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Inquérito Policial
1. CONCEITO
O Inquérito Policial é um conjunto de diligências realizadas pela polícia
investigativa objetivando a identificação das fontes de prova e a colheita de
elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a
fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
2. NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de procedimento de natureza administrativa. Não se trata, pois, de
processo judicial, nem tampouco de processo administrativo, porquanto dele não
resulta a imposição direta de nenhuma sanção.
Importante! Como o inquérito policial é mera peça informativa, eventuais vícios
dele constantes não têm o condão de contaminar o processo penal a que der
origem. Havendo, assim, eventual irregularidade em ato praticado no curso do
inquérito, mostra-se inviável a anulação do processo penal subsequente
3. FINALIDADE
A partir do momento em que determinado delito é praticado, surge para o Estado
o poder-dever de punir o suposto autor do ilícito. Para que o Estado possa
deflagrar a persecução criminal em juízo, é indispensável a presença de elementos
de informação.
Portanto, a finalidade precípua do inquérito policial é a colheita de elementos de
informação quanto à autoria e materialidade do delito.
4. VALOR PROBATÓRIO
Tendo em conta que esses elementos de informação não são colhidos sob a égide
do contraditório e da ampla defesa, deduz-se que o inquérito policial tem valor
probatório relativo.
De fato, pudesse um decreto condenatório estar lastreado única e
exclusivamente em elementos informativos colhidos na fase investigatória, sem a
necessária observância do contraditório e da ampla defesa, haveria flagrante
desrespeito ao preceito do art. 5º, LV, da Carta Magna.
No entanto, tais elementos podem ser usados de maneira subsidiária,
complementando a prova produzida em juízo sob o crivo do contraditório. Como já
se manifestou o Supremo, “os elementos do inquérito podem influir na formação
do livre convencimento do juiz para a decisão da causa quando complementam
outros indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo”.
5. ATRIBUIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL
• Polícia Administrativa: trata-se de atividade de cunho preventivo, ligada à
segurança, visando impedir a prática de atos lesivos à sociedade;
X
• Polícia Judiciária: cuida-se de função de caráter repressivo, auxiliando o Poder
Judiciário. Sua atuação ocorre depois da prática de uma infração penal e tem
como objetivo precípuo colher elementos de informação relativos à
materialidade e à autoria do delito, propiciando que o titular da ação penal
possa dar início à persecução penal em juízo. Nessa linha, dispõe o art. 4º,
caput, do CPP, que a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais
no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das
infrações penais e da sua autoria.
8. NOTITIA CRIMINIS
Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da
autoridade policial, acerca de um fato delituoso. Subdivide-se em:
a) notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea): ocorre quando a
autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de suas
atividades rotineiras.
b) notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): ocorre quando a
autoridade policial toma conhecimento da infração penal através de um
expediente escrito. É o que acontece, por exemplo, nas hipóteses de requisição
do Ministério Público, representação do ofendido, etc.
c) notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre quando a autoridade policial
toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo
preso em flagrante.