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Direitos Humanos
Direitos Humanos
A Constituição Federal de 1988 e os Direitos Huma-
nos (DH)
l O Direito Internacional dos Direitos Humanos constitui um movimento extrema-
mente recente na história, surgindo, a partir do Pós-Guerra, como resposta às atro-
cidades cometidas durante o nazismo. É neste cenário que se desenha o esforço
de reconstrução dos direitos humanos, como paradigma e referencial ético a ori-
entar a ordem internacional contemporânea.
l Uma das principais preocupações desse movimento foi converter os direitos hu-
manos em tema de legítimo interesse da comunidade internacional, o que impli-
cou nos processos de universalização e internacionalização desses mesmos direi-
tos.
l Ao acolher o aparato internacional de proteção, bem como as obrigações interna-
cionais dele decorrentes, o Estado passa a aceitar o monitoramento internacional,
no que se refere ao modo pelo qual os direitos fundamentais são respeitados em
seu território. O Estado passa, assim, a consentir no controle e na fiscalização da
comunidade internacional quando, em casos de violação a direitos fundamentais,
a resposta das instituições nacionais se mostra insuficiente e falha, ou, por vezes,
inexistente. Enfatize-se, contudo, que a ação internacional é sempre uma ação su-
plementar, constituindo uma garantia adicional de proteção dos direitos humanos.
l Enfatize-se que a Constituição brasileira de 1988, como marco jurídico da instituci-
onalização dos direitos humanos e da transição democrática no país, ineditamente,
consagra o primado do respeito aos direitos humanos como paradigma propug-
nado para a ordem internacional.
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l Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – Documento culminante
da Revolução Francesa, que define os direitos individuais e coletivos dos homens
como universais. Conservação dos direitos naturais (liberdade, propriedade, segu-
rança e resistência a opressão).
l Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado (1918) – Direitos sociais.
Tem foco na justiça social, fim da propriedade dos meios fundamentais de produ-
ção, tratando do comunitarismo. Visa suprimir a exploração do homem pelo ho-
mem, a abolir completamente a divisão da sociedade em classes, a esmagar im-
placavelmente todos os exploradores, a instalar a organização socialista da socie-
dade e a fazer triunfar o socialismo em todos os países. Visa a socialização do solo,
sendo extinta a propriedade privada da terra > todas as terras passam a ser patri-
mônio nacional e são confiadas aos trabalhadores sem nenhuma espécie de reem-
bolso, na base de uma repartição igualitária em usufruto.
l Direito Internacional Humanitário (Direito Internacional de Guerra) – Convenção de
Genebra de 1864, Segunda Convenção de Genebra de 1907, Terceira Convenção de
Genebra de 1929 e Quarta Convenção de Genebra de 1949.
l Liga das Nações – Relativização da soberania dos Estados > criado em 1920 para a
proteção das minorias após a Primeira Guerra.
l Organização Internacional do Trabalho (OIT) – Criada após a 1ª Guerra Mundial, con-
temporânea à Liga das Nações (Hoje é uma agência especializada da ONU). Esta-
beleceu parâmetros normativos fundamentais para a proteção de determinados
direitos sociais.
3) Concepção Contemporânea
l A concepção atual de direitos humanos reproduz uma ideologia individualista do
ser humano, exclusivista, partindo deste pressuposto, percebe-se que o conceito
de direitos do homem se manifesta sob um viés antropocentrista que dificulta in-
clusive a efetivação e difusão desses direitos ao redor do mundo.
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todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe ga-
rantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar
e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria exis-
tência e da vida em comunhão com os demais seres humanos”.
VII) Irrenunciabilidade – deles não pode haver renúncia, pois ninguém pode
abrir mão da própria natureza;
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XIII) Vedação do retrocesso – os direitos humanos jamais podem ser diminu-
ídos ou reduzidos no seu aspecto de proteção (O Estado não pode proteger
menos do que já vem protegendo).
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Tribunal Penal Internacional (TPI)
1) Estatuto de Roma
l O Estatuto de Roma é um tratado que estabeleceu a Corte Penal Internacional -
CPI (também conhecida como Tribunal Penal Internacional - TPI). O tratado foi
adotado em 17 de julho de 1998, em Roma, na Itália.
l Na oportunidade, 122 Estados assinaram o tratado.
l O Brasil, passou a ser signatário em 2002, quando o Congresso Nacional aprovou o
texto em junho de 2002 e promulgado pelo Presidente Fernando Henrique Car-
doso através do Decreto 4.388/02, em 25 de setembro 2002.
l A CPI começou oficialmente suas atividades em 11 de março de 2003.
