊNCIA

Trata-se de uma modificação da competência em função de haver mais de um crime ou


mais de um autor de um crime.

Improrrogabilidade da Competência

Quando a competência é absoluta, ela é improrrogável. Logo, nela não é possível a apli-
cação da regra de conexão e continência.

Exceção – Competência em Razão do Lugar


15m
Nesses casos, a competência pode se modificar em razão da conexão e da continência.

Hipóteses de modificação de competência:


• Prorrogação voluntária (não acontece no processo penal).
• Prorrogação necessária – conexão e continência.

1. Conexão intersubjetiva:

Infrações praticadas com vínculo em razão dos seus autores (76, inciso I, CPP).
ANOTAÇÕES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Competência III
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• Por simultaneidade – Art. 76, I, primeira parte: se, ocorrendo duas ou mais infrações,
houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas.
• Por concurso – Art. 76, I, segunda parte ou por várias pessoas em concurso, embora
diverso o tempo e o lugar (há um vínculo subjetivo entre os réus).
• Por reciprocidade – Art. 76, I, parte final: ou por várias pessoas, umas contra as outras
(ex.: rixa).

CPP
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por
20m várias pessoas, umas contra as outras;

2. Conexão objetiva, lógica ou teleológica:

CPP
Art. 76. [...]
II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;

Na conexão objetiva, não há uma relação entre os sujeitos, mas entre o objetivo do crime.
A questão é saber a finalidade dos crimes praticados.

3. Conexão instrumental, probatória ou processual:

CPP
Art. 76. [...]
III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na
prova de outra infração.

Na conexão instrumental, a conexão é determinada pela finalidade da prova, o que é inte-


ressante para o processo.

CONTINÊNCIA

Diversamente da conexão, tem-se um só crime.


ANOTAÇÕES

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Competência III
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Por cumulação subjetiva:


Art. 77, inciso I, CPP – duas ou mais pessoas acusadas pela mesma infração.

Por cumulação objetiva:


25m Art. 77, inciso II, CPP: concurso formal de crimes (70, CP) erro na execução (art. 73, CP)
e resultado diverso do pretendido (art. 74, CP).

CONSEQUÊNCIAS DA CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

• Simultaneus processos: reunião de processos.


• Vis attractiva: atrai os demais processos.
• Perpetuatio jurisdicionis: a jurisdição do primeiro juiz que decidiu se perpetua (preva-
lece).

Súmula n. 704, STF: "Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prer-
rogativa de função de um dos denunciados".

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Provas
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PROVAS

As provas têm por objetivo formar o convencimento do juiz acerca da materialidade e da


autoria de um crime.
Vale diferenciar o que são provas, elementos de informação e indícios.
• Provas: são produzidas perante o juiz, com observância do contraditório e da ampla
defesa;
• Elementos de informação: tudo aquilo que disser respeito à infração penal e à sua
autoria, mas que não foi produzido perante o juiz com observância do contraditório e da
ampla defesa. Ex.: “prova” produzida na fase de inquérito policial;
• Indícios: nos termos do art. 239 do CPP, “considera-se indício a circunstância conhe-
cida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a exis-
tência de outra ou outras circunstâncias”.
5m
O Código e Processo Penal trata e diferencia as provas dos elementos de informação:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Re-
dação dada pela Lei n. 11.690, de 2008)

No dispositivo acima, o legislador diferencia a prova do elemento de informação. A prova


é aquilo produzido em contraditório judicial, no entanto, o legislador também irá consideradas
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Todo o restante, que foi produzido fora do juízo, será considerado elemento de informa-
ção. É importante destacar que o elemento de informação, por si só, não poderá conduzir a
uma condenação.
Provas cautelares são aquelas que sofrem risco de perecimento. Ex.: a oitiva de uma tes-
temunha em estágio terminal.
Provas não repetíveis são aquelas que, uma vez realizadas, não podem ser refeitas.
10m Já a prova antecipada é aquela produzida antes do momento adequado. Ex.: “depoimento
sem dano”.

Art. 155. (...) Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restri-
ções estabelecidas na lei civil.
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Provas
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Nesse sentido, para provar que alguém é casado, faz-se pela certidão de casamento. Para
provar que alguém é viúvo, faz-se pela certidão de óbito e para provar a idade de uma pessoa,
faz-se pelo RG.

Possuem status de prova independentemente do momento em que são produzidas:


• Provas cautelares;
• Provas não repetíveis;
• Provas antecipadas.

15m
ÔNUS DA PROVA

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:

 Obs.: nesse sentido, quem alega alguma coisa no processo terá a responsabilidade de
provar. Ex.: o réu alega que não estava no lugar do crime no dia e hora que ele acon-
teceu, logo, precisará provar que efetivamente não estava ali.

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas considera-
das urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
(ex.: “depoimento sem dano”).
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências
para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
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Provas
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SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DAS PROVAS


20m

Existem três sistemas que mostram como o juiz avalia as provas produzidas pelas partes:
• Sistema da íntima convicção: o juiz decide exclusivamente com base no que pensa.
Esse sistema existe, contudo, apenas no júri para os jurados;
• Sistema da tarifação das provas: a confissão é a rainha das provas e são atribuídos
pontos a cada um dos tipos de prova. Esse sistema não é utilizado no Brasil;
• Sistema da persuasão racional: vide art. 155, CPP. O juiz irá apreciar a prova livre-
mente, mas fundamenta a sua razão de decidir.

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Provas – Parte Geral
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PROVAS – PARTE GERAL

PROVAS ILÍCITAS

A Constituição Federal de 1988 traz, em seu art. 5º, inciso LVI, a seguinte prescrição: “são
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
Nesse sentido, a CF/1988 não faz diferença entre provas ilícitas e provas ilegítimas. Ela
apenas dispõe a regra geral e, posteriormente, a lei trabalha as exceções.
Assim, a regra geral é a inadmissibilidade das provas ilícitas.

PROVA ILÍCITA X PROVA ILEGÍTIMA

A doutrina é que faz essa separação.


Provas ilícitas são aquelas obtidas com violação do direito material (penal). Trata-se da
prova obtida mediante a prática de crime (ex.: tortura).
Já as provas ilegítimas são aquelas produzidas com violação à norma de direito proces-
sual. Ex.: quando há busca e apreensão que não seguem o rito estabelecido no CPP.
Nos termos do art. 157 do CPP: “São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do pro-
cesso, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais
ou legais”.
Percebe-se que o CPP não adotou a divisão entre prova ilícita e ilegítima feita pela dou-
trina. Na realidade, o legislador entendeu a prova ilícita como gênero.
5m

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o
nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.

O § 1º do art. 157, CPP, primeira parte, traz a chamada teoria da ilicitude por derivação, ou
como é conhecida “teoria dos frutos da árvore envenenada”. Para essa teoria, não só a prova
considerada ilícita deve ser desentranhada do processo, mas, também, todas as demais que
10m
derivam dela.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Provas – Parte Geral
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A segunda parte do mesmo dispositivo traz a chamada teoria do nexo de causalidade ate-
nuado, também chamada de teoria da “mancha purgada” ou da “tinta diluída”. Isso porque,
quando o nexo de causalidade entre a prova ilícita e as demais provas produzidas a partir dela
for sutil (ou diluído), então essas provas derivadas serão válidas.
Já a parte final do § 1º trabalha a chamada teoria da fonte independente. Se uma prova foi
derivada de outra prova considerada ilícita, contudo, essa mesma prova derivada poderia ser
produzida por outra fonte totalmente independente, então ela será considerada válida.

Art. 157, § 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos
e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto
da prova.

No § 2º do art. 157, o legislador quis conceituar a fonte independente; porém, por um


equívoco, acabou criando uma nova teoria conhecida como teoria da descoberta inevitável.
15m

TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA (ILICITUDE POR DERIVAÇÃO)

Limitações à ilicitude por derivação:


1. Teoria da fonte independente (independente source doctrine).
2. Teoria da descoberta inevitável – Exceção da fonte hipotética independente.
3. Teoria da mancha purgada ou tinta diluída – Nexo de causalidade atenuado.
4. Teoria da exceção da boa-fé – Good faith exception. Requisitos: boa-fé do agente e
crença razoável da conduta do agente.
5. Teoria do encontro fortuito de provas (serendipidade):

Nas interceptações telefônicas validamente determinadas é passível a ocorrência da


serendipidade, pela qual, de forma fortuita, são descobertos delitos que não eram objetos
da investigação originária. (HC 137438 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, jul-
gado em 26/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-133 DIVULG 19/06/2017 PUBLIC
20/06/2017)
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Provas – Parte Geral
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Consequência da ilicitude:

Art. 157, § 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
20m § 4º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sen-
tença ou acórdão. (Vetado)

Atualmente, o juiz que reconheceu a ilicitude continua no processo, devendo proferir


a sentença.

Princípio da liberdade dos meios de prova: regra geral, todas as provas podem ser pro-
duzidas no processo penal.

Sistema da persuasão racional:


• O juiz irá valorar as provas como bem entender; no entanto, precisa motivar as razões
do seu convencimento e não pode fundamentar a sentença condenatória com base
25m exclusivamente nos elementos de informação.
• No caso do júri, para os jurados, prevalece o sistema da íntima convicção.

Vedação das provas ilícitas: teoria da ilicitude por derivação e suas exceções.

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Pacote Anticrime – Provas
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PACOTE ANTICRIME – PROVAS

RELEMBRANDO
O pacote anticrime trouxe uma grande alteração em relação à polêmica figura do juiz das
garantias, além de alterações referentes ao arquivamento do inquérito policial.

PROVAS NO PROCESSO PENAL

• Liberdade dos meios de prova


• Vedação das provas ilícitas
• Persuasão racional

Obs.: Quando falamos em prova no processo penal, precisamos lembrar esses três aspec-
tos essenciais. O princípio da liberdade dos meios de prova não significa que qualquer
tipo de prova pode ser admitida. Um print de Whatsapp, por exemplo, é uma prova
válida. A regra no processo penal é essa liberdade nos meios de prova, ou seja, todas
as provas lícitas podem ser admitidas. No entanto, há uma disposição na Constituição
orientando todo o processo penal, chamada vedação das provas ilícitas (ou princípio
da inadmissibilidade das provas ilícitas). Precisamos interpretar esses dois princípios
de uma forma harmônica e coerente. Isso significa dizer que, no processo penal, to-
das as provas são válidas, exceto as provas ilícitas.

ATENÇÃO
Temos as provas ilícitas em sentido estrito (aquelas que violam normas de direito material,
ou seja, normas que, quando violadas, o agente pratica um crime) e as provas ilegítimas
(aquelas que violam normas de direito processual).

 Obs.: O juiz valora as provas de acordo com o princípio da persuasão racional ou do livre
convencimento motivado. Isso significa que as provas trazidas para o processo penal
5m

não têm uma hierarquia. Quem atribui o valor delas em cada caso é o juiz. Ele valora
cada prova fundamentadamente.
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Pacote Anticrime – Provas
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ATENÇÃO
Não é correto dizer, por exemplo, que a confissão é a "rainha das provas". O juiz dá a
valoração adequada a cada caso.

Pacote anticrime

• Conceito e delimitação da cadeia de custódia;

ATENÇÃO
O dispositivo em vigor não foi suspenso. Os concursos que vierem depois da lei vão cobrar
bastante a questão da cadeia de custódia.

• Destinação de bens apreendidos;

 Obs.: Ex.: o sujeito foi preso por crime de roubo usando um carro, uma arma e uma faca.
Esses bens utilizados no crime são apreendidos. O pacote anticrime tratou da desti-
nação que pode ser dada a eles. Foi um grande avanço. Veremos isso mais adiante.

• “Contaminação” do juiz que reconheceu a inadmissibilidade da prova ilícita.

Alterações do pacote anticrime no direito processual penal

Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as coisas apreendidas serão alienadas nos termos
do disposto no art. 133 deste Código.

Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte ou de outros bens de rele-
vante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima determinada, poderá haver destinação
dos bens a museus públicos.

ATENÇÃO
O Artigo 133 traz o procedimento. Isso é o que cai nos concursos.
ANOTAÇÕES

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Pacote Anticrime – Provas
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Obs.: No exemplo citado anteriormente, o carro, a arma e a faca foram apreendidos. Temos
então, um termo de apreensão desses bens, que ficam vinculados ao inquérito e de-
pois ao processo. Ao final disso, se a sentença foi absolutória, o juiz decide acerca
deles, para definir se serão restituídos ao réu ou não. Se a sentença for condenatória,
a redação é diferente. Isso foi alterado pelo pacote anticrime.

Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do


interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público
cujo perdimento tenha sido decretado.

 Obs.: Nesse caso, o juiz vai determinar a avaliação e venda do carro, da arma de fogo e da
faca, desde que o impedimento tenha sido decretado.
10m

§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não couber ao lesado ou a ter-
ceiro de boa-fé.
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previ-
são diversa em lei especial. (NR)

Obs.: O bem, na maioria das vezes, é apreendido em conjunto com a prisão do réu. No
entanto, apenas na sentença penal condenatória é que se aplicam os dispositivos.
Isso porque é preciso realmente saber o réu é o autor do crime e se o bem era dele.
É necessário, portanto, saber se o bem era produto, instrumento ou proveito do crime.
Com relação ao arquivamento do inquérito, essa é uma questão que se coloca com o
novo pacote anticrime.

Obs.: A lei exige que haja trânsito em julgado da sentença condenatória (art.157), ou seja,
não pode caber nenhum recurso. Na sentença condenatória, o juiz precisa decretar o
perdimento dos bens. Com isso, eles são avaliados e vendidos em leilão público.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Pacote Anticrime – Provas
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ATENÇÃO
O juiz poderá determinar a avaliação e venda de ofício. Isso pode cair muito em provas, pois
o pacote anticrime tirou muito das providências do juiz de ofício. Com essa nova estrutura,
na prisão, por exemplo, o juiz não pode mais decretar uma prisão preventiva de ofício. A
opção do legislador, pelo sistema acusatório, foi de tirar essas providências que o juiz pode
fazer de ofício. No entanto, a determinação da avaliação e venda dos bens apreendidos só
pode ser feita de ofício, por expressa disposição da lei.
15m

Obs.: Por fim, a venda dos bens apreendidos tem uma destinação específica: o lesado (a
vítima), o terceiro de boa-fé e o Fundo Penitenciário Nacional (FPN).

Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado,
apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos
no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Na-
cional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades.

Obs.: Aqui não temos uma sentença condenatória transitada em julgado. Ex.: numa ope-
ração de tráfico de entorpecentes, foram apreendidas, com o réu, armas de grande
potencial ofensivo. O juiz tem um bem apreendido. Se a pessoa estava utilizando uma
arma de uso restrito (apenas para uso da polícia) no crime, o juiz já pode autorizar a
utilização desse bem.

ATENÇÃO
O pacote anticrime autoriza que o juiz determine a utilização do bem apreendido, sequestrado
ou com qualquer outra medida securatória pela polícia, perícia e outros órgãos públicos, para
o desempenho da sua atividade. O bem não pode ser utilizado para atividades recreativas.
além disso, só pode ser utilizado pelo sistema prisional, pelo sistema socioeducativo, pela
Força Nacional de Segurança Pública e pelo Instituto Geral de Perícia.
20m

§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão da infração


penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização.
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Pacote Anticrime – Provas
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Obs.: Já vimos que o art. 133-A traz diversos órgãos que podem utilizar esse bem. O § 1º
dispõe que quem determinou a apreensão tem prioridade.

§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso
do bem pelos demais órgãos públicos.

Obs.: Temos aqui uma cláusula mais aberta.

§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação ou aeronave, o juiz orde-
nará à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório
de registro e licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do paga-
mento de multas, encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização, que
deverão ser cobrados de seu responsável.

Obs.: Até a lei do pacote anticrime, não havia uma previsão semelhante. Agora, se houver a
apreensão de um barco no estado do Amazonas, por exemplo, o juiz pode determinar
que esse barco (antes, instrumento para o crime) seja utilizado, conforme o art. 133-A,
pela polícia. Como se trata de uma embarcação, têm-se aí todos os documentos de
licenciamento perante a Marinha. O juiz manda um ofício para a Marinha, solicitando
que seja expedido um licenciamento e um certificado provisório de registro, mostran-
do que quem vai utilizar o barco não será mais o autor do crime, mas a polícia. O
beneficiário será isento do pagamento de multas.
25m

§ 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de perdimento dos


bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência
definitiva da propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem.”

Obs.: No § 3º, há uma determinação provisória; no § 4º, havendo sentença condenatória, o


juiz pode decretar o perdimento do barco, ressalvado o direito do lesado ou do tercei-
ro de boa-fé, determinando a transferência do barco para a Marinha. Então, antes do
trânsito em julgado, se estamos tratando de aeronave, embarcação ou veículo, o juiz
pode, provisoriamente, determinar a utilização desse bem, para evitar que fique retido
nos pátios, perdendo valor.

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Provas em Espécie
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PROVAS EM ESPÉCIE

PROVA PERICIAL

Em primeiro lugar, é importante destacar que o Brasil não adota o sistema de tarifação das
provas. Logo, todas as provas têm o valor que o juiz der a elas. A prova que irá formar a con-
vicção do juiz é aquela que entender mais importante para o caso concreto.
Por essa razão, a prova pericial (e também as demais provas) tem a mesma importância
das outras, pois tudo dependerá da análise judicial sobre cada uma delas.
A prova pericial é aquela produzida por um perito, ou seja, uma pessoa dotada de conhe-
cimento técnico em uma área específica.
Qualquer área pode ser objeto de perícia, assim, esse perito se torna um auxiliar da Jus-
tiça, que produzirá uma prova para que ela seja juntada nos autos de modo que o juiz possa
valorar essa prova, formar sua convicção e dar a sentença.
O Código de Processo Penal começa a trabalhar a prova pericial a partir do art. 158 e faz
uma separação entre os crimes que deixam vestígios (não transeuntes) e os que não deixam
vestígios (transeuntes).
Um crime que deixa vestígio é aquele que, ao ser praticado, resta algo concreto dessa
infração. Ex.: em um crime de homicídio, o vestígio é o corpo da pessoa que morreu (crime
não transeunte).
Já um exemplo de crime transeunte é a calúnia, pois, uma vez que o autor do crime pro-
fere suas palavras, elas "se vão com o vento". Excepcionalmente, é possível que esse tipo de
crime deixe algum vestígio – por exemplo, quando a calúnia foi gravada –; porém, regra geral,
não deixará vestígio, não poderá ser periciado.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de
crime que envolva: (Incluído dada pela Lei n. 13.721, de 2018)
I – violência doméstica e familiar contra mulher;
II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
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A perícia é indispensável no crime que deixa vestígio. Já no crime que não deixa vestígio,
ela pode acontecer ou não. Além disso, a confissão do acusado não pode suprir a não realiza-
ção do exame de corpo de delito.
A prova pericial é produzida pelo perito, que pode ser um perito oficial (pessoa regular-
mente investida no cargo):

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador
de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008)
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras
10m
de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilita-
ção técnica relacionada com a natureza do exame.

É importante perceber que, em se tratando de perito oficial, basta um. Já se for perito não
oficial, então há a necessidade de duas pessoas idôneas.
Se houver divergência entre as perícias, então será necessário seguir um procedimento
previsto na lei:

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declara-
ções e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade
nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo
exame por outros peritos.

