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Direito

Processual Penal


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CONTEÚDO
INQUÉRITO POLICIAL�����������������������������������������������������������������3
Conceito de inquérito policial��������������������������������������������������������3
Natureza jurídica�����������������������������������������������������������������������������3
Características do inquérito policial���������������������������������������������4
Valor probatório do inquérito policial�������������������������������������������7
Vícios������������������������������������������������������������������������������������������������8
Procedimento investigatório face aos servidores vinculados
aos órgãos da segurança da pública (art. 144, CF/1988)��������8
Incomunicabilidade��������������������������������������������������������������������� 10
Notícia crime��������������������������������������������������������������������������������� 10
Prazos para conclusão do inquérito policial����������������������������� 12


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INQUÉRITO POLICIAL

A persecução criminal apresenta dois momentos distintos: o da investigação


e o da ação penal. A investigação é a atividade preparatória da ação penal, de
caráter preliminar e informativo. Já a ação penal consiste no pedido de julga-
mento da pretensão punitiva.

Em outros termos, a persecução penal estatal se constitui de duas etapas:

▷ Investigação preliminar: gênero do qual é espécie o inquérito policial, cujo


objetivo é formar lastro probatório mínimo para a deflagração válida da fase
seguinte;

▷ Processo penal: é desencadeado pela propositura de ação penal perante o


judiciário.

Persecução
Crime Pena
Investigações + Processo judicial

Conceito de inquérito policial


Inquérito policial (IP) é um procedimento administrativo inquisitivo, ante-
rior ao processo, presidido pela autoridade policial (delegado de Polícia) que
conduz diligências, as quais objetivam apurar: autoria (responsável pelo crime);
materialidade (existência) e circunstâncias com a finalidade de possibilitar que
o titular da ação penal possa ingressar em juízo.

Natureza jurídica Conceito de inquérito policial


Trata-se de um procedimento administrativo, quando verificamos o quesito
Procedimento – uma vez que não se trata de processo judicial nem de pro-
cesso administrativo, porquanto dele não resulta a imposição direta de nenhuma
Inquérito policial

sanção.

O IP é um procedimento administrativo, porque é realizado pela polícia judiciá-


ria, que é um órgão do Poder Executivo, que tem como função típica administrar
a coisa pública.

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Características do inquérito policial

Inquisitivo
No inquérito policial não há partes, acusação e defesa; temos somente o
delegado de Polícia investigando um crime e, consequentemente, um suspeito.
Nele, não há contraditório nem ampla defesa.

A investigação não observa o contraditório, pois a Polícia não tem a obrigação


de avisar um suspeito que o está investigando; e não há ampla defesa, porque o
inquérito não pode, em regra, fundamentar uma sentença condenatória, tendo
o suspeito possibilidade de se defender durante o processo.

Art. 5º, LV, CF/1988 Aos litigantes, em processo judicial ou administra-


tivo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Como na fase da investigação não existe nenhuma acusação nem partes, não
há que se falar em contraditório e ampla defesa, pois o Direito Constitucional
previsto no art. 5º, LV, da CF/1988 é válido para as partes de um processo. Além
do inquérito policial não ter partes, é um procedimento e não um processo,
conforme descrito na Constituição Federal.

Escrito
Todas as diligências realizadas no curso de um inquérito policial devem ser
passadas a termo (escritas), para que seja facilitada a troca de informações entre
os órgãos responsáveis pela persecução penal.

O delegado de Polícia tem a faculdade de filmar ou gravar diligências realiza- Características do inquérito policial
das, mas isso não afasta a obrigação de transcrever todas por escrito.

Art. 405, § 1º, CPP Sempre que possível, o registro dos depoimentos do
investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou
Inquérito policial

recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,


inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações.

Assim, é possível que o delegado, havendo meios, documente os atos do IP


por meio das tecnologias existentes, inclusive captação de som e imagem.