l O Tribunal Penal Internacional (TPI) é uma corte permanente e independente, que
julga pessoas acusadas de crimes do mais sério interesse internacional, como ge-
nocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
l O TPI é uma corte de última instância. Ele não agirá se um caso foi ou estiver sendo
investigado ou julgado por um sistema jurídico nacional, a não ser que os procedi-
mentos desse país não forem genuínos, como no caso de terem caráter mera-
mente formal, a fim de proteger o acusado de sua possível responsabilidade jurí-
dica. Além disso, o TPI só julga casos que ele considerar extremamente graves.
l Em todas as suas atividades, o TPI observa os mais altos padrões de julgamento
justo, e suas atividades são estabelecidas pelo Estatuto de Roma.
l Embora não faça parte das Nações Unidas, ele mantém uma relação de coopera-
ção com a ONU. O Tribunal está sediado na Haia, Holanda, mas pode se reunir em
outros locais. Ele é composto por quatro órgãos: a Presidência, as divisões judiciais,
o escritório do promotor e o secretariado.
2) Precedentes do TPI
l Desde a 2ª Guerra Mundial, ocorreram cerca de 250 conflitos de caráter internaci-
onal e não-internacional, os quais produziram o que se estima serem 170 milhões
de vítimas > crescente indignação diante dos crimes decorrentes de conflitos béli-
cos e a busca por uma justiça penal supranacional, configurando a jurisdição inter-
nacional sobre pessoas físicas.
l 1947 – A assembléia-geral das nações unidas solicitou à comissão de direito inter-
nacional (cdi) que examinasse a possibilidade de se criar um órgão judiciário penal
para julgar os autores de genocídio e de outros crimes relevantes de sua compe-
tência.
l 1951 – CDI elaborou o primeiro projeto de Estatuto de um Tribunal Penal Internaci-
onal. Contudo, o contexto de divergências ideológicas da "Guerra Fria" dificultou a
formação de um consenso sobre os valores considerados fundamenais para a hu-
manidade.
l 1989 – Foi apenas com o fim da "Guerra Fria" que o anseio da criação de uma juris-
dição penal internacional destacou-se. Em uma sessão especial da ONU sobre trá-
fico de drogas, Trinidad e Tobago levantou a a sugestão de que um Tribunal Penal
Internacional fosse estabelecido para lidar com aquela questão, cnsiderando a atu-
ação global dos traficantes.
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l 1993 – A CDI reuniu-se e elaborou um amplo e sistemático projeto de artigos, o qual
foi enviado à Assembléia-Geral, que convidou os Estados a apresentarem suas ob-
servações por escrito. Frente à diversidade de propostas, foi necessária a criação de
um Comitê Preparatório (PrepCom).
l 1998 – Por fim, em Roma, foi realizada a “Conferência Diplomática das Nações Uni-
das de Plenipotenciários sobre o Estabelecimento de um Tribunal Penal Internaci-
onal” para a aprovação da proposta de Estatuto.
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armas de fogo, uso de armamento pesado em funerais e uso de franco-atiradores
nos protestos.
l Ante Gotovina (Sérvia): Acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, co-
metidos em 1995 contra a população sérvia na Croácia. Segundo a acusação, eles
foram responsáveis pela morte de 324 civis ou soldados que entregaram armas e
pelo deslocamento forçado de 90.000 sérvios de Krajina. Gotovina foi quem co-
mandou a ofensiva militar "Operação Tempestade" que tentou reconquistar a re-
gião de Krajina, ao sul da Croácia, a última zona de resistência controlada pelos
sérvios na Croácia em 1995. Resultado: Foi condenado a 24 anos de prisão, em maio
de 2011, em um julgamento que durou mais de 303 dias.
l William Samoei Ruto, Henry Kiprono Kosgey e Joshua Arap Sang (Quênia): Acusa-
dos de crimes contra a humanidade, entre eles, assassinatos, incitação de violência
entre diferentes grupos e perseguições à população civil.
l Abu Garda (Sudão): Acusado de crimes de guerra e de comandar um ataque no
qual teriam morrido 12 soldados. Foi um dos primeiros acusados pelo Tribunal Pe-
nal a se entregar voluntariamente. Resultado: No julgamento, em 2010, a Corte de-
cidiu que não havia provas suficientes para condenar Abu Garda.