Algo que é muito importante lembrar, principalmente para fins de prova, é a previsão do
art. 182 do CPP:

Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

Assim, o laudo pericial não vincula o juiz.


15m
Vale lembrar que, caso os vestígios tenham desaparecido, o juiz poderá levar em conside-
ração a existência de provas testemunhais:

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios,
a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Crime que deixa vestígio (não transeunte):


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• Regra geral: necessário o exame pericial.


• Se os vestígios desaparecerem: a prova testemunhal pode suprir a falta do exame de
corpo de delito.
• A confissão não pode suprir a falta do exame de corpo de delito.

INTERROGATÓRIO

Possui natureza dúplice, pois é considerado tanto um meio de prova quanto um meio de
defesa, já que o acusado pode dar a sua versão dos fatos.

DIREITO AO SILÊNCIO X DIREITO DE MENTIR?

Vale lembrar que o acusado tem o direito constitucional de não produzir provas contra si
mesmo (direito ao silêncio) e isso deve ser concedido a ele logo no início do processo.
A princípio, o acusado pode mentir em um interrogatório, pois não se pode exigir que o
acusado se autoincrimine falando a verdade. Contudo, esse “poder mentir” não se confunde
com um “direito de mentir”.
Assim, é possível dizer que existe uma tolerância no que diz respeito à mentira, mas ela
tem limites, pois o acusado não pode, com essa mentira, praticar novos crimes.

DIREITO DE ENTREVISTA PRÉVIA COM O DEFENSOR (ARTIGO 185, § 5º)

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal,
será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
[...]
§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista pré-
via e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o
acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio
e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. (Incluído pela Lei n.
11.900, de 2009)

Tanto o acusado quanto o defensor podem abrir mão desse direito à entrevista prévia; con-
tudo, o juiz deve garanti-lo.

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado
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será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de
não responder perguntas que lhe forem formuladas.

O art. 186 divide o interrogatório em duas fases: qualificação e mérito. Na primeira, o


25m juiz identificará o réu; já na segunda, o juiz perguntará sobre o crime. Antes do interrogatório
de mérito, o juiz precisa informar ao réu que ele tem direito ao silêncio e de não responder às
perguntas que forem feitas.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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CONFISSÃO – CPP, ARTS. 197 E SEGUINTES

A confissão do acusado é o reconhecimento da culpa, ou seja, de que o acusado praticou


uma determinada infração penal.
A confissão pode ser plena ou total (quando a pessoa confessa exatamente os fatos que
foram narrados na denúncia) ou parcial, quando o sujeito confessa que praticou apenas uma
parte do crime.
Além disso, a confissão também pode ser classificada como judicial e outra extrajudicial.

CPP, Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos
de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo,
verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.

De acordo com o dispositivo acima não há um valor prefixado para a confissão, ou seja, não
é o fato de que o réu tenha confessado um crime que o juiz será obrigado a condená-lo. A con-
5m fissão, portanto, será avaliada como qualquer prova, não existindo um valor predeterminado.
Nesse sentido, é possível que alguém confesse um crime e, ainda assim, seja absolvido
pelo juiz. Isso pode acontecer, por exemplo, pois o juiz pode entender que o réu confessou
falsamente o crime ao longo do processo penal.
Assim, a confissão é valorada pelo juiz pelo chamado sistema da livre apreciação moti-
vada, que também é conhecido como persuasão racional.

CPP, Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para
a formação do convencimento do juiz.

Conforme o dispositivo acima, se no dia do interrogatório o acusado utiliza o seu direito de


ficar em silêncio, isso não pode ser considerado como uma confissão para o juiz, no entanto,
o juiz pode utilizar essa atitude do réu para formar a sua convicção.

CPP, Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos,
observado o disposto no art. 195.

Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fun-
dado no exame das provas em conjunto.
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Conforme o dispositivo acima, a confissão, quando divisível, não perde o seu valor. Além
10m
disso, uma pessoa pode confessar e, posteriormente, se retratar dessa confissão. Vale lem-
brar que essa retratação pode acontecer quantas vezes o réu quiser, contudo, o juiz é quem
irá valorar essa existência de confissão.

PROVA TESTEMUNHAL

A prova testemunhal é aquela produzida por uma pessoa que viu o crime ou que sabe algo
sobre o crime e, assim, pode colaborar de alguma maneira.
No processo penal toda pessoa pode ser testemunha (vide art. 202, CPP).
Adiante, o CPP traz maiores esclarecimentos acerca das testemunhas:

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor [regra geral]. Poderão, en-
tretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda
que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possí-
15m
vel, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais
e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.

SISTEMA DE INQUIRIÇÃO PRESIDENCIALISTA (ANTES DA REFORMA)


20m

No sistema de inquirição presidencialista, que existia antes da reforma, as partes pergun-


tam ao juiz que, como presidente da audiência, repete a pergunta para a testemunha.
Esse sistema não é mais o adotado. Atualmente, o sistema adotado é o de inquirição
direta, ou seja, as partes perguntam diretamente para a testemunha, sem a necessidade de
intermediação pelo juiz.

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o
juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na
repetição de outra já respondida. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008)
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Assim, nesse novo sistema, o juiz continua sendo um controlador daquele ato, contudo, as
partes não precisam mais perguntar para ele para que o juiz formule a pergunta para a teste-
munha. Aceita-se que a pergunta seja feita diretamente à testemunha.

Art. 212. (...) Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a
inquirição. (Incluído pela Lei n. 11.690, de 2008)

Assim, ao final da inquirição, se o juiz entender que algo não foi bem esclarecido, ele
poderá complementar e fazer novas perguntas. No entanto, isso acabou sendo entendido pela
jurisprudência como sendo uma ordem na inquirição das testemunhas, sendo que essa ordem
25m já está consolidada. Essa ordem é:
• 1º parte que arrolou;
• 2º a outra parte;
• 3º o juiz.
Caso o juiz seja o primeiro a perguntar, segundo a jurisprudência do STJ, é causa de nuli-
dade relativa.

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preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
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PACOTE ANTICRIME – PROVAS II

ATENÇÃO
Nesta aula, trabalharemos com um dispositivo que está suspenso por decisão do ministro
Fux. Mesmo assim, é importante conhecê-lo, pois a Lei n. 13.964, que tratou do pacote
anticrime, entrou em vigor e o § 5º do Código de Processo Penal foi inserido nessa lei.

PROVAS

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

Obs.: Este artigo foi suspenso parcial, não totalmente.

RELEMBRANDO
Nós já tratamos sobre a liberdade dos meios de prova, a inadmissibilidade das provas ilícitas
e a persuasão racional.

Obs.: A parte da ilicitude das provas é constitucional; o CPP regulamenta a questão.

RELEMBRANDO
Quando falamos em provas ilícitas, na verdade, temos uma divisão entre provas ilegítimas
(com violação à norma de direito processual) e provas ilícitas (com violação à norma
material). É dessas que estamos tratando acima.

 Obs.: O legislador não se importou tanto com as diferenças de nomes. Ele simplesmente
5m
trata de provas ilícitas e fala que estas correspondem a qualquer norma que viole as
normas da Constituição ou que sejam ilegais. As provas ilícitas devem ser desentra-
nhadas do processo. O juiz deve reconhecer a ilicitude e a consequência é a determi-
nação do desentranhamento da prova ilícita do processo.
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§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o
nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.

Obs.: Não apenas a prova ilícita será desentranhada, mas ainda as provas derivadas. É a
teoria dos frutos da árvore envenenada, também chamada de ilicitude por derivação.
Ele traz exceções à teoria: quando não evidenciado o nexo de causalidade entre
umas e outras. Ex.: uma pessoa confessou um crime e, durante a confissão, declarou,
por exemplo, que o sapato da vítima estava em determinado lugar. Essa localização
deriva diretamente da confissão, obtida de forma ilícita. No entanto, se houver uma
derivação posterior, em que o nexo vai diminuindo, ocorre o que chamamos de tinta
diluída, de mancha purgada ou de nexo de causalidade atenuado. Nesse caso, a pro-
va é válida.
10m

§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.

Outra teoria é a da fonte independente, ou seja, quando as provas derivadas podem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras. Temos ainda a teoria da descoberta ine-
vitável. Quando a prova poderia ser obtida por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação.

§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada


por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.

Depois de não caberem mais recursos, o juiz determina a inutilização dessa prova.

§ 4º (VETADO)
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sen-
tença ou acórdão.

O juiz que determinou o desentranhamento e a inutilização conheceu o conteúdo da prova,


logo não poderá proferir a sentença ou acórdão.
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ATENÇÃO
O art. 252 do CPP traz as hipóteses de impedimento do juiz, contendo o chamado rol
15m
taxativo, ou seja, somente nas hipóteses deste artigo é que o juiz pode ser impedido. O
legislador trouxe, no parágrafo 5º, uma nova hipótese de impedimento. Sua aplicação foi
suspensa pelo STF. A lei do pacote anticrime foi publicada em 24 de dezembro de 2019,
durante o recesso do Judiciário, quando esse funciona apenas em regime de plantão. No
STF, quem fica nesse plantão é o Presidente do Tribunal. Como o Ministro Toffoli é o atual
presidente do STF, decidiu, no regime de plantão, e suspendeu alguns dispositivos. Depois
disso, no funcionamento normal, todas as ações de inconstitucionalidade foram distribuídas
por sorteio para um relator. Nesse caso, o relator sorteado foi o Ministro Fux. Este, além de
suspender a questão do juiz das garantias por 180 dias, suspendeu outros dispositivos. Foi
o caso do parágrafo 5º.

ATENÇÃO
Essa "contaminação" já havia sido vetada antes no parágrafo 4º, com a mesma redação.

A questão da contaminação do juiz já havia sido tentada na época do Ex-Presidente Lula,


na microrreforma do CPP, que aconteceu entre 2008 e 2009.

Art. 157. (omissis)


§ 4º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sen-
tença ou acórdão.” (NR)

Este parágrafo foi vetado pelo Ex-Presidente Lula. De acordo com ele, prejudicaria a cele-
ridade do processo, pois haveria uma substituição de um juiz que já conhece o processo por
outro, pela simples suposição de que ter contato com a prova ilícita também contamina o juiz,
como exposto na carta exarada por ele, à época:

20m
O objetivo primordial da reforma processual penal consubstanciada, dentre outros, no presente pro-
jeto de lei, é imprimir celeridade e simplicidade ao desfecho do processo e assegurar a prestação
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jurisdicional em condições adequadas. O referido dispositivo vai de encontro a tal movimento, uma
vez que pode causar transtornos razoáveis ao andamento processual, ao obrigar que o juiz que
fez toda a instrução processual deva ser, eventualmente substituído por um outro que nem sequer
conhece o caso.

PEGADINHA DA BANCA
Art. 157, § 5º, e concursos
Se o examinador redigira a questão com: “de acordo com a redação do CPP ou da Lei n.
13.964”, pode-se afirmar que há uma nova causa de impedimento, e que o juiz que tomou
conhecimento e determinou a inadmissibilidade das provas não pode proferir a sentença.
Mas, se a questão pedir a posição do STF ou sobre as razões da suspensão, deve-se
lembrar que o parágrafo 5º está suspenso até a decisão do STF.

25m

�E
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siva deste material.
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PACOTE ANTICRIME – CADEIA DE CUSTÓDIA

RELEMBRANDO
O pacote anticrime trouxe três eixos de atuação principais: Direito Penal, Direito Processual
Penal e Execução Penal. Estamos vendo todo o pacote anticrime em relação ao Direito
Processual Penal. Posteriormente, iremos estudar a atualização em relação ao Direito Penal
e à Execução Penal.

CADEIA DE CUSTÓDIA

Cadeia de custódia não tem nada a ver com prisão. Tem a ver com provas. Cadeia é no
sentido de ligação, do elo, da custódia em relação às provas.

RELEMBRANDO
A primeira alteração ocorre no art. 158.
Diz o caput do artigo 158:

Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indire-
to, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Se o legislador afirma "quando a infração deixar vestígios", trabalha com dois tipos de
infração, essa divisão serve para a prova, para saber se a perícia é necessária ou não.
Ele fala de infração que deixa vestígio (também chamada de não transeunte e que precisa
de perícia) e de infração que não deixa vestígio. No art. 158, temos uma regra muito clara
de que, se uma infração deixa vestígio, a perícia é necessária. No entanto, se os vestígios
desaparecerem, a prova testemunhal pode suprir a falta. O que não pode suprir a falta é a
confissão. Ex.: um homicídio em que o corpo foi carbonizado.
A lei inseriu o art. 158-A no CPP, trabalhando com o conceito de cadeia de custódia.
5m

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes,
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
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A cadeia de custódia é o conjunto de tudo o que diz respeito à história cronológica do ves-
tígio. Ex.: o corpo que foi encontrado num homicídio. O reconhecimento de que se trata do
corpo de um crime até o descarte desse vestígio corresponde à cadeia de custódia.

O PULO DO GATO
O conceito de cadeia de custódia é provável questão de prova. Ele não foi suspenso; está
em pleno vigor.

§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimen-
tos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.

Podemos fazer uma correlação com o início do Código de Processo Penal, no que diz
respeito às atribuições da autoridade policial. No art. 6º, I, temos que, logo que toma conheci-
mento da infração penal, a autoridade policial deve se dirigir ao local dos fatos e garantir que
não haja alterações do estado e da conservação das coisas.

§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da
prova pericial fica responsável por sua preservação.

§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se
relaciona à infração penal.

O PULO DO GATO
É muito provável que o parágrafo terceiro caia na prova.

PEGADINHA DA BANCA
A FGV tem preferência pelos conceitos tratados neste parágrafo.

Todo o objeto que se relacionar à infração penal será considerado vestígio.


10m
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Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:

O art. 158-B trata de como se rastreia o vestígio, que pode ser, por exemplo, num caso de
estupro, restos de sêmen, sinais de agressão no corpo da vítima, lesões na vagina etc. Pri-
meiramente, evita-se que os vestígios desapareçam e então se inicia o rastreamento destes.
Localizando um possível vestígio (no exemplo anterior, um pelo pubiano), o perito verifica se é
ou não vestígio, qual é a natureza etc. O pacote anticrime tratou de todo esse processo.

I – reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da


prova pericial;
15m

Ex.: um crime de estupro numa casa de prostituição. Houve uma queixa e a polícia se
dirigiu ao local. A autoridade policial isola o local e o perito começa o reconhecimento, procu-
rando vestígios. Suponhamos que ele encontre um preservativo. Ele separa, pois se trata de
um elemento para a investigação, e depois distingue o que é e o que não é importante para a
prova do processo.

II – isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambien-
te imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;

A autoridade policial coloca uma fita, impedindo que se altere o estado das coisas. No
exemplo anteriormente citado, não se isola apenas o quarto onde o estupro aconteceu. É
possível que, além do quarto, seja necessário isolar toda a casa de prostituição, ou até uma
parte da rua.

III – fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo
de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou
croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
atendimento;

Este é um conceito não intuitivo. É o momento em que o perito descreve com minúcia os
vestígios isolados reconhecidos. Ele pode ilustrar, não só com o vestígio em si, mas com foto-
grafias do local, filmagens, desenhos etc. É preciso ilustrar o máximo possível. A fixação serve
para a produção do laudo pericial.
IV – coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas ca-
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racterísticas e natureza;

O perito recolhe o vestígio, que será submetido a análise pericial.

V – acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas características físicas,químicas e biológicas, para posterior
análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento;
20m

Um pelo pubiano pode ser colocado numa embalagem plástica; uma gota de sangue deve
ser acondicionada de outra forma. Deve-se anotar a data, a hora e o nome de quem realizou
a coleta e o acondicionamento.

VI – transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequa-
das (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas
características originais, bem como o controle de sua posse;

Momento em que o vestígio será transferido de um local para o outro, fazendo uso das
condições adequadas para tanto. É preciso tirar o vestígio do local onde foi encontrado para o
local em que a perícia será realizada.

VII – recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado
com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária
relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, nature-
za do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu;

A pessoa que fez o reconhecimento, acondicionou e transportou transfere formalmente a


posse do veículo. Essa transferência deve ser documentada, com informações referentes ao
número do procedimento e à unidade de polícia judiciária relacionada.

VIII – processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado dese-
jado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;

Na vigência do artigo 158 sem a alteração da letra A, havia apenas a fase do processa-
mento. Agora, ele traz uma cadeia de custódia, com tudo o que deve ser feito. O processa-
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mento é o mesmo do art. 158 caput: o exame em si, o momento em que o perito examina o
vestígio. Este, por seu turno, poderá ser manipulado por meio de uma metodologia pericial
adequada à sua característica física, química e biológica. Ao final, o perito produzirá um laudo.

IX – armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser


processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vincula-
ção ao número do laudo correspondente;

Depois de feito o processamento, adota-se o procedimento referente à guarda do material


a ser processado em condições adequadas. Isso porque pode haver a necessidade de uma
nova perícia.

X – descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e,


quando pertinente, mediante autorização judicial.’

Fechamos a cadeia de custódia. Antes do pacote anticrime, no art. 158, só se estudava o


processamento. No art. 159, consta a possibilidade de, não havendo perito oficial, realizar-se
a perícia por duas pessoas portadoras de diploma. Depois há, dentre outras questões, a ques-
tão do compromisso dos peritos não oficiais. Tudo isso permanece inalterado. No entanto, não
havia, no Código de Processo Penal, esse passo a passo. Embora houvesse um regulamento
próprio para isso em algumas unidades periciais, não havia uma legislação.
25m

Obs.: A cadeia de custódia abrange tudo isso.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Pacote Anticrime – Cadeia de Custódia
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PEGADINHA DA BANCA
O examinador pode colocar na prova, por exemplo, que o isolamento vem antes do
conhecimento, que o acondicionamento vem depois do transporte etc. É preciso memorizar
a ordem.

A cadeia de custódia tem uma ordem: começa com o reconhecimento do vestígio, passa
pelo isolamento, fixação e coleta. Depois vai para o acondicionamento, para o transporte,
recebimento e para o processamento. A seguir, tem-se o armazenamento e, por fim, des-
carte. O legislador foi detalhado, constituindo um passo a passo que vai do reconhecimento
ao descarte.

Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará
o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realiza-
ção de exames complementares.

ATENÇÃO
Este artigo, com certeza, vai cair em prova.

A coleta é feita, preferencialmente, por perito oficial.

§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como des-
crito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar
a forma do seu cumprimento.

§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais
de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude proces-
sual a sua realização.
ANOTAÇÕES

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Pacote Anticrime – Cadeia de Custódia
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NOVA FIGURA

ATENÇÃO
Não existia essa figura de fraude processual. Ela vem com o pacote anticrime. Vai cair na prova.

Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do
material.

§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma
a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.

§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contami-


nação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações sobre
seu conteúdo.

§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por
pessoa autorizada.

ATENÇÃO
Cuidado com este "só" na hora da prova!

§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de ves-
tígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações
referentes ao novo lacre utilizado.
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Pacote Anticrime – Cadeia de Custódia
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§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.

Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à
guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de
perícia oficial de natureza criminal.

O art. 158-E trata da existência de uma central de custódia e de como ela trabalha.

ATENÇÃO
Leitura obrigatória do art. 158-E.

§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência,
recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a dis-
tribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não
interfiram nas características do vestígio.

§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consignando-


-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.

§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e de-
verão ser registradas a data e a hora do acesso.