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Discricionário
Discricionariedade é a liberdade dentro da lei (esta determina ou autoriza a
atuação do Estado). Assim, o delegado tem liberdade para a adoção e condução
das diligências adotadas no curso de um inquérito policial.

O art. 6º do CPP traz um rol de possíveis procedimentos que podem ser


adotados pela Polícia na condução de um inquérito; ele não é taxativo, pois a
Polícia pode adotar qualquer uma daquelas diligências na ordem que entender
melhor, ou seja, o rol é exemplificativo.

Não podemos entender discricionariedade como uma faculdade do delegado


de iniciar ou não uma investigação, porque, conforme veremos adiante, em alguns
casos a investigação é obrigatória. A discricionariedade refere-se ao fato de o
delegado, sendo obrigado ou não a investigar, poder adotar as diligências que
considere convenientes para a solução do crime, desde que esteja prevista tal
diligência na lei.

Explica essa regra o fato de que cada crime é um acontecimento único no


mundo e, assim, a solução deles não tem uma receita certa, devendo a autori-
dade policial saber utilizar, dentre os meios disponíveis, aqueles adequados à
solução do caso.

Oficial
A realização do inquérito policial é atribuição de um órgão oficial do Estado
(Polícia Judiciária), com a presidência deste incumbida à autoridade policial do

Características do inquérito policial


respectivo órgão (delegado de Polícia – art. 2º, § 1º, Lei nº 12.830/2013).

Art. 2º, Lei nº 12.830/2013 As funções de polícia judiciária e a apuração


de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza
jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

Oficioso
Inquérito policial

Ao tomar conhecimento de notícia de crime de ação penal pública incondi-


cionada, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, independentemente
de provocação da vítima e/ou qualquer outra pessoa.

Deve instaurar o inquérito policial de ofício, nos termos do art. 5º, I, do CPP,
procedendo, então, às diligências investigatórias para obter elementos de infor-
5 mação quanto à infração penal e sua autoria. 5
No caso de crimes de ação penal pública condicionada à representação e
de ação penal de iniciativa privada, a instauração do IP está condicionada à
manifestação da vítima ou de seu representante legal.

Sigiloso
Ao contrário do que ocorre no processo, o inquérito não comporta publicidade,
sendo procedimento essencialmente sigiloso, disciplinando o art. 20, do CPP:

Art. 20, CPP A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à


elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Classificação do sigilo:

▷ Sigilo externo: destinado aos terceiros desinteressados e à imprensa;

▷ Sigilo Interno: destinado aos interessados no processo.


O sigilo do IP não atinge o juiz e o membro do Ministério Público.

Quanto ao advogado do investigado, o Estatuto da OAB traz, em art. 7º, XIV,


a seguinte redação:

Art. 7º, EOAB São direitos do advogado: [...]


XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir inves-
tigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações
de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos
à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio
físico ou digital.

Características do inquérito policial


Súmula Vinculante nº 14 – STF
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investi-
gatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.
Inquérito policial

Indisponível
A persecução criminal é de ordem pública e, uma vez iniciado o inquérito,
o delegado de Polícia não pode dispor dele. Se diante de uma circunstância
fática o delegado percebe que não houve crime, nem em tese, não deve iniciar
o inquérito policial. Contudo, uma vez iniciado o procedimento investigativo,
deve levá-lo até o final, não podendo arquivá-lo em virtude de expressa vedação
6 contida no art. 17 do CPP. 6
Art. 17, CPP A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de
inquérito.

Dispensável
Da leitura de dispositivos que regem a persecução penal preliminar, a exemplo
art. 39, § 5º, do CPP, podemos concluir que o inquérito não é imprescindível para
a propositura da ação penal.

Art. 39, § 5º, CPP O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito,


se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a
promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de
quinze dias.