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l No entanto, na Conferência de Paz de Paris (1919) (Paris Peace Conference), houve
intenso debate, entre os Aliados, sobre as possibilidades de realizações de julga-
mentos por crimes contra humanidade previstos na Convenção de Genebra de
1864.
l Assinado em Versalhes, em 28 de junho de 1919, houve concordância quanto aos
termos de um Tratado de Paz entre os Aliados, os Poderes Associados e a Alema-
nha. O tratado previa, em seu artigo 227, a criação de um tribunal penal internaci-
onal ad hoc para julgar Kaiser Wilhelm II por haver dado início a guerra, bem como
em seus artigos 228 e 229, o julgamento dos militares alemães acusados de violar
as leis e costumes da guerra por tribunais militares dos aliados (Allied Military Tri-
bunals) ou cortes militares de qualquer dos aliados.
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1) Tratados Internacionais de Direitos Humanos
l A Carta Internacional dos Direitos do Homem é constituída pela Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem, pelo Pacto Internacional sobre os Direitos Econó-
micos Sociais e Culturais e pelo Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políti-
cos e seu Protocolo Facultativo.
l Inicialmente, foram expressos diferentes pontos de vista acerca da forma que a
Carta deveria revestir. O Comité de Redacção decidiu elaborar dois documentos:
um, sob a forma de uma declaração que daria a conhecer princípios gerais ou nor-
mas de direitos humanos; o outro, sob a forma de um acordo que definiria direitos
específicos e as suas limitações.
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último encontra amparo em vários dispositivos constitucionais (CF, artigo 4º, artigo
5º, parágrafo 2º, e parágrafo 3º e 4º do mesmo artigo 5º).
ATENÇÃO
Constituição Federal
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plano internacional; (b) assinatura do instrumento pelo Estado brasileiro; (c) men-
sagem do Poder Executivo ao Congresso Nacional para discussão e aprovação do
instrumento; (d) aprovação parlamentar mediante decreto legislativo; (e) ratifica-
ção do instrumento; (f) promulgação do texto legal do tratado mediante decreto
presidencial.
l A promulgação e publicação incorporam os tratados internacionais ao Direito in-
terno, colocando-os, em regra, no mesmo nível das leis ordinárias, excepcionando-
se os tratados e convenções internacionais aprovados na forma do artigo 5º, pará-
grafo 3º da Constituição Federal após a EC 45/2004, que tratem sobre direitos hu-
manos e forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, os quais serão equiparados às
emendas constitucionais com hierarquia superior às leis ordinárias.
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a constante missão de alinhar seus serviços às necessidades de um país dinâmico,
multifacetado e diversificado.
l Meios de proteção: 2 órgãos, integrados, cada um, por 7 membros de alta respeita-
bilidade moral e conhecimento.
n Comissão Interamericana: Órgão político, quase judicial que aprecia petições.
n Corte Interamericana: Órgão jurisdicional com competência contenciosa (ela-
bora sentenças) e consultiva (profere pareceres).
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l Violação dos direitos de crianças e adolescentes
l Violência contra a mulher
l Discriminação racial
l Violência contra defensores de Direitos Humanos
l Violação de direitos sociais
3) Direitos Fundamentais
l Os direitos fundamentais sociais, na sua grande maioria, estão expressamente pre-
vistos no art. 6º, da CRFB/88.
n Art. 6. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a mo-
radia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
l Além disso, várias medidas foram previstas no texto constitucional para conferir
uma eficácia maior a esses direitos sociais, como, por exemplo, percentuais míni-
mos para a saúde e educação (arts. 198, §2º e 212 da CRFB/88).
l Os direitos fundamentais podem ser identificados sob o ponto de vista formal e
material.
l Sob o prisma do art. 5º, §2º da CRFB/88, o princípio da dignidade da pessoa humana
é um excelente critério material para a identificação dos direitos fundamentais.
Nessa perspectiva, MENDES (2008, p. 227) arremata que “os direitos e garantias
fundamentais, em sentido material, são, pois, pretensões que, em cada momento
histórico, se descobrem a partir da perspectiva do valor da dignidade da pessoa
humana.”
l Segundo CANOTILHO (2003), os direitos fundamentais podem ser classificados em
dois grupos: direitos de defesa e direitos a prestações. Enquanto os direitos funda-
mentais de defesa exigem que o Estado se abstenha de praticar condutas contrá-
rias a tais direitos, os direitos fundamentais a prestações exigem do Estado a reali-
zação de certas prestações positivas, por exemplo, saúde e educação
l Apesar da diferenciação feita entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais em
relação à sua incidência, o conteúdo deles seria o mesmo, significa dizer que são
direitos inerentes a toda e qualquer pessoa, decorrentes da dignidade da pessoa
humana e que atuam como limitação as ações e omissões do Estado e nas relações
dos próprios indivíduos, inclusive nas relações de trabalho.
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4) Federalização de Inquéritos/Processos que envolvem violação
de Direitos Humanos (EC 45/2004)
Art. 109, V, CF/88. Aos juízes federais compete processar e julgar as causas
relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
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