§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas,
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da
ação.’

Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, de-
vendo nela permanecer.

Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar de-
terminado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito
do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia
oficial de natureza criminal.
30m
ANOTAÇÕES

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Pacote Anticrime – Cadeia de Custódia
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ATENÇÃO
Na prova de perito, o art. 158, de A a F, com certeza, vai cair. As alterações foram: a criação
de uma central de custódia, a descrição do passo a passo da cadeia de custódia e as
disposições sobre a central de custódia.

O PULO DO GATO
Leitura de lei para fixar os conteúdos estudados nesta aula. Provavelmente, só vão cair
questões diretas, da "lei seca", na prova.

�E
 ste material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Interrogatório do Acusado
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INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

O interrogatório pode ser judicial (quando for feito perante o juiz, garantidos o contraditó-
rio e a ampla defesa) ou extrajudicial.
Além disso, é possível dizer que o interrogatório possui uma natureza dupla, pois será
tanto um meio de defesa para o réu quanto servirá de prova, a favor ou contra o réu. Nesse
sentido, admite-se a tolerância com a mentira (o réu pode mentir no interrogatório, desde que
não pratique um novo crime no momento em que é interrogado).

CARACTERÍSTICAS DO INTERROGATÓRIO

1. Ato personalíssimo: é a própria pessoa que está sendo acusada da prática do crime
quem deve ser interrogada;
2. Ato oral: o interrogatório não pode ser levado por escrito pela pessoa interrogada;
3. Ato não sujeito a preclusão: se o interrogando faltar no dia do interrogatório, isso
não significa que ele não poderá mais ser interrogado, pois isso pode acontecer a qualquer
momento;
5m
4. Ato público: em regra, qualquer pessoa pode assistir ao interrogatório de um réu, salvo
se o juiz entender que se trata de um caso de segredo de justiça;
5. Ato bifásico: é um ato que possui duas fases, são elas: qualificação e interrogatório
de mérito.

 Obs.: durante o interrogatório de mérito, o réu pode utilizar-se do seu direito ao silêncio e
não responder às perguntas feitas pelo juiz. Também é possível que responda a essas
perguntas parcialmente, da maneira que preferir.

MOMENTO DO INTERROGATÓRIO

“PROCESSUAL PENAL. INTERROGATÓRIO NAS AÇÕES PENAIS ORIGINÁRIAS DO


STF. ATO QUE DEVE PASSAR A SER REALIZADO AO FINAL DO PROCESSO. NOVA REDA-
ÇÃO DO ART. 400 DO CPP. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O
art. 400 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei n. 11.719/2008, fixou o
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Interrogatório do Acusado
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interrogatório do réu como ato derradeiro da instrução penal. II – Sendo tal prática benéfica à
10m
defesa, deve prevalecer nas ações penais originárias perante o Supremo Tribunal Federal, em
detrimento do previsto no art. 7º da Lei n. 8.038/1990 nesse aspecto. Exceção apenas quanto
às ações nas quais o interrogatório já se ultimou. III – Interpretação sistemática e teleológica
do direito. IV – Agravo regimental a que se nega provimento.” (STF – AP 528 AgR)

 Obs.: atualmente, o entendimento que prevalece é o de que o interrogatório deve ser o


último ato do processo, em qualquer procedimento, pois isso é considerado mais
benéfico ao réu.

CPP, Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo
penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
§ 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que esti-
ver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público
e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.

Obs.: é importante destacar que a presença do advogado (ou defensor) é válida para o in-
terrogatório judicial. Se esse interrogatório for extrajudicial, por exemplo, o realizado
pelo delegado de polícia, não é necessária a presença do defensor.

§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes,


poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária
para atender a uma das seguintes finalidades:
15m I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade
para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja
possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública.

Obs.: nesse sentido, o interrogatório por videoconferência não pode ser a regra. Se um juiz
precisa realizar o interrogatório por essa via, precisa emitir uma decisão fundamenta-
da e com base em uma das quatro hipóteses do § 2º do art. 185 do CPP, pois, caso
não seja observada essa regra, haverá hipótese de nulidade desse interrogatório.
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Interrogatório do Acusado
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INTERROGATÓRIO DE QUALIFICAÇÃO E DE MÉRITO

CPP, Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o
acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer
calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em
prejuízo da defesa.

Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
§ 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso
ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão
condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
§ 2º Na segunda parte será perguntado sobre:
I – ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
II – não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece
a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas
esteve antes da prática da infração ou depois dela;
III – onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
IV – as provas já apuradas;
V – se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o
que alegar contra elas;
VI – se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se
relacione e tenha sido apreendido;
VII – todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circuns-
tâncias da infração;
20m VIII – se tem algo mais a alegar em sua defesa.

Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser
esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.

 Obs.: nesse sentido, no interrogatório, o juiz será o primeiro a falar. Somente depois que
o juiz faz todas as perguntas ao réu é que abrirá a oportunidade para que as partes
possam esclarecer algo.

Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos
e indicar provas.

Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se
ANOTAÇÕES

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Interrogatório do Acusado
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outras pessoas concorreram para a infração, e quais sejam.


Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente.

 Obs.: se o juiz não cumprir o disposto no art. 191 do CPP, isso poderá acarretar na nulidade
do processo.

Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamen-
tado de qualquer das partes.

DIREITOS

Silêncio
Segundo dispõe o STF, o réu tem o direito de ficar em silêncio, mas não tem o direito de
25m

mentir. Para o Supremo, o que existe é uma tolerância em relação à mentira, desde que ela,
por si só, não caracterize um crime ou uma contravenção penal. (ex.: autoacusação falsa ou
denunciação caluniosa).

Entrevista prévia e reservada:

CPP. Art. 185, § 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de
entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica tam-
bém garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que
esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.

No caso de o acusado ser interrogado por videoconferência se fará necessária a presença


de dois defensores, um em cada ponta dessa comunicação.

 Obs.: vale lembrar que a lei não prevê o tempo para a realização dessa entrevista reservada
entre o defensor e o acusado.

DIRETO DO CONCURSO
1. (MPE-GO/2012/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Com relação a Lei n. 11.900/2009 (que alte-
rou o texto do art. 185 do Código de Processo Penal), que possibilita o uso da videoconfe-
rência, assinale a alternativa correta:
ANOTAÇÕES

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a. Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as par-


tes serão intimadas com 05 (cinco) dias de antecedência
b. A única finalidade prevista pelo legislador para utilização da videoconferência diz res-
peito a prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o
preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o
deslocamento
c. Em nenhuma hipótese o Juiz poderá de ofício realizar o interrogatório do réu preso
por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons
e imagens em tempo real, dependendo obrigatoriamente de provocação do Ministério
Público ou de uma das partes
d. Em qualquer modalidade de interrogatório, o Juiz garantirá ao réu o direito de entrevista pré-
via e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garan-
tido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja
no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.

COMENTÁRIO
a) O prazo correto é de 10 dias.
b) Na realidade, existem outras hipóteses que podem justificar o interrogatório por
videoconferência (vide art. 185, § 2º do CPP).
c) Existe previsão legal para que o juiz determine o interrogatório de ofício.
d) Atenção ao disposto no § 5º do art. 185 do CPP.

CPP, Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
I – ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;
II – ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;
III – ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e
sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de
intérprete.
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será con-
signado no termo.
30m Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamen-
tado de qualquer das partes.
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Interrogatório do Acusado
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DIRETO DO CONCURSO
2. (VUNESP/2014/TJ-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO) Quando o interrogando não
falar a língua nacional, o interrogatório será
a. Feito por escrito, mediante o auxílio de tradutor público juramentado.
b. Feito por meio de intérprete.
c. Fundamentadamente dispensado.
d. Fundamentadamente dispensado, caso haja concordância do defensor.
e. Fundamentadamente dispensado, caso haja concordância da acusação e do defensor.

COMENTÁRIO
De acordo com o art. 193 do CPP, quando o interrogando não falar a língua nacional, o
interrogatório será feito por meio de intérprete.

3. (CESPE/2016/PC-PE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Com relação ao interrogatório do


acusado, assinale a opção correta.
a. O acusado poderá ser interrogado sem a presença de seu defensor se assim desejar e
deixar consignado no termo.
b. Não sendo possível a presença em juízo do acusado preso por falta de escolta para
conduzi-lo, poderá o interrogatório ser realizado por sistema de videoconferência.
c. Mesmo após o encerramento da instrução criminal, a defesa poderá requerer ao juiz
novo interrogatório do acusado, devendo indicar as razões que o justifiquem.
d. Havendo mais de um acusado, eles serão interrogados conjuntamente, exceto se mani-
festarem acusações recíprocas.
e. O interrogatório deve ser realizado no início da instrução criminal, antes da oitiva de
testemunhas de acusação e de defesa.

COMENTÁRIO
a) É necessária a presença do defensor.
b) Essa não é uma hipótese legal para a realização de interrogatório por videoconferência.
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Interrogatório do Acusado
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d) O interrogatório deve ser feito separadamente.


e) O interrogatório é realizado no final da instrução criminal.

GABARITO

1. d
2. b
3. c

�E
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Confissão do Acusado
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CONFISSÃO DO ACUSADO

CONFISSÃO

Confissão é uma possibilidade que pode ocorrer durante o processo ou durante o inquérito
policial. Ela é a admissão, por parte do autor da infração, de fatos que lhe são atribuídos. Ou
seja, é quando a pessoa que praticou o crime admite os fatos que lhes são imputados tanto no
processo quanto no inquérito policial.
No que tange a doutrina, Nucci aponta que se deve

“considerar confissão apenas o ato voluntário (produzido livremente pelo agente, sem qualquer co-
ação), expresso (manifestado, sem sombra de dúvida, nos autos) e pessoal (inexiste confissão, no
processo penal, feita por preposto ou mandatário, o que atentaria contra a segurança do princípio
da presunção de inocência)”.

De acordo com o exposto acima, a confissão deverá ser voluntária, não precisando ser
espontânea. Sobre a diferença entre ato voluntário e ato espontâneo, este surge na cabeça
do agente, enquanto aquela não precisa ter surgido no agente a ideia de confessar. Ou seja,
trata-se de uma orientação e sugestão ao acusado.
A confissão é livre de qualquer coação e de pressão, possuindo ainda uma característica
personalíssima, não podendo nomear um procurador ou preposto para empreender a confis-
são. Logo, o próprio autor do crime necessita confessar.
Quanto à característica especial da confissão, ela é um meio de prova do crime praticado.
No entanto, deve-se estar ciente de que a confissão não é a rainha das provas, tal como se
entendia no passado. Nesse sentido, a confissão não abarca um valor maior do que as outras
provas, e sim um valor probatório igual a outras provas. Assim sendo, não existe hierarquia
5m

entre as provas, conforme o art. 155 do Código de Processo Penal:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório ju-
dicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos
na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada
pela Lei n. 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabe-
lecidas na lei civil. (Incluído pela Lei n. 11.690, de 2008)
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Confissão do Acusado
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Quando às espécies, a confissão ocorre:


1. Quanto ao local ou autoridade perante a qual é feita:
a) Judicial;
b) Extrajudicial.

Confissão judicial ocorre quando é realizada a confissão perante o juiz, em meio da audi-
ência em instrução e julgamento, esta em que o juiz ouvirá a vítima (se houver), as testemu-
nhas arroladas pela acusação e pela defesa, e o interrogatório do réu. Noutro ponto, a confis-
são é uma prova judicial, haja vista que ela será submetida ao contraditório e ampla defesa.
Já a confissão extrajudicial é aquela que ocorre em todos os outros contextos que não seja
em contexto judicial.

2. Quanto aos efeitos, a confissão pode ser:


a) simples;
b) complexa;
c) qualificada.

Confissão simples ocorre quando há somente um fato e o réu resolve confessar esse fato.
A confissão complexa ocorre quando há diversos fatos e, da mesma maneira que a confis-
são simples, o réu resolve confessar os fatos. E a confissão qualificada (a que mais cai em
concurso) ocorre quando o réu confessa os fatos, mas acrescenta situações e fatos que lhe
beneficiam. Por exemplo, imagine que Fulano de Tal roube um carro e que, no interrogatório,
ele confesse o crime. Contudo, Fulano de Tal assevera que o roubo do carro se deu por situ-
10m

ações outras, como, a necessidade de salvar a vida do filho acidentado. Neste caso, teremos
uma confissão qualificada.

ATENÇÃO
A confissão qualificada pode ser usada pelo juiz para formar a convicção na hora da con-
denação. Para tanto, o juiz precisa atenuar a pena do réu. Não utilizando a confissão, o
juiz não atenuará a pena.
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Confissão do Acusado
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3. Quanto à forma, a confissão poderá ser feita de maneira:


a) expressa, escrita ou oral;
b) tácita ou ficta.

A confissão tácita ou ficta não é aceita no Código Processual Penal, uma vez que ela
existe no Processo Civil. Imagine que Fulano de Tal está sendo citado por uma ação civil que
anota o não pagamento do aluguel. Nesse sentido, o dono do imóvel no qual reside Fulano de
Tal ajuíza uma ação de despejo, solicitando o pagamento do valor atrasado e devido. Diante
disso, o Oficial de Justiça citará Fulano de Tal, deixando com ele uma cópia da citação ini-
cial. Assim, se Fulano de Tal não responder essa ação, ele será considerado revel, ou seja, o
citado que não quer se defender. Portanto, no processo civil, o juiz entenderá que Fulano de
Tal confessou fictamente os fatos imputados contra ele.
No caso do Processo Penal, caso o indivíduo acusado de crime de roubo não quiser se
defender quanto ao crime, para este indivíduo será constituída uma defesa obrigatória.
Características da confissão:
• Divisibilidade: o réu pode confessar apenas parte dos fatos.
• Retratabilidade: o réu pode mudar a sua versão dos fatos.

DA CONFISSÃO

Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova,
e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando
se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
15m

Obs.: ou seja, a confissão não vale mais do que outras provas, cabendo ao juiz analisar a
importância da confissão.

Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a
formação do convencimento do juiz.
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, obser-
vado o disposto no art. 195.
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado
no exame das provas em conjunto.
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Confissão do Acusado
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DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/PC-PE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2016) A respeito da confissão, assinale a
opção correta.
a. Será divisível e o juiz poderá considerar apenas certas partes do que foi confessado.
b. Será qualificada quando o réu admitir a prática do crime e delatar um outro comparsa.
c. Tem valor absoluto e se sobrepõe aos demais elementos de prova existentes nos autos.
d. Ficará caracterizada diante do silêncio do reú durante o seu interrogatório judicial.
e. Será irretratável após realizada pelo réu durante o interrogatório judicial e na presença
do seu defensor.

COMENTÁRIO
a) Conforme o art. 200: A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre con-
vencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
b) Trata-se aqui da delação. Já a confissão qualificada é a confissão da prática do crime
em adição a situações que beneficiem o indivíduo.
c) Nem tem valor absoluto e nem se sobrepõe a outras provas.
d) Conforme o art. 198: O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá cons-
tituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
e) A confissão poderá ser retratada, conforme o art. 200 do CPP.

2. (ACAFE/PC-SC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2008) Analise as alternativas a seguir e


assinale a correta.
a. A confissão é divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado
no exame das provas em conjunto.
b. A confissão tem valor preponderante sobre as demais provas, sendo desnecessário que
20m

o juiz a confronte com as demais provas do processo para verificar se entre ela e estas
existe compatibilidade ou concordância.
c. Confissão complexa ocorre quando o confitente confirma o fato a ele atribuído, mas a
ele opõe um fato impeditivo ou modificativo, procurando uma excludente de antijuridici-
dade, culpabilidade ou eximentes de pena.
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Confissão do Acusado
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d. Ocorre confissão ficta ou presumida em processo penal quando o réu, devidamente


citado, deixa o processo correr à revelia.

COMENTÁRIO
a) Conforme o art. 200 do CPP.
b) A confissão terá o valor que o juiz lhe atribuir, por meio do livre convencimento motivado.
c) Trata-se aqui da confissão qualificada.
d) Não há no Processo Penal a confissão ficta.

GABARITO

1. a
2. a

�E
 ste material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Fátima Cavalcanti Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
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Qualificação e Oitiva do Ofendido
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QUALIFICAÇÃO E OITIVA DO OFENDIDO

Dentro do Processo Penal, existem diversos tipos de provas, sendo no ato de audiên-
cia e instrução de julgamento o momento em que será oportuno ao juiz produzi-las. É no
momento de audiência que ocorrerá a qualificação e a oitiva do ofendido (vítima), sendo esse
o primeiro ato.

O PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO E SUAS ETAPAS

A ação penal se desenvolve no procedimento comum ordinário (regra geral). Em primeiro


lugar, tratando-se de uma ação penal pública, haverá o oferecimento da denúncia, que é a
peça inicial pela qual o MP acusa alguém sobre determinado crime. Essa denúncia deverá ser
apresentada pelo juiz, que poderá rejeitá-la ou recebê-la. Quando o juiz receber a denúncia, o
réu será citado para apresentar a resposta à acusação, esta que será dada por um advogado
regularmente registrado na OAB. No momento de chegada da resposta de acusação, o juiz
poderá absolver sumariamente o réu, acabando o processo, ou ele poderá designar a audiên-
cia de instrução e julgamento.
A audiência de instrução e julgamento é um dos atos principais do procedimento penal do
processo criminal, pois nela o juiz ouvirá a vítima, depois as testemunhas de acusação, as
testemunhas de defesa e, em seguida, ele interrogará o réu. Tudo isso é realizado, preferen-
cialmente, na própria audiência.
Terminando a fase de escuta, o juiz perguntará se as partes possuem novas diligências,
conforme o art. 402 do CPP. Não havendo novas diligências, o juiz dará a sentença ou conde-
5m

natória ou absolutória, terminando, então, o processo.

OFENDIDO:

Ofendido é titular do direito lesado ou colocado em perigo (vítima). Dos direitos do ofen-
dido ou vítima, anota-se:
1. Comunicação dos atos processuais relativos ao ingresso e saída do acusado da prisão,
à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham
ou modifiquem (art. 201, § 2º, CPP);
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Qualificação e Oitiva do Ofendido
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2. Direito a ter uma sala reservada, preservando a sua integridade;


3. Preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem;
4. Atendimento multidisciplinar, caso a vítima permaneça absolutamente abalada diante
do perigo a qual ela foi subjugada.
A vítima passa no Processo Penal a ter uma função extremamente importante, podendo
também ser cuidada ao longo do processo, por meio do chamado garantismo integral. Tais
direitos estão centrados na comunicação, cabendo a vítima conhecer acerca dos atos proces-
suais relativos ao acusado. Com efeito, o direito a tal comunicação poderá ser ou não dispen-
sado pela vítima.
10m

Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias
da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por
termo as suas declarações.
§ 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser con-
duzido à presença da autoridade.
§ 2º O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado
da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mante-
nham ou modifiquem.
§ 3º As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se,
por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico.

CONDUÇÃO COERCITIVA:

Trata-se de uma intimação para que a vítima possa ir até a audiência de instrução e julga-
mento. Logo, condução coercitiva é uma condução forçada para quem se recusa a atender o
comando judicial.
Todavia, quem pode ser conduzido coercitivamente? De acordo com o STF, considerando
o direito ao silêncio, o acusado não poderá ser conduzido coercitivamente, não cabendo essa
proibição para vítimas e testemunhas.