O inquérito visa coletar indícios de autoria e materialidade do crime para que


o titular da ação penal possa ingressar em juízo. Assim, se ele tiver esses indí-
cios colhidos por outros meios, como por um inquérito não policial, o inquérito
policial se torna dispensável.

Súmula nº 234 – STJ


A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória
criminal não acarreta seu impedimento ou suspeição para o oferecimento
da denúncia.

Valor probatório do inquérito policial


O inquérito policial tem valor probatório relativo, pois ele serve para embasar
o início do processo, mas não tem a força de, sozinho, sustentar uma sentença

Valor probatório do inquérito policial


condenatória, porque as provas colhidas durante o IP não se submeteram ao
contraditório e à ampla defesa. Enfatizamos que o valor probatório é relativo,
uma vez que não fundamenta uma decisão judicial, porém pode dar margem à
abertura de um processo criminal contra alguém.

Art. 155, CPP O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua deci-
Inquérito policial

são exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,


ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas


São as provas extraídas do inquérito policial e que têm a força de, eventual-
mente, sustentar uma sentença condenatória, conforme orienta o art. 155 do CPP.
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Provas cautelares

São aquelas em que existe um risco de desaparecimento do objeto pelo


decurso do tempo. Justificam-se pela necessidade, pela urgência.

Provas não renováveis ou irrepetíveis

São colhidas na fase investigatória, porque não podem ser produzidas nova-
mente na fase processual devido ao seu fácil perecimento.

Perícia nos vestígios do crime: para que essas provas tenham valor probató-
rio de justificar uma sentença na fase processual, é necessário que elas sejam
submetidas à ampla defesa e ao contraditório diferido ou postergado, ou seja,
durante a fase processual.

Prova antecipada

Aqui, referimo-nos às provas que, em regra, deveriam ser colhidas durante o


curso do processo, e não durante o inquérito policial. Em alguns casos, é possível
que o juiz antecipe a oitiva de uma testemunha para a fase das investigações,
quando houver receio de que ela morra (idade avançada ou doença grave) ou,
então, que a vítima se mude definitivamente para outro lugar, inviabilizando sua
audição.

Art. 225, CPP Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por


enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instru-
ção criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.

Vícios
Os vícios do inquérito policial são seus defeitos ou suas nulidades, e a dúvida
é se aqueles podem ou não causar nulidades ao processo futuro. A resposta é
negativa, pois o IP não tem a força de condenar ninguém; assim, seus defeitos
serão apurados pelos órgãos competentes (Corregedoria, Ministério Público).
Dessa forma, podemos concluir que o delegado não pode ser considerado impe-
Inquérito policial

dido ou suspeito de presidir o IP pelas futuras partes.

Procedimento investigatório face aos


Vícios

servidores vinculados aos órgãos da


segurança da pública (art. 144, CF/1988)
A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) incluiu o art. 14-A ao Código de Pro-
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cesso Penal, com a seguinte redação:
Art. 14-A, CPP Nos casos em que servidores vinculados às instituições
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como inves-
tigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos re-
lacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de
forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art.
23 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deve-
rá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar
do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela
investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o in-
vestigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de

Procedimentoinvestigatóriofaceaosservidoresvinculadosaosórgãosdasegurançadapública(art.144,Cf/1988)
48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do
investigado.
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do §
2º deste artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Públi-
ca, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade
da Federação correspondente à respectiva competência territorial do
procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acom-
panhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa admi-
nistrativa do investigado.
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo de-
verá ser precedida de manifestação de que não existe defensor público
lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para
nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não
integre os quadros próprios da Administração.
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com
o patrocínio dos interesses dos investigados nos procedimentos de que
Inquérito policial

trata este artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a


que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados.
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição
Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para
a Garantia da Lei e da Ordem.

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Incomunicabilidade
É importante saber que a incomunicabilidade não foi recepcionada pela
CF/1988 e está tacitamente sem efeitos, mas suas regras são cobradas em
questão de concurso.