Art. 201. (...)


15m § 4º Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para
o ofendido.
§ 5º Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar,
especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor
ou do Estado.
ANOTAÇÕES

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Qualificação e Oitiva do Ofendido
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§ 6º O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e


imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados,
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição
aos meios de comunicação.

DIRETO DO CONCURSO
1. (IBFC/PC-SE/ESCRIVÃO SUBSTITUTO/2014) Com base no que dispõe o Código de Pro-
cesso Penal, no Título “Da Prova”, assinale a alternativa INCORRETA quanto à pessoa
do ofendido:
a. Se, intimado para o fim de ser perguntado sobre as circunstâncias e a autoria da infra-
ção, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido não poderá ser conduzido à
presença da autoridade, pois tem direito à preservação da sua intimidade.
b. O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do
acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos
acórdãos que a mantenham ou modifiquem.
c. Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multi-
disciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, às
expensas do ofensor ou do Estado.
d. O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada,
honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em
relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu res-
peito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.

20m
COMENTÁRIO
a) O ofendido poderá ser conduzido coercitivamente perante o juiz, não cabendo apenas
ao acusado tal condução, haja vista o direito ao silêncio, segundo o entendimento do STF.
Noutro ponto, o direito de preservação da intimidade será tratado no segredo de justiça,
de acordo com o art. 201, § 6º.
b) Conforme o art. 201, § 2º.
c) Conforme o art. 201, § 5º.
d) Conforme o art. 201, § 6º.
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Testemunhas
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TESTEMUNHAS

Em regra, o processo penal será desenvolvido da seguinte maneira: denúncia do réu; cita-
ção do réu; resposta à acusação; e possibilidade de o juiz absolver ou designar a AIJ (audiên-
cia de instrução e julgamento).
No caso da AIJ, em primeiro lugar dever-se-á ouvir a vítima ou o ofendido, depois as tes-
temunhas de acusação, as testemunhas de defesa e o interrogatório do réu.
Toda pessoa pode ser testemunha – CPP, art. 202.

CARACTERÍSTICAS:

Judicialidade: a testemunha depõe perante o juiz;



5m
• Oralidade: é essencial que o depoimento da testemunha seja oral, podendo esta apenas
empreender consultas em apontamentos;
• Objetividade: o depoimento deve ser objetivo, não sendo permitido à testemunha divagar,
devendo ater-se aos fatos e empreender respostas objetivas, sem opiniões pessoais;
• Individualidade: cada testemunha depõe sozinha perante o juiz.
• Retrospectividade: a testemunha irá depor sobre fatos passados.
Na medida em que a testemunha é arrolada pela Justiça, não se observa uma faculdade,
e sim um dever de testemunhar.
10m

DEVERES DA TESTEMUNHA:

• Comparecimento, sob pena de multa, desobediência e condução coercitiva;

Obs.: condução coercitiva ocorre quando a pessoa foi intimada, mas se escusou em com-
parecer.

• Compromisso com a verdade, não possuindo o direito ao silêncio, podendo responder,


caso se exima da verdade, em falso testemunho;
• Informar eventual mudança de endereço, no período de um ano após seu depoimento
(art. 224, CPP).
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Testemunhas
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Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber
e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua
profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou
quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de
sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
15m Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por
escrito.

Obs.: trata-se da característica da oralidade.

Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos
meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.

NÚMERO DE TESTEMUNHAS

O número de testemunhas é variável e dependerá do tipo de procedimento. Para tanto,


observe a tabela abaixo:

Procedimento Número de testemunhas


Comum ordinário 8
Comum sumário 5
Comum sumaríssimo 3
Segunda fase do Júri 5
Lei de entorpecentes 5

O procedimento comum ordinário é o mais recorrente em provas de concurso. Em adição,


o procedimento comum sumaríssimo decorre do JECRIM (Juizados Especiais Criminais).
Convém ainda ressaltar que o número de testemunhas da tabela acima decorre para cada
fato e para cada réu.
20m

CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS

• Numerárias: conforme a tabela cima;


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Testemunhas
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• Extranumerárias (art. 209 CPP);

Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas
pelas partes.
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.
§ 2º Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da
causa.

• Referidas: testemunha referida por outra testemunha;


• Informantes: são aquelas que não prestam o compromisso de dizer a verdade.
25m

RECUSA

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, re-
cusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desqui-
tado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.

Haverá três regras sobre o testemunho:


• Nenhuma testemunha pode se recusar;
• Existem testemunhas que podem se recusar: ascendente ou descendente, o afim em
linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo
do acusado;
• Não pode ser recusar quando o indivíduo for a única testemunha, sendo esta aquela
presente no tópico anterior.

PROIBIDOS DE DEPOR

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profis-
são, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho.
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam
nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso
testemunho.
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espa-
ços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.
30m Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação
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Testemunhas
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falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instau-
ração de inquérito.

Obs.: para apuração de crime de falso testemunho.

Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de
proferir decisão na audiência (art. 538, § 2º), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a
votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial.

ORDEM DE INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o
juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na
repetição de outra já respondida. (Redação dada pela Lei n 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.

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Testemunhas II
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TESTEMUNHAS II

RELEMBRANDO
Em aula anterior, estudamos as principais características das testemunhas, a judicialida-
de, a oralidade, os deveres e o compromisso com a verdade, as eventuais imposições de
sanções, bem como a regra geral, em que todas as pessoas podem ser testemunhas. No
caso do informante, ele poderá ser testemunha, sem a necessidade de dizer a verdade.
Assim, poderá haver a recusa de testemunho por parte da relação de parentesco, bem
como a proibição de depor por causa de profissão, ministério e função.

ATENÇÃO
Recentemente o STF entendeu que é proibida a condução coercitiva do réu em caso de
testemunho. Contudo, cabe a condução coercitiva à vitima e às testemunhas.
5m

CONTRADITA

Quando são parentes do réu, as testemunhas podem se escusar em depor, além de outros
serem proibidos de depor, em razão de função, ministério e profissão. Todavia, as partes, às
vezes, querem impugnar determinada testemunha. No momento em que isso ocorre, há o ins-
trumento chamado contradita para aceitar ou não a testemunha para depor.

Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando
inseparáveis da narrativa do fato.

Obs.: a contradita começará no art. 214.

Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou arguir
circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará con-
signar a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não
Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208.
10m
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Testemunhas II
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Obs. 1: Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e defi-
cientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se
refere o art. 206.

Obs. 2: acolhendo a contradita, o juiz poderá excluir a testemunha ou não deferir o compro-
misso, ouvindo a testemunha como informante.

Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua
residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
15m § 1º A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.

Obs.: a carta precatória busca viabilizar a oitiva de testemunhas sem perder a característica
da judicialidade. Em adição, a solicitação da precatória não suspende o processo,
podendo continuar sem interrupção.

§ 2º Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma
vez devolvida, será junta aos autos.
§ 3º Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por
meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tem-
po real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização
da audiência de instrução e julgamento.

Obs.: se a testemunha morar em outro país, será necessária uma carta rogatória, e não
precatória.
20m

DIRETO DO CONCURSO
1. (VUNESP/MPE-SP/ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2018) Em relação
à prova testemunhal, assinale a alternativa correta.
a. A “testemunha de ouvir dizer” não presta compromisso de dizer a verdade por se tratar
de testemunha indireta.
b. Testemunhas numerárias são as que não prestam compromisso de dizer a verdade.
c. Os parentes do acusado têm apenas a faculdade de depor, mas não o dever de depor
em determinadas circunstâncias.
d. A judicialidade significa que só é prova testemunhal aquela produzida perante o juiz, em
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contraditório.
e. A testemunha presa será ouvida sempre pelo sistema de videoconferência.

COMENTÁRIO
a) “Testemunha de ouvir dizer” é o mesmo que “hear say testimony”, ou seja, uma teste-
munha que não presenciou o crime, e sim apenas ouviu dizer sobre o crime, prestando
compromisso de dizer a verdade.
b) Testemunhas numerárias são aquelas que estão dentro do número legal para cada
procedimento.
c) Conforme o art. 206 (...) salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
d) Prova testemunhal é aquela presente no ato formal, na audiência de instrução e julga-
25m
mento, perante o juiz, com a presença do promotor, do advogado de defesa ou do defensor.
e) O sistema de videoconferência é um sistema excepcional.

2. (FGV/TJ-SC/OFICIAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE/2018) Perante Vara Criminal corre


ação penal em que se investiga a prática do crime de estupro de vulnerável em que figura
como vítima a criança Pâmela. Preocupada com as consequências psicológicas para Pâ-
mela, sua genitora decide que elas devem se mudar para outro estado do país, informando
tal fato ao juízo. No momento da designação da audiência de instrução e julgamento, Pâ-
mela e sua representante legal deverão ser intimadas e poderão ser ouvidas através de:
a. Carta precatória, que impõe a suspensão da instrução criminal;
b. Carta precatória, mas a expedição não suspenderá a instrução criminal;
c. Carta rogatória, que impõe a devida suspensão da instrução criminal;
d. Carta rogatória, mas a expedição não suspenderá a instrução criminal;
e. Edital, ficando a oitiva no processo principal suspensa até o comparecimento delas.

COMENTÁRIO
a) Não impõe a suspensão da instrução.
c) Caberia a carta precatória e sem suspensão da instrução.
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d) Caberia a carta precatória.

3. (FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO/REAPLICAÇÃO/2018) A pessoa está proibida de


testemunhar em processo penal, quando deva guardar segredo em razão de função, mi-
nistério, ofício ou profissão. A proibição restará superada quando
a. Desobrigada do segredo pela parte interessada.
b. Não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas cir-
cunstâncias.
c. A pessoa deixar de exercer a função, ministério, ofício ou profissão que exigia o dever
de guardar segredo.
d. For decretado o sigilo da ação penal e a identidade da testemunha for preservada.
e. A vítima do crime for pessoa vulnerável em razão da idade, deficiência ou doença mental.

COMENTÁRIO
a) Conforme o art. 207 do CPP.
30m

GABARITO
1. d
2. b
3. a

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Reconhecimento de Pessoas e Coisas e Acareação
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RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS E ACAREAÇÃO

Esses dois tópicos são tratados juntos no Código de Processo Penal a partir do artigo 400.

Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas,
interrogando-se, em seguida, o acusado.

 Obs.: a audiência de instrução e julgamento é a audiência principal em que o juiz irá ouvir
tanto a pessoa que praticou o crime, fazendo o interrogatório, como vai ouvir a vítima
e as testemunhas. Nessa mesma audiência, ele pode fazer a acareação e o reconhe-
cimento, mas não é obrigatório, e não acontece em todas as audiências. Porém é uma
faculdade colocada para o juiz de fazer a acareação e o reconhecimento. Só serão
feitas quando o juiz entender que é necessário. Pode caber não só na audiência, mas
também durante o inquérito policial. A outra situação fora da acareação é o reconhe-
cimento de pessoas e coisas.

Na acareação, serão colocadas duas pessoas cara a cara. Será utilizada quando houver
divergência em que cada um fala uma coisa, sejam dois réus, seja o réu e a testemunha,
serão colocados cara a cara para se tentar entender a dinâmica e ver quem está falando
coisa errada.
No reconhecimento, a vítima vai reconhecer o réu ou reconhecer coisa, como a faca usada
no crime, o celular que o réu estava portando, portanto, pode se reconhecer tanto pessoa
quanto coisa.

Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando o juiz
presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, suces-
siva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas
pela acusação.
§ 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o defensor do acusado formulará
as perguntas antes do Ministério Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios
estabelecidos neste artigo.
§ 2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às testemunhas, por intermédio do juiz
presidente.
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Reconhecimento de Pessoas e Coisas e Acareação
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§ 3º As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e


esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas
colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis.

 Obs.: nesse parágrafo se tem a possibilidade de acontecer a mesma coisa no júri. Essa é a
primeira previsão do reconhecimento de pessoas e coisas e no júri. Terá essa previ-
são tanto no procedimento comum como no júri.

DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

O artigo 226 irá tratar do procedimento de como acontece o reconhecimento de pessoas


e coisas. A partir do artigo 226, o legislador vai trazer um rol de como acontece esse reconhe-
5m
cimento. Muita atenção, pois esse rol é uma recomendação de como deve ser feito o reco-
nhecimento. Não é algo que se deva cumprir obrigatoriamente, mas é recomendado que se
cumpra desta maneira:

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela
seguinte forma:
I – a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva
ser reconhecida;

 Obs.: suponha que isso seja feito em juízo, que é o juiz que está fazendo esse reconheci-
mento. Ele irá dizer para a vítima descrever o réu.

II – a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras


que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a
apontá-la;


Obs.: se for em juízo, o juiz irá colocar dois funcionários ou duas pessoas presas que tenham
as mesmas características descritas ao lado do réu, para que seja feito o reconhecimento.

III – se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de in-
timidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a
autoridade providenciará para que esta não veja aquela;


Obs.: o juiz perguntará se a vítima se incomoda de fazer o reconhecimento cara a cara, pre-
sencial. Se ela se incomodar, por ter medo ou se tiver alguma razão para que possa se
intimidar pela pessoa a ser reconhecida, o juiz fará de um jeito que o réu não possa vê-la.
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Reconhecimento de Pessoas e Coisas e Acareação
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Nos fóruns, em regra, tem uma sala de reconhecimento, algumas vezes na própria sala da
audiência. Tem um vidro espelhado pelo qual a pessoa que fará o reconhecimento pode ver o
réu e as demais pessoas, mas eles não conseguem ver a vítima.

IV – do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pes-
soa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.

 Obs.: auto pormenorizado = auto de reconhecimento. Esse auto será assinado por todos.

É recomendado que se siga essa ordem.

Parágrafo único. O disposto no n. III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou
em plenário de julgamento.
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo an-
terior, no que for aplicável.

 Obs.: reconhecimento de objeto = reconhecimento de coisas.

Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de obje-
to, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.

 Obs.: por exemplo: Maria, Laura e Isa irão fazer o reconhecimento de Roberto (réu). Porém,
10m elas farão esse reconhecimento de forma separada para manter a certeza, a rigidez
da prova.

Reconhecimento de Pessoas

Esse reconhecimento irá se direcionar ao réu. Tanto as vítimas quanto as testemunhas


podem proceder ao reconhecimento do réu.

Reconhecimento de coisas → instrumentos usados na prática delituosa e outros.

 Obs.: é o instrumento usado no crime, como por exemplo a faca, mas pode ser outra coisa.
A pessoa viu que o réu tinha um celular muito bonito com uma capa diferente durante
o crime. Não foi o instrumento, mas é algo que ajuda a fazer a prova do crime, uma
prova indiciária. Portanto, pode-se reconhecer os outros objetos também, não precisa
ser necessariamente um instrumento usado para o crime.
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Reconhecimento de Pessoas e Coisas e Acareação
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Ao reconhecimento de coisas, aplica-se o mesmo procedimento do reconhecimento de


pessoas, no que for possível.

Liberdade dos meios de prova → admite-se o reconhecimento fotográfico.

 Obs.: se você for especificamente para a legislação, não irá encontrar sobre o reconheci-
mento fotográfico, pois dispõe sobre o reconhecimento de pessoa, pessoalmente feito
e sobre o reconhecimento de coisas, que são objetos. O fotográfico não irá se enqua-
drar em nenhum desses dois. Nele, irá reconhecer réu, mas não pessoalmente, pois
será por meio de uma fotografia. Se for pela literalidade da lei, parece não ser cabível,
mas é importante pensar num princípio do Processo Penal, um princípio absolutamen-
te importante, que é o princípio da liberdade dos meios de prova. Isso significa que se
pode produzir qualquer tipo de prova, ou seja, as provas são livres, salvo se ilícitas.
A fotografia não é uma prova ilícita é uma prova lícita, é válida. Ela entra no princípio
de liberdade dos meios de prova, portanto é uma prova livre não ilícita e por isso é
admitida.

O reconhecimento fotográfico é feito por meio de uma fotografia, em que no lugar de reco-
nhecer a pessoa pessoalmente seja porque o réu não foi, seja porque o réu fugiu, seja por
qual motivo for, a vítima vai reconhecê-lo por meio de fotografia. A jurisprudência admite isso,
trata-se de prova lícita.

“Nemo tenetur se detegere”

 Obs.: esse termo significa que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
Durante um processo penal, você não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
Pergunta: se o réu não é obrigado a produzir provas contra si mesmo, de acordo com
esse preceito constitucional (que é traduzido no latim, com essa fórmula “Nemo tene-
tur se detegere”), ele é obrigado a participar de seu reconhecimento? Esse princípio
de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo será separado em dois
aspectos:

15m • Comportamento ativo – “facere” – acareação.


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 Obs.: facere = fazer. O primeiro aspecto desse princípio é quando ele exige um fazer, um
comportamento ativo da pessoa. Exemplo: no Código de Trânsito anterior havia uma
previsão de que a pessoa que foi pega dirigindo embriagada era obrigada a soprar o
bafômetro. Percebe que ali, nessa obrigação de soprar, tem-se um comportamento
ativo, no qual tem que fazer algo. Isso aí está dentro do princípio de que ninguém é
obrigado a produzir provas contra si mesmo, logo você não é obrigado a participar. Se
a pessoas tem de participar da reconstituição do crime atuando, ela não é obrigada a
fazer. Agora, toda vez que o comportamento for passivo, for um “no facere”, em que
tiver de ficar parado, a prova poderá ser produzida. No reconhecimento, tem o “no
facere”, em que a pessoa ficará quietinha, não fará nada, vai ficar parada e é a vítima
quem vai fazer, pois o réu não é obrigado a ter nenhum comportamento ativo, portan-
to, o comportamento dele é passivo. Logo, no reconhecimento o réu será obrigado
a participar porque ele não estará produzindo provas contra si mesmo, a prova será
produzida sem nenhuma participação dele.

Quando se tratar de comportamento ativo, no caso da acareação, vai vigorar o princípio de


que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, e, portanto, não vai ser obrigada
a participação do réu.

• Comportamento passivo “no facere” – apenas tolera a realização – reconhecimento.

 Obs.: quando se tratar de comportamento passivo, o “no facere”, o réu apenas tolera a sua
realização, logo haverá essa possibilidade de que o réu participe.

Natureza: meio de prova. É uma das provas que podem ser produzidas por intermédio
desse reconhecimento.
Momento: durante o inquérito ou durante a ação penal. Não se confunde com o
retrato falado.

 Obs.: no retrato falado, não se conhece ninguém. A pessoa é convidada a fazer uma des-
crição do réu e, por intermédio das descrições, o indivíduo que é capacitado para isso
vai fazer um desenho sobre aquela pessoa. A pessoa não está reconhecendo, e o réu
não está sendo colocado prepara a pessoa, ela irá descrever o réu falando as carac-
terísticas. Será feito um retrato a partir da sua fala, por isso é chamado retrato falado.
Portanto, reconhecimento não se confunde com retrato falado.
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Formalidades
1. Art. 226, CPP.
2. Eventuais irregularidades não ensejam nulidade, pois são meras recomendações legais.

 Obs.: se o juiz não colocou, por exemplo, o réu ao lado de outras pessoas porque não
tinham pessoas para colocar ou porque o juiz não achou conveniente, não enseja nuli-
dade, porque o artigo 226 se trata de recomendações. É prudente salutar que sejam
seguidas essas recomendações, porém, não é obrigatório.

DIRETO DO CONCURSO
1. (IBFC/PC-SE/ESCRIVÃO SUBSTITUTO-A/2014) Com base no que dispõe o Código de
Processo Penal, no Título “Da Prova”, assinale a alternativa correta quanto ao reconheci-
mento de pessoas ou coisas.
a. Antes da realização do reconhecimento, é vedado à pessoa que tiver de fazer o reco-
20m nhecimento descrever a pessoa que deva ser reconhecida.
b. A pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, necessariamente, ao lado
de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, sob pena de nulidade da prova.
c. A autoridade deverá obrigatoriamente providenciar para que a pessoa chamada para o
reconhecimento não veja aquela cujo reconhecimento se pretender, evitando-se que,
por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
deve ser reconhecida.
d. Do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade,
pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas pre-
senciais.

COMENTÁRIO
a) Pelo contrário. O artigo 226 recomenda que seja feita essa descrição.
b) O erro está em “necessariamente”. Não é necessariamente e não gera nulidade, porque
é mera irregularidade.
c) O erro está em “obrigatoriamente”.
d) Artigo 226.
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Acareação

É por uma pessoa em presença da outra, face a face, em virtude de declarações divergentes.

 Obs.: se se tem uma declaração divergente de mais de uma pessoa, pode-se colocá-las
face a face para tentar dirimir, resolver essa divergência que foi constatada.

Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemu-
nhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.

 Obs.: basicamente se tem acareação de qualquer pessoa com qualquer pessoa. Duas víti-
mas, duas testemunhas, dois acusados, acusado com testemunha, acusado com
vítima, pode todo mundo, todos os personagens que serão ouvidos na instrução.

ATENÇÃO
Para que seja feita a acareação, é necessário que haja divergência entre elas, se não houver
divergência, não se pode fazer acareação. Mais que isso: além de haver divergência, essa
divergência deve ser sobre ponto relevante.

Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergên-
cias, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presen-
te, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou
observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a teste-
munha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em
que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a
testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só
se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.

 Obs.: o artigo 230 dispõe sobre o que pode acontecer se for necessária a acareação, mas
se uma das pessoas que for fazer acareação não estiver presente. Então, o juiz apre-
senta para a pessoa que está com ele os pontos divergentes, apresenta o que está
25m
divergindo e pede que ela esclareça sua parte. E pode fazer a mesma coisa se tiver a
outra testemunha fora da jurisdição dele, por exemplo, se o juiz está no Distrito Fede-
ral e a outra testemunha no Goiás, ele manda uma precatória para que o juiz do Goiás
faça isso, e ele consiga dirimir essas divergências.
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Pode ser feita


1. entre acusados;
2. entre acusado e testemunha;
3. entre testemunhas;
4. entre acusado e vítima;
5. entre pessoas ofendidas;
6. entre testemunhas e ofendido.

Pressupostos
1. As pessoas a serem acareadas já prestaram suas declarações, no mesmo juízo e sobre
os mesmos fatos.
2. Há divergência sobre ponto relevante nos relatos. Pode ser realizada no inquérito ou na
ação penal.

 Obs.: o delegado é quem faz o inquérito e o juiz é quem faz ação penal.

Pode ser determinada de ofício ou a pedido das partes.

 Obs.: as partes podem dizer ao juiz que teve divergência e solicitar uma acareação. O juiz
analisa se é cabível ou não.

DIRETO DO CONCURSO
2. (FUNCAB/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2013) Quanto à “acareação”, é correto afirmar:
a. Será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre
acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
b. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja
presente, não se poderá efetuar a acareação.
c. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de convergência,
reduzindo-se a termo o ato de acareação.
d. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória, transcrevendo-se as declarações
somente das testemunhas presentes, a fim de que se complete a diligência.
e. As questões atinentes à acareação resolver-se-ão não só pela exceção própria, como
também pelo conflito positivo ou negativo de atribuição.
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Reconhecimento de Pessoas e Coisas e Acareação
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COMENTÁRIO
a) Está de acordo com os termos do Código.
b) Pode sim. O Código prevê que o juiz esclarece quais são as divergências e faz as
perguntas.
c) Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergência...
d) De acordo com o artigo 230, terá de descrever, também, a da testemunha ausente. O erro
está em somente.
e) Isto não existe: conflito positivo ou negativo de atribuição.

ATENÇÃO
É importante ler do artigo 226 ao artigo 230.

GABARITO

1. d
2. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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Documentos e Indícios
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DOCUMENTOS E INDÍCIOS

PROVA DOCUMENTAL: Documentos e indícios (arts. 231 e seguintes do CPP)

A prova é o ápice do processo penal. Tudo no processo penal (condenação ou absolvi-


ção) depende de provas, pois as provas são essenciais ao processo penal.
As provas seguem a lógica da “liberdade dos meios de prova”: a princípio, todas as
provas são admitidas, as nominadas (previstas e nominadas pelo CPP) e as inominadas (são
as provas que não receberam nome pelo processo penal).
A exceção a esse princípio é a vedação das provas ilícitas.
A prova documental e a prova indiciária estão inseridas nas provas nominadas.
O art. 232 do CPP define o que pode ser considerado prova documental.
Art. 231.Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer
fase do processo.

Salvo se houver alguma proibição, em qualquer momento podem ser apresentados docu-
mentos no processo.
Art. 232.Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.

Documento é qualquer escrito, instrumento ou papel, público ou particular (art. 232,


caput, CPP).
Documentos públicos, ex: certidão emitida por Vara Judicial.
Documentos particulares, ex: atestado médico emitido por médica particular.
5m
Entre o documento público e o particular não há valoração especial, ambos possuem o
mesmo “peso”, o mesmo valor.
Objetivo do documento: Objetiva provar um fato ou realizar ato dotado de relevân-
cia jurídica.
Característica essencial: relevância jurídica – possibilidade de vir a gerar consequên-
cias no plano jurídico.
Essa “relevância jurídica” consiste na possibilidade de trazer consequência no mundo
jurídico. Por exemplo, atestado médico que comprova a internação hospitalar do acusado na
data do fato – esse documento gera consequência no ato jurídico.
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Documentos e Indícios
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Esse documento particular precisa ser periciado? A princípio, não. A presunção inicial é
de que esse documento é válido.
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando
contestada a sua autenticidade.

Por exemplo, o acusado juntou o atestado médico aos autos. O promotor não se mani-
festa acerca do documento, deixa de contestar a autenticidade do atestado. Por esse motivo,
o juiz não determinará perícia.
Caso o promotor questione a autenticidade do documento, o juiz submeterá esse docu-
mento à perícia.
10m
Requisitos indispensáveis do documento: verdade e autenticidade.
“Os documentos públicos têm a seu favor a presunção juris tantum de autenticidade (os
servidores públicos gozam de fé pública). Não se pode, assim, negar-se valor a tal prova para
concluir-se coisa diversa do que contém o documento público. O documento particular é autên-
tico quando reconhecido por oficial público, quando aceito ou reconhecido por quem possa
prejudicar e quando provado por exame pericial (CPP, art. 235).” Renato Brasileiro, p. 744
O documento particular passará a ter o mesmo valor de autenticidade do documento
público quando:
1. for autenticado em cartório
2. for aceito pela parte contrária. Quando a parte contrária não impugnar o documento
3. for provado mediante exame pericial
Produção da prova documental: quanto ao momento.
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em
qualquer fase do processo.
Regra geral, em qualquer momento as partes podem apresentar os documentos, salvo os
casos excepcionais previstos em lei, tais como:
a) art. 479 do CPP – não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto
durante o julgamento que não tiver sido juntado com antecedência mínima de 3 dias
úteis, dando-se ciência à outra parte.
b) CPPM, art. 378, caput – não podem ser apresentados documentos se os autos do pro-
cesso estiverem conclusos para julgamento.
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Documentos e Indícios
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Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação
ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes,
para sua juntada aos autos, se possível.

Por exemplo, durante a instrução, o juiz ouve as testemunhas que alegam que o acusado
estuprou a vítima. O acusado foi reconhecido por fotografia. Contudo, uma das testemunhas
afirma que o acusado estava num avião para Salvador, na data do fato. Assim, há notícia da
existência de documento (cartão de embarque), sendo ponto importante para a defesa.
15m
A parte (defesa ou promotor) não precisa pedir, o juiz pode providenciar a juntada aos
autos. O juiz pode determinar o ofício da empresa de aviação para juntada do cartão de
embarque do acusado.
Se o juiz tiver conhecimento de existência de documento que possa auxiliar a esclarecer a ver-
dade dos fatos (favorável à acusação ou à defesa) pode providenciar a juntada desse documento.
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se ne-
cessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade.

 Obs.: esse artigo é muito cobrado em provas de concurso.

Documento em língua estrangeira: o juiz pode juntar imediatamente o documento e, se


necessário, pode nomear um tradutor público para traduzir o documento. Essa tradução não
é obrigatória, caso seja possível entender o conteúdo do documento estrangeiro, a tradução
pode ser dispensada.
20m

INDÍCIOS:
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o
fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

Distinção entre indícios de autoria e indícios do art. 239 (prova indiciária).


a) A prova indiciária (art. 239 CPP) pode conduzir à condenação. Não é mera aparência,
é prova efetiva.
Por exemplo, a condenação do casal Nardoni – não havia prova categórica de quem havia
jogado a Isabela Nardoni (não havia testemunha, nem câmera). Porém, o promotor conse-
guiu provar de que a tese de defesa (terceiro desconhecido havia jogado a menina da janela)
não se sustentava, pois o elevador demorava “x” segundos para fazer o percurso aparta-
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mento - garagem (provado pela perícia). Também foi provado por câmeras e testemunhas
que não havia nenhuma outra pessoa no apartamento, sendo possível concluir por indução
que o casal praticou o homicídio, e que o crime não pode ter sido cometido por outra pessoa.
25m
Essas circunstâncias devem ser: plural (pluralidade de circunstâncias), devem ter relação
entre si e com o fato principal. Devem ser concomitantes e devem gerar razões dedutivas.

• Devem ser plurais


• Devem estar relacionados entre si
• Devem ser concomitantes
• -Devem gerais razões dedutivas

b) Os indícios de autoria (inquérito policial, por exemplo) significam aparência de autoria.

DIRETO DO CONCURSO
1. (FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa)
Acerca da prova no processo penal, é correto afirmar:
a. O único documento idôneo para o reconhecimento da menoridade do réu é a certidão
de nascimento.
b. Se dará o mesmo valor do original à fotografia do documento, devidamente autenticada
c. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para
depor, deverão ser dispensadas.
d. Será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência a testemunha que morar fora da
jurisdição do juiz, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, que suspenderá a
instrução criminal, com prazo razoável, intimadas as partes.
e. O juiz, ainda que tenha notícia da existência de documento relativo a ponto relevante
da acusação ou da defesa, somente poderá providenciar a sua juntada aos autos
mediante requerimento expresso de qualquer das partes.

COMENTÁRIO
Documentos idôneos para o reconhecimento da menoridade do réu: certidão de nasci-
mento, carteira de identidade (RG) etc.
ANOTAÇÕES

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Se dará o mesmo valor do original à fotografia do documento, devidamente autenticada


(art. 232, § único do CPP)
As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor,
serão inquiridas onde estiverem (art. 220 CPP).
Será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência a testemunha que morar fora da juris-
dição do juiz, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, mas isso não suspenderá a
instrução criminal.
O juiz, ainda que tenha notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da
acusação ou da defesa, poderá providenciar a sua juntada aos autos independentemente
de requerimento expresso de qualquer das partes.

2. MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto – Anulada) Sobre as provas


no processo penal, assinale a alternativa incorreta:
a. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com
o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstân-
cias. No sentido narrado, o Código de Processo Penal considera os indícios como
prova indireta.
b. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Dar-se-á prioridade
à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: I -
violência doméstica e familiar contra mulher; II - violência contra criança, adolescente,
idoso ou pessoa com deficiência.
c. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recu-
sarse a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, mesmo
que separado judicialmente ou divorciado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo
do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a
prova do fato e de suas circunstâncias.
d. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão
admitidas em juízo. Entretanto, as cartas poderão ser exibidas em juízo pelo res-
pectivo destinatário, para a defesa de seu direito, devendo constar o consentimento
expresso do signatário, evitando-se a violação da privacidade e a ilicitude da prova
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Documentos e Indícios
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COMENTÁRIO
Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, au-
torize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. No sentido nar-
rado, o Código de Processo Penal considera os indícios como prova indireta (art. 239 CPP).
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Dar-se-á prioridade à realização
do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: I - violência doméstica
e familiar contra mulher; II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
deficiência (art. 158, § único do CPP).
A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-
-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, mesmo que
separado judicialmente ou divorciado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusa-
do, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
e de suas circunstâncias (art. 206).
As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas
em juízo. Entretanto, as cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário,
para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento expresso do signatá-
rio, evitando-se a violação da privacidade e a ilicitude da prova (art. 233, § único do CPP)
30m

GABARITO
1. b
2. d

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Fátima Cavalcanti Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Da Busca e Apreensão
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DA BUSCA E APREENSÃO

Muitas vezes, imagina-se que busca e apreensão são uma coisa só, mas isso não é ver-
dade. Uma coisa é a busca, e outra, a apreensão; podem ser emitidos mandados diferentes
para as duas ações.
Busca: diligência cujo objetivo é encontrar objetos ou pessoas. A busca de objetos envolve,
por exemplo, a arma de um crime, ou um produto de crime (como um carro). Já a busca de
pessoas envolve a procura por um réu foragido, ou uma pessoa que não foi localizada
Apreensão: medida de constrição, colocando sob custódia determinado objeto ou coisa.
Pode haver busca sem apreensão ou apreensão sem busca.
Natureza → meio de obtenção de prova, ou seja, busca-se algo para formalizar alguma
prova ou para que aquilo sirva como prova num inquérito numa futura ação penal.

Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer


das partes.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o
nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa
que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

Obs.: se não puder ser indicado o nome da pessoa, pode-se expedir o mandado de busca
com os sinais que a identifiquem. Por exemplo, pode-se descrever o alvo do mandado
como a pessoa que mora debaixo de determinada ponte, além das descrições físicas
que identifiquem o suspeito .
5m

II – mencionar o motivo e os fins da diligência;

Obs.: deve-se mencionar, por exemplo, que a busca é gerada por um crime X e tem por
finalidade encontrar a arma ou localizar o carro que foi subtraído.

III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
§ 1º. Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.
ANOTAÇÕES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Da Busca e Apreensão
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§ 2º. Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado,


salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

Obs.: esse parágrafo 2º traz um benefício ao defensor do acusado oriundo do direito de defesa.

A partir desse momento, esclarecemos as diferenças entre a busca pessoal e a busca


domiciliar e revisitaremos a iniciativa em relação à busca.
Iniciativa: pode ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
Busca pessoal: é feita em pessoa. Pode ser determinada pela autoridade policial ou pela
autoridade judiciária. Em regra, trata-se da revista.
Busca domiciliar: somente a autoridade judiciária pode expedir o mandado respectivo. Há
um situação diferente que rege a busca domiciliar, pois o artigo 5º, inciso XI, da CF, assegura
que a casa é asilo inviolável do indivíduo. Por esse motivo, somente a autoridade judicial pode
expedir o mandado de busca na residência.

Objeto da Busca Pessoal ou Domiciliar


Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1º. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

Obs.: o termo “para” estabelece as possíveis finalidades de uma busca domiciliar.

a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou
contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados
a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

Obs.: pode-se realizar a busca para encontrar objetos que serão utilizados na própria defe-
sa do réu. Essa é uma possibilidade de busca pedida pela defesa.
ANOTAÇÕES

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Da Busca e Apreensão
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f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja
suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção. § 2º. Proceder-se-á à busca pessoal quando
10m
houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos menciona-
dos nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.

ATENÇÃO
A busca pessoal ocorre:
– por razões de segurança (quando, por exemplo, há uma festa e faz-se necessário realizar
a revista das pessoas presentes);
– por razões de natureza processual penal (quando é necessário encontrar objetos
necessários para a elucidação de crimes).

Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a
busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.

Obs.: há duas situações delicadas que envolvem o artigo 241. Há que se lembrar que o
Código Penal brasileiro é datado de 1941; está, portanto, obsoleto. É verdade que
existem várias leis, chamadas de micro-reforma, ou reforma esparsa do Código de
Processo Penal, as quais atualizam esse dispositivo para a realidade atual, mas isso
não aconteceu com todos os artigos. Um deles é o 241.
 O primeiro problema que ele apresenta é a escrita referente à autoridade judiciária,
pois, na prática, esta não realiza busca pessoalmente. Essa atividade é de atribuição
da autoridade policial e de seus agentes.
 O segundo problema diz respeito ao enunciado “a busca domiciliar deverá ser prece-
dida da expedição de mandado”, pois a busca deve ser precedida de mandado em
todas as situações. Isso ocorre por causa do previso no artigo 5º, inciso XI, da CF:
 Art. 5º, XI, da CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pene-
trar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
ANOTAÇÕES

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 A busca não é caso de flagrante delito, tampouco o desastre e a prestação de socorro.


Logo, a autoridade policial só pode adentrar a casa de alguém mediante determinação
judicial.

Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver
fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis
que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca
domiciliar.

Obs.: a busca pessoal é a revista a fim de que se descubra se a pessoa está ocultando algo
consigo (uma arma, um objeto utilizado para crime, entre outros objetos) que, ou são
provas de infração futura, ou são armas. Nesse caso, não há necessidade de mandado .
15m

Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o
mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.

Obs.: se chegar uma autoridade num residência a fim de cumprir mandado de busca e/ou
de apreensão, é direito do morador pedir o mandado. O documento deve ser assinado
apenas pelo Juiz. Se tudo estiver de acordo com a legislação, e se for dia, é obrigató-
rio deixar a força policial adentrar a casa.
 Se for noite, a execução do mandado só pode ocorrer se o morador da casa autorizar.
A noite, para o Processo Penal, é quando não há sol. Diz que pode ser efetivado o
mandado do amanhecer ao pôr-do-sol.

§ 1º. Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto
da diligência.
§ 2º. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
§ 3º. Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes
no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4º. Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores, devendo,
neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
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§ 5º. Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a
mostrá-la.

Obs.: se, por exemplo, o objeto procurado for uma arma, antes de iniciada a diligência de
busca, a Polícia deve perguntar onde ela está. Se a pessoa entregar de livre e es-
pontânea vontade, termina o mandado de busca e, eventualmente, até de apreensão.
Isso ocorre principalmente nas buscas solicitadas pela defesa .
20m

§ 6º. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e


posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

Obs.: a apreensão acontece quando é localizada a pessoa ou a coisa que se procuram.

§ 7º. Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com


duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.

ATENÇÃO
Ocorre irregularidade quando o auto circunstanciado não é assinado por duas testemunhas.

Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou
prejuízo da diligência.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia,
ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa
ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após,
conforme a urgência desta.