Art. 21, CPP A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de


despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da
sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias,
será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento
da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado,
em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da
Ordem dos Advogados do Brasil.

Notícia crime
Notícia crime (notitia criminis) é o conhecimento espontâneo ou provocado
por parte da autoridade policial de um fato aparentemente criminoso. Por meio
dela, a autoridade policial dará início às investigações.

Classificação da notícia crime


Ela é classificada em direta ou indireta, conforme veremos a seguir:

▷ Notícia crime direta (cognição imediata ou espontânea): a autoridade po-


licial toma conhecimento de um fato supostamente criminoso por meio da
atuação da própria Polícia, quando noticiado o crime pela imprensa ou co-
municado anonimamente por um particular.

▷ Notícia crime indireta (cognição mediata ou provocada): a Polícia Judiciá-


ria toma conhecimento do crime por meio da comunicação de um terceiro
identificado.
Incomunicabilidade
Inquérito policial

Espécies de notícia crime indireta


Requerimento

É a comunicação de um fato supostamente criminoso, realizado pela vítima ou


por seu representante legal. Além de comunicar o crime, também serve como
um pedido para que a Polícia inicie as investigações.

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Segundo o CPP, diante de um requerimento, o delegado pode recusar-se a
iniciar as investigações e, nesse caso, é cabível recurso ao chefe de Polícia (art.
5º, § 2º, CPP).

Art. 5º, § 2º, CPP Do despacho que indeferir o requerimento de abertura


de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.

Requisição

É a comunicação do crime feita à autoridade policial pelo promotor ou pelo


juiz e uma determinação para o início das investigações. O delegado não pode
se recusar a cumprir uma requisição.

Art. 13, CPP Incumbirá ainda à autoridade policial:


I – fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à ins-
trução e julgamento dos processos;
II – realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério
Público;
III – cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades
judiciárias;
IV – representar acerca da prisão preventiva.

Representação

É a comunicação do crime e, também, uma autorização para que o Estado


atue, seja investigando e/ou processando o possível autor. A representação é
apresentada pela vítima ou por seu representante legal nos crimes de ação penal
pública condicionada a ela.

É importante saber que a falta da representação nos casos em que a inves-


tigação dependa dela impede a atuação do Estado, ou seja, a Polícia não pode
investigar o fato, não pode lavrar um auto de prisão em flagrante e não haverá
processo.

Requisição do ministro da justiça


Inquérito policial

É a comunicação do crime e, também, uma autorização política para que o


Notícia crime

delegado inicie as investigações. Será necessária especificamente em crimes


de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, a qual
não tem caráter de ordem como a do juiz ou do promotor. O nome requisição foi
adotado, porque o ato é praticado por uma autoridade da alta cúpula do Poder
Executivo.
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Notícia crime com força coercitiva ou
notícia crime por apresentação
É comunicação de um crime decorrente de uma prisão em flagrante, porque
a notícia crime manifesta-se com a simples apresentação do autor do delito à
autoridade policial, pela pessoa que realizou a prisão.

Prazos para conclusão do inquérito policial


O inquérito policial não pode se estender indefinidamente (é temporário),
dispondo o Código de Processo Penal e a legislação extravagante acerca dos
prazos de sua conclusão.

Regra geral
Como regra geral, para os crimes da atribuição da Polícia Civil estadual, o
prazo para a conclusão do inquérito é de 10 dias, estando o indiciado preso
(prazo improrrogável), e de 30 dias, se o agente está solto. Este prazo comporta
prorrogação, a requerimento do delegado e mediante autorização do juiz (art. 10,
CPP), não especificando a lei qual o tempo de prorrogação nem quantas vezes
poderá ocorrer, o que nos leva a crer que esta se dá em razão da natureza das
diligências necessárias e a complexidade da investigação.

Art. 10, CPP O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indi-


ciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente,

Prazos para conclusão do inquérito policial


contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.

Com o advento da Lei nº 13.964/2019, foi acrescentado o art. 3º-B ao CPP,


o qual se encontra no tópico “Juiz das Garantias”, passando a dispor, dentre as
várias competências do juiz das garantias, a possibilidade de que este possa
prorrogar o inquérito policial quando o investigado estiver preso.
Inquérito policial

Art. 3º-B, § 2º, CPP Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias
poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Mi-
nistério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por
até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for
concluída, a prisão será imediatamente relaxada.

Reprodução simulada do fato


Art. 7º, CPP Para verificar a possibilidade de haver a infração sido pra-
12 ticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à 12
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a morali-
dade ou a ordem pública.

A reprodução simulada do fato é a famosa reconstituição do crime; tem a


finalidade de verificar se a infração foi praticada de determinado modo. Nesse
caso, o suspeito não é obrigado a contribuir com a diligência, mas é obrigado
a comparecer.

Indiciamento

É o ato da autoridade policial que comunica a uma pessoa que ela é a suspeita
de ter praticado determinado crime e está sendo investigada em um inquérito
policial. O indiciamento não é um ato discricionário, pois se fundamenta nas
provas colhidas durante as diligências. Se as provas apontam um suspeito, ele
deve ser indiciado; se não apontam, o delegado não pode indiciar ninguém.

Art. 2º, § 6º, Lei nº 12.830/2013 O indiciamento, privativo do delega-


do de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técni-
co-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias.

Procedimento especial no CPP


Art. 13-A, CPP Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º
do art. 158 e no art. 159 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público
ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do po-

Prazos para conclusão do inquérito policial


der público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte
e quatro) horas, conterá:
I – o nome da autoridade requisitante;
II – o número do inquérito policial; e
III – a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela
Inquérito policial

investigação.
Art. 13-B Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes rela-
cionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o
delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou
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dos suspeitos do delito em curso.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da esta-
ção de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência.
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I – não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natu-
reza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei;
II – deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por
período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por
igual período;
III – para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será neces-
sária a apresentação de ordem judicial.
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do
registro da respectiva ocorrência policial.
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a
autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente
os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso,
com imediata comunicação ao juiz.

Final do inquérito policial

O inquérito policial é finalizado com a produção de um documento chamado


relatório. Nele, o delegado relatará as diligências realizadas.

Prazos para conclusão do inquérito policial


O delegado não deve emitir opinião no relatório – ressalva feita à Lei nº
11.343/2006 (Lei de Drogas), prevendo que, na elaboração do relatório, a auto-
ridade policial deva justificar as razões que a levaram à classificação do delito
(art. 52).

Após a confecção do relatório, o IP estará concluído.

Destino dos autos do inquérito policial


Inquérito policial

Os autos do inquérito, integrados ao relatório, serão remetidos ao Judiciário


(art. 10, § 1º, CPP), para que sejam acessados pelo titular da ação penal.

Art. 10, § 1º, CPP A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido
apurado e enviará autos ao juiz competente.

Arquivamento do inquérito

14 Art. 28, CPP Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quais- 14


quer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério
Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e
encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de
homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964/2019) 

Ordenado o arquivamento do IP, o membro do Ministério Público comunicará


à vítima, ao investigado e à autoridade policial, devendo, ainda, encaminhar os
autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação.

Assim, atualmente, o controle do arquivamento é feito pelo próprio órgão


ministerial (MP) e não mais pelo juiz.

Efeitos do arquivamento do inquérito policial

Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promo-


tor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas (Súmula nº
524 – STF). Assim, o arquivamento do IP veda o oferecimento da denúncia para
a promoção da ação penal, mas tal vedação não é absoluta, pois, se surgirem
novas provas, a acusação poderá ser oferecida e ser iniciada a ação penal.

Art. 18, CPP Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela auto-


ridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial
poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Prazos para conclusão do inquérito policial


Inquérito policial

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