Obs.: imagine que alguém vai cumprir um mandado de busca e de apreensão no Rio de Ja-
neiro. Chegando à casa onde será feita a busca, a pessoa procurada foge. O policial
persegue o fugitivo, que chega ao estado de São Paulo. Por ser seguimento de um
mandado, o agente pode prosseguir com a perseguição mesmo em outra cidade.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. (INAZ DO PARÁ/2019/CORE-SP/ASSISTENTE JURÍDICO) Lucas, Pedro e João são pri-
mos e Pedro está sendo acusado pelo crime de roubo que supostamente cometeu no ano
de 2016, sendo que está foragido da Justiça. Os policiais estão suspeitando que seus
primos estão dando esconderijo a Pedro. Sabendo que Lucas e João residem em um al-
bergue, resolvem fazer busca do foragido no local. Com base no caso hipotético acima, a
busca de Pedro pela polícia
a. poderá ser feita no albergue desde que durante o dia e por determinação judicial.
b. poderá ser feita no albergue, tanto de dia quanto de noite, independente de determina-
ção judicial.
c. poderá ser feito no albergue, em qualquer dia e em qualquer horário, uma vez que não
é considerado domicílio e, sendo assim, não é considerado inviolável, mas para tanto, é
necessário determinação judicial.
d. não poderá ser feita no albergue, por se tratar de propriedade de terceiros, a não ser por
determinação judicial e apenas durante o dia.
e. não poderá ser feita no albergue, por se tratar de propriedade de terceiros, a não ser que
por determinação judicial, em qualquer horário do dia .
25m

COMENTÁRIO
• A questão trata sobre uma busca que acabou se dirigindo a um albergue. Quando a CF
fala sobre a inviolabilidade da casa, não se deve pensar somente em “casa”, mas sim casa
e congêneres. Até um caminhão, quando a pessoa mora dentro dele, pode ser considerado
casa. Casa é, portanto, qualquer lugar em que a pessoa resida.
• Logo, se os primos moram no albergue, este é casa e, para que haja busca nele, é
necessário mandado judicial e que a diligência seja feita durante o dia, salvo se houver
consentimento do morador.
ANOTAÇÕES

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2. (UEG/2013/PC-GO/AGENTE DE POLÍCIA) Sobre a busca e apreensão domiciliar, verifi-


ca-se o seguinte:
a. será determinada pela autoridade policial ou pela autoridade judiciária, que poderá rea-
lizá-la pessoalmente.
b. segundo a Constituição Federal, poderá ser realizada, em casos excepcionais e por
determinação judicial ou policial, durante o repouso noturno.
c. só será realizada em domicílio que se encontrar ocupado, uma vez que a sua inviolabi-
lidade protege, em última análise, o direito à intimidade.
d. proceder-se-á quando fundadas razões a autorizarem para descobrir objetos necessá-
rios à prova de infração ou à defesa do réu.

COMENTÁRIO
• Letra a: essa hipótese abrange o artigo 241, que não foi recepcionado pela CF brasileira.
• Letra b: a busca e a apreensão domiciliar não podem ser determinadas por autoridade
policial e só podem ocorrer durante a noite com o consentimento do morador.
• Letra c: em nenhum lugar há previsão sobre o domicílio ser ocupado ou não.
• Letra d: previsão no artigo 240, e.

3. (CEBRASPE/2013/PC-BA/DELEGADO DE POLÍCIA) Consoante a interpretação doutri-


nária da legislação penal, as buscas e apreensões são consideradas não só meios de
prova, mas também providências acautelatórias da atividade probante (medida cautelar),
podendo ser executadas em qualquer fase da persecução penal.

4. (CESPE/2009/PC-RN/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A medida de busca e apreen-


são pode ser
a. domiciliar, podendo ser realizada durante o dia apenas com o consentimento do morador.
b. domiciliar, podendo ser realizada durante a noite mediante exibição de ordem judicial.
c. pessoal, incluindo a bolsa e todos os pertences da pessoa, somente com ordem judicial.
d. pessoal, mesmo sem mandado, quando houver fundada suspeita de que a pessoa pos-
sua objeto que constitua corpo de delito.
e. domiciliar ou pessoal, desde que por ordem fundamentada da autoridade policial
ou judicial.
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COMENTÁRIO
• Letra a: busca e apreensão, se durante o dia, não dependem de consentimento do morador.
• Letra b: a diligência só pode ocorrer à noite se houver consentimento do morador.
• Letra c: busca pessoal não exige ordem judicial.
• Letra e: não há ordem da autoridade policial para busca domiciliar.

GABARITO
1. a
2. d
3. C

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 ste material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
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A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Interceptação Telefônica
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INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

Assunto estudado dentro de prova, mas que na verdade trata-se de um meio de prova,
ou seja, é um caminho para se obter uma prova efetivamente.
A interceptação das comunicações telefônicas tem inicialmente uma previsão constitu-
cional e posteriormente é tratada também em uma lei de 1996, que agora foi alterada pelo
pacote anticrime.

• Constituição Federal de 1988:

Art. 5º, XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

 Obs.: a inviolabilidade das comunicações telefônicas somente poderá ser violada em caso
de ordem judicial, sendo possível apenas nas hipóteses e na forma que a lei estabe-
lecer. Só há interceptação telefônica em caso de crime, seja durante a investigação,
seja durante a instrução processual.

• Lei n. 9.296/1996:
5m

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em inves-


tigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de
ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto
nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e tele-
mática.

 Obs.: a interceptação telefônica se submete à cláusula de reserva de jurisdição, ou seja,


precisa da autorização de um juiz competente. Note que um promotor ou delegado
podem pedir uma interceptação, mas apenas o juiz pode autorizar. Sem a autoriza-
ção do juiz, a interceptação telefônica é considerada crime.

Existe diferentes formas/modalidades de violar essa interceptação telefônica:


• Interceptação → captação de comunicação telefônica por terceira pessoa, sem o
10m

conhecimento dos envolvidos


ANOTAÇÕES

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Interceptação Telefônica
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• Escuta → captação da comunicação telefônica por terceira pessoa, com o conheci-


mento de um dos interlocutores

 Obs.: comum em sequestros.

• Gravação → captação da conversa por um dos interlocutores

ATENÇÃO
Agora com o pacote anticrime, a Lei n.13.964/2019, houve uma ampliação da Lei n.
9.296/1996 para tratar da captação ambiental. Na captação ambiental não há à princípio
uma interceptação das comunicações telefônicas, pois nesse caso há a colocação de um
gravador ou outro tipo de dispositivo capaz de captar um determinado diálogo entre duas
ou mais pessoas.

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento
da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos, quando:

 Obs.: note que segue tendo a reserva de jurisdição.

I – a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e
II – houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do
dispositivo de captação ambiental. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
15m

 Obs.: a captação ocorre no ambiente onde a conversa de desenvolve e também só poderá


ocorrer nas situações de investigação criminal ou instrução processual. Note que
não pode acontecer em um procedimento cível. Veja que é um meio de prova menos
invasivo do que as interceptações telefônicas. Enquanto para a interceptação telefô-
nica basta que o crime seja punido com reclusão, na captação ambiental é preciso
que a pena máxima superior a 4 (quatro) anos.

§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)


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Interceptação Telefônica
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§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão
judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando pre-
sente atividade criminal permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

 Obs.: note que é o mesmo prazo das interceptações telefônicas. O prazo é de 15 dias
podendo ser renovável infinitamente, logo não há prazo máximo, mas a cada reno-
vação é preciso comprovar que esse meio de prova é necessário e que não há como
fazer em outro dia. Na jurisprudência em tese do STJ, ela autoriza a motivação “per
relationem”, ou seja, quando o juiz simplesmente se refere à motivação trazida pelo
delegado ou pelo promotor na representação.

§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)


§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específi-
ca para a interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
20m

Lei n. 9.296/1996:
É vedada a interceptação telefônica:
1. quando não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
2. quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
3. quando o fato investigado constituir infração penal punida com, no máximo, pena de
detenção.

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

 Obs.: pode ser autor ou partícipe. Se refere à justa causa – junção de indícios de autoria
com a materialidade (infração penal).

II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

 Obs.: é preciso que o delegado ou promotor demonstre para o juiz que aquela prova não
pode ser obtida de outra maneira. Se a prova puder ser obtida por outros meios, não
poderá haver interceptação telefônica.
25m

III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
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Interceptação Telefônica
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 Obs.: cabe interceptação telefônica nos crimes punidos com reclusão, de acordo com a lei.
Se um crime punido com detenção for praticado com um crime punido com reclusão,
na chamada conexão, então será admitida a interceptação.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.

�E
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Interceptação Telefônica II
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INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA II

REQUISITOS DO PEDIDO

1. Ordem judicial fundamentada (reserva de jurisdição): a decisão não pode ser vazia. É
fundamentada no caso concreto e nos requisitos legais. A decisão judicial pautada em inter-
ceptação telefônica é maior, mais contundente e com mais detalhes, pois o juiz precisa com-
provar em sua decisão, sob pena de nulidade, a presença dos requisitos legais;
2. Fins de investigação criminal ou instrução processual penal: uma interceptação pode
ser emprestada para um processo administrativo depois de ter sido realizada. Entretanto, foi
deferida em primeiro lugar em um processo ou um inquérito;
3. Descrição, com clareza, da situação objeto da investigação – “fumus comissi delicti”
(aparência de que houve delito) e “periculum in mora” (risco na demora – é preciso rapida-
mente autorizar a interceptação, sob pena de se perder a prova que está sendo buscada pela
interceptação);
4. Indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devida-
mente justificada (quando o juiz vai autorizar a interceptação telefônica, precisa verificar se
os requisitos estão presentes e o ideal é que os envolvidos estejam devidamente identifica-
dos e qualificados). O juiz pode autorizar só com a alcunha, desde que se comprove que não
é possível qualificar.
5m

DIRETO DO CONCURSO
1. (VUNESP/PC-BA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2018) Nos termos da Lei n. 9.296/1996 (In-
terceptação Telefônica), são, entre outros, requisitos legais da interceptação de comuni-
cação telefônica:
a. autorização de um juiz de direito, quando houver provas suficientes de autoria ou par-
ticipação em crime apenado com reclusão, quando não existir outro meio disponível para
se produzir a prova, objetivando instruir investigação policial ou processo criminal.
b. autorização do juiz a quem compete a ação principal, quando houver indícios razo-
áveis de que o sujeito concorreu para a prática do crime, seja como autor ou partícipe,
quando não existir outro meio disponível para se produzir a prova, nas infrações penais
punidas com detenção ou reclusão, objetivando instruir investigação policial ou processo
criminal.
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c. autorização de um juiz de direito, quando houver indícios razoáveis de que o sujeito


concorreu para a prática do crime, seja como autor ou partícipe, quando não existir outro
meio disponível para se produzir a prova, nas infrações penais punidas com detenção ou
reclusão, objetivando instruir investigação policial ou processo criminal.
d. autorização do juiz a quem compete a ação principal, quando houver indícios razo-
áveis de que o sujeito concorreu para a prática do crime, seja como autor ou partícipe,
quando não existir outro meio disponível para se produzir a prova, nas infrações penais
punidas com reclusão, objetivando instruir investigação policial ou processo criminal
e. autorização do juiz a quem compete a ação principal, quando houver provas suficien-
te de autoria ou participação em crime apenado com reclusão, quando não existir outro
meio disponível para se produzir a prova, nas infrações penais punidas com reclusão,
objetivando instruir investigação policial ou processo criminal.

COMENTÁRIO
Não é possível exigir provas nesse momento (serão necessárias, entretanto, para a
condenação), basta haver indícios razoáveis de autoria ou participação.
Não cabe interceptação das comunicações telefônicas no caso de infração penal punida
com detenção, somente.
10m

2. (VUNESP/PC-BA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2018) A interceptação telefônica (prevista na


Lei n. 9.296/1996) será considerada ilegal quando
a. determinada de ofício pela Autoridade Judiciária.
b. o fato investigado for punido com pena de reclusão de até dois anos.
c. para executá-la, a Autoridade Policial requisitar serviços e técnicos especializados às
concessionárias de serviço público.
d. a interceptação de comunicação telefônica ocorrer em autos apartados.
e. a prova puder ser feita por outros meios disponíveis

COMENTÁRIO
A interceptação pode ser determinada de ofício pela Autoridade Judiciária. Com a Lei
Anticrime, não se pode mais decretar prisão preventiva de ofício.
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A lei só estabelece quantidade na interceptação telefônica em relação à captação ambiental


(até 4 anos).

3. (CESPE/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/2019) Jul-


gue o próximo item, relativos a citação, intimação, nulidade, interceptação telefônica e
prazos processuais.
Não havendo autorização do juízo competente, a interceptação de comunicações telefô-
nicas será prova ilícita.

COMENTÁRIO
Somente o juiz pode autorizar interceptação telefônica.

4. (CESPE/CGE/CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO – ÁREA DE CORREIÇÃO/2019)


De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas
15m
a. poderá ser determinada de ofício por delegado.
b. não será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios disponíveis,
c. será admitida somente nos casos de crimes em que a pena mínima for igual ou supe-
rior a dois anos de detenção.
d. será conduzida por membro do Ministério Público, com vistas ao delegado, que pode-
rá acompanhar os procedimentos.
e. poderá ser prorrogada a cada trinta dias, desde que respeitado o prazo máximo legal
de trezentos e sessenta dias.

COMENTÁRIO
A interceptação telefônica é conduzida pela autoridade policial, e o promotor pode
acompanhar, e pode ser prorrogada a cada 15 dias.

5. (CESPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2019) No que tange a interceptação das comuni-


cações telefônicas e a disposições relativas a esse meio de prova, previstas na Lei n.
9.296/1996, assinale a opção correta.
a. A referida medida poderá ser determinada no curso da investigação criminal ou da ins-
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trução processual destinada à apuração de infração penal punida, ao menos, com pena
de detenção.
b. A existência de outros meios para obtenção da prova não impedirá o deferimento da
referida medida.
c. O deferimento da referida medida exige a clara descrição do objeto da investigação,
com indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta justifica-
da.
d. A utilização de prova obtida a partir da referida medida para fins de investigação de
fato delituoso diverso imputado a terceiro não é admitida.
e. A decisão judicial autorizadora da referida medida não poderá exceder o prazo máxi-
mo de quinze dias, prorrogável uma única vez pelo mesmo período.

COMENTÁRIO
Prova emprestada em caso de interceptação das comunicações: prova retirada do processo
original em que foi autorizada e emprestada para outro. Se todos os requisitos legais foram
autorizados, uma vez deferida pode ser usada como prova emprestada.
20m
O prazo da interceptação das comunicações pode ser prorrogado por sucessivas vezes,
sempre a cada 15 dias.
A interceptação é uma medida restritiva de direito fundamental. A comunicação telefônica
tem sigilo dado pela CF. Ao se interceptar comunicação telefônica, está ocorrendo restrição
de direito fundamental do acusado, e para que ela ocorra, a CF e a lei exigem que haja a
reserva de jurisdição.

ATRIBUIÇÃO

Art. 3º A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento:
I – da autoridade policial, na investigação criminal;
II – do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual pe-
nal.
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 Obs.: mesmo com a lei anticrime, o juiz continua podendo determinar a interceptação das
comunicações telefônicas de ofício. A autoridade policial não pode solicitar intercep-
tação após oferecida a denúncia. O MP pode requerer a qualquer momento.

PROCEDIMENTO

Art. 4º O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a


sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem em-
pregados.
§ 1º Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo.
25m § 2º O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido.

 Obs.: os prazos para o juiz, em regra, são impróprios, ou seja, se não forem observados,
não há consequência de nulidade para o processo.

GABARITO
1. c
2. e
3. C
4. b
5. c

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Interceptação Telefônica III
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INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA III

Procedimento

Art. 6º Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dan-


do ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.

 Obs.: a condução é feita pela polícia, mas, segundo a jurisprudência, não é necessaria-
mente a Polícia Civil.

§ 1º No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determina-


da a sua transcrição.

 Obs.: quando uma interceptação é autorizada, ela é, em regra, gravada. Ao final do proce-
dimento, é transcrita, mas não é necessário transcrever todo o conteúdo, bastam os
trechos mais importantes.

§ 2º Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,


acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
Art. 8º A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apar-
tados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo
das diligências, gravações e transcrições respectivas.

 Obs.: a interceptação para ajudar no processo criminal é feita em autos apartados (é preci-
so outro processo), mas eles “caminham” juntos (existe um volume para o processo
principal e outro para a interceptação. O da interceptação é sigiloso enquanto ela
mesma está acontecendo. Após o término, o juiz competente do caso pode dar uma
decisão que levante o sigilo, ou seja, torne público).
5m

Art. 9º A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inqué-
rito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
parte interessada.

 Obs.: ex.: uma pessoa foi gravada por 30 dias. Em 5 deles, tratou do crime, os outros 25
não tinham relação. Essa parte pode ser destruída.
ANOTAÇÕES

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Interceptação Telefônica III
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Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo faculta-
da a presença do acusado ou de seu representante legal.

Crime

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou te-
lemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou
com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de con-
duta prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei.
10m Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para in-
vestigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)

 Obs.: é crime se for uma terceira pessoa realizando a captação.

§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo
das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações en-
quanto mantido o sigilo judicial.

 Obs.: somente o juiz pode levantar o sigilo.

DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/SEFAZ-RS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZENDÁRIO/2018) Nas hipó-
teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal, a quebra do sigilo de comunicações telefônicas pode ser determinada
a. pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público.
b. pelo Poder Judiciário, somente.
c. por autoridade policial e pelo Ministério Público.
d. pela fiscalização tributária, somente.
e. pelo Ministério Público, somente.
ANOTAÇÕES

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Interceptação Telefônica III
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2. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL/2018) Com referência


à interceptação de comunicação telefônica, ao crime de tráfico ilícito de entorpecentes,
ao crime de lavagem de capitais e a crimes cibernéticos, julgue o seguinte item.
A interceptação da comunicação telefônica poderá ser realizada de ofício pela autoridade
policial desde que o IP tenha como objetivo investigar crime hediondo, organização crimi-
nosa ou tráfico ilícito de entorpecentes.

COMENTÁRIO
Exige-se reserva de jurisdição na interceptação telefônica.

3. (VUNESP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2018) Diante de uma investigação po-


licial de um crime apenado com detenção, e verificando a necessidade de interceptação
da comunicação telefônica, é correto afirmar que
a. não deverá ser solicitada ao Poder Judiciário, pois não é admitida nos crimes apena-
dos por detenção.
b. a autoridade policial deverá requerer ao Poder Judiciário que a decretará por prazo não
superior a 20 (vinte) dias.
15m
c. poderá ser decretada pela autoridade policial pelo prazo de 20 (vinte) dias, sendo ne-
cessária a remessa da documentação ao Ministério Público para fiscalização da atividade
policial.
d. poderá ser solicitada ao Poder Judiciário, mesmo na hipótese de a prova ter possibili-
dade de ser realizada por outros meios disponíveis.
e. a autoridade policial deverá requerer ao Ministério Público que a decretará por prazo
não superior a 20 (vinte) dias.

COMENTÁRIO
A interceptação telefônica tem como prazo máximo 15 dias, não pode ser decretada por
autoridade policial e, caso a prova possa ser obtida por outros meios, não cabe interceptação.
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4. (INSTITUTO AOCP/ITEP/RN/PERITO CRIMINAL – QUÍMICO/2018) A respeito da inter-


ceptação telefônica, assinale a alternativa correta.
a. Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas, dentre outras hipóte-
ses, quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis.
b. Será admitida a interceptação para investigar crimes punidos com detenção ou reclu-
são.
c. A interceptação das comunicações telefônicas somente poderá ser determinada pelo
juiz a requerimento do Ministério Público.
d. Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência
ao Delegado e ao Ministério Público, que poderão acompanhar a sua realização.
e. Constitui contravenção penal realizar interceptação de comunicações telefônicas sem
autorização judicial.

COMENTÁRIO
A interceptação telefônica não é admitida para investigar crimes punidos com detenção.
É a polícia quem conduz os procedimentos de interceptação.
É crime realizar interceptação telefônica sem autorização judicial.

JURISPRUDÊNCIA EM TESE DO STJ


EDIÇÃO N. 117: INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA – I
2. É admissível a utilização da técnica de fundamentação per relationem para a prorro-
gação de interceptação telefônica quando mantidos os pressupostos que autorizaram a
decretação da medida originária.

 Obs.: ex.: um delegado solicitou a interceptação de ligações telefônicas em um crime de


lavagem de capitais, já houve crime antecedente e já existe o planejamento para
cometer o crime. Todos os requisitos estão adequados. O juiz defere à interceptação.
No último dia dos 15 dias, os criminosos começam a falar do ato, então o delegado
pede a prorrogação por mais 15 dias. Essa prorrogação pode ser solicitada sucessi-
vas vezes. O juiz pode se reportar aos fundamentos levados pelo delegado.
20m
ANOTAÇÕES

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Interceptação Telefônica III
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3. O art. 6º, da Lei n. 9.296/1996, não restringe à Polícia Civil a atribuição para a execu-
ção de interceptação telefônica ordenada judicialmente.

 Obs.: a Polícia Militar, por exemplo, pode conduzir uma interceptação telefônica. Pode ser
qualquer polícia.

4. É possível a determinação de interceptações telefônicas com base em denúncia anô-


nima, desde que corroborada por outros elementos que confirmem a necessidade da
medida excepcional.
6. É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para apuração de delito
punido com detenção, se conexo com outro crime apenado com reclusão.

 Obs.: só cabe a interceptação se o crime for punido com reclusão. Em regra, não cabe
interceptação se o crime for punido com detenção, mas se há um crime punido por
detenção conexo a um crime punido com reclusão, é possível a interceptação.

7. A garantia do sigilo das comunicações entre advogado e cliente não confere imunidade
para a prática de crimes no exercício da advocacia, sendo lícita a colheita de provas em
interceptação telefônica devidamente autorizada e motivada pela autoridade judicial.
8. É desnecessária a realização de perícia para a identificação de voz captada nas in-
25m

terceptações telefônicas, salvo quando houver dúvida plausível que justifique a medida.
9. Não há necessidade de degravação dos diálogos objeto de interceptação telefônica,
em sua integralidade, visto que a Lei n. 9.296/1996 não faz qualquer exigência nesse
sentido.

 Obs.: a transcrição pode ser feita apenas dos trechos mais importantes. O restante pode
ser inclusive inutilizado pelo juiz.

10. Em razão da ausência de previsão na Lei n. 9.296/1996, é desnecessário que as de-


gravações das escutas sejam feitas por peritos oficiais.

 Obs.: ou seja, qualquer pessoa pode degravar.


ANOTAÇÕES

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Jurisprudência
1. Não pode ser baseada exclusivamente em denúncia anônima (deve ser corroborada
por outros elementos).
2. Bastam que sejam transcritos os trechos necessários.
3. Serendipindade (encontro fortuito de provas – a interceptação era para um crime e
outros foram descobertos durante a mesma, ex.: a interceptação era para tráfico de en-
torpecentes e a pessoa confessa ter escondido um corpo em um local. Essa prova será
válida pois a interceptação foi autorizada pelo juiz).
30m
4. Possibilidade do compartilhamento de prova (PAD).

GABARITO
1. b
2. E
3. a
4. a

�E
 ste material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Prisão em Flagrante – Arts 301 a 310
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PRISÃO EM FLAGRANTE – ARTS 301 A 310

O conhecimento da Prisão em Flagrante será estudado a partir de dez artigos, do 301 ao


310, com análise da fundamentação teórica, do conteúdo propriamente relacionado à prisão
e de que forma poderá ser cobrado em concursos. Portanto, estudam-se os direitos e garan-
tias, requisitos, formalidades e modalidades.

• Conceito

Flagrante, de acordo com Guilherme de Souza Nucci, é aquilo que é manifesto, evidente
e quando o ato que se pode observar está acontecendo naquele exato momento. Pode-se
definir ainda como algo queima, que se encontra em chamas, vide o significado da expres-
são latina “flagrare”. É algo imediato, acontecendo concomitantemente à prisão que se dará.

• Natureza administrativa

Ao separar as modalidades de prisão obtém-se a Prisão-pena, imposta por sentença


penal condenatória com condenação por prática de crime, e as prisões provisórias que, estu-
dadas no Código Penal, se efetivam em três modalidades: em Flagrante, temporária e pre-
ventivamente. Enquanto as prisões temporária e preventiva necessitam de decisão judicial
e de apresentação de um Mandado do juiz, a Prisão em Flagrante dispensa a autorização
judicial, não havendo necessidade de um Mandado, e possui natureza administrativa, funcio-
nando diferentemente das demais modalidades.
5m

ATENÇÃO
Existe uma determinada discussão sobre o caráter cautelar ou precautelar da Prisão em
Flagrante. As Prisões Provisórias em Flagrante, Temporária e Preventiva, acontecem no
bojo de uma investigação ou ação penal, por isso são ditas cautelares, uma vez que pos-
suem a função de cautelar o risco da prática de novos crimes, fuga ou coação de testemu-
nhas. A doutrina normalmente engloba as três modalidades como cautelares, entretanto,
através do aprofundamento em doutrinas cuidadosas e qualificadas, a prisão em flagrante
é precautelar, dado o imediatismo do crime. Portanto, apesar de não haver recorrência de
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Prisão em Flagrante – Arts 301 a 310
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diferenciação nas provas, deve-se levar em consideração a possibilidade de divergência


entre Prisão em Flagrante como precautelar.

O artigo 301 apresenta as modalidades do flagrante levando em consideração o ques-


tionamento: quem pode prender em flagrante? Existem duas modalidades quanto a quem
efetuará o Código:

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender
quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

Flagrante autoridades policiais


compulsório e seus agentes

Flagrante
qualquer do povo
facultativo

Tendo em vista o Artigo 301, entende-se a opção do povo para prender quem quer que
seja encontrado em flagrante através do emprego do verbo “poder”, indicando facultatividade,
e a obrigatoriedade para as autoridades policiais através do “dever”, indicando incumbência.
10m
O Flagrante compulsório cabe às autoridades policiais e seus agentes, enquanto o facul-
tativo, cuja prisão se faz arbitrária, a qualquer do povo.

ATENÇÃO
O conceito de qualquer do povo, residual e remanescente, engloba todos que não forem
autoridade policial (delegado) e seus agentes, como juiz de direito e promotor de justiça.

A obrigatoriedade cabe a policiais civis, militares, rodoviários, ferroviários e corpo de


bombeiro militar que estejam em serviço, conforme art. 144. da CF. Quanto aos guardas
municipais há polêmica sobre a obrigatoriedade de prisão. Entretanto, o mais recente prece-
dente do STJ, de junho de 2020, dispõe a facultatividade para os guardas municipais:
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Prisão em Flagrante – Arts 301 a 310
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1. A via eleita revela-se inadequada para a insurgência contra o ato apontado como coator, pois o
ordenamento jurídico prevê recurso específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal
conhecimento. Precedentes.
2. Nos termos do artigo 301 do Código de Processo Penal, qualquer pessoa pode prender quem
esteja em flagrante delito, razão pela qual não há qualquer óbice à sua realização por guardas
municipais. Precedentes.
3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 577.941/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 09/06/2020, DJe 17/06/2020)

O conteúdo da ementa, reduzida, é mais categórico quanto a não obrigatoriedade na


íntegra e por ser o mais recente deve ser levado em consideração.
15m

POSSÍVEL CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE

A questão da lei nova que trata do abuso de autoridade, que traz a situação de um pos-
sível crime:

Lei n. 13.869/2019
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóte-
ses legais: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Embora a palavra seja decretar, indicando direcionamento ao juiz, existe uma possí-
vel discussão quanto ao crime de abuso de autoridade quando praticado o flagrante sem a
observância de todos os requisitos legais. Neste sentido, Leonardo Barreto Moreira Alves
traz categoricamente, na página 106 em seu livro de Processo Penal, que caso a prisão em
flagrante seja efetuada ilegalmente, o agente pode responder por crime de abuso de autori-
dade conforme art. 9º caput da Lei n. 13.869.

DIRETO DO CONCURSO
1. (ACAFE/2008/PC-SC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Ocorre o flagrante compulsó-
rio quando:
a. o agente é preso por ordem judicial.
b. o agente é preso no cometimento da infração penal ou quando acabou de cometê-la.
c. a prisão é efetuada pela autoridade policial ou por seus agentes.
d. o agente é preso pelo próprio ofendido ou por qualquer do povo.
ANOTAÇÕES

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Prisão em Flagrante – Arts 301 a 310
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COMENTÁRIO
O flagrante compulsório, cuja prisão é obrigatória, não necessita de ordem judicial justa-
mente por ser flagrante. Na mesma medida, o flagrante próprio, podendo ser compulsório
ou facultativo, não tem relação com o flagrante compulsório. Além disso, para resolução,
deve-se levar em conta em qual caso a autoridade policial e seus agentes realizam a
prisão e a definição do flagrante facultativo, isto é, a prisão pelo próprio ofendido ou qual-
quer do povo.

Outra situação é o cabimento da Prisão em Flagrante em duas modalidades específicas


de ação penal: pública incondicionada, que em crimes mais graves como homicídio, roubo,
estupro, não depende de nenhuma implementação de condição para que a autoridade poli-
cial dê início em inquérito e que o Ministério Público ajuíze a ação penal. Contudo, existem
crimes cuja ação penal é pública condicionada, ou seja, continua sendo uma ação pública
cuja denúncia é ajuizada pelo MP, mas se faz necessária uma condição de Manifestação
de Vontade da vítima ou de seu representante feita através da chamada Representação do
Ofendido.
20m
Há ainda a ação penal privada, onde o próprio ofendido, e não o Ministério Público,
deverá ajuizar a ação por meio de queixa crime. Já com relação à ação penal pública incon-
dicionada não existem dúvidas acerca do cabimento da Prisão em Flagrante por não haver
condição a ser implementada. Entretanto, tratando-se de ação pública condicionada ou de
ação penal privada: é cabível a Prisão em Flagrante?

ATENÇÃO
Nas ações penais públicas condicionadas e nas ações penais privadas é cabível a Prisão
em Flagrante. Todavia, é necessário ter uma determinada cautela. De acordo com o art 5º
§ 4º do CPP, o inquérito só poderá ser instaurado com a Representação do Ofendido no
caso de pública privada, e adiante, no § 5º, dependerá do Requerimento da Vítima nas
ações penais privadas para instaurar o inquérito.
25m
ANOTAÇÕES

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Prisão em Flagrante – Arts 301 a 310
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Para compatibilizar a necessidade de Representação do Ofendido e Requerimento da


Vítima e a possibilidade de Prisão em Flagrante, a melhor forma é através da diferenciação
entre os diferentes momentos da Prisão em Flagrante. Do primeiro momento, da detenção
e captura da pessoa, à condução do local da prática do crime até a delegacia mais próxima,
ao terceiro momento, com o envolvimento da autoridade policial envolvida, onde se tem a
lavratura do ato de Prisão em Flagrante.
Sendo assim, para compatibilizar com os §§ 4º e 5º, é necessário o entendimento de atri-
buições cabidas à pessoa, de captura e condução à pessoa, e ao Delegado,a lavratura do
flagrante, que deve colher a manifestação de vontade da vítima ou representante.

DIRETO DO CONCURSO
2. (CESPE/2019/TJ-AM/ASSISTENTE JUDICIÁRIO) Acerca de prisão, medidas cautela-
res e liberdade provisória, julgue o item subsecutivo. A prisão em flagrante do autor de
crime de ação penal pública condicionada à representação substitui a necessidade de
manifestação do ofendido para instauração de inquérito policial.

COMENTÁRIO
Observe que o CESPE afirma que é cabível a prisão em flagrante, mas atente-se à diferen-
ça entre um crime de lesão leve em situação doméstica com prisão em flagrante do agres-
sor por qualquer do povo e condução à delegacia. Neste caso, para lavratura da Prisão
em Flagrante, o Delegado precisa colher a Manifestação de Vontade da vítima. A prisão
efetuada se diferencia da Manifestação de Vontade.

GABARITO
1. c
2. E


�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Fátima Cavalcanti Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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Prisão em Flagrante – Arts 301 a 310 II
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PRISÃO EM FLAGRANTE – ARTS 301 A 310 II

O Código de Processo Penal estabelece novas modalidades a partir da Prisão em Fla-


grante Facultativa e Compulsória, o Flagrante Próprio, Impróprio e Presumido:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir
ser ele autor da infração.

Observando somente a lei é comum que se cometa equívocos em provas. Desta forma,
deve-se adotar a visão do legislador durante a elaboração considerando a correspondência
do grau do flagrante aos Incisos como uma linha do tempo, com os primeiros representando
o perfeito flagrante e os subsequentes acompanhando decrescentemente o nível de per-
feição que se torna cada vez mais sutil, tendo em vista o flagrante equiparado a algo que
queima e seu caráter imediato. Sendo assim, com a separação legislativa acompanhando o
grau do flagrante, obtém-se três tipos:
5m

• Flagrante Próprio

Também apresentado como perfeito, propriamente dito, real ou verdadeiro, é o único a


ser enquadrado em dois Incisos, o primeiro e segundo. Neste caso, tem-se o flagrante do
crime no momento de sua prática ou no exato fim de sua realização. Há a absoluta certeza
visual do crime por parte de quem realizou a prisão.
Exemplifica-se através de um caso de homicídio em duas ocasiões: em uma primeira
ocorre um disparo por arma de fogo não fatal e a intenção de um próximo disparo. Há, neste
caso, a visualização plena da prática do crime, logo, um flagrante. Já em uma segunda situ-
ação ocorre o disparo de três tiros fatais sem chance de impedimento pelo agente antes da
abordagem. Da mesma maneira houve absoluta certeza visual do crime, como no primeiro
caso, o que também caracteriza o flagrante como real e verdadeiro.
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• Flagrante Impróprio

Imperfeito, irreal ou quase flagrante, corresponde ao terceiro Inciso. Neste caso o autor
do crime é perseguido, por autoridade ou qualquer pessoa, logo após o crime. O “logo após”
afasta temporalmente o momento de prisão do momento de ocorrência do crime, diferente-
mente dos dois primeiros incisos. Há necessidade estrita de perseguição e lapso temporal
logo após o crime.
10m

• Flagrante Presumido

Terceira e última modalidade, no Flagrante Presumido não se tem perseguição e há


encontro do agente logo depois, o que representa um maior lapso temporal. O autor do
crime é encontrado, não perseguido, com instrumentos, armas, objetos e papéis que façam
presumir a autoria da infração.
Pode ocorrer, por exemplo, num roubo de um carro onde o infrator é encontrado horas
após o roubo com o veículo, cuja placa faça presumir o crime.

ATENÇÃO
A palavra “presumir” pode gerar conflitos quanto ao entendimento do Flagrante Impróprio
e Presumido, por isso a noção da presença de “e” em presumido e depois pode auxiliar na
distinção entre as modalidades.

I
Flagrante próprio II

III
Flagrante impróprio
perseguição logo após

IV
Flagrante presumido
encontrado logo depois
ANOTAÇÕES

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A lógica a ser seguida, portanto, é a diminuição da certeza visual do crime que estabelece
uma linha do tempo.
15m

DIRETO DO CONCURSO
1. (VUNESP/2019/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP/PROCURADOR)
Nos exatos termos do art. 302 do CPP, considera-se em flagrante delito quem
a. cometeu a infração penal nas últimas 24h.
b. é imediatamente reconhecido como autor do crime pela vítima.
c. é avistado em conduta que gera fundada suspeita, logo após o crime.
d. é encontrado com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração.
e. é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração.

COMENTÁRIO
a. A infração penal não possui um prazo categórico, e o que deve ser levado em conta é o
conteúdo presente no art. 302.
b. O reconhecimento do autor do crime não configura flagrante e não é um requisito, con-
forme art. 302.
c. Para enquadramento no Inciso Terceiro é preciso que haja perseguição.
d. O Flagrante Presumido, cujo autor do crime é encontrado, requer um lapso temporal
próximo. Variadas decisões estabelecem diferentes intervalos de tempo.
e. Ocorre perseguição logo após o crime, portanto, é Flagrante Presumido.
20m

FLAGRANTE PREPARADO, PROVOCADO OU CRIME DE ENSAIO

Modalidades exóticas não previstas expressamente no Código, mas decorrem da juris-


prudência. É o caso de haver um agente provocador que induz ou instiga a prática do crime
a fim de prender em flagrante. Com a ação do agente provocador a consumação é impossi-
bilitada tornando nulo o flagrante, que deve ser relaxado por ser ilegal.
ANOTAÇÕES

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Segundo o Supremo:

Súmula 145, STF


Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

ATENÇÃO
Também se aplica em caso particular, como uma patroa que induz um funcionário a co-
meter um crime. A Teoria da Armadilha se dá perante crime preparado ou provocado por
agente policial.
25m

De acordo com a Súmula n. 567, é a ação do agente provocador que separa o Flagrante
Preparado das demais modalidades e o torna ilícito:

Súmula n. 567 do STF


Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança
no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do cri-
me de furto.

• Flagrante Esperado

Ocorre quando um policial de observação discreta que, ao receber uma denúncia de pos-
sibilidade de assassinato, aguarda o crime acontecer para flagrá-lo. Neste cenário, o policial
é obrigado a efetuar a prisão no exato momento da prática do crime. Não há ação de um
agente provocador e tão logo presente requisitos do art. 302, prende-se em flagrante.
30m

• Flagrante Prorrogado

A polícia, com o dever de prender, de acordo com art. 302, pode retardar a prisão em fla-
grante a fim de reunir mais dados conforme autorização da Lei. Neste caso, tem-se crimes
como tráfico de entorpecentes, lavagem de capitais e organização criminosa, situações difí-
ceis de serem provadas. Tem-se a previsão no art. 53, II, da Lei n. 11.343 bem como nos art.
1º, § 6º e 4º B da Lei de Lavagem, Lei n. 9.613 e arts. 8º e 9º da Lei n. 12.850/2013, Lei de
Organização Criminosa.
35m
ANOTAÇÕES

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• Flagrante Forjado

Não há crime, e sim uma situação forçada, como um policial que planta entorpecentes
em um carro. Não deve ser confundido com o Preparado, uma vez que o autor do crime não
é induzido.

GABARITO
1. e

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preparada e ministrada pela professora Geilza Fátima Cavalcanti Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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Prisão em Flagrante – Arts. 301 a 310 III
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PRISÃO EM FLAGRANTE – ARTS. 301 A 310 III

RELEMBRANDO
Até o momento, a professora explicou os artigos 301 e 302.

DIRETO DO CONCURSO

1. (SELECON/2019/PREFEITURA DE CUIABÁ MT/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR DI-


REITO) P. é surpreendido pela atuação de agentes policiais que preparam um flagrante
em seu desfavor. No caso, resta caracterizado o denominado crime:
a. Presumido.
b. Putativo.
c. Impossível.
d. Impertinente.

COMENTÁRIO
De acordo com a Súmula n. 145 do Supremo Tribunal de Justiça, quando crime tem seu fla-
grante preparado, ele é considerado crime impossível, caso não seja possível consumá-lo.

Na sequência, trataremos sobre as formalidades para a lavratura do auto de prisão em


flagrante, isto é, o que será feito, os próximos passos, após a prisão em flagrante.

 Obs.: uma prisão em flagrante é composta pelos seguintes momentos: i) captura; ii) con-
dução da pessoa do local do crime à delegacia; iii) lavratura do auto de prisão em
flagrante.

Formalidades para a lavratura do auto de prisão em flagrante


Art. 304 Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde
logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso Em seguida,
procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre
a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a
autoridade, afinal, o auto. .
5m
ANOTAÇÕES

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 Obs.: o artigo 304 pode ser representado no seguinte esquema:

Prisão Captura Condução Apresentação Auto

ATENÇÃO
Especificamente sobre a condução, o condutor é sempre um policial. Como policial, ele
prendeu o criminoso e deve, rapidamente, voltar para a rua para trabalhar. Logo, a pri-
meira coisa a se fazer é ouvir o condutor, colher sua assinatura, entregar uma cópia do
termo e do recibo da entrega do preso e liberá-lo para o trabalho.

§ 1º Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade man-


dará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá
nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente se não o for, enviará os autos à
autoridade que o seja.

ATENÇÃO
Não existe obrigatoriedade de prisão logo após a apreensão do suspeito em flagrante.
Para que haja a prisão é necessário que haja fundada suspeita de crime contra o indivíduo.

ATENÇÃO
Apesar da expressão “livrar-se solto” pertencer ao antigo código pena e não existir atual-
mente, é uma expressão que ainda cai em concurso. Era uma expressão pertencente
ao antigo artigo 328.
10m
Fazendo uma comparação com o termo “livrar-se solto”, hoje em dia existem os juizados
especiais criminais, com infrações de menor potencial ofensivo. Ou seja, a pessoa pode
assumir o compromisso de depois comparecer em juízo.

§ 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse
caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a
apresentação do preso à autoridade.
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ATENÇÃO
A título de exemplo: uma mulher que sai a rua durante a pandemia e é vítima de (tentativa
de) estupro, mas anda armada e, após o ato criminoso, prende o estuprador. Não existe a
possibilidade de não prender a pessoa criminosa pois não houveram testemunhas. Ape-
sar do normal ser a presença de testemunha para prisões em flagrantes, quando não há
essa presença de testemunhas, ainda é possível fazer a prisão em flagrante. Entretanto,
quando o condutor/vítima de estupro chegar a delegacia com o criminoso, o delegado usa-
rá como testemunha duas pessoas que acompanharam a chegada do condutor/vítima com
o criminoso.
As testemunhas de apresentação são pelo menos duas!

§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.

ATENÇÃO
No parágrafo 3º o foco passa a ser no acusado de cometer o crime. Quando o acusado se
recusa a assinar ou não pode assinar, duas testemunhas que tenham ouvido a o auto de
prisão assinarão. Isso não implica na prisão do criminoso.
15m

§ 4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência


de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

ATENÇÃO
O parágrafo 4º foi inserido em 2016, a partir da Lei n. 13.257, devido ao artigo 318 da CPP
devido a possibilidade de prisão domiciliar.
Perguntas desse tipo são importantes para avaliar o cabimentou ou não da prisão auxiliar.

 Obs.: O parágrafo 4º, por ser recente, tem caído em muitos concursos.
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DIRETO DO CONCURSO

2. (CESPE – 2012 – PC-AL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) No que se refere aos aspectos


relativos à prisão em flagrante, julgue os próximos itens.
A falta de testemunhas da infração obsta que se lavre o auto de prisão em flagrante, sal-
vo se existirem testemunhas da apresentação do preso à autoridade, que, juntamente
com o condutor, deverão assinar o auto de prisão.
Certo
Errado

COMENTÁRIO
A falta de testemunhas não obsta/impede a prisão em flagrante e, nesse caso, devem as-
sinar, pelo menos, duas testemunhas.

DIRETO DO CONCURSO

3. (FUNDATEC – 2018 – AL-RS – AGENTE LEGISLATIVO) Durante a prisão em flagrante,


o condutor, um agente responsável pela segurança de um prédio, apresentou a pes-
soa presa perante a autoridade policial na Delegacia, porém não houve testemunha
da infração. Nesse caso, qual a situação quanto à lavratura do Auto de Prisão em Fla-
grante (APF)?
a. Não pode ser lavrado o APF.
b. Pode ser lavrado, mas com 02 (duas) testemunhas no momento da apresentação.
c. Não pode ser lavrado, pois é abuso de autoridade.
d. Pode ser lavrado, mas requer presença de advogado no momento da apresentação.
e. Não pode ser lavrado devido à presunção de inocência ficta.

COMENTÁRIO
De acordo com o artigo 304, parágrafo 2º, pode ser lavrado, mas com 02 (duas) testemu-
nhas no momento da apresentação.
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ATENÇÃO
Art. 303 Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar
a permanência.

 Obs.: infração permanente é aquela cuja consumação se prolonga no tempo. A consuma-


ção do crime é demorada, que dura vários dias.

A título de exemplo, temos a extorsão mediante sequestro. Uma pessoa foi sequestrada e
estão extorquindo sua família. Durante o período em que esta pessoa estiver em cativeiro
(um, dois, vinte dias, ou até mesmo anos), o crime está sendo consumado. Então, é uma
infração permanente.
20m
Importante frisar que o termo “permanente” não significa que vai durar para sempre, mas
sim que demora a consumar. Isso é diferente, por exemplo, do crime de homicídio que o
crime é consumado logo após o ato.
O artigo 304 faz referência ao artigo 302, visto que o último artigo alega que “entende-se
em flagrante quem está cometendo o crime”. Logo, se o crime é permanente, ele está co-
metendo o crime durante todo o período.

DIRETO DO CONCURSO

4. (FCC - 2018 Câmara Legislativa do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa)


Sobre a prisão, o Código de Processo Penal dispõe:
a. As autoridades policiais e seus agentes, bem como qualquer do povo, deverão pren-
der quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
b. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão em flagrante, o
preso deverá ser posto em liberdade.
c. A custódia preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a apli-
cação da lei penal, quando houver indícios da existência do crime e de sua autoria.
d. Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a exis-
tência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o con-
tato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
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e. Somente no curso do processo penal caberá a decretação de prisão preventiva pelo


juiz, haja vista que, durante o inquérito policial, somente é possível a prisão em fla-
grante delito do investigado.

O PULO DO GATO
Quando a banca coloca a expressão “o Código de Processo Penal dispõe” significa que ele
quer que você saiba o teor da lei. Esse tipo de questão tem se tornado frequente.

COMENTÁRIO
a. De acordo com o artigo 301, as autoridades policiais e seus agentes, bem como qual-
quer do povo, poderão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
b. De acordo com o artigo 308, não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado
a prisão em flagrante, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.
c. A custódia preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver provas da existência do crime e indícios de sua autoria.
d. De acordo com o 304, parágrafo 4º, da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem algu-
ma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa.
25m
e. No curso do processo penal caberá a decretação de prisão preventiva pelo juiz, haja
vista que, durante o inquérito policial e durante a ação penal.

Art. 305 Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade la-
vrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.

ATENÇÃO
O artigo 305 é um dos mais cobrados em concursos da polícia. Ele trata das providências
a serem tomadas quando o escrivão não está na delegacia.
A título de exemplo: quando o criminoso é levado a delegacia, mas o escrivão não está lá, o
delegado precisa escolher uma pessoa da delegacia. A pessoa escolhida deverá prestar o
compromisso legal e depois poderá prestar o serviço de fazer o auto de prisão em flagrante.
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DIRETO DO CONCURSO

5. (CESPE – 2018 - POLÍCIA FEDERAL - ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL) João inte-


gra uma organização criminosa que, além de contrabandear e armazenar, vende, clan-
destinamente, cigarros de origem estrangeira nas ruas de determinada cidade brasileira.

A partir dessa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Se João for preso em flagrante e o escrivão estiver impossibilitado de proceder à la-


vratura do auto de prisão, a autoridade policial poderá designar qualquer pessoa para
fazê-lo, desde que esta preste o compromisso legal anteriormente.
Certo
Errado

COMENTÁRIO
De acordo com artigo 305, “Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa de-
signada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.”

Comunicação da Prisão

Juiz, MP e família do preso ou


Imediatamente pessoa por ele indicada.

Encaminhamento do auto de prisão nota de


No prazo de até 24h culpa e cópia à Defensoria ou advogado.
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ATENÇÃO
Quando uma pessoa é presa, precisa-se fazer comunicações a respeito da prisão em fla-
grante. O preso tem alguns direitos, como ficar em silencio, comunicar a alguém da família
e comunicar ao advogado. Esses avisos são conhecidos também como Avisos de Miran-
da. Ele recebe este nome pois nos Estados Unidos, no famoso caso Miranda X USA, a
prisão de Miranda foi reconhecida como ilegal por falta de aviso dos direitos que ela tinha..
30m

ATENÇÃO
A comunicação da prisão relaciona-se ao artigo 306.

Art. 306 A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediata-
mente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1 º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz com-
petente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado,
cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2 º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. .
35m

 Obs.: nota de culpa é um documento entregue ao preso que precisa da assinatura do auto-
ridade, no caso o policial, com o motivo da prisão, o nome do condutor e o nome das
testemunhas.

DIRETO DO CONCURSO

6. (IBADE – 2017 – PC-AC – Agente de Polícia Civil) A prisão de qualquer pessoa deve ser
comunicada e encaminhada a cópia do auto de prisão:
a. à família do preso no prazo de 72 horas.
b. ao Ministério Público no prazo de 48 horas.
c. ao Chefe de Polícia no prazo de 24 horas.
d. quando o preso não tiver advogado, à defensoria Pública no prazo de 24 horas.
e. ao Juiz no prazo de 48 horas.
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COMENTÁRIO
a. à família do preso imediatamente.
b. ao Ministério Público imediatamente.
c. não existe previsão de comunicação ao Chefe de Polícia.
d. quando o preso não tiver advogado, à defensoria Pública no prazo de 24 horas.
e. ao Juiz no prazo de imediatamente.

7. (CESPE/CEBRASPE - 2012 - PC CE - Inspetor de Polícia Civil) Acerca de prisões e


medidas cautelares, julgue os itens seguintes:

A imediata comunicação da prisão de pessoa é obrigatória ao juiz competente, à famí-


lia do preso ou à pessoa por ela indicada, mas não necessariamente ao MP, titular da
ação penal.
Certo
Errado

COMENTÁRIO
De acordo com artigo 306, o MP também precisa ser comunicado imediatamente.

GABARITO
1. c
2. E
3. b
4. d
5. C
6. d
7. E

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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PRISÃO EM FLAGRANTE - ARTS 301 A 310 IV

DIRETO DO CONCURSO

1. (IESES-2016- TJ-PA - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/


REMOÇÃO) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunica-
dos imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada e:
a. Em até 48 (quarenta e oito) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao
juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
b. Em até 12 (doze) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz com-
petente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
c. Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao
juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
5m de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública
d. Em até 36 (trinta e seis) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de
seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

COMENTÁRIO
Ora para resolução da questão basta que se faça uma análise do artigo 306, caput do có-
digo de processo penal o qual diz que:

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediata-
mente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
§1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
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Logo percebe-se que o artigo 306 nos traz duas hipóteses de comunicação, a imediata que
é feita ao juiz, ao Ministério público e à família do preso ou a pessoa por ele indicada, e a
comunicação da prisão em até 24 horas após a prisão na qual será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante.
Prosseguindo com os estudos vamos nos debruçar sobre os artigos 307, 308, 309 e 310.

Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de
suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer
o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e
pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato
delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo
10m apresentado à do lugar mais próximo.

Comentário importante acerca do artigo 308, o fato de não ter autoridade policial em um
determinado lugar, não torna nula a prisão em flagrante.

Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão
em flagrante.

ATENÇÃO
O artigo 309 para alguns doutrinadores não tem mais eficácia, pois a situação de livrar-se
solto já não existe mais no CPP, todavia continua sendo cobrado em provas de concurso.

Antes de analisarmos o artigo 310 façamos uma análise da Súmula n. 397 do STF:

Súmula n. 397 do STF. O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em
caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em
flagrante do acusado e a realização do inquérito.

Com o inquérito das Fake News veio à tona um questionamento: Poderia o presidente do
supremo tribunal federal instaurar inquérito? O supremo ao decidir sobre isso baseou-se
no Art. 4º parágrafo único do CPP que informa que a competência para instaurar e presidir
inquérito não exclui as de autoridades administrativas que possuam poder de polícia. Va-
15m
mos para a análise do Art. 310.
ANOTAÇÕES

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Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro)
horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença
do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Minis-
tério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: I-relaxar a prisão ilegal; ou
II-converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art.
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da
prisão; ou III-conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
20m

Na audiência de custódia o(a) juiz(a) busca saber elementos sobre a prisão, se foi legal,
se o réu foi torturado, se houve violação de direitos fundamentais, busca, também, carac-
terísticas da personalidade do réu visando um possível direito à liberdade provisória, vale
ressaltar que antes do pacote anti crimes a audiência de custódia era prevista, todavia não
era elemento obrigatório, após o pacote anti crimes a audiência de custódia passou a ser
obrigatória devendo ser realizada em até 24 horas após a prisão do réu, não havendo in-
dícios de possibilidade de liberdade provisória o(a) juiz(a) converterá a prisão em flagrante
em prisão preventiva, caso haja indícios poderá ser decretada a liberdade provisória com
ou sem fiança.
25m

§1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer
das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
de revogação.

O § 1º traz as hipóteses em que o agente comete um fato típico, porém, sobre o respaldo
de uma das ocasiões de excludentes de ilicitude: Estado de necessidade, legítima defesa,
exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal.

§2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou
sem medidas cautelares

Já o §2º traz as possibilidades em que o(a) juiz(a) DEVERÁ negar a liberdade provisória
devido aos antecedentes criminais do réu e/ou a reprovabilidade do seu delito.

§3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de cus-
tódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente
pela omissão.
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§4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste
artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ile-
galidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de
imediata decretação de prisão preventiva.

ATENÇÃO
O §4º até o momento encontra-se suspenso pelo STF devido a uma possível inconstitucio-
nalidade.
30m
TEMA DE APROFUNDAMENTO
O juiz não pode mais decretar prisão preventiva de ofício, todavia caso a pessoa já esteja
presa o juiz poderá converter a prisão em flagrante em prisão preventiva de ofício.

1. O Juiz, mesmo sem provocação da autoridade policial ou da acusação, ao receber o


auto de prisão em flagrante, poderá, quando presentes os requisitos do art. 312 do Código
de Processo Penal, converter a prisão em flagrante em preventiva, em cumprimento ao
disposto no art. 310, II, do mesmo Código, não havendo falar em nulidade.
2. Nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva poderá ser
decretada para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da ins-
trução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que presentes provas da
existência do crime e indícios suficientes de autoria.

GABARITO

1.C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Fátima Cavalcanti Diniz.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Rito dos Crimes de Responsabilidade dos Funcionários Públicos
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RITO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS


PÚBLICOS

PROCEDIMENTO NOS CRIMES FUNCIONAIS

Dispositivo que oferece o rito adequado para apuração de crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos.
• Os crimes funcionais (tipo penal) estão previstos nos arts. 312 a 326 do Código Penal
– crimes praticados por funcionário público (sujeito ativo do crime) contra a Administra-
ção em geral (sujeito passivo).

 Obs.: No art. 327 do CP, encontramos o conceito de funcionário público.

• O procedimento (rito) está nos arts. 513 a 518 do CPP.

ATENÇÃO
O principal aspecto deste rito é que há uma notificação prévia. O funcionário público
tem o benefício de ser notificado antes do recebimento da denúncia tendo o direito da
resposta preliminar.

CPP
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento com-
5m petirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos ou justifica-
ção que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibi-
lidade de apresentação de qualquer dessas provas.

RELEMBRANDO
Condições da ação penal:
1. Legitimidade;
2. Interesse;
3. Justa causa → indícios de autoria + materialidade.
Denúncia: ação penal pública, condicionada ou incondicionada.
Queixa: ação penal privada.
ANOTAÇÕES

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Rito dos Crimes de Responsabilidade dos Funcionários Públicos
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Obs.: O legislador foi além dos demais crimes, exigindo mais do que a justa causa. É preciso
documentos ou justificação para fazer a denúncia ou queixa contra o funcionário público.

• Existência de uma defesa preliminar anterior ao recebimento da denúncia.


10m

Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma (art. 513.), o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do
prazo de quinze dias.

CP, art. 312 a 326 → Denúncia ou queixa → 513 instruída com documentos
ou justificação quanto à existência do crime → notificação do acusado p/
responder – 15 d → depois disso, o juiz recebe.

Justa Causa → Indícios de autoria + materialidade.

Súmula 330, STJ: “é desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do Código de Pro-
cesso Penal, na ação penal instruída por inquérito policial”

• Se houver prévio processo administrativo → precisa da defesa preliminar.


• Se houver prévio inquérito policial → é desnecessária a defesa preliminar.

 Obs.: Só existe, portanto, rito diferenciado, em relação a crimes funcionais não investigados
em inquérito policial (ou em processo administrativo levando em consideração que o
funcionário está ciente da denúncia já que responde processo).
15m
Procedimento nos crimes funcionais

CPP
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará au-
20m
tuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da juris-
dição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar.

• E se o funcionário já foi exonerado?


ANOTAÇÕES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Rito dos Crimes de Responsabilidade dos Funcionários Públicos
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“O procedimento inscrito no art. 514, do CPP, somente assegura o direito à defesa preliminar ao
denunciado nos crimes funcionais, não se aplicando na hipótese em que o réu não mais exerce
cargo público, por força da exoneração”
(STJ – RHC – Rel. Vicente Leal – DJU 14.12.1998 – p. 304)

• E se for o caso de coautoria com agente não funcionário público?

“Réus não funcionários públicos. Desnecessidade de notificação para resposta por escrito. Inte-
ligência do art. 514, do CPP. Não sendo os pacientes funcionários públicos não precisavam ser
notificados para a resposta escrita, no prazo de 15 dias, como previsto no art. 514, do CPP”
(STF – HC – Rel. Min. Sydney Sanches – RT 714/461).

Rito:
Denúncia ou queixa → rejeição ou recebimento → defesa preliminar (se não houver inqué-
rito prévio) → recebimento da denúncia → rito ordinário ou procedimento do JeCrim
Em caso de crime inafiançável → denúncia ou queixa → rejeição ou recebimento →
NÃO tem defesa preliminar.

ATENÇÃO
É muito importante dar uma revisada no art. 327 do Código Penal e ter em mente o conceito
de funcionário público.

RELEMBRANDO
�De acordo com o art. 514 do CPP, a grande peculiaridade deste rito é a possibilidade de uma
defesa preliminar que se dá no prazo de 15 dias e é feita por notificação escrita. O parágrafo
25m único do art 514 do CPP diz que, se não se souber a residência do acusado ou se o acusado
não residir na comarca, será o caso de nomear um defensor público. Depois disso, o juiz
recebe a denúncia e segue o rito comum para aquele crime que está sendo apurado.��

Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Geilza Diniz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela l00eitura
exclusiva deste material.